Café Brasil Premium 873 - Janelas para o mundo

Data de publicação: 06/05/2023, 14:41

https://www.youtube.com/watch?v=H2upKXfQE-0

E aí? A partir de qual janela você vê o mundo? Você é liberal ou progressita? Hummm, talvez seja um conservador? Quanto rótulo, não é? Mas o que quer dizer ser liberal ou progressista ou conservador? Pra que serve isso? Não tá confuso? Vamos ver...

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

 COMENTÁRIO DO OUVINTE [/tec]

Esse é o grande Ju Ubiracy, com ajuda de uns passarinhos ao fundo... isso é que é terapia. Muito obrigado pela dica dos pagodes, meu caro. Sensacionais. Em algum momento vai encaixar aqui. Aliás... Lalá, manda aí a dica do Ubiracy.

https://www.youtube.com/watch?v=hNPMsiQg5MU

Ahahahah, sensacional. Goiano & Paranaense, com Caminho Certo, composição de Antonio Marciano de Souza. Muito obrigado, Ubiracy!

E você aí que está me ouvindo? Acha que meu trabalho traz algum valor para sua vida? Deve trazer, né? Ou vc não estaria aí dedicando tempo de vida para ouvir o Café Brasil. Bem, a gente quer crescer e precisa que todos que dão valor ao nosso trabalho, façam mais que agradecer, tornem-se assinantes. Assim ajudam a gente a financiar este trabalho.

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https://www.youtube.com/watch?v=UORjhffwNXQ

Hummmm.... É com Tiago Abreu no vilão, ao som de Paisagem da Janela, o clássico de Lô Borges e Fernando Brandt, que vamos entrar na dança.

E aí? Você é um liberal? Alguém que valoriza a liberdade individual, a autonomia e a responsabilidade pessoal? Que acredita que as pessoas devem ter a liberdade de escolher e seguir seu próprio caminho, sem serem impedidas ou coagidas por forças externas, como o Estado ou grupos dominantes?

Que bom. Na política, os liberais geralmente defendem o livre mercado, o estado mínimo, a propriedade privada e a proteção dos direitos individuais, como a liberdade de expressão, a liberdade religiosa e a liberdade de imprensa. Eles também costumam ser favoráveis à igualdade de oportunidades, ao respeito aos contratos e à justiça social baseada na meritocracia. Além disso, os liberais costumam ser defensores do progresso e da inovação, acreditando que a criatividade e o empreendedorismo são forças-chave para o desenvolvimento humano e social. Em resumo, ser um liberal é ser alguém que valoriza a liberdade, a igualdade de oportunidades, a inovação e o progresso.

E por essa definição, eu acho que você acaba de descobrir que é liberal, não é?

Mas quem sabe você está mais ao extremo do liberalismo e seja um Libertário? O libertarianismo é uma corrente do liberalismo que coloca forte ênfase na liberdade individual e na propriedade privada. Os libertários são a favor do livre mercado, da redução da intervenção do Estado na economia e da liberdade de escolha em áreas como saúde, educação e estilo de vida.

Ou talvez você esteja ainda mais no extremo do espectro do liberalismo e seja um Anarcocapitalista?  Essa vertente é uma forma extrema de libertarianismo que defende a eliminação total do Estado e a privatização de todas as áreas da sociedade, incluindo segurança, justiça e defesa. Os anarcocapitalistas acreditam que o mercado livre é capaz de fornecer todos os serviços necessários e que o Estado é uma ameaça à liberdade individual e à propriedade privada.

Seja como for, se você está no extremo do espectro, isso é problemático.

Mas talvez você seja um... progressista! O progressismo é um conjunto de ideias políticas que defendem mudanças para melhorar a sociedade. Quem pode ser contra? Os progressistas acreditam que a sociedade pode e deve progredir e melhorar para que as pessoas possam viver melhor e serem mais felizes. Algumas ideias progressistas incluem coisas como igualdade de direitos para todas as pessoas, independente de sua raça, gênero ou orientação sexual. Os progressistas também tendem a apoiar políticas que protegem o meio ambiente e os direitos dos trabalhadores, e que ajudam a reduzir a pobreza e a desigualdade.

Os progressistas geralmente acreditam que as mudanças sociais devem ser feitas de forma gradual e pacífica, mas sempre com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. Por isso, muitas vezes eles são chamados de reformistas.

Melhorar a sociedade... quem pode ser contra? Hummm... talvez você seja um progressita?

Mas há os progressistas que acreditam que as mudanças sociais devem ser feitas de forma mais rápida e radical, e não apenas de forma gradual. Esses estão no extremo do espectro do progressismo. São pessoas não se consideram necessariamente progressistas, mas podem ser chamadas de radicais ou revolucionários. Eu os chamo de progressistas com C cedilha. Esses são problemáticos. São os adeptos do progressismo da porrada, aquele que impõe o amor mesmo que tenha que matar você.  O progressimo tirânico.

https://www.youtube.com/watch?v=jCeKA8Tz338

Mas quem sabe você é um tradicionalista? Os tradicionalistas são aqueles que compreendem a importância da tradição e buscam preservá-la em meio às mudanças sociais e culturais. Eles podem ser ligados a diferentes correntes políticas, religiosas ou culturais que valorizam a tradição em suas crenças e práticas.

No âmbito político, os tradicionalistas defendem a manutenção de instituições, leis e valores que se baseiam nas tradições culturais ou religiosas. Eles podem se opor a mudanças que consideram prejudiciais às suas crenças e às tradições que valorizam.

No contexto religioso, os tradicionalistas procuram preservar as doutrinas e práticas que se baseiam em textos sagrados e tradições ancestrais. Eles podem resistir a mudanças na religião que acreditam ser contrárias às suas crenças e à tradição.

Os tradicionalistas reconhecem a importância das tradições e acreditam que elas desempenham um papel fundamental na preservação da identidade cultural, política ou religiosa de uma comunidade. E isso é muito bom. A menos que você seja um tradicionalista radical.

O perigo do tradicionalista radical está em sua tendência de adotar uma visão extremista e inflexível em relação às tradições e aos costumes que valoriza. Isso pode levar a comportamentos intolerantes, autoritários e discriminatórios em relação a outras pessoas ou grupos que não compartilham suas crenças e valores.

Os tradicionalistas radicais podem se opor a mudanças e avanços sociais importantes, como a luta pelos direitos humanos, a igualdade de gênero, a diversidade cultural e a liberdade de expressão. Eles podem considerar essas mudanças como ameaças às tradições e costumes que valorizam e, assim, se tornar resistentes a qualquer tipo de progresso social.

Além disso, o tradicionalismo radical pode ser utilizado como justificativa para a discriminação e a exclusão de grupos minoritários e vulneráveis, como pessoas LGBT, mulheres, pessoas de diferentes etnias e religiões. Essa atitude pode ser prejudicial para a sociedade como um todo, pois impede a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.

Sacou? Eu falei rapidamente dos liberais, dos progressistas e dos tradicionalistas. Esses três posicionamentos têm pontos muito bons, fazem sentido e devem ser seguidos e defendidos por quem quer um mundo melhor. O problema é quando vão aos extremos.

O liberal extremista, o progressista extremista ou o tradicionalista extremista são perigosos, venenosos e fazem mais mal que bem à sociedade e aos grupos que defendem.

Além disso, ainda existem o anarquismo, o socialismo, o comunitarismo, o nacionalismo e o fascismo, entre outros. Cada uma dessas visões políticas tem suas próprias ideias sobre o que é importante na sociedade e como alcançar seus objetivos políticos.

Pelo que tenho visto, a maioria das pessoas mais jovens que conheço se definem como liberais. Conviver com eles não é um problema, desde que não sejam os extremos. Essa turma é de boa, tem um discurso sensato e muito racional. Eu gosto de quem se define como liberal.

Mas muitos liberais se deixaram seduzir pela moda do identitarismo, aquele conjunto de ideias que dizem que a raça, o gênero, a orientação sexual e outras características das pessoas são as coisas mais importantes para entender quem elas são e como devem ser tratadas. Algumas pessoas acham que isso é bom, porque ajuda a dar mais atenção e direitos para pessoas que foram tratadas de maneira injusta no passado. Por exemplo, pessoas negras, mulheres, homossexuais e transsexuais já foram muito discriminadas e hoje em dia muitas pessoas acham que é importante dar mais atenção e oportunidades para elas.

No papel o identitarismo parece ser algo legal. Mas na prática pode ser muito ruim porque, ao focar tanto nas diferenças entre as pessoas, podemos acabar esquecendo que todos somos iguais e devemos ser tratados com igualdade e respeito, independentemente de nossas características identitárias. Além disso, o identitarismo também pode levar a uma divisão entre as pessoas, já que alguns grupos podem começar a se ver como superiores ou inferiores a outros grupos por causa de suas características identitárias. O pêndulo foi para o outro lado e os oprimidos se transformaram em opressores, exigindo que você dê mais atenção e valor a seus sentimentos do que à realidade.

De novo: no extremo, isso é um perigo.

https://www.youtube.com/watch?v=0Ng5gejrw2k

Eu me situo no espectro do liberalismo light, a caminho do conservadorismo. Ali encontrei as pessoas mais tolerantes, que concordam com os direitos humanos, valorizam a iniciativa individual, colocam prioridade absoluta da liberdade econômica. E querem defender as coisas boas que deram certo até hoje, mudando aos poucos as que não deram. Sem revolução, sem acabar com tudo que está aí.

Entendeu? Conservadorismo não é tradicionalismo. E é a posição mais madura que encontrei entre as várias formas de enxergar o mundo. Me defino como um liberal eternamente a caminho do conservadorismo. Ou um conservador eternamente com um pé no liberalismo.

O que significa isso?

Que eu valorizo a tradição, a história e a autoridade, buscando manter a ordem e a estabilidade social.

Que eu respeito as instituições sociais e políticas existentes, e sou crítico em relação a mudanças radicais ou rupturas institucionais.

Que eu defendo a liberdade individual e a propriedade privada, e sou crítico em relação a políticas que interferem nessas áreas.

Que pratico o ceticismo em relação ao papel do Estado na sociedade. Quero manter o poder político descentralizado e assegurar a autonomia das comunidades locais.

Que eu procuro a conservação da cultura e dos valores tradicionais da sociedade. Quero preservar esses aspectos diante de mudanças culturais ou sociais.

Em outras palavras: quero preservar tudo aquilo que temos de bom e melhorar o que é preciso, sem bater em ninguém, sem cancelar, sem calar a voz dissonante, dando a todos o direito de discutir opiniões. E quero distância dos progressistas com cedilha, dos liberais hidrófobos e dos tradicionalistas radicais.

- Mas, Luciano, então ser conservador é o mesmo que tradicionalista?

Não mesmo. Eles compartilham de alguns valores, mas há diferenças. Os conservadores valorizam a tradição, mas também acreditam que a mudança e a evolução são inevitáveis e necessárias para a sociedade. Eles acreditam que a ordem social deve ser mantida, mas não necessariamente a qualquer custo. Os conservadores também tendem a ser mais críticos em relação ao Estado e às políticas públicas, acreditando que a sociedade deve ser organizada de baixo para cima, com base na iniciativa privada e na liberdade individual.

Enquanto os tradicionalistas valorizam a tradição e a autoridade como guias para a tomada de decisões políticas e sociais, os conservadores acreditam que a mudança e a evolução são inevitáveis e necessárias para a sociedade, aceitando-as na tomada de decisões.

Entendeu? Ou você é daqueles que pensam que conservador é uma caricatura.

O problema desses rótulos que tentam classificar as pessoas como se houvessem caixas estanques, é que eles são reducionistas. Reduzem a complexidade de opções e escolhas a um conjunto acabado de regras, como se isso fosse possível. E, por conta da extrema ignorância da maioria das pessoas que falam a respeito, transformam-se em caricaturas.

E aí fica fácil usar a abordagem 4D de Ben Nimmo que expliquei no Cafezinho 550: descartar, distorcer, distrair e desanimar.

O primeiro D é de Dispensar:  se você não gosta do que seus críticos dizem, insulte-os. A pessoa diz: não ouça o fulano porque… E coloca ali uma ofensa. É um aproveitador, é um maluco, é um desonesto, é um progressista, é um conservador, é um liberal… E aqui cabem as hashtags construídas pacientemente: #bolsonarista, #genocida, etc. É a primeira e mais fácil técnica usada, a mais fácil: insule.

O segundo D é de Distorcer:  se você não gosta dos fatos, distorça-os, crie seus próprios fatos.

O terceiro D é de Distraia:  se você for acusado de algo, acuse outra pessoa da mesma coisa. Se a conversa estiver desconfortável, focando em algo que seja desconfortável, mude de assunto. Acuse a pessoa da mesma coisa, de modo que ela passe a defender e fuja do assunto principal.

O quarto D é de Desânimo:  diz respeito a assustar o público-alvo com advertências verbais ou imagens e vídeos tão perturbadores que elas nem pensem em agir contra seus interesses.

Ao transformar o liberal, o progressita, o conservador em caricaturas, os 4Ds fazem a festa. É muito fácil Dispensar, Distorcer, Distrair e Desanimar quando se lida com caricaturas, entendeu?

Por isso tanta gente não se mostra disposta a compreender em detalhes os diversos tons dos espectros de visão de mundo. Escolhe-se um ponto, normalmente um extremo e usa-se para rotulas a todos.

Assim, todo progressista é um revolucionário alucinado, todo liberal é um ingênuo que acha que o mercado resolve tudo e todo conservador é um reacionário parado no tempo. E dá-lhe hashtag e gritaria.

https://www.youtube.com/watch?v=ZUqSNbJuGOw

É ao som de You Can´t Always Get What you Want, com os Rolling Stones, que vamos saindo pensativos...

Você não pode ter sempre o que quer

Mas se você tentar algumas vezes, sim,

Você encontra o que precisa!

Estamos entendidos? Classificar as visões do mundo em caixinhas independentes não funciona. Melhor usar algum sistema dinâmico onde num momento sou liberal, no outro progressista, em seguida conservador. Pegando o melhor de cada visão, entendeu? Desde que se mantenham os valores fundamentais, alguma flexibilidade faz muito bem.

Ah, Luciano e os socialistas e comunistas? Bem, esses não têm jeito. São caricaturas por definição. Mas caricaturas que a história provou, faça você o malabarismo retórico que quiser, que matam.

Aí não tem conversa.

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí ó, completando o ciclo.

De onde veio este programa tem muito mais, acesse canalcafebrasil.com.br e torne-se um assinante. Além de conteúdo original e provocativo, você vai nos ajudar na independência criativa, a levar conteúdo para muito mais gente.

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Para terminar uma fala do escritor, intelectual e comentarista político norte americano William F. Buckley Jr:

O conservadorismo é a ideologia que reconhece que as soluções para nossos problemas existem no passado, no presente e no futuro.

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