Café Brasil Premium 864 - A distopia que nos aguarda

Data de publicação: 05/03/2023, 15:32

https://www.youtube.com/watch?v=uVaek2obszM

Quando você pensa no futuro, pensa exatamente em quê? Carros voadores? Um planeta mais saudável? Telepatia? Vizinhos Ets? Ou, quem sabe, vislumbra um futuro bem mais sombrio, tipo Exterminador do Futuro? Bem, se esse for o caso, você não está sozinho. Em vez de uma visão brilhante do futuro, muita gente aposta numa... distopia.

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

[tec] COMENTÁRIO DO OUVINTE [/tec]

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[Deixar um espaço de 30 segundos com grilos antes de entrar a música.]

[tec] the last of us theme

https://www.youtube.com/watch?v=pfA5UqEU_80

Distopia... Afinal, o que é uma distopia? Uma distopia é uma comunidade ou sociedade imaginada que é desumanizante e assustadora. Uma distopia é o oposto de uma utopia, que é uma sociedade perfeita.

O termo "utopia" foi cunhado por Sir Thomas More em seu livro "Utopia" de 1516, que falava de uma sociedade ideal em uma ilha fictícia. A literatura distópica, que começou como resposta à literatura utópica, explora os efeitos perigosos das estruturas políticas e sociais sobre o futuro da humanidade.

Exemplos de distopias estão por todo lado, na literatura e no cinema, especialmente. Quer ver alguns exemplos?

1984, de George Orwell

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

O Conto da Aia, de Margaret Atwood

A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

Jogos Vorazes, de Suzanne Collins

Divergente, de Veronica Roth

The Maze Runner, de James Dashner

Black Mirror, série de televisão criada por Charlie Brooker

Blade Runner, filme dirigido por Ridley Scott.

 

O filme O Exterminador do Futuro, de James Cameron, que apresenta uma visão sombria do futuro, em que a humanidade luta contra uma inteligência artificial chamada Skynet, que se tornou consciente e decidiu exterminar a raça humana. A história também apresenta um mundo pós-apocalíptico, em que a vida é difícil e perigosa, e as pessoas lutam pela sobrevivência em um ambiente hostil. Uma distopia...

 

E para ficar em um que está na moda, "The Last of Us", cujo tema você ouve ao fundo, é considerado uma narrativa distópica. Ela se passa em um futuro pós-apocalíptico no qual grande parte da humanidade foi dizimada por uma infecção por fungos que transforma as pessoas em criaturas violentas e hostis. A história acompanha a jornada de sobrevivência de Joel e Ellie, dois personagens que tentam sobreviver em meio ao caos e perigos do mundo pós-apocalíptico.

Entendido então? Distopia são esses mundos apocalípticos que muitos tememos que sejam nosso futuro.

https://www.youtube.com/watch?v=b3-QqGVt-tM

Rarararra Black Sabbath no Café Brasil!!!!

Você ouve Iron Man, petardo que marcou o álbum que foi fundamental para o nascimento do Heavy Metal em 1970. A letra conta a história de um homem que viaja no tempo para o futuro e vê o apocalipse. No processo de retorno ao presente, ele é transformado em aço por um campo magnético, e suas tentativas de alertar o público são ignoradas e ridicularizadas. Sentindo-se evitado e sozinho, o Homem de Ferro planeja sua vingança contra a humanidade, causando o apocalipse que havia visto em sua visão. Não é sobre o personagem da Marvel.

https://www.youtube.com/watch?v=y5HoNdZ41ng

Se você já leu um livro ou assistiu um filme distópico, sabe que muitos deles têm algumas coisas em comum. Por exemplo, geralmente apresentam controle rigoroso de um governo. As pessoas podem ter muito pouca ou nenhuma privacidade. O governo pode estabelecer leis severas e até censurar o público.

Outras distopias não têm governo nenhum. Elas podem incluir anarquia. Nessas sociedades, a vida é uma luta pela sobrevivência. Personagens lutam uns contra os outros ou contra a natureza, para sobreviver.

Em muitas histórias distópicas, os humanos são separados da natureza. Muitas vezes, usaram todos ou a maioria dos recursos da Terra. Algumas histórias distópicas ocorrem inteiramente em cidades. Com frequência, os personagens não conseguem interagir com o mundo natural de forma alguma.

Os sistemas sociais também frequentemente entram em colapso nas histórias distópicas. Na maioria dos casos, um governo rígido é o culpado. Geralmente, impõe uma crença ou religião para todas as pessoas. Também pode proibir completamente religiões. As distopias também tendem a atacar a estrutura familiar. Fazem isso colocando membros da família uns contra os outros.

Algumas histórias distópicas incluem tecnologia avançada, que pode ser usada para controlar o povo ou para facilitar a vida de algumas pessoas selecionadas. Aqueles no poder podem ser os únicos com acesso a esses dispositivos.

Em geral essas histórias apresentam contextos de desigualdade social extrema. Uma sociedade em que há uma grande disparidade de riqueza e poder entre os cidadãos. E também com conflitos internos e externos: uma sociedade que está em constante conflito com outras sociedades ou dentro de si mesma.

Esses fatores podem levar a uma sociedade que perdeu sua humanidade, tornando-se desumanizada, opressiva e até mesmo apocalíptica.

Ah, Luciano, não viaja! Isso é coisa de cinema, de literatura.

https://www.youtube.com/watch?v=cLEfhknfC1U

Você ouve Suave Distopia, canção do publicitário João Santana e Jorge Alfredo. João Santana é aquele lá mesmo, e a letra da canção comenta que no Brasil está ocorrendo o prenúncio da realidade desenhada pela canadense Margaret Atwood no seu livro “The Handmaid’s Tale”, que deu origem à série O Conto da Aia...

Pois é...

https://www.youtube.com/watch?v=vVi7eKzXgRk

Bem, para ser uma distopia não é preciso terra arrasada, robôs malignos, ETS, bombas atômicas ou uma terra arrasada.

Vejamos alguns exemplos no mundo real, perigosamente próximos das distopias que nos assombram:

Coreia do Norte: um país com um regime totalitário que exerce controle rígido sobre a vida dos cidadãos, incluindo a liberdade de expressão, de movimento e até mesmo de pensamento.

República Democrática do Congo: um país que tem sido afetado por conflitos internos prolongados, incluindo guerras civis, e sofre com a pobreza extrema e a desigualdade social.

Arábia Saudita: um país que tem um governo autoritário e restringe severamente a liberdade de expressão e de religião, além de ter leis que discriminam as mulheres e outras minorias.

Venezuela: um país que experimentou um colapso econômico, com uma inflação galopante, escassez de alimentos e medicamentos, e um governo cada vez mais autoritário.

Myanmar: um país que tem sido controlado por militares há décadas e sofre com a perseguição de minorias étnicas, restrições à liberdade de imprensa e de expressão e outras violações de direitos humanos.

China: país que exerce controle cada vez maior sobre a população, já implementando reconhecimento facial e um sistema de avaliação do comportamento social dos indivíduos.

Pô, Luciano, que exagero! Esses países já são distopias?

Olha, não como aquelas do cinema... mas os ingredientes estão todos ali.

https://www.youtube.com/watch?v=6LKFDTu9vRQ

Bem, mas por que resolvi abordar esse tema neste episódio? Olha, se você não vive em Nárnia, deve ter reparado como a Inteligência Artificial está ganhando relevância em nossas vidas.

A inteligência artificial não é algo novo. Começou em 1956 como a ciência e a engenharia de criar máquinas capazes de reproduzir funções exercidas pelo cérebro biológico. Durante décadas, ficou representada por desengonçados robôs de série de ficção, mas a tecnologia evoluiu, a humanidade se conectou, gigantescos bancos de dados surgiram, computadores cada vez mIais poderosos também e a tecnologia, inspirada no funcionamento do cérebro humano, chegou nas redes neurais de aprendizado profundo.

Máquinas que não pensam, mas aprendem... e que começaram a ser instaladas em todos os setores da sociedade. Até mesmo dentro do nosso corpo. Surgem então uns tais de Bots (ou robôs), que são programas de computador que realizam tarefas de forma automatizada, sem a necessidade de intervenção humana

E de repente, plim! Aparece um tal de ChatGPT.

O ChatGPT é um modelo de linguagem de inteligência artificial desenvolvido pela OpenIA, uma empresa de pesquisa em inteligência artificial fundada em 2015. É um robô que foi treinado em uma grande quantidade de dados de texto para gerar respostas em linguagem natural para uma ampla variedade de perguntas e tópicos. Ele tem a capacidade de processar informações e fornecer respostas, baseado em algoritmos avançados de aprendizado de máquina e redes neurais, que permitem entender e gerar respostas relevantes e coerentes.

O ChatGPT não pensa. Mas é capaz de escrever textos fantásticos, melhor do que muita gente que acha que pensa...

O ChatGPT nem mesmo arranha as maravilhas que a IA pode fazer, mas... está ao nosso alcance. É o primeiro sinal da IA à disposição do consumo em massa. Todo mundo pode usar, já. De graça...

Mas será que existem razões legítimas para se preocupar com a Inteligência Artificial? Ela pode nos levar a uma distopia?

Há quem veja apenas o lado bom, mas é preciso ir com cautela. Se você assistiu ao documentário O Dilema das Redes, percebeu como podemos criar monstros que um dia vão nos devorar...

Quem leu Eu, Robô, de Isaac Asimov, sabe do que trata esse conflito. O livro é notável por estabelecer as "Três Leis da Robótica", que governam o comportamento dos robôs na história e que se tornaram um conceito popular na ficção científica e na cultura popular em geral:

  1. Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
  2. Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto se essas ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
  3. Um robô deve proteger sua própria existência desde que essa proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

Essas três leis, que nasceram na ficção científica, influenciaram todo o debate em torno da tecnologia que envolve os robôs e a IA.

A pesquisa atual em IA está focada em fazer avanços em um conjunto restrito de domínios e, como sempre acontece na evolução tecnológica, presta atenção insuficiente aos efeitos disruptivos na estrutura da sociedade. Se a tecnologia de IA continuar em sua trajetória atual, os especialistas apostam que ela provavelmente causará agitação social por diversas razões.

E se a IA se tornar tão poderosa que possa se programar para estar no comando e desobedecer ordens de seu mestre - os humanos? O que poderia acontecer se a IA evoluir de forma descontrolada?

Vamos viajar um pouco?

https://www.youtube.com/watch?v=0yd3KPV2GMo

Em primeiro lugar, a IA terá um impacto no futuro do trabalho. Na trajetória atual, ela está focada em super automatizar o trabalho e não em investir na produtividade humana. Novos avanços podem deslocar trabalhadores sem criar novas oportunidades.

O trabalho humano se tornará obsoleto porque tudo pode ser feito mecanicamente. Como o processo de evolução leva milênios para se desenvolver, não perceberemos o retrocesso da humanidade.

Muitos empregos serão substituídos por máquinas. Muitas linhas de montagem de automóveis hoje já estão cheias de máquinas e robôs, forçando os trabalhadores tradicionais a sair do trabalho.

Desigualdade de riqueza

A desigualdade será criada à medida que os investidores de IA levarem a maior parte dos lucros. A lacuna entre ricos e pobres se ampliará.

Algoritmos de autoaprendizagem

As questões surgem não apenas no sentido social, mas também na própria IA, já que ao ser treinada e ensinada a operar a tarefa dada, pode eventualmente evoluir ao ponto em que o controle humano é perdido. A IA poderá funcionar autonomamente após ser carregada com todos os algoritmos necessários, ignorando o comando dado pelo controlador humano. Skynet na veia...

Bots raciais e egocêntricos

Os criadores humanos de IA podem criar algo com preconceito racial ou egocêntrico, orientado para prejudicar certas pessoas ou coisas. A IA tem o potencial de segmentar raças específicas ou objetos programados para realizar o comando dos programadores de destruição, resultando em um desastre global.

Que tal?

A revolução da IA é uma questão controversa. Muitos especialistas em IA falaram abertamente sobre os efeitos negativos da evolução tecnológica descontrolada na sociedade,  e pediram aos pesquisadores que investiguem os efeitos sociais da IA.

As técnicas atuais de IA lidam com percepção, análise de texto, processamento de linguagem natural, raciocínio lógico, sistemas de apoio à decisão, análise de dados e análise preditiva e o rápido avanço da tecnologia exige regulamentação e monitoramento constantes antes que as consequências negativas se tornem muito graves.

A tomada de controle da IA será limitada às tramas divertidas de filmes distópicos e mundos fictícios somente se leis adequadas protegerem os usuários.

E aí? Ficou preocupado? Olha, o próprio CEO da OpenIA, Sam Altman, um gênio da tecnologia, já manifestou mais de uma vez que vive assustado com o conceito do fim do mundo e quer se preparar para sobreviver a ele. Os dois cenários que ele deu como exemplos, foram um vírus "super contagioso" modificado em laboratório "sendo liberado" na população mundial... E "um ataque da inteligência artificial”.

Ele disse em 2016 aos fundadores de startups numa reunião no Vale do Silício: "Eu tento não pensar muito sobre isso", mas eu tenho armas, ouro, iodeto de potássio, antibióticos, baterias, água, máscaras de gás da Força de Defesa de Israel e um grande pedaço de terra em Big Sur para onde posso voar."

É mole?

https://www.youtube.com/watch?v=SiNOYO6ZBsU

É assim então, ao som do clássico It´s a Mistake, da banda Men At Work, que vamos saindo preocupados... "Está ligado, então? Estamos à beira do abismo?" Colin Hay canta no início de "It's A Mistake". Tanto a música quanto seu vídeo retratam os soldados de infantaria falando com seus líderes e perguntando, na verdade, quando toda essa tensão da Guerra Fria finalmente explodiria e transbordaria para um conflito total. No final do vídeo, um comandante acidentalmente coloca seu cigarro em um gatilho em vez de em seu cinzeiro, e os outros militares reagem tapando os ouvidos e esperando o que vem a seguir...

O poder onisciente e quase onipotente da IA tem sido questionado. Pode não haver uma resposta definitiva para a pergunta sobre a substituição de humanos pela IA em várias indústrias. Apenas previsões e observações estão disponíveis. O futuro da IA continua incerto, o que justifica a pergunta que nos fazem repetidamente - a IA substituirá os humanos?

A resposta continua sendo um mistério, mas eu acredito mesma é em um meme que circula por aí:

Não tenho medo do da inteligência artificial, o que me preocupa é a burrice natural...

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí ó, completando o ciclo.

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Para terminar de tirar seu sonho, uma frase de Elon Musk:

"A IA não precisa ser má para destruir a humanidade. Se a IA tiver um objetivo e a humanidade simplesmente entrar no caminho, ela a destruirá sem sequer pensar nisso. Sem qualquer ressentimento."

 

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