Café Com Leite 39 - Agrotóxicos ou Defensivos

Data de publicação: 02/04/2023, 09:29

Café Com Leite 38 – Agrotóxicos ou defensivos?

Bárbara: Bom dia, boa tarde, boa noite! Babica, vamos continuar falando um pouco mais do agro, hoje com um tema beeeeem polêmico.

Babica: O que, Bárbara?

Bárbara: Hoje o assunto é defensivos agrícolas, que muita gente chama de agrotóxicos.

Babica: Nossa! Bota polêmica nisso!

Bárbara: Meu nome é Bárbara Stock e este é o Café Com Leite, um podcast para famílias com crianças inteligentes e pais que se importam.

Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela! Também estarei aqui com você!

Bárbara: Babica, quem é o ouvinte de hoje?

Babica: Ahhh, hoje é o Joaquim!

COMENTÁRIO DO OUVINTE

Bárbara: Ahahahahah, Joaquim, que legal! Nós é que agradecemos por você ouvir nosso podcast!

Babica: Joaquiiiiim, que legal! E me chamou de Barbica, ahahahahahahha. Olha, eu adorei sua animação, viu? E você ganhou uma linda camiseta do Café Com Leite!

Bárbara: E se você gostou do nosso Café com Leite, mande uma mensagem de voz para nós no whatsapp 11915670602. Se sua mensagem for escolhida, vamos publicá-la no próximo episódio e você ganhará uma camiseta muito legal!

SOBE A MÚSICA

Babica: Então Bárbara, eu andei olhando por aí e vi que tem muita gente que tem umas dúvidas com relação aos venenos que os agricultores usam.

Bárbara: Os defensivos agrícolas...

Babica: Então, tem gente que chama de agrotóxicos ou de veneno mesmo, e não de defensivos. E dizem que os agricultores espalham veneno nas plantações, que acaba contaminando as frutas e verduras que as pessoas comem. E contaminam também as águas dos rios e matam animais e insetos. E até pessoas!

Bárbara: Ah, Babica, essa discussão é looonga, mas acho que podemos esclarecer algumas coisas importantes aqui.

Babica: Ebaaaaaaaaaaaaa

Bárbara: Bom, aquilo que algumas pessoas chamam de agrotóxicos, e eu prefiro chamar de defensivos, são substâncias que os agricultores usam para proteger as plantas das pragas e doenças que podem danificá-las. Eles ajudam a manter as plantações saudáveis e a produzir alimentos em grande quantidade.

Babica: E do que são feitos esses agrotóxicos/defensivos?

Bárbara: Entre as substâncias químicas mais comuns encontradas nos defensivos, estão os herbicidas, que são usados para controlar plantas daninhas, e os inseticidas, fungicidas e bactericidas, que são usados para combater insetos, fungos e bactérias que podem danificar as plantas.

Babica: Então está correto dizer que os agricultores jogam esses produtos químicos nas plantações para matar insetos, plantas daninhas, fungos e bactérias?

Bárbara: Sim, Babica. Com o uso de agrotóxicos, os agricultores conseguem controlar essas ameaças e produzir alimentos em maior quantidade e com menos prejuízos.

Babica: Mas se são produtos químicos, não podem fazer mal para as pessoas?

Bárbara: Algumas substâncias químicas encontradas nos agrotóxicos podem ser perigosas para a saúde humana e o meio ambiente, por isso que seu uso é regulamentado e feito com responsabilidade e segurança pelos agricultores.

Babica: Então são perigosos!

Bárbara: Claro que sim, Babica. Como são perigosas as substâncias que existem nos remédios que a gente toma.  Aliás, muitos dos defensivos agrícolas possuem as mesmas substâncias que alguns remédios para humanos. Aliás, defensivos agrícolas na prática são os remédios para as plantas.

Babica: Que interessante! Então quando as pessoas lavam o cabelo com shampu, ou tomam remédios, estão expostas às mesmas substâncias que estão nos defensicos?

Bárbara: Sim, Babica. Claro que as quantidades variam, mas não é uma coisa liberada para qualquer um. Da forma como é espalhada a informação, parece que defensivos agrícolas estão à disposição de qualquer cidadão, como um remédio na farmácia, não é?

Babica: Ué? E não são? Como é que faz pra comprar?

Bárbara: Babica, agrotóxicos precisam de receita emitida por um técnico ou agrônomo registrado no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de cada estado. Eles têm de seguir regras muito rígidas com informações sobre doses máximas e mínimas e a forma de aplicação dos defensivos. Se não seguirem essas regras, esses técnicos podem ter seus registros cassados.

Babica: São como médicos que receitam tratamentos e remédios?

Bárbara. Sim! E o agricultor que vai usar os defensivos, terá de se encaixar em alguns requisitos. Tem de provar que é produtor rural com registro na secretaria da agricultura do seu município. Tem de possuir talão de notas para venda de produtos agrícolas. Provar que sua plantação é comercial. Dizer se sua plantação se encontra em áreas urbanas... Todas essas informações ficam gravadas em um sistema online estadual, para consulta dos órgãos de controle.  

Babica: Entendi. Então se uma pessoa comum for comprar defensivos ela não pode?

Bárbara: Não. Mas a coisa é ainda mais complicada. Se estiver tudo certinho o agricultor vai até uma loja especializada...

Babica: Uma farmácia!

Bárbara: Ahahahaha não é uma farmácia, Babica. São lojas especializadas em produtos agropecuários, em lojas de materiais para jardinagem, em cooperativas agrícolas e em alguns mercados. Quando chegar lá para comprar, o agricultor tem de apresentar as 5 guias – sim, são cinco cópias – do documento para a compra do defensivo.

Babica: Cinco cópias? Ué, não é que nem receita, que basta uma só?

Bárbara: Pra você ver como é o controle, Babica. O proprietário da loja é obrigado por lei a seguir uma série gigantesca de obrigações legais. Ele tem até de construir depósitos de defensivos seguindo normas técnicas. Ele é obrigado também a ter licenças ambientais, alvarás e licenças de funcionamento. Tudo com validade limitada a no máximo 3 anos e com taxas de renovação anuais que vão de 100 a 500 reais para cada licença que vencer.

Babica: Então quem vende defensivos está registrado?

Bárbara: Sim senhora. Se não seguir as normas das guias, o comerciante pode ser multado e ter sua licença de venda suspensa. Pode até ir preso! As multas começam em 1.000 reais e podem crescer até onde a imaginação alcança.

Babica: Nossa. Mas tudo isso por quê?

Bárbara: Para que se tenha controle sobre o que, como, quanto, onde e para quem estão sendo vendidos os defensivos. E ainda existe a questão do transporte. Quem for carregar tem de ter um curso para transporte de cargas perigosas e, dependendo do volume transportado, o veículo tem de ser sinalizado com placas indicativas e carregar um kit para acidentes com cone, pá, material absorvente, etc.

Babica: Nossa! Mas eu pensei que o agricultor entrava na loja, comprava um saco de veneno e ia embora...

Bárbara: Pois é, Babica. Muita gente pensa que é assim e sai espalhando que agricultores não têm responsabilidade quando usam os defensivos. E tem mais. Depois do uso, o agricultor tem o prazo de um ano para devolver 100% das embalagens lavadas para reciclagem. Este processo de limpeza das embalagens chama-se Tríplice Lavagem.

Babica: O quê? Tem de lavar as embalagens e devolver?

Bárbara: Para você ver como tem cuidados. No período em que o defensivo fica na propriedade tem de haver uma estrutura especial para armazenar o produto e outra para armazenar as embalagens vazias. Babica, o Brasil é o campeão mundial na devolução das embalagens de defensivos!

Babica: Mas quantas regras, Bárbara! Então defensivos agrícolas não se compram em prateleiras de supermercados. E para lidar com eles, tem de ter um monte de certidões e registros?

Bárbara: sim.

Babica: O melhor então seria NÃO utilizar agrotóxicos!

Bárbara: Isso mesmo!

Babica: Então por que é que usam?

Bárbara: Porque se não controlar as pragas, fica impossível produzir alimentos na quantidade e qualidade que é preciso para alimentar...

Babica: 1 bilhão de pessoas!

Bárbara: Isso, 1 bilhão de pessoas, é preciso usar defensivos, sim. Então tem de usar direito.

Babica: Entendi.

Bárbara: Olha, e se não bastassem as dificuldades para comprar, transportar e armazenar, os defensivos não são nada baratos. Variam de 15 a 200 reais o litro. E quando falamos de agronegócio, não estamos falando na plantação de alface na chácara do seu João, mas de altas produções, onde os números são sempre muito grandes. Ali se fala em milhões. Não é aquele saquinho de BHC da sua infância que resolve…

Babica: BHC?

Bárbara: Ahahahahahah... BHC era um veneno muito utilizado quando o Tio Luciano era mais jovem. Era um pó que vinha em sacos com papel reforçado. Assim que a embalagem era aberta, as pessoas já respiravam aquele pó...

Babica: Que horror! Respiravam o veneno?

Bárbara; Isso era na década de 70 e 80, Babica, 50 anos atrás. Não havia EPIs...

Babica: EPIs?

Bárbara: Sim, EPIs - Equipamentos de Proteção Individual, que são itens que as pessoas usam para se proteger em situações de risco ou perigo. Eles são muito importantes para garantir a segurança e saúde das pessoas em diferentes trabalhos ou atividades. Sabe aqueles capacetes que você vê o pessoal que constrói prédios usando?

Babica: Sei.

Bárbara: São EPIs. Assim como luvas, máscaras, aventais, sapatos e botinas reforçadas. Houve um tempo em que os EPIs não eram usados nem recomendados. Hoje quem não usar, está quebrando a lei. Pode até ir preso.

Babica: Nossa!

Bárbara: São muitas as medidas de segurança para se usar os defensivos, Babica. Sem contar que eles são caros, muito caros. No mundo do agro, a coisa que mais ficou cara nos últimos anos, foram os defensivos. Se um agricultor resolver usar mais do que ele precisa, estará jogando dinheiro fora. Babica, o próprio agricultor e sua família consomem os produtos que eles colhem. Você acha que eles iam querer se contaminar?

Babica: Só se forem burros, né? Não querem contaminar nem eles nem os bichinhos que moram perto do agronegócio, não é?

Bárbara: Nem os bichos, Babica.

Bichos fazendo barulho

Babica: Mas Bárbara, não tem um jeito de fazer esses defensivos menos perigosos?

Bárbara: Claro que tem, Babica. Lembra daquele BHC dos anos setenta? Não é usado há muito tempo, foi substituído por produtos muito mais modernos e eficientes. E ainda tem o desenvolvimento das soluções naturais.

Babica: Soluções naturais?

Bárbara: Sim, Babica. Biosoluções, defensivos biológicos que são geralmente feitos a partir de ingredientes naturais, como bactérias, fungos, vírus e extratos de plantas. As biosoluções podem ser usadas em culturas orgânicas ou convencionais. Ao contrário dos defensivos químicos, que podem deixar resíduos tóxicos no solo e na água e afetar a saúde humana, os defensivos biológicos são menos prejudiciais ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores e consumidores. Além disso, eles são menos propensos a causar resistência nas pragas, o que pode levar a uma redução no uso de defensivos agrícolas ao longo do tempo.

Babica: Mas Bárbara, o que é que tem nesses defensivos biológicos?

Bárbara: Alguns são fungos e insetos, como besouros e vespinhas que comem ou parasitam outros insetos. O produtor brasileiro usa defensivos biológicos desde a década de 50. A vespinha para controle da broca da cana é usada em grandes áreas desde a década de 70. Os agricultores brasileiros são líderes em uso de tecnologias sustentáveis como os defensivos biológicos.

Babica: Biosoluções... vou perguntar pro pessoal da UPL como é isso!

Bárbara: Pergunte, Babica. A UPL já tem produtos assim para oferecer. Mas então, Babica, o que é que você aprendeu hoje?

Babica: Ah, muito! Aprendi que os defensivos agrícolas são a forma mais econômica de lidar com a produtividade. Que não são acessíveis, muito menos baratos. Não podem nem devem ser usados indiscriminadamente. Que tem muitas regras para aplica-los.  Aprendi que os defensivos são perigosos quando mal utilizados, como qualquer droga que a gente conhece. Mas quando bem aplicados, seguindo o que já está na lei, aumentam a produção e são muito seguros.

Bárbara: Muito bem! Mas se você pensa que terminou, está enganada. Vem mais por aí.

Babica: Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

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Bárbara: Muito bem! Eu sou a Bárbara Stock…

Babica: E eu sou a Babica! O avatar de Bárbara que mora no super celular dela.

Bárbara: somos suas companheiras neste Café Com Leite, que é feito com muito carinho pela turma de super heróis do Podcast Café Brasil. A edição é do Senhor A e a direção é do Luciano Pires.

E hoje vamos encerrar como o episódio?

Babica: Ah, fui buscar uma frase de um filósofo espanhol chamado Jose Ortega y Gasset

Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo.

 

https://oeco.org.br/noticias/mais-20-frases-do-meio-ambiente-por-filosofos/

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