LíderCast 243 - Rodrigo Patussi

Data de publicação: 21/09/2022, 19:11

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo, com gente que faz acontecer. Hoje, o convidado é o Rodrigo Patussi, zootecnista e diretor da Terra Desenvolvimento, empresa focada na produção de métodos de gestão da agropecuária, e que ajuda investidores interessados no agronegócio. A Terra, é patrocinadora do PodCast Café Brasil há mais de um ano, e a conversa será sobre carreira, agronegócio, e mais umas coisinhas. Muito bem, mais um LíderCast. Começo, como sempre, explicando de onde veio esse convidado meu aqui, isso aqui foi um encontro que a gente teve há um bom tempo atrás. Fui fazer um trabalho para eles, aí eles vieram, viraram patrocinadores do Café Brasil, e a gente conversando no agro. Bom, estou voltando de Campo Grande, onde eu participei de um baita encontro de gestores da terra, e lá a gente trocou uma ideia. Eu falei, "cara, uma hora dessa eu vou pegar você, e vou trazer para um LíderCast". Aqui estamos, né, num frio de 11 graus em São Paulo. O bicho chega do Mato Grosso do Sul, para pegar 11 graus aqui. Deve estar sofrendo barbaridade. Eu começo com três perguntas, que são aquelas fundamentais, que são as únicas que você não pode chutar. O resto, você chuta à vontade. Seu nome, sua idade, e o que que você faz?

Rodrigo Patussi: Bom, meu nome é Rodrigo Patussi Nascimento, eu tenho 44 anos, sou de 77. E sou hoje, um camarada que se dedica a transformação das fazendas que a gente trabalha assim. Não sei dizer muito, sou operário da gestão, eu costumo dizer, né? Tenho uma empresa de desenvolvimento chamada Terra Agropecuária, junto a alguns sócios. E o nosso trabalho, é profissionalizar a gestão das fazendas. É isso que eu faço.

Luciano Pires: Legal. Nasceu onde Rodrigo?

Rodrigo Patussi: Nasci em Dourados, Mato Grosso do Sul. Uma cidade próxima de Campo Grande, hoje eu moro em Campo Grande, uma cidade próxima ali.

Luciano Pires: Tu é nativo lá do pedaço?

Rodrigo Patussi: Sou Sul Mato-grossense mesmo. O estado foi dividido em 11 de outubro de 77. Eu já sou nascido dia 31 de outubro de 77. Então, sou Sul Mato-grossense, os primeiros ali.

Luciano Pires: Caramba, nasceu dos primeiros, é verdade. Você garotão que está nos ouvindo aí, e não sabia dessa história, mas, houve um tempo em que Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, era um estado só. E aí, depois de algum tempo, houve essa divisão, dividiu-se em dois estados, e criou-se ali meio que uma rivalidade até, né? Porque quando você, quando você erra dizendo que fulano está em um, e ele está no outro, eles ficam meio bravos lá.

Rodrigo Patussi: É., acho que não é uma rivalidade, mas incomoda o Sul Mato-grossense quando ele vai lá, e fala, "estamos aqui no Mato Grosso". Isso aí dá briga direto.

Luciano Pires: Legal. Tem irmãos?

Rodrigo Patussi: Eu tenho. Eu sou de uma família de 3 filhos. Tenho 2 irmãs, uma mais velha Patrícia, e uma mais nova Giovana. E eu sou o do meio.

Luciano Pires: E o que que seu pai e sua mãe faziam, fazem?

Rodrigo Patussi: Meus pais, são professores. São aposentados hoje, mas eram professores. Mas, não professores ali, eles trabalharam sempre na área administrativa. Meu pai, diretor de escola durante muitos anos. Inclusive meu, estudei com meu pai sendo diretor. E minha mãe também professora, mas também na área administrativa. Trabalhava inicialmente na agencia, uma agencia de educação do Estado. Depois, junto com outras amigas lá, foram convidadas a não fundar, mas, iniciar a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul.

Luciano Pires: Legal.

Rodrigo Patussi: É. Mas, sempre trabalharam com educação.

Luciano Pires: Que barra hein, ser filho do diretor, hein cara? O garoto que está bagunçando lá, quando ele foi chamado na diretoria, é o pai que vai.

Rodrigo Patussi: Isso já aconteceu Luciano, você acredita? Eu fui chamado na diretoria pelo meu pai. Falou, "olha, quando acabar o recreio aqui, você vai lá, eu preciso conversar com você". Ele tratou como diretor mesmo.

Luciano Pires: Tomou uma dura do diretor.

Rodrigo Patussi: Tomei, do meu pai. Só que ao contrário do que as pessoas falam, a maior dificuldade que eu tive nesse período, era aquela coisa de as vezes me sentir protegido. Assim, as pessoas as vezes não brigavam comigo porque eu era o filho do diretor. A professora as vezes me tratava de uma forma, porque eu era o filho do diretor. Aquilo me incomodava.

Luciano Pires: É o bullying de sinal trocado, é o contrário do bullying.

Rodrigo Patussi: Exatamente, é o contrário. Só que meu pai, ao contrário do que as pessoas pensam, zero problema. Ele nunca me tratou diferente, assim, nem na escola como... natural que ali tinha o lado do filho, mas muito pouco. Em casa, também não levava muito aquele lado do diretor para casa assim. Meu pai, ao contrário do que as pessoas pensam, não cobrava nota, não cobrava tarefa, nada disso. Era tranquilo para caramba. Acho que ele soube separar bem isso aí.

Luciano Pires: Eu fui alfabetizado pela minha mãe cara. A minha primeira professora do primário, né, quando eu fiz o primeiro ano do primário, era minha mãe. A dona Helena. Então, eu era o filho da professora, e fui alfabetizado pela minha mãe. Olha que coisa legal, né? Mas qual é o apelido que você tinha quando era criança?

Rodrigo Patussi: Imaginei que você ia perguntar isso, rapaz. Eu fiquei pensando se eu ia falar exatamente, ou não. O primeiro apelido é Patussi, que é meu sobrenome. Como tinha vários Rodrigos, na minha geração tinha muito Rodrigo, então, tinha Rodrigo Patussi, Rodrigo Boni, quer dizer, tinha vários Rodrigos, e virou primeiro Patussi. É um sobrenome diferente, até hoje as pessoas confundem como nome. Tem pessoas que me chamam ainda de Patussi, apesar de me conhecer, de acabar de me conhecer. Mas, depois logo em seguida, Dourados é uma cidade pequena, a gente anda sempre em grupo. As pessoas que eu convivi na minha infância, são meus amigos até hoje, a gente tem amizade grande. Então, meus apelidos estavam todos relacionados a preto, né? Então, é negão, tu vira, tudo...

Luciano Pires: Mas por que preto?

Rodrigo Patussi: É porque eu era o mais moreno de todos, né? E aí pegou.

Luciano Pires: Seu pai, sua mãe, algum deles é negro?

Rodrigo Patussi: Meu pai é mais negro assim, não vou dizer que ele é negro. É, não sei dizer, mas eu era mais moreno. Mas uma coisa assim, que eu nunca achei ruim não. Eu sei que você ia perguntar isso, falei puta, será que eu falo? Mas é, até hoje, tenho muito amigo meu que me chama de negão, tu vira, que é... tem até cara que fala, "ô macaco", tal. Mas, isso era coisa de infância. Daí foi ficando, adolescente, até hoje, no meu conjunto de amigos ali, é negão, preto, essas coisas.

Luciano Pires: O que que o tu vira, queria ser quando crescesse.

Rodrigo Patussi: Legal, eu fiquei com medo de falar isso, que hoje em dia está meio difícil falar. Mas ao contrário, para mim é...

Luciano Pires: Aquela história bicho, é... você viveu esse momento, faz parte da sua vida, da sua história.

Rodrigo Patussi: Tem o cabeção, tem o nariga, tem o torto.

Luciano Pires: E você era o negão. O que que o negão queria ser quando crescesse?

Rodrigo Patussi: Olha que coisa engraçada. Minha mãe disse que eu queria ser fazendeiro. Não sei, desde pequenininho assim, fazendeiro. Então, não era assim um profissional do agro, mas, eu queria viver aquele mundo de fazenda. Eu sempre gostei daquilo.

Luciano Pires: Que é meio que um paradigma no Mato Grosso, né cara? Imagino que todo mundo que está no Mato Grosso, quando olha... Aqui, estou aqui em São Paulo. Então, o que que eu vou ser quando crescer? Ah, eu vou ser médico, vou ser advogado, hoje é Youtuber, alguma coisa assim. Lá, acho que a coisa mais natural, era você ter em primeiro lugar, eu quero ser médico, advogado, fazendeiro. A fazenda, faz parte da cultura.

Rodrigo Patussi: É, fazendeiro é aquela coisa, né? Assim, eu não quero ser um zootecnista, um veterinário. Quando era pequeno, eu falava do fazendeiro, porque eu gostava de cavalo, gostava daquele ambiente. Meus pais não tinham isso. Mas, meu pai, como qualquer pessoa que veio do interior, meu pai veio do interior de São Paulo, e tal, juntava um dinheiro e comprava um sítio, né? Queria ter uma chácara, para ter... meu pai sempre gostou de criação, minha mãe sempre foi desse meio, trabalhavam na roça e tal. Então, sempre tiveram isso. E eu sempre gostei do lúdico ali, que é o cavalo, que é trabalhar com gado, essas coisas. E minha madrinha, meu padrinho, tinham fazendas. Sei lá, eu tinha aquele estereótipo da fazenda, eu sempre gostei disso, e era isso que eu queria ser. Aí quando eu fiquei adolescente, as coisas mudaram. Mas, eu sempre voltando para essa origem do agro. Eu pensava em ser veterinário, essas coisas.

Luciano Pires: Sempre em Dourados? Você ficou em Dourados?

Rodrigo Patussi: Sempre em Dourados, a vida inteira. Eu só saí para estudar, com 18 anos, eu saí para estudar. Dourados, tem uma característica. A maioria das pessoas ali, com uma colonização muito forte do Sul, e de mineiros também. Então, mineiro atrás do gado, o pessoal do Sul, o Sulista ali, atrás da lavoura, e tudo mais. Então, meus amigos ou iam estuar para o Rio Grande do Sul, para o Sul do país, ou ele ia para Uberaba, Prudente, aquela região ali. Campo Grande não era uma referência para nós. A minha irmã veio estudar em Campo Grande, mas, Campo Grande eu conheci com 14 anos, e voltei com 20 e poucos. Então, não tinha muito hábito de Campo Grande. Então, eu fui estudar, eu saí com 17 anos para estudar, fazer cursinho em Curitiba. E a gente buscava o Paraná, eu e alguns amigos. Essa minha turma de amigos aí, desde o pré, a gente sempre juntos, e acabei indo estudar lá. E eu fui estudar, fazer cursinho, para prestar vestibular para veterinária. Mas, confesso que prestei para um monte de coisa. Eu cheguei a prestar vestibular para Oceanografia. Então, eu não tinha muito definido. 17 anos, eu sabia lá o que que eu quero. Mas, eu tinha aquela vontade de fazer. E fui veterinária, porque eu não conhecia outro curso. Tinha agronomia, que eu relacionava com lavoura, que não era meu negócio. E a veterinária.

Luciano Pires: Com bicho.

Rodrigo Patussi: É. E engraçado Luciano, que eu nunca gostei da clínica. Mas, eu não sabia. Eu não gostava da clínica, eu não sou um cara ligado a toda a parte de saúde, não era meu negócio. Eu sempre gostei mais do lado produção mesmo. A fazenda me encantava mais do que o próprio animal, entende? Não sei se...

Luciano Pires: Sim.

Rodrigo Patussi: E aí um amigo que morava na minha casa uma época, esse período que a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul estava se formando, eles fizeram um convenio com a Universidade Estadual de Maringá. E minha mãe, como era uma das responsáveis ali, do departamento acadêmico, ela logo fez contato então com esse pessoal de Maringá. E um camarada chamado Zeca, ele era um camarada que ajudou a universidade a se formar, no Mato Grosso do Sul. E ali ele falou, "olha Rodrigo, eu sou lá de Maringá"... ele acabou morando na minha casa, tem uma história toda legal sobre isso. Meu pai e minha mãe são muito bacanas, então ele acabou ficando em casa. Ele falou, "olha, tem zootecnia lá. Por que que você não vai fazer? Estou achando que você não deve ser veterinário. Estou achando que você gosta de outra coisa, de zootecnia, e tal". Eu falei, não entendia nada, zootecnia nem sabia o que que era, não tinha noção do que era aquilo. Eu já sabia que existia, porque um tio de um amigo era zootecnista, mas eu não entendia exatamente o processo, não pesquisei para saber o que que faia, não pesquisei nada. E acabei fazendo vestibular, depois que eu voltei de Curitiba, fiz vestibular para Zootecnia e Veterinária, e passei em Zootecnia primeiro. E fui fazer Zootecnia em Maringá.

Luciano Pires: Dá... para quem está ouvindo a gente aqui, e não é do ramo. Qual é a diferença entre Zootecnia e Veterinária?

Rodrigo Patussi: O Zootecnista, é um profissional de produção animal. Então, teoricamente, ele é um camarada que liga com o lado produtivo, o sistema produtivo. O Veterinário, também deveria se dedicar mais ao animal.

Luciano Pires: Trata do bicho.

Rodrigo Patussi: Só que aí tem nutrição, tem todo um lado, mas, é mais do bicho. Deveria ser, Medicina Veterinária, é o que já diz o nome. Medicina Veterinária, é o médico de animais. Mas, trata de nutrição, tudo igual. Hoje em dia, tudo se mistura, né? Mas, o zootecnista, é mais para produção. Então, todo o processo produtivo.

Luciano Pires: No contexto, então, ele está preocupado com onde o bicho está, como se alimenta, como que é a produtividade.

Rodrigo Patussi: Exatamente. É tudo aquilo que tem interesse comercial, zootecnista teoricamente deveria atuar. Mas, eu não entendia isso, não entendia. E foi por Deus, foi uma das primeiras... estava vendo um camarada esses dias em um programa seu, o Max, falando de sorte, essas coisas. Mas, foi uma das coisas do acaso, né? Eu entrei no curso, e quando eu vi era o curso correto. Tanto que na primeira semana eu passei para veterinária. Saiu a segunda chamada de uma universidade estadual, se não me engado, em Lajes, e tal. E um amigo meu me ligou, falou "Rodrigo, você passou em veterinária cara", sabia que eu queria veterinária. "E aí, vamos lá fazer?". Eu falei, "olha, não conta para ninguém que eu passei, nem para a minha mãe". Minha mãe foi descobrir isso depois de muitos anos. Acho que ela vai escutar isso, vai achar que é uma novidade, porque eu não contei. Estava na primeira semana de zootecnia em Maringá, uma delícia, aquela festa danada, aquela coisa. Não, aqui eu estou no paraíso, me deixa quieto aqui, né. Mas aí foi isso, por isso eu saí de Dourados. Daí depois acabou que eu voltei depois de formado rapidamente, mas eu construí minha vida fora.

Luciano Pires: Que ano era isso? Você está no começo dos anos 90, era isso?

Rodrigo Patussi: Não, quando eu passei, 97 foi quando eu entrei na universidade. 97.

Luciano Pires: Está com 20 anos.

Rodrigo Patussi: É, mais ou menos, 20 anos. Fiz 1 ano de cursinho, entrei em 97, e concluí a unidade no período normal, 5 anos. 2001 teve uma greve grande, ali nesse negócio. E aí foi onde eu comecei a entender de zootecnia, vi que o buraco era mais embaixo, mas, gostei do curso. Foi superbom.

Luciano Pires: Deixa eu aproveitar o embalado com você aqui, que você nasceu no Mato Grosso, tudo mais, vamos mergulhar em um assunto aqui, para mim é muito interessante.

Rodrigo Patussi: Rapaz, eu já nasci no Mato Grosso do Sul, hein.

Luciano Pires: Mato Grosso do Sul. Você nasceu em 77, quer dizer, nós estamos nos anos 70. E tem todo um histórico de como é que o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, aquelas terras foram conquistadas ao longo dos anos 70. Que era uma coisa que, o regime militar até 64, desculpe, de 64 até final dos anos 60, eles tinham muito claro que o interior do Brasil estava largado, não tinha ninguém lá. E havia toda uma história, se a gente não tomar conta, vamos ser invadidos. Então, o brasileiro tem que tomar conta do interior. E aí eles começaram a promover aquela caminhada para o oeste, né? Então, chamando as famílias. Cara, você do Rio Grande do Sul, você de Minas, você do Paraná, venha para cá, venha ocupar um espaço. E eles incentivavam as pessoas, né? Então, se você chegar aqui, ocupar uma terra, desmatar essa terra, você ganha o título de propriedade. Foi assim. Então, os pioneiros que chegaram lá foram assim. Os caras entraram...

Rodrigo Patussi: Em vários estados. Rondônia, integrar para não entregar.

Luciano Pires: Exatamente. Quer dizer, havia uma visão estratégica do Estado brasileiro, de colocar os brasileiros nessas regiões para poder ocupa-las, senão alguém ocuparia aquilo, né?

Rodrigo Patussi: Perfeito.

Luciano Pires: E aí quando o pessoal chega hoje, "é, porque você é um desmatador". Cara, houve um tempo em que desmatar era necessidade. E aí depois eu fui aprender, quando eu entrei de cabeça no agro, eu fui aprender os ciclos. Quer dizer, o pessoal chega desmatando, depois começa plantando, depois cria boi, e é um ciclo que vai se ampliando, né? E depois volta a plantar outra vez, né? Mas, isso não é por acaso, aconteceu historicamente. Então, quando você nasceu lá, ainda eram anos 70, uma coisa bastante rustica ainda, porque o pessoal estava ainda se matando no meio do mato. Não tinha acesso, era complicado para chegar lá.

Rodrigo Patussi: É, o meu pai, ele chegou lá mais ou menos em 70, eu imagino. Meu pai é de 50, com 17 anos...

Luciano Pires: Em Dourados?

Rodrigo Patussi: Não, primeiro ele saiu de Presidente Bernardes, uma cidade do interior de São Paulo, e foi para Angélica. É uma cidade que fica aqui mais a leste, sudeste do Estado, digamos assim. Entre São Paulo e Paraná. Ele foi ali primeiro, ali que ele casou com a minha mãe, também veio da mesma cidade dele em São Paulo, trouxe minha mãe depois, e tal. Mas, o que eu quero dizer assim, então, ele conta história sobre isso. Então, teve muita... é uma dificuldade muito grande. As pessoas não têm noção de como isso foi um ato de coragem muitas vezes. Claro que todo mundo atrás de prosperar, que eu acho que é o grande incentivador, inclusive da própria gestão, falar, "olha, o querer prosperar é uma coisa importante", mas, foi dificuldade. Para você ter uma ideia, ele com 17 anos, ele era diretor da escola. Então, ele tinha uma responsabilidade grande. As pessoas vieram atrás disso, mas, foi difícil. E hoje existe uma visão um pouco deturpada disso. E é bem isso mesmo, o camarada vem, aí tem que fazer aquele negócio, porque ninguém também vai lá, mas eu não vou subsidiar, te dar dinheiro. Então, o cara tem que se virar. Aí ele vai primeiro com a madeira, ele vai desmatar, ele vai primeiro com a madeira, e não ilegalmente, muitas vezes legalmente, porque tem tantos por cento que você pode desmatar e tudo mais. Ele vai desmatar, vai usar a madeira, depois disso, depois vem a esteira do Brasil que é o boi. Aí planta o pasto. Claro que as técnicas mudaram, as coisas mudaram, mas aí o boi. Hoje aquelas regiões já está com cana, tem soja, as coisas vão progredindo. Mas, a dificuldade é enorme. Na região de Dourados, era impressionante.

Luciano Pires: Quando eu fiz o circuito pró-soja no Mato Grosso, eu fui visitar várias cidades, e o pessoal me comentando, falando, "quando a cidade nasceu aqui, a próxima cidade maior que era onde a gente se abastecia, era uma semana de trator. Então, um de nós pegava o trator, puxando uma caçamba, entrava na picada, levava uma semana para ir e voltar". E ele voltava então com comida, com remédio, com uma porrada de coisa. Então quer dizer, cara, era aventura total.

Rodrigo Patussi: Eu tenho muito clientes no Brasil, e o que eu mais gosto, que eu falo, uma das grandes coisas da nossa empresa, é poder conhecer a vida de pessoas especiais. E eles falam muito disso, das dificuldades que eles passaram em um primeiro momento de abertura. A pessoa chegar em Rondônia, há muito tempo atrás, uma dificuldade danada para chegar, uma dificuldade para viver lá, ter que sobreviver ali.

Luciano Pires: Não tem hospital cara.

Rodrigo Patussi: E pessoas daqui, médicos, tudo mais, saindo daqui com mulher, e foram para lá, e peitaram aquilo. E hoje a gente chega, você vê, tudo prosperando, tudo acontecendo. O agro bombando, nesse sentido, a gente esquece um pouco dessas histórias. Mas são verdades. E aí as coisas vão mudando, e aí as vezes fica essa impressão, do crime... não é bem assim. Existe o criminoso, né Luciano, hoje.

Luciano Pires: Em todo lugar.

Rodrigo Patussi: Que desmata de forma ilegal, que tem o garimpo ilegal. Isso é crime. E o pecuarista, o agricultor, ele é o cara que quer punir esse crime. Eu tenho fazendeiros, e produtores rurais, que gastam boa parte do seu tempo fiscalizando a sua área de reserva, por exemplo, atrás de garimpo, atrás de garimpo ilegal, atrás de desmatamento ilegal, essas coisas todas.

Luciano Pires: É. A sequência de PodCasts que eu fiz sobre o agro, eu termino lá falando, "cara, depois que eu visitei, depois que eu verifiquei, cara, o agro e a questão do meio ambiente, isso não é... o agro não é do Ministério do Meio Ambiente, o agro não é do Ministério da Agricultura. O agro, é do Ministério da Justiça". Todos os problemas que estão lá, é da Justiça. Não é... é um bandido. É alguém fazendo uma coisa errada que tem que ser punido.

Rodrigo Patussi: É, daí coloca tudo na mesma panela, não é verdade. Tem desmatamento ilegal na Amazônia? Tem. Tem desmatamento ilegal em qualquer lugar. Agora, isso é crime, isso tem que ser punido. Agora, existe um desmatamento, por exemplo, que é legal. Depois do Código Florestal, foi definido lá o percentual de reserva da cada área, e você tem direito. Você entra com processo, entra todo um estudo de impacto ambiental. Isso sai lá na frente, a permissão, e você vai fazer esse desmatamento legal. Legalizado, e considerando vários aspectos ali ligados a ambiente. Bom, você vai ter que fazer uma coisa bem-feita. Agora, existe o ilegal, isso tem que ser punido. A gente defende isso. Até porque Luciano, estava pensando isso esses dias. Meu filho, o Arthur que é mais velho, ele, conversando com ele e com o Raul, que é do meio, sobre isso. "Papai, como funciona?". Eu falei, "olha, você compra uma fazenda, e você tem que deixar no melhor dos casos, que é no bioma cerrado, normalmente, 20% da área, que é de reserva". A primeira pergunta, mas você paga? Não, você compra a fazenda inteira, só que 20% da área, é de reserva, e você tem que pagar exatamente o valor, e vai deixar lá de reserva. Então, aquilo para ele foi difícil entender. Mas aí como que faz? Não, você tem que cuidar. Tem a responsabilidade de cuidar dessa reserva. Isso eu estou falando no cerrado. No Amazonas, são 80%, é ao contrário, né? 80, 20 (%). Quer dizer...

Luciano Pires: O exemplo que você traz para cá, você que mora na grande cidade, você pega um apartamento e deixa um quarto fechado, esse quarto você não pode... você tem que zelar, o quarto tem que ficar inteiro.

Rodrigo Patussi: Se alguém invadir, a culpa é sua.

Luciano Pires: Você vai pagar IPTU em cima desse quarto, entendeu? Mas, esse quarto está inutilizado. Você não pode mexer nele.

Rodrigo Patussi: Pior Luciano, se alguém entra lá e tira uma madeira, que muitas vezes acontece, você é o responsável.

Luciano Pires: Eu peguei um caso assim cara. O cara está pagando uma multa gigantesca. Eu até comentei isso no outro programa. Quando você fala para um paulista, "ah, eu tenho a minha fazenda". O paulista imagina você acordando de manhã, abrindo a janela do seu quarto, e vendo a fazenda até a cerca com o vizinho. Esse é o nosso pensamento aqui. Quando você vai para dimensões do agronegócio, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, o cara abre a janela, e ele não vê o fim da fazenda cara, ele pega um carro, um cavalo, ele pode dirigir 2 horas que ele não chega no final da fazenda. É tudo gigantesco. E eu peguei um caso desse lá no Mato Grosso, onde o cara tinha recebido uma multa de R$ 2 milhões de reais, porque os ladrões entraram na fazenda dele, desmataram. O satélite pegou, e a culpa é do dono da fazenda, que ele foi acusado de ele estar desmatando, quando ele tinha sido roubado. Quer dizer, o cara invadiu, roubou, e ele tomou a multa ainda.

Rodrigo Patussi: Exatamente. Se você pegar uma fazenda, vamos pegar uma fazenda de uma região como o Pará, Mato Grosso, vamos pegar o Pará, né, que 10 mil hectares, que não é uma fazenda grande para aquela região. 10 mil hectares, se for olhar hoje, provavelmente o cara pode usar em torno de 2 mil, a 3 mil hectares, talvez. Tem que olhar cada região, e tal. Mas então, os outros de 10, os outros 7 ou 8 é mata.

Luciano Pires: É área de preservação.

Rodrigo Patussi: Eu cansei de estar lá, e os produtores terem problema de garimpo ilegal muitas vezes, de ter desmatamento ou extração de madeira, que os caras não conseguem ver. Então, eles têm um custo operacional para manter tudo isso, bem alto. Isso onera naturalmente a produção de onde sai o negócio dele. Então, isso tem que ser melhor entendido, a gente tem que entender um pouco melhor isso, antes de falar alguma coisa, para entender todo o contexto geral ali. Mas, o fato que a gente, retomando o que você estava falando, eu tenho muito respeito pelo passado, porque não foi fácil fazer o que esses caras fizeram. Era muito... hoje é fácil. Você tem avião, você tem logística excelente, estrada, tudo mais, telefonia, comunicação. Agora, eu convivi com pessoas que passavam semanas sem se comunicar, ou meses sem comunicar, porque não tinham comunicação. Porque vinham para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul buscar gado, levar, quer dizer, e as coisas aconteceram assim, a duras penas. A família sofreu com isso. Agra, naturalmente que a gente prosperou nesse caminho, e que bom que isso aconteceu.

Luciano Pires: O Orlando Villas Boas, conversando comigo, ele estava contando a diferença da conquista do oeste dos Estados Unidos, com a conquista do oeste do Brasil. A conquista do oeste dos Estados Unidos, foi em cima de trilho. Então, o que eles fizeram? Eles saíram da costa leste, foram com um trem andando. Então, o trem ia passando, ia deixando cidades. E você tinha lá uma conexão. Ali, se fez tudo se construir em volta da ferrovia. Do Brasil não foi assim, o Brasil subiu uma ferrovia, mas quando você vira para o lado do Pará, tudo mais, foi só avião. E o avião não deixa nada no caminho, cara, ele não deixa rastro. O avião, vai e pousa no lugar. Então, ele não vai abrindo espaços, e aí fica tudo muito distante.

Rodrigo Patussi: E o Brasil é enorme Luciano. A gente pensa, eu trabalhando com gestão das fazendas e tal, a gente tem escritórios desde o Rio Grande do Sul, até o Pará. Então, a diferença enorme. O Brasil é grande demais, as dimensões são absurdas. E culturalmente a gente tem as nossas diferenças, mas, não é fácil organizar tudo isso. E acho que a gente foi muito bem, obrigado, poderia ter feito muito mais, entendo. Mas, a gente conquistou muita coisa. O Brasil, nesse setor, ele é muito competente.

Luciano Pires: E você não pode comparar o agronegócio do Brasil com o da França. São duas coisas tão diferentes. Outro dia, eu conversando com um amigo meu, do mercado de livros. E ele contando a diferença da distribuição de livros na Alemanha, e aqui no Brasil. Falou cara, a Alemanha é o seguinte. O cara pega uma van, ele põe os livros na van. No final do dia, ele passou por 8 cidades, e voltou, e abasteceu as lojinhas todas.

Rodrigo Patussi: Se não me engano, a Alemanha é do tamanho do Mato Grosso do Sul, se não me engano.

Luciano Pires: Aqui no Brasil cara, para você mandar livro para o Pará, não tem como botar numa van e fazer. É impossível fazer. Então, tudo aqui no Brasil, se dificulta pelas dimensões do país.

Rodrigo Patussi: E falta muita infraestrutura para tudo.

Luciano Pires: Mas aí você pega seu canudo de zootecnista, volta para a sua terra.

Rodrigo Patussi: Não, aconteceu um acaso novamente. Lá durante a faculdade, eu nunca fui o melhor aluno. Eu vou falar logo isso aqui, porque quem vai me escutar vai logo saber.

Luciano Pires: Você era da turma do fundão?

Rodrigo Patussi: Sempre fui. Eu acabei passando ali nos cinco anos. Teve uma turma dos meus colegas que ficou para trás. Metade da turma passou, metade não, mas eu fiquei ali, estava ali. Mas, estava ali do fundão mesmo. Mas, o que aconteceu, durante a faculdade, eu sempre achei, ou você ganha pela inteligência, ou ganha pela força, não tem muita escolha. Mas, eu fazia estagio com pastagem, e também mais pela força do trabalho do que pela qualidade do trabalho. Os caras me chamavam porque eu conseguia acordar cedo, e estar lá com eles cortando capim lá, o pessoal do mestrado, a gente ajudava. Tinham uns experimentos muito bons na época em Maringá, com pastejo, com animal, dentro de fazenda, que é um pouco diferente daqueles ensaios de canteiro, e tal. Mas aí eu trabalhava com isso. E surgiu uma oportunidade por conta disso, um telefonema. Antigamente não tinha celular, estava começando o celular, estava na casa de um amigo fazendo um curso, ligou uma pessoa lá, "olha, eu precisava aqui, estou em uma fazenda, o cara quer contratar um zootecnista. Você não conhece alguém que lida com pasto?". A menina falou, "não, tem um cara aqui, ala com ele aqui.". Aí falei, o dono da fazenda falou comigo rapidamente. Eu sei que um pouquinho antes de terminar a faculdade, a gente tem 6 meses que é para você fazer seu estágio obrigatório, algumas coisas, conclusão de curso, e eu acabei indo fazer estágio nessa fazenda, e me tornei, comecei a trabalhar estágio, tal. Aconteceu que esse cara mandou o gerente dele embora, e eu virei gerente dessa fazenda, que já era no Mato Grosso do Sul.

Luciano Pires: Que idade você tinha? 25?

Rodrigo Patussi: É, 25, mais ou menos. 24, 25 anos.

Luciano Pires: E você teve que morar na fazenda? Você foi para lá?

Rodrigo Patussi: É, mas isso era excelente, porque o sonho meu de vida, era fazer isso. Depois que eu estava concluindo a faculdade, o que que eu queria? Como eu não sou de origem... a minha origem não é de fazenda, meus pais não têm, eu sentia muita falta da prática. Eu não tinha noção das coisas, como era realmente uma vida dentro de uma fazenda. Então, as pessoas que me conheciam, sabiam que eu queria sair da faculdade, e trabalhar em uma fazenda.

Luciano Pires: Era longe a fazenda?

Rodrigo Patussi: Por coincidência, era caminho entre Maringá e Dourados. Era em uma cidade próxima a Nova Andradina, Nova Casa Verde, uma vila, era ali próxima.

Luciano Pires: Deixa eu só tirar a limpo uma coisa com você, porque os mato-grossenses do sul, e do norte, quando você fala em distância, o cara não, é logo ali. Logo ali, fica há 2 quilômetros de distância. Dá para caminhar? Dá, é logo ali.

Rodrigo Patussi: Não, não.

Luciano Pires: Duas horas caminhando, você não chega no lugar, né?

Rodrigo Patussi: Nesse caso é o seguinte, existe, tem uma estrada, uma rodovia que liga o estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul, ali por Prudente. Então, liga Dourados a Prudente, essa fazenda ficava no meio do caminho. Então, na beira do asfalto, que isso é uma vantagem.

Luciano Pires: Poe em quilômetros para mim.

Rodrigo Patussi: Dá 250 quilômetros de Dourados, vamos colocar assim. 250 quilômetros de Dourados, 250 quilômetros da capital Campo Grande, 250 quilômetros talvez de Prudente, Presidente Prudente estado de São Paulo.

Luciano Pires: Você está afastado 250 quilômetros da civilização.

Rodrigo Patussi: Mas estava bem. Tinha uma cidade próxima.

Luciano Pires: Bem para vocês que são loucos cara. Vocês lá adoram. 600 quilômetros, tira de letra. Mas deixa eu te perguntar uma coisa que é interessante, para mim que sou urbano, isso aqui pega muito. 25 anos de idade, você pega e se desloca, vai morar em uma fazenda. Você passava lá a semana inteira, é isso?

Rodrigo Patussi: Passava a semana. Tem uma história interessante. O cara me contratou, esse cara é um cara de São Paulo, chamado seu Arnaldo [Plasmacick]. Eu, há muito tempo não encontro ele, mas foi uma pessoa muito importante. Esse cara estava pegando essa fazenda, era uma herança, o pai dele tinha passado a administração para ele, para o irmão. Mas, ele que tomava a frente. E pelo que eu entendo hoje, ele queria transformar um pouco a gestão daquela fazenda, ele queria alguma coisa diferente. Ele tinha um diretor na época, que estava afastado por problema de saúde, seu Paulo Laurente, mas ele aproveitou o momento lá e falou, eu quero colocar uma pessoa aqui, pensou em um zootecnista, uma pessoa técnica, e aconteceu essa história toda de coincidentemente eu ir lá. Era para fazer estágio. Então, eu já tive uma coisa absurda para a época. Eu fazia estagio lá, e 15 dias eu ficava lá, 15 dias eu ficava em Maringá, porque eu ainda precisava apresentar um trabalho de graduação, uma coisa. E ele me pagava o deslocamento, ele pagava um valor para eu me deslocar. Então, eu fazia um estágio já digamos assim, remunerado, que era muito difícil naquela época. Então, eu já naquele momento, apesar de ser do fundão, eu fui um grande privilegiado.

Luciano Pires: Você estava na prática direto.

Rodrigo Patussi: Nossa, e ninguém acreditava, nem eu, porque logo o Rodrigo, eles chamavam de Digão na faculdade. E aconteceu. E o que aconteceu mais ainda, depois desses 6 meses, se passaram, era a conclusão, e a faculdade entrou em greve. E se não me engano, ficou mais 6 meses de greve. Então, quase 1 ano ali teoricamente, eu fiquei parado trabalhando na fazenda. Nesse meio tempo, seu Paulo que era diretor do grupo lá voltou a trabalhar, nós tínhamos uma grande amizade, uma pessoa especial na minha vida, foi muito importante para mim. Importante mesmo, no sentido de aprendizado, e como pessoa me tratava muito bem. E eles demitiram o gerente da fazenda. E esse Arnaldo que era o dono um dia me chama, eu vi que eles estavam em uma reunião com os peões, com os funcionários da fazenda, me chama em um canto e fala, "Rodrigo eu acabei de conversar com a turma ali, não me lembro o nome do gerente, acho que era Carlos, seu Carlos vai deixar o grupo da gerencia, ele vai só fazer algumas coisas aqui, eu preciso de um gerente, e eu quero que seja você. Eu sei que você não entende nada, que você é muito novo, mas eu gosto de você, confio em você. Seu Paulo que é o diretor confia em você pessoalmente. Nós sabemos que você tem muito a apender, mas eu quero que você vire o gerente aqui". Eu falei, isso eu nem tinha formado ainda, Luciano. E aí era uma fazenda de 8 mil hectares. Não era um sítio, era 8 mil hectares, era uma fazenda grande na época. Não tinha pujança na região, mas era uma fazenda muito grande. Aí ele falou, "olha, você tem 10 minutos". Eu falei, "eu vou pensar", ele falou, "beleza, você tem 10 minutos. Eu estou ali na sala reunido com a turma e espero 10 minutos. Você pode pensar, e me responde". Eu falei, o que que eu tenho a perder? Pensei, e vou nessa, o que que eu tenho a perder? O cara já sabe que eu não sei nada, ele já deixou claro. Então, ele foi muito inteligente nisso, e me deixou muito tranquilo. Eu sei que você não entende, e foi. Eu virei gerente. Então, antes de formar, eu era gerente dessa fazenda. E com uma tranquilidade de trabalhar. Esse seu Paulo, que era diretor, eu ficava na fazenda, ficava em Maringá até concluir o curso, e eu fiquei nessa fazenda durante um período. E realmente fiquei mais isolado, essa fazenda é uma fazenda grande, eu fiquei um pouco mais isolado.

Luciano Pires: Então, isso é a primeira pergunta. Cara, você falar para mim, me transferiram, eu e minha família. Fomos eu, minha mulher, meus três filhos, tá bom. Mas cara, um moleque de 25 anos de idade, na flor das baladas, na flor da bagunça, com a molecada, com os amigos, com a namorada, tudo, se enfia no meio de uma fazenda, onde ou tem um peão, ou tem um boi e uma vaca. Como é que é essa vida isolada, esse isolamento? Isso mexeu com a sua cabeça?

Rodrigo Patussi: Mexeu sim, no final acabou mexendo. No primeiro momento não. Aquilo só foi, virou um sonho realizado.

Luciano Pires: Estava de férias na fazenda.

Rodrigo Patussi: Meu Deus, imagina, eu sempre quis aquilo, eu não era o melhor aluno da sala, e eu fui o primeiro aluno da sala a arrumar um estágio, e a ter um emprego. Meu pai, um pouco antes disso acontecer, ele me chamou um dia e falou, "olha Rodrigo, fica tranquilo, eu sei que você pode demorar para começar sua carreira, mas eu estou aqui". Então, meu pai já tinha me dado uma tranquilidade, que era bem diferente da maioria dos meus colegas de sala. Um privilégio que eu sempre tive nesse sentido. E aí eu consigo isso aí, já estava vivendo um sonho naquele momento. E realmente Luciano, imagina, eu tinha um salário cara. Meu pai ainda mandava um dinheiro para mim por mês, para eu me sustentar lá na faculdade. Ele não tirou isso. Então, eu estava vivendo um momento muito especial na minha vida. Então, no primeiro momento foi uma embriaguez de... tudo o que eu queria, estava acontecendo, eu sou bem sincero em dizer. Depois, as coisas mudaram um pouco. Essa coisa da fazenda, e eu tenho uma dificuldade. Eu estou na fazenda, eu estou na fazenda. Eu quase não ia para a cidade, eu não tinha muito esse negócio, ficava lá. E isso realmente começou a me afetar um pouco, essa diferença da vida que eu tinha, para a vida que eu estava ali. Mas, não foi o motivo de eu deixar essa fazenda. Esse foi um dos. Me abalou, mas não ao ponto de falar que isso motivou uma decisão. Eu acabei saindo dessa fazenda por outro motivo, que foi difícil falar, mas nesse momento eu me achei muito, meu ego ficou inflado demais. E eu vi meus próximos, amigos que estavam em Dourados, tendo uma vida na cidade, como você disse, trabalhando em uma empresa bacana, conseguindo um resultado financeiro legal. E aí realmente, estou aqui nessa fazenda, aconteceram alguns problemas, algumas mudanças na fazenda que eu por falta de maturidade pessoal, eu não soube entender. Quer dizer, o dono tomou umas decisões de mudança de rebanho, tudo mais, eu achei aquilo errado, mas não estava errado. Eu simplesmente não soube interpretar. Então, eu aproveitei esse momento, e eu achava que era bom para caramba, porque tinha sido o gerente, estava com aquele ego daquele jeito, e acabei voltando para Dourados. Saí dessa fazenda, e acabei voltando para Dourados. E ali que eu tive o primeiro, não sei se é o primeiro ou maior tombo assim, que aí eu passei um momento bem diferente da minha vida, daí mudou bastante. Mas, essa coisa do isolamento me afeitou, mas, não foi o ponto principal.

Luciano Pires: O tombo, foi você descobrir que esse seu currículo da fazenda, não ia garantir nada para você na cidade?

Rodrigo Patussi: Exatamente. O tombo foi ver que eu não era aquele cara que eu estava achando que eu era. Aquele ego estava inflado demais, eu achei que entendia muito do negócio, e na verdade não era isso. Não que eu não entendesse, mas, eu ainda não estava maduro o suficiente para entender aquilo que eu deveria fazer. Por exemplo, eu vou dar um exemplo, eu fui lá para a cidade, meus amigos trabalhavam em uma empresa de nutrição animal muito boa, de suplementação animal, vendiam isso aí, e eu saí num dia, n outro dia estava lá trabalhando. Eles me colocaram lá. Só que eu não tive a maturidade o suficiente para aceitar que eu deveria vender aquele produto, que eu deveria trabalhar de uma forma proativa para comercializar aquilo, que eu seria vendedor mesmo. Eu não soube fazer isso. Eu não entendia. E meus amigos estavam fazendo, porque eles tinham força de vontade e estavam ali. Eu não tive isso. Eu me coloquei em um pedestalzinho, aquela coisa, e acabei não tendo a maturidade pessoal mesmo. E naquele momento, fiquei lá 3 ou 4 meses, eles me receberam superbem nessa empresa, gosto muito dos caras, e eu pedi para sair. Mas, pedi para sair porque eu seria mandado embora, né? Não foi eu pedir para sair, porque não estava... não, porque eu vi que eu não estava rendendo, e naquele momento eu fiquei sem emprego. Ali em Dourados, na casa dos meus pais, minha mãe e minha mãe estavam naquele momento separados...

Luciano Pires: O que? 27 anos?

Rodrigo Patussi: É, mais ou menos ali. Foi em 2001, 2002. Foi rápido. E daí fiquei ali. Naquele momento, foi difícil. Mas, não difícil pela situação. Meus pais sempre me apoiaram, Luciano. Me apoiaram no sentido assim, eu tive as costas largas que eu brinco. Meu pai não é rico, é professor. Então, já resume por aí.

Luciano Pires: Mas estava... mas você tinha um porto seguro.

Rodrigo Patussi: Até hoje Luciano, isso aí é o porto seguro da minha vida, são meus pais. Agora minha família, minha esposa, meus filhos, mas meus pais sempre tiveram muito presentes na minha vida.

Luciano Pires: Eu tenho pai, meu pai está vivo, está com 96. Minha mãe fazendo 90. E eu sempre brinco, falo cara, ele não me sustenta, nada. Mas, o simples fato deles estarem lá, entendeu, indica para mim cara, se der tudo errado na minha vida, eu tenho um porto seguro. Aos 67 poder dizer isso, é um privilégio. Não é nada, não é nada, isso dá uma segurança para você, né?

Rodrigo Patussi: Dá. E naquela época, muito. Meus pais sempre foram muito tranquilos amigo nesse sentido. Conosco, com meus irmãos também. E aí eu estava lá. Só que eu estava sem trabalho, e comecei aquele ciclo da miséria. A cabeça já não funciona direito, eu fazendo algumas coisas que não deveria fazer. Aquela satisfação no início que meus pais tiveram comigo, primeiro emprego, aquilo estava diminuindo. A nossa relação já não ficou muito legal, e eu estava ali em Dourados, e foi onde eu tomei a decisão. Por um motivo, uma coisa que aconteceu, eu tinha conhecido o Antônio. O Antônio é um cara que formou na época que eu entrei. Então em 97 eu estava entrando, ele estava saindo da faculdade. Você conheceu o Antônio, esteve aqui.

Luciano Pires: Shacker.

Rodrigo Patussi: Shacker. E o Neto tinha lá, estava começando o trabalho com desenvolvimento. E eu tinha contratado o Antônio para trabalhar nessa fazenda que eu atuei. Durante uma semana ele ficou comigo, e falou muito de gestão. E naquele momento em Dourados, eu já estava tentando levar ele lá para fazer um treinamento, e tal. Então, naquele momento ali que eu estava nessa situação, eu ainda consegui levar o Antônio para fazer um treinamento em Dourados, a gente começou a fazer um negócio, e eu resolvi abandonar as coisas em Dourados um dia, vou para Maringá, e vou bater na porta dele, e vou falar, "olha, eu quero trabalhar aí com você", e foi isso que eu fiz. Eu saí de Dourados, coloquei as coisas no carro, minha mãe, meus pais sempre apoiando, e fui lá para Maringá, e falei, "olha, eu quero fazer alguma coisa aqui com você". Ele falou, "não tenho muito o que te oferecer, não tenho muito como te pagar um salário, porque estava todo mundo começando ali na carreira. Mas, ele abriu as portas, e a gente começou. Ali começou a Terra Desenvolvimento, a empresa que eu estou hoje. Daí eu voltei então para Maringá, para trabalhar na Terra Desenvolvimento.

Luciano Pires: Que já tinha aquela visão de uma empresa para consultoria de gestão para fazendas.

Rodrigo Patussi: Já. Era sempre focado na gestão, mas confesso que no início, a gestão não era tão aceita dessa forma. Dificilmente uma pessoa contratava a gente para fazer, desenvolver processo gerencial. Então, a gente fazia de tudo. Era uma empresa focada mais no controle. Então, o Antônio trazia ali de uma experiência que ele teve em uma fazenda que ele trabalhou quando formou, uma experiência de controle, de indicadores zootécnicos. E realmente, alguma coisa de gestão, e a gente tentava replicar isso. Os primeiros contratantes normalmente eram pessoas ligadas ao setor, empresários, alguma coisa assim, que tinham um modelo na empresa e queriam replicar isso. Mas, de uma forma geral, a gente fazia isso. Já era mais ou menos o que a gente faz hoje, no início ali. E aí isso começou lá, e eu voltei então para Maringá. Aí minha vida começou de novo. Aquela primeira experiência foi muito importante, mas, acho que o maior aprendizado foi que eu não era tão bom assim quanto eu achava, né?

Luciano Pires: Essa é boa, com 26, 27 anos...

Rodrigo Patussi: Não é questão de ser bom Luciano. Ter aquela força de vontade de fazer as coisas.

Luciano Pires: Claro. De repente você vai lá, tem o poder, você era o cara da fazenda, é o teu reino aquilo, pintava e bordava cara, eu sou o cara. Se tira você desse ambiente e bota em um outro, e aí esse "eu sou o cara", não vai funcionar, né? Tem que ter essa... e aí aquela história, você vai aprender na porrada. É a vida que te ensina. Meu, baixa a bola aí cara, vai devagar.

Rodrigo Patussi: Eu sempre ouvi as pessoas ao meu redor. Lá em Dourados, eu lembro esses dois amigos, Alexandre e o Fernando, que eles estavam na mesma empresa que eu, e estavam conquistando as coisas. Mas, por que? Porque eles tinham uma atitude diferente. Não era porque eles sabiam mais que eu, ao contrário. Mas, é porque eles estavam com vontade de fazer as coisas. Eles tinham realmente ação para aquilo, responsabilidade, maturidade pessoal. Até falo para eles hoje, vocês não sabem o tanto que hoje, olhando para trás, respeito o que vocês fizeram. E eu não tive. Eu sou honesto em dizer. E aí oi quando eu resolvi tomar uma atitude, e mudar. Aí voltei para Maringá.

Luciano Pires: Só tomando isso que você falou, é uma coisa interessante né cara, porque o que eu, por exemplo, eu como dono da empresa procuro, com alguém que quer trabalhar comigo, é muito mais a atitude da pessoa, do que o conhecimento técnico dela. Porque o técnico você aprende, o técnico a gente ensina. A atitude, você não ensina, a atitude é complicada. E a maioria dos problemas, se não todos os que eu encontro de relacionamento, de trabalho, é uma atitude cara, o problema está na atitude. Meu, se mexe, vem agregar. Eu brincava com a minha turma assim, cara, eu não quero vagão na minha equipe, eu quero locomotiva. Se você entrou aqui para ser vagão, para ficar te puxando, você não me serve. Eu preciso de alguém me empurrando. Então venha, mas venha com a atitude de que vai empurrar. Ah, não sei. Eu estou aqui para te prover o que você não sabe. Você não sabe? Eu vou te dar um curso. Ah não tenho ferramenta. O que que você precisa? Eu vou... entendeu? Então, aquele papel da liderança, eu sou o facilitador, mas, tem que ter uma atitude. Se você vier aqui e não tiver atitude, não adianta eu te dar o computador, tudo mais. Isso Rodrigo, foi a base do trabalho que eu comecei a desenvolver lá no começo dos anos 2000, que eu olhei para aquilo tudo e falei, cara, os caras estão se empenhando para vender curso de venda, curso de Excel, processo. Mas, antes de você pegar, botar a mão na ferramenta, tem um trabalho anterior que é você fazer a sua cabeça, cara, para a atitude que eu vou ter para poder usar essa ferramenta. Então, aí eu comecei a trabalhar com isso. Falei, cara eu vou mexer, fitness intelectual, aquela coisa toda, eu falei o que que eu vou fazer? Eu quero ajudaras pessoas a enriquecer o repertorio, para aprender a tomar melhores decisões. Aí então você vai poder ser o que você quiser ser na vida, entendeu? Se eu tiver um porteiro de um prédio que não sabe julgar e tomar decisão, é um desastre cara. Dá merda que não acaba mais ali. Não é porque ele é ruim no que ele faz. É porque ele não desenvolveu a capacidade de julgamento e tomada de decisão. E boa parte disso vem com a vida, né cara. Você apanha uma, duas, três, aprendeu, você muda seu jeito.

Rodrigo Patussi: Eu acredito muito nisso. Tanto que hoje na empresa, na Terra Desenvolvimento, a gente fala, nem brinca, é uma verdade. A gente contrata pessoas, depois a gente desenvolve, a gente treina. E mesmo depois Luciano, que a gente contrata o ser humano mesmo, as qualidades dele nesse sentido, perfil que se encaixa ali, a gente vê que depois a diferença dali para frente em desenvolvimento, está dentro de cada um deles. É essa vontade de querer um pouco mais, de aprender um pouco mais, a diferença a gente encontra ali. Mas, eu acredito muito nisso. E de verdade, as oportunidades que eu tive, todas foram por conta disso. Depois agora você falando, fiquei pensando. Depois das coisas que aconteceram a partir daí, que aí foi a coisa mais importante, todas vieram por conta disso. As pessoas me deram mais chance por acreditarem em mim, que eu poderia fazer alho assim, do que exatamente na técnica ali que eu ia implantar.

Luciano Pires: Quando foi que você começou com a Terra então?

Rodrigo Patussi: Foi entre 2002 e 2003, se não me engano. Acho que 2003 é um ano mais adequado.

Luciano Pires: 20 anos você vai estar lá já, né?

Rodrigo Patussi: É, 20 anos.

Luciano Pires: Me fala uma coisa. A Terra e você, por tabela, atua no intestino do agronegócio.

Rodrigo Patussi: É.

Luciano Pires: Você não está na periferia dele. Você está enfiado dentro dele, né? E enfiado de tal forma que vocês, até no slogan de vocês, vocês dizem lá que vocês vão proporcionar ao fazendeiro que ele tome decisões calcadas em números, em fatos, indicadores, informação. Que é diferente do pessoal que toma no cheio, né? Meu avô sempre fez assim, meu pai também fez, eu vou fazer também. De repente você chega lá, espera aí, tem uns indicadores que se você medir direitinho, isso vai...

Rodrigo Patussi: Perfeito.

Luciano Pires: Eu imagino que quando começou isso aí há 20 anos atrás, devia haver uma resistência desse pessoal. De, por que que eu vou contratar alguém para me ensinar a gerir a fazenda? Eu faço isso aqui a 3 gerações, que merda esse almofadinha quer vir aqui me ensinar a fazer o que meu avô já fazia, meu pai já fazia. Como é que era, como é que foi isso?

Rodrigo Patussi: São duas coisas. Um lado positivo dessa história, é que a gestão, o fato de implementar ferramentas de gestão, as vezes ela não agride muito a técnica. Então, por exemplo, quando eu olho os indicadores e falo, olha, a gente começa a criar os indicadores, a ter os números mais na mão, e tudo mais, eles servem para tirar simplesmente o olhar, a linha do olho, aquilo que eu vejo. Na fazenda, me começa a me trazer mais subsídio para tomar decisão. Muitas vezes falo, olha, seu problema é produtivo. Sua fazenda está produzindo menos do que ela deveria. Ela gasta bem, mas ela está produzindo menos. Mas, quem fala é o número. O próprio número fala, e eu não vou discutir com ele a técnica, se ele está usando pasto X ou Y. Se o manejo dele... olha, você tem um problema aqui na lotação, no desempenho, e o número está mostrando. O que que a gente pode fazer? Então, isso ajuda um pouco a você não ser tão, não conflitar tanto nesse sentido, no sentido técnico ali. Então, meu pai fazia assim. A gente escutou isso muitas vezes. Mas, isso ajuda um pouco. Existe um outro lado, que a gente lida com a gestão, e quem faz a gestão é o dono. Então, aí o conflito pega. Pô, mas quem é você para me ensinar a gerenciar o meu negócio? A gente não quer ensinar a gerenciar. Nós queremos colocar novas opções, outras ferramentas para que ele possa ter mais qualidade naquilo. No início Luciano, a dificuldade não é só nossa. O agronegócio estava se transformando, principalmente quando eu estou falando com a pecuária. A gente começou na pecuária lá. Com a estabilização da moeda, que tinha acabado de acontecer, e algumas mudanças grandes aconteceram. Quer queira, quer não, na inflação, aquela inflação alta, as vezes eu comprava mal uma reposição, e logo em cima do caminhão eu já ganhava dinheiro, porque já estava valendo mais. Então, o produzir mais barato do que eu vendo, não era o grande ponto do negócio. A pecuária, quer queira quer não, ela tem, se confunde, alguns elementos dentro dela, elas se confundem. Existe um negócio imobiliário, muitas vezes. Eu compro uma área, eu abro, ela valoriza e eu vendo. Eu tenho comércio dentro dela. Então, eu comprava animal mais barato, e vendia mais caro. Você imagina como era isso sem WhatsApp, sem antena parabólica. Então, o cara ia lá naquele pantanal, comprava um gado que o cara nem sabia o preço que estava direito, subia com esse animal, vendia. Então, existia um lado comercial muito grande, que não era produtivo. Mas, era um lado que existia dentro do negócio da agropecuária. E por fim, vinha a produzir mais barato do que vender. E não era o negócio mais importante. Isso é a minha opinião. Então, naquele momento, tudo estava em transformação. Aquilo que não era tão importante, começou a ficar a coisa mais importante. Que era produzir mais barato que vender. A moeda estabilizou, então, era um momento de transformação geral. E a gente estava ali, naquele barulho. Algumas pessoas que já tinham um contato com indústria, com outros negócios que já passaram por essa transformação, eles viram que a pecuária estava passando por aquele momento, e eram normalmente nossos clientes, que buscavam alguma coisa nesse sentido. Eu preciso, eu estou em Campo Grande por conta de um desses clientes, que viam o negócio na empresa deles. Então, existia isso. Então, não é que era difícil para nós. Era difícil para todo mundo naquele momento. Falava-se p[ouço de gestão, porque ainda não era...

Luciano Pires: Não vinha a percepção do valor dela ainda.

Rodrigo Patussi: Exatamente.

Luciano Pires: Olha o insight legal que você deu. Eu estava dentro do mercado automotivo, da indústria automotiva. E teve alguns choques ao longo do tempo, nos anos 90, teve choques de qualidade, dos processos do [Deming], qualidade total. Teve uma porrada de coisa que aconteceu, que veio causar uma transformação muito grande. Então, era uma indústria, sabe, aquela indústria escura, do piso cheio de óleo, aquelas maquinas antigas. De repente virou um negócio diferente, o piso brilhando, tudo clarinho. E passou a ter gestão de forma até obsessiva, até passou do ponto em algum determinado momento. Que é baseada, são três coisas, três esferas. Você tem uma esfera daquilo que você pode medir, uma esfera daquilo que você pode ver, e a esfera daquilo que você pode sentir. Então, eu vou olhar para o negócio, eu sinto, vejo e meço. A impressão que eu tenho, é que o pessoal das fazendas, trabalhava sentindo e vendo. Não media. Aqui, era o contrário. As empresas trabalhavam obsessivamente mediando, e davam pouca bola para o que viam, e o que sentiam. E lá na fazenda, é ao contrário, é o olho do dono. É o olho do dono, eu estou vendo aquilo. Mas, não havia aquela coisa que vocês levam para lá, e falam, olha aqui, eu vou pegar esse histórico que eu estou vendo acontecer na indústria, que aprendeu que se ela medir ela tem um controle absoluto, e vou trazer para cá. E de repente, você chega em um ambiente que vê, sente, e passa a medir. E aí bicho, a explosão que tem de produtividade no negócio, é absurda.

Rodrigo Patussi: É. E isso foi provocado pela necessidade de mercado. Aí eu vejo isso Luciano, como qualquer outro processo gerencial. Você toma essas mudanças, ou as mudanças acontecem, por uma necessidade. Talvez aqueles indicadores todos que a gente usa hoje, não eram tão importantes no passado, tinham tanta relevância. Para medir o sucesso, daquela pecuária de 50 anos atrás, os indicadores eram outros muitas vezes. Só que as coisas vieram mudando, e hoje já não é possível tomar decisões tão seguras e assertivas, se eu não tiver além do olho do dono, não tiver indicadores ali do meu negócio, da performance do meu negócio. As coisas mudaram. Para você ter uma ideia, no passado, era comum eu abater... eu falo isso, parece uma coisa de muito tempo atrás. Mas, quando eu comecei a atuar 20 anos atrás, isso acontecia. Eu tinha entre o nascimento de um animal, e o abate dele, muitas vezes, você levava 6 anos. Às vezes um pouco mais, as vezes um pouco menos, 5 anos. Hoje isso acontece as vezes em 3 anos ou menos. Então, o mesmo processo que eu tinha, porque a vaca continua tendo 9 meses de prenhes, as coisas continuam igual.

Luciano Pires: Vocês não aceleraram isso?

Rodrigo Patussi: Não, não tem como acelerar. Agora, o fato é, o processo todo, ele... a gente está fazendo todo esse processo que é enorme, num tempo mais curto. Então, os indicadores mudaram. Eu sempre comparo isso com o carro andando a 200 por hora, e um andando a 70 por hora. Eu tinha uma Toyota Bandeirantes, não sei se você chegou a ter... eu trabalhei com aquilo lá. É excelente, tal. Mas, a 70 por hora, eu consigo ter uma folga no volante. Eu consigo não ter freio. Eu dou meus pulos. Eu estou dentro de uma fazenda, em uma estradinha de terra, se faltar freio eu miro aquilo lá no poste, pulo dela, não vou morrer. Agora, eu a 200 por hora, eu tenho que ter airbag, tenho que ter ABS, tenho que ter um monte de coisa, porque uma folga no volante pode ser a diferença entre a vida e a morte. E o negócio começou a ficar dessa forma. A velocidade toda nos processos, o nível de produtividade que eu tenho que ter para remunerar de maneira satisfatória meu rebanho, minha terra, mudou. Então, eu preciso de muito mais produtividade. E tudo isso faz com que eu precise de outros indicadores. Eu penso mais nessa situação, até porque dessa forma, amanhã vai ser diferente, eu vou ter que estar adaptado a isso. Então, é uma resposta a mudança no sistema todo produtivo. E isso é o que a gente fez. Claro que hoje falar de gestão, é uma obviedade, nesse sentido mais moderno de falar de fluxo de caixa, de falar de custo de produção, de marcas. No passado não era.

Luciano Pires: Eu jantei com o Shacker lá em Campo Grande, e ele estava dizendo para mim. Luciano, se a gente conseguisse que a maioria das fazendas no Brasil trabalhassem com um pouquinho mais de eficiência, adotando as ferramentas, tudo, o impacto ia ser de mais R$ 1 trilhão no nosso PIB. E esse dinheiro está lá, está na mesa, não precisa abrir nada novo. Pega o que já está sendo feito hoje, e vamos fazer com um pouquinho mais de eficiência.

Rodrigo Patussi: É. Agora, você imagina, eu entendo, concordo, e é verdade, isso é fato. Se olhar nos próprios produtores que estão conosco, se olhar grande produtividade ao longo do tempo, grande eficiência, você vai ver números absurdos. Há pouco tempo atrás, a gente falava de a fazenda produzir 5 arrobas. Hoje a gente está falando em produzir 15, 20. Então, é uma coisa absurda. Nem vou entrar nessa aqui, que a gente vai ficar horas. Mas, o ganho de produtividade é enorme, e por isso que eu falo, a maior defesa que a gente tem para fazer com relação a ecologia, tudo mais, é ganho de produtividade. Eu não preciso desmatar mais nada, eu posso produzir mais, aquela conversa toda. Mas o fato Luciano...

Luciano Pires: O gráfico é impressionante. O gráfico é um X. É um X. Um lado cai o uso das terras, não é que cresce pouco, é cai, reduz o uso de terra, e aumenta a produtividade de uma forma absurda.

Rodrigo Patussi: Isso acontece. Só que você imagina por outro lado, olha o tamanho do Brasil. Como é difundir tecnologia dessa forma. A Embrapa fez um trabalho muito bom lá no passado, por isso que a gente usa o cerrado. Mas assim, difundir tecnologia aqui não é fácil. Então assim, natural que a gente usa. Só que eu encontro hoje, um cenário muito melhor do que o que eu encontrava há anos atrás. Eu vejo um avanço muito grande, sabe Luciano, quando eu vou nos clientes. Tem vezes que eu vou começar amanhã, tem fazendas que eu nunca fui. Quando eu entro lá hoje, e vejo o nível de profissionalismo daquele lugar, me surpreende. A ponto de muitas vezes, olha, eu preciso... me empurrar. Olha, eu achava que ia ser fácil, vai ser... eu tenho que me superar. Então, a gente tem melhorado muito nisso. Acredito que a gente pode ganhar muito ainda.

Luciano Pires: Para quem está ouvindo a gente aqui, e conhece como é que funciona indústria, e tudo mais, nós estamos falando em um tipo de negócio, e isso chamou muito minha atenção. Eu fui visitar uma fazenda gigantesca, tem um aeroporto, você chega tem um cinema na abertura, gigantesca. E ali os caras que levaram para visitar, então tá, ali tem algodão. Entrei em um galpão, que tinha lá duas ou três colheitadeiras. Aí olhei, cara, quanto vale uma máquina dessa? Na época, R$ 2 milhões de reais. E ela trabalha quanto? 3 meses por ano. Os outros 9, ela fica parada aqui, estacionada. Espera um pouquinho, você está falando para mim que você tem um investimento de R$ 2 milhões, que funciona 3 meses no ano? É. E o resto? Fica parada aqui. Mas não dá para alugar? Não. Não dá para botar um esquema de você pegar só quando precisa? Não. Não tem como trazer aqui, a distância que nós estamos. Cara, então, quando você traz isso para a perspectiva de gestão, você está lidando, cara, eu estou falando com olhar de fábrica. A gente sabe o que que era um torno parado. Um torno encostado cara, era dinheiro saindo pelo ladrão. Agora, pega o caso da... ainda mais, as outras, a fábrica, está debaixo de um galpão coberto. Então, tem o galpão coberto, tem controle da temperatura interna, tem luz, está tudo sob controle. Quando você vai para o campo, tem chuva, tem sol, tem frio, tem gafanhoto, tem queimada, tem uma porrada de coisa que você não controla. Vem a geada, como é que eu faço com a geada, entendeu? Então, são muitas áreas de risco, para você tocar ali. Então, imagino que a gestão lá...

Rodrigo Patussi: Faz toda a diferença. Apesar de tudo isso Luciano, só tocando um ponto antes. Você fala, eu conheci fazendas mesmo. Quando a gente fala de abertura do Brasil, desbravar esse negócio, buscando regiões, você imagina a dificuldade desses empresários de investir num ativo desse. "Ah, mas a terra era barata". Mas, imagina toda a estrutura que esse cara tem que fazer, desde estrada, ponte, desde ter muito mais máquina do que ele precisa ter, porque ele tem uma logística muito ruim, que ele não pode contar com essa falta, de precisar. Um volume de estoque. Eu já cheguei em fazendas, que tinha um estoque de peças, de equipamentos enormes para poder suprir. Hoje a gente fica falando, que seria totalmente ao contrário. Então, não é uma coisa muito simples não. A gente tem que tirar o chapéu para muitas dessas empresas desbravadoras ali, porque o capital investido foi realmente muito grande. Mas assim, a gestão ela está ligada a isso, ela está ligada a tudo o que você faz para alcançar seu resultado. É isso que eu entendo de gestão. O Brito falou isso uma vez, e para mim faz todo sentido. A gestão é fazer tudo o que eu tiver que fazer, para alcançar um resultado que eu determinei. Sem meta, não tem gestão. Mas, o equilíbrio na utilização dos seus recursos, é o que a gestão busca. É como gerenciar seus recursos de forma mais eficiente. Isso que o Antônio quer dizer. Se a gente tivesse uma utilização melhor dos nossos recursos, tivesse um conhecimento mais profundo do nosso negócio, realmente investisse dentro da nossa propriedade em gestão, o que que acontece, por trás da gestão Luciano, tem uma operação, pouca gente entende isso. E você sabe, para você gerenciar o seu negócio, você tem que contar muitas vezes com pessoas, com equipamentos, com tudo isso. E em uma fazenda, isso é muito difícil. O camarada, ele não consegue entender esse investimento muitas vezes. Eu quero gestão. Então eu quero contratar um software e um menino para lançar. Não é isso. Existe todo um desenvolvimento, um investimento por trás disso, para você poder ter uma gestão mais eficiente. Gerar os indicadores na hora certa, do jeito certo, analisar. Gerencialmente toma tempo. Então, existe uma operação por trás dessa tomada de decisão. Isso as vezes, o que acontece muito que entro da própria pecuária ou agricultura, isso não é considerado. Isso que a gente está tentando ainda sempre quebrar esse negócio. Agora, quando a pessoa quebra isso, e ela consegue fazer uma gestão inteligente, objetiva, e os resultados e ganho de performance é muito alto. Então, por isso as pessoas falam, se a gente conseguisse replicar esse modelo para tosas as propriedades do Brasil, nem vou dizer, não consigo imaginar qual é o ganho de produtividade. E o que que seria bom para o Brasil, a gente geraria mais riqueza, e tudo mais. Mas, o processo que eu quis dizer antes, é que a mudança toda que aconteceu, ela vem sendo sustentada por uma turma que tem se qualificado mais. No passado Luciano, eu comprei uma fazenda, como você disse lá atrás. O sonho de qualquer pessoa do interior, é ter uma fazenda. Tanto que o carro que eu queria quando menino, não era uma Mercedes, era uma caminhonete. Então, tinha essas coisas. Então todo mundo tinha esse sonho. E o cara comprava um afazenda, e virava um fazendeiro, um pecuarista. Mas hoje não é por título que você conquista, isso é uma coisa para especialista. O pecuarista, ele tem que entender de pasto, de manejo, tem que entender de fisiologia de planta, nutrição precisa. Existe uma ciência por trás disso. E hoje eu acho que a grande mudança que tem acontecido, é que as pessoas estão entendendo isso, que a diferença entre a média e os bons, é justamente a qualidade disso. E isso tem transformado todo o negócio. É isso que a gente busca, que a pessoa entenda que o setor produtivo do agronegócio, ele não é por título, é por especialista. Imagina se na agricultura, essa utilização de maquinas, dimensionamento delas, o bom uso dela. Uma máquina de R$ 2 milhões e 300 mil hoje, é fácil você encontrar em qualquer fazenda. Um cliente meu agora comprou um trator de R$ 2 milhões e 300. Quanto está uma colheitadeira, hoje subiu tudo. Então, você pega as vezes uma mão de obra não qualificada, para... R$ 2 milhões e 300 é um carro, uma Ferrari. Sabe quanto custa uma Ferrari? Mas, imagino que seja mais que alguma das Ferraris.

Luciano Pires: Eu me lembro que um dos caras me contando uma coisa cultural, que eles compravam com americanos, é o seguinte. Que o americano, ele dá a chave do carro dele para qualquer um. Mas, a colheitadeira de R$ 2 milhões, quem dirige é ele. Aqui no Brasil é o contrário. Não bota a mão no meu carro, mas, quem vai dirigir a colheitadeira...

Rodrigo Patussi: Isso aconteceu comigo. Uma das fazendas que eu trabalhei, achei isso engraçado. Eu tinha uma Toyota Bandeirantes, que eu usava para trabalhar. Uma história, nesse meio período meu de Terra Desenvolvimento, eu saí da Terra Desenvolvimento durante 3 anos, e fiquei como gestor de uma das fazendas que era meu cliente. É até uma história bacana. E esse cara, presente na minha vida, é um cara que eu gosto demais, tenho amor por ele. Mas, uma das passagens minhas com ele, é que eu tinha uma Toyota Bandeirantes, e que era de uso meu. E a gente tinha acabado de comprar um trator. Vou falar rápido para você, mas, era mais ou menos isso. Enquanto a Toyota valia R$ 50, o valor valia R$ 300. E um dos meus funcionários, que era inclusive operador de trator, um dia eu estava perto desse... ele pediu, tinha que pegar alguma coisa em algum lugar, pega aí meu carro e vai lá. E esse dono não gostou muito. Rodrigo, não, você vai dar seu carro para ele, tudo mais.

Luciano Pires: Pô, você dá um trator cara.

Rodrigo Patussi: Exatamente. Mas assim, eu entendi, a história dele não era só por isso, mas, existe essa coisa. Então, o que que eu acredito assim. Se a gente usar um processo mais inteligente de gestão, de utilização dos seus recursos, e trabalhar as pessoas em uma forma mais profissional inclusive, melhorando desenvolvimento, a gente vai explodir.

Luciano Pires: Esse é um ponto complicado. O pessoal também me contou uma mudança cultural brutal que aconteceu ali. Eu tenho que falar isso aqui com muita delicadeza, porque senão vai vir neguinho botando o dedo na minha cara. Ele dizia o seguinte, que a leva de gaúcho, paranaense, mineiro que foi para lá, quando chegou naquela região falou o seguinte, eu vim aqui para me criar aqui. Eu cheguei, aqui eu vou colocar minha casa, vou criar minha família, vou erguer minha fazenda, e meus netos vão continuar o que eu estou fazendo aqui. Depois da profissionalização, o que que aconteceu, a leva que vem não é mais esses pioneiros que vão lá abrir o negócio. Agora vem turma do resto do Brasil. E vem muita turma do Nordeste, que chega lá, aqui eu vou ganhar uma graninha e vou voltar para casa. Eu vim para ganhar o dinheiro, eu não vim para fixar raízes aqui, como os outros vieram. Eu vim para ganhar dinheiro, e vou voltar para a minha casa. E isso muda completamente o tipo de cultura, de gente que você está atuando lá. Cara, se eu vim aqui para fazer disto o meu negócio, eu não quero envenenar o rio, não vou cara. Eu quero que tenha mais árvore, eu quero que tudo aqui floresça, porque é meu legado que está aqui. Agora, se eu vim para ganhar uma grana e para ir embora, esse engajamento não tem mais.

Rodrigo Patussi: É Luciano, eu confesso que eu convivi pouco com isso. As minhas experiências, são com essas pessoas que chegaram, e fixaram raízes, e estão fazendo seu negócio aquela região lá.

Luciano Pires: Mas elas têm problema de mão de obra hoje, deve ter problema.

Rodrigo Patussi: Sim, a gente tem problema de mão de obra.

Luciano Pires: Me disseram que o cara que vai trabalhar na fazenda, a primeira coisa que ele pergunta é se tem wi-fi, é isso? Agora é assim?

Rodrigo Patussi: Isso, agora é assim, é desse jeito. Mas e está errado, está certo, eu não sei, porque você fica lá onde não tem wi-fi. Agora o que a gente discutiu, mão de obra, as pessoas sempre vão ser, na minha opinião, os agentes de transformação desse negócio. Então, a gente precisa se dedicar sempre muito no desenvolvimento dessas pessoas. É através delas, que a gente vai conquistar tudo, ou perder tudo. Na minha opinião. E esse é o grande gargalo nosso. Mas acho que isso também está acontecendo na indústria. Você entender essas novas gerações, como é o comportamento, a liderança mudou, como usar essa força de trabalho. Eu trabalho com gente jovem. A Terra Desenvolvimento hoje, tem 60 colaboradores, e confesso que a idade média deve ser bem menor que 35 anos, imagino. Eu tenho que fazer a conta, mas, imagino isso. Eu estou pegando os outliers como eu, outros, mas assim, são gente jovens. E a gente tem também uma dificuldade de entender como desenvolver essa turma, como motivar, como fazer transformar pessoas que realmente entregam lá. E acho que é essa que a gente está passando, a pecuária também está passando, a agricultura, o agro, também está passando por essa mesma dificuldade. Mas, uma coisa que tem chamado a atenção, e é isso que as pessoas que vão nos escutar aqui não são do agro, muitas vezes, é que lá é um bom lugar para se trabalhar. Nós temos excelentes salários, é muito atrativo. Nós temos condições de trabalho muito atrativas. Então, já vi muita gente olhando para o agro hoje, como opa, não sabia que tinha esses salários, não sabia que tinha essas condições, não sabia que era isso. Então, isso tem atraído gente boa para o agro, viu Luciano?

Luciano Pires: Essa é a pergunta que eu ia fazer para você. Eu ia falar o seguinte, dá para passar uma mensagem assim, para a molecada aqui, falar moçada, vem para o agro? Porque aquela história, cara, como é que eu vou... como é que aos 25 anos de idade, eu vou me enfiar em uma fazenda no fim do mundo, trancado num lugar onde só tem boi e peão? Cara, cadê minha vida, cadê o cinema, a cidade, a brincadeira? Então, deve-se passar na cabeça da moçada isso tudo. Agora, quando você vem e diz o seguinte, aqui se paga bem, aqui se tem... e outra, as cidades que estão em volta, não é mais aquilo que a gente via nos anos 80. Hoje tem cidades que são fantásticas.

Rodrigo Patussi: Fantásticas. Mato Grosso, algumas regiões fantásticas. Rondônia, tal. Luciano, eu não vou ficar falando do valor de salário aqui. Mas, eu garanto a você, porque eu convivo com pessoas que não estão no agro. E para um profissional que tenha interesse em conhecer mais, vale muito a pena, porque os salários são compatíveis com o meio urbano, as vezes superiores. A condição de trabalho também é muito positiva. E outra, é um mercado que está em ascensão. Quer dizer, eu tenho condição de crescer muito lá dentro.

Luciano Pires: O custo de vida é menor que o nosso aqui.

Rodrigo Patussi: Bem menor normalmente. Aqui em São Paulo eu nem vou falar. São Paulo, não sei avaliar muito bem, mas, é bem diferente. Para você ter uma ideia, um funcionário, de maneira simples, eu chamo de peão, porque é o nome que a gente dá. Vaqueiro, um cara, vamos supor, que deve ser um dos menores, o primeiro nível ali de trabalho dentro de uma fazenda. Ele vai estar lá, e muitas vezes ele tem o salário dele, mas, ele tem alimentação, ele tem os transportes, ele tem a residência, casa, emergia, é a fazenda que paga. Então, você tem um custo de vida bem diferente. As fazendas hoje, não são tão isoladas como eram no passado. A qualidade de vida mudou muito nesse sentido, acesso à informação, a tecnologia. Realmente as fazendas tem wi-fi, ela tem uma outra condição. Tem as boas, e as que não são tão boas assim, né Luciano. Tem fazendas que não tem essa mesma condição. Mas, o profissional, a fazenda, as empresas, elas estão pensando naturalmente nas condições de vida do seu funcionário, tudo mais. A fazenda, é uma micro sociedade, isso até explica um pouco a diferença da maneira de se gerenciar essa equipe. Você imagina que ali é uma minicidade, onde o gerente é o prefeito. Mas existe uma excelente qualidade de vida. Eu confesso que, quando, depois que eu saí com 25 anos, eu voltei a trabalhar em fazenda, morei depois mais 3 anos numa fazenda, a qualidade de vida que eu tinha era muito boa, era muito boa mesmo, e gosto muito desse ambiente. Agora, mesmo assim, o agro é muito mais que uma fazenda só. Olha, a minha empresa, que é uma empresa de assessoria e gestão, nós temos analista de sistema, temos engenheiro mecatrônico, nós temos gente de tudo quanto é área.

Luciano Pires: Eu me lembro que nas visitas que eu fui, foram tantas cidades que eu vi no Mato Grosso, que eu não ou me lembrar qual. Mas, eu me lembro de estar em uma cidade pequenininha, e visitar dois ou três laboratórios de análise química. Cara, eu cheguei lá, tinha um monte de químico lá dentro, um pessoal altamente especializado, que podia estar trabalhando em qualquer grande indústria aqui de São Paulo, trabalhando com química.

Rodrigo Patussi: Exatamente. E o agro é muito maior que uma fazenda. Quando a gente fala agro, pensa que é uma fazenda. Não, tem uma série de coisas envolvendo.

Luciano Pires: Em volta dele. Tem...

Rodrigo Patussi: Exatamente. Eu falo para todo mundo, até conversando com meus próprios filhos ali. Olha, é uma área que você tem que olhar, você tem que conhecer.

Luciano Pires: Você que está ouvindo a gente aqui, se você é bom de pilotar drone, vai lá.

Rodrigo Patussi: exatamente.

Luciano Pires: Vai lá, que os caras estão atrás de piloto de drone.

Rodrigo Patussi: Tecnologia de ponta, área de gestão, economia, engenharia.

Luciano Pires: A expansão que me chama atenção. Eu atuo em os segmentos que você puder imaginar. Eu estou aqui com você, amanhã vou estar fazendo palestra em um banco, depois de amanhã em uma escola, no outro dia para associação de advogados. Eu estou atuando em todas as áreas. E o que me espanta no agro, até inclusive eu falei isso para o pessoal da Virbach, que eu fui fazer um evento para eles agora, e dizendo para eles o seguinte. Cara, o que eu não me conformo com vocês, é o seguinte. Todo o evento que eu chego aqui, é impossível eu não me comparar com a minha vida pregressa na indústria, porque lá é o seguinte. A gente chegava no final do ano, quando a gente tinha assim, crescimento de 3%, era uma comemoração gigantesca. Cresceu 3, 5, 2, ficava todo mundo feliz da vida. Aqui eu chego, e os números são, crescemos 35 sobre 45 do ano passado, e vamos crescer 55 ano que vem. É tão absurdo o número, porque você olha para aquilo, e fala, cara como é que se gerencia uma empresa que dobra de tamanho a cada 2 anos?

Rodrigo Patussi: É fácil você encontrar no agro com crescimento de 35%, há 5 anos atrás. A gente, para você ter uma ideia, a Terra Desenvolvimento em 2015, que é um marco na nossa história, que teve a saída, uma mudança de direção, onde o Antônio segue um lado e a gente outro, se não me engano, a gente estava falando em 35 fazendas, uma coisa assim, não me recordo mais ou menos. Nós estamos falando hoje em pouco mais de 320 fazendas.

Luciano Pires: Em quanto tempo isso?

Rodrigo Patussi: Dá 6, 7 anos, mais ou menos.

Luciano Pires: 10 vezes.

Rodrigo Patussi: É uma coisa interessante. E isso acontece em vários outros segmentos.

Luciano Pires: Eu vi isso no pessoal da nutrição. Eu vi isso no pessoal do sêmen. Eu vi isso no pessoal da genética. Cara, todos os segmentos que eu vou, eu trombo com alguém crescendo 35%.

Rodrigo Patussi: Vale muito a pena as pessoas olharem um pouco esse lado aí. E tem muito, como no Brasil todo, a gente tem muito ainda o que fazer, a gente precisa de gente boa, como qualquer setor. Mas, vale a pena olhar. Eu conheço... as vezes eu estou no aeroporto, no avião, a pessoa pergunta o que que é, a gente começa a conversar. E quando eu falo como funciona, os caras se assustam. Mas, existe isso? Existe. É que a visão nossa é aquela fazendinha, não tem nada a ver. Meu pai, uma vez ele foi em uma fazenda comigo, ele teve dificuldade. O nível de formalização daquele negócio. Todo mundo de uniforme, era uma indústria, uma empresa. E ele é acostumado com aquela fazenda da rede, tem dificuldade de ver isso.

Luciano Pires: O nosso estereótipo aqui, é do jeca-tatu ainda. E não tem nada a ver jeca-tatu. Seu Zé plantando mandioca no quintal, não tem nada a ver com esse... Até o dia que eu falei na palestra de vocês. Falei cara, se eu não quiser, se eu tiver dificuldades de entender o agro, do ponto de vista moral. Ah, porque o agro, os caras envenenam a agua, os caras matam o negócio, o pum do boi... então esquece isso, e vai tentar entender o agro do ponto de vista econômico. Quando você olha para aquilo, você fala, meu, a questão econômica do agro, ela embasa a questão moral. Então, é imoral você envenenar o rio. Olha para o lado econômico, vem cá, quem é o louco do agro que joga veneno no rio? Outra, vocês estão envenenando... Quem é o louco que usa veneno em excesso? Pelo contrário, os caras queriam usar quanto menos, melhor.

Rodrigo Patussi: E nós somos um dos países que menos usa por hectare. Se você comparar o Brasil com o Japão, você fica impressionado com essa diferença. Agora, e você também as pessoas podem entender o volume de normativas ou de regras que a gente segue. Inclusive, quando você fala de defensivos agrícolas, tudo mais, se você for em uma fazenda, você vai entender o volume de normativas e regras que a gente segue para utilização, armazenagem, tudo mais.

Luciano Pires: Até reciclagem de embalagem. Tem um mercado gigantesco de reciclagem de embalagem.

Rodrigo Patussi: A gente tem toda uma normativa, que deve seguir. Se não fizer isso, você vai receber multa.

Luciano Pires: Eu vi uma matéria essa semana, que os caras estão buscando lixo zero, ou resíduo zero. É tanto, tem tanto reaproveitamento.

Rodrigo Patussi: É, que toda a cadeia produtiva hoje, está se tornando cada dia mais sustentável. Então por exemplo, tem o confinamento, eu estou usando os dejetos confinamento para adubação da área. Quer dizer, tem uma série de...

Luciano Pires: Os caras me levaram para visitar um lugar, é engraçado cara, que o cara plantava, tirava o milho, ele dava para o porco, mas, ele criava o porco em cima de um tablado, em cima de um rio, ou de um lado. O porco estava comendo, cai as coisas, as fezes do porco no lado. Aquilo alimentava o peixe. O peixe, ele fazia a farinha. Essa farinha alimentava o boi. Cara, é um negócio sem fim.

Rodrigo Patussi: E as normas foram mudando. Uma coisa que as vezes eu vejo a gente, nós da cidade, né, da cidade falando assim, não existe a segregação, somos todos um povo só. Mas, muitas vezes, as coisas mudam, porque a tecnologia muda. Aqui na cidade, muitas vezes, na indústria urbana, muitas vezes no passado a gente tomava práticas que eram prejudiciais ao meio ambiente. Por uma ignorância, por não saber que tinha outra forma de fazer. Então, as coisas mudam também. A técnica vai mudando, a percepção vai mudando. Aquilo que faz mal, deixa de fazer. Tem um continuo aprendizado. Então, as coisas também evoluem. Não dá para ficar comparando muito o que era feito, com o que é feito hoje. Mas, essa é uma preocupação iminente do setor agropecuário como um todo, do agronegócio. A gente está preocupado com isso. Os técnicos que estão inseridos no processo, estão preocupados com isso. Os produtores estão preocupados com isso. E existem vários selos, inclusive certificam isso. Mas, em maneira geral, é muito mais... é muito raro eu encontrar hoje o contrário. Pessoas que não estão preocupadas com isso. Eu estou lidando, talvez por ser meus clientes, ou por pessoas... mas, com uma turma totalmente preocupada com isso. Até porque Luciano, nosso desempenho hoje depende disso. Nosso desempenho financeiro do meu negócio, depende da excelência nos processos, da melhor utilização dos meus recursos. Esse negócio é caro.

Luciano Pires: E se você não tiver preocupado, você vai ser atropelado cara. Vão passar por cima de você.

Rodrigo Patussi: E o nosso negócio não vai perdurar. Não vai perdurar. Financeiramente, ele não vai parar em pé. Existia na cabeça do Brasil, muitas vezes, do brasileiro, aquela coisa do fazendeiro, um cara rico para caramba. Espera lá.

Luciano Pires: Tem os escravos, do café.

Rodrigo Patussi: E até o negócio é muito diferente. Hoje, a gente encontra, as fazendas que realente são bem gerenciadas, que tem um processo produtivo muito bem-feito, sim, tem um resultado sobre patrimônio, tudo bem, até compatível com grandes negócios. Mas, tem muita gente que está aqui na média, que remunera muito pouco. O negócio, para aqueles que não são bons, eficientes, não é um bom negócio. Então, ele é bom para aqueles que são realmente eficientes. Mas, como qualquer indústria.

Luciano Pires: Como qualquer lugar.

Rodrigo Patussi: Como qualquer farmácia, como qualquer mercado.

Luciano Pires: Vocês como Terra, depois que vocês começaram a patrocinar o Café Brasil, eu me lembro no começo a gente entrou falando de a Terra, ajude a sua fazenda. Essa era a fala. E em um outro momento, a gente mudou essa fala para dizer o seguinte. Vem cá, você que não é do agro, e quer vir para o agro, meu, a Terra também está aqui. Eu entendi que vocês estão funcionando como uma conexão até. Olha, eu trabalho da porteira para dentro, ajudando o cara a eficiência, mas, também estou da porteira para fora. Se você quer investir no agro, e não souber como fazer, eu tenho um canal aqui. Faz parte do negócio de vocês.

Rodrigo Patussi: Faz parte do nosso trabalho, é. O maior, o nosso grande negócio hoje, é profissão da gestão das fazendas, e a gente é extensionista mesmo. A gente vai lá, entra dentro da fazenda do camarada, e faz com que ele tenha os indicadores, faz com que ele tenha fluxo de caixa, faz com que ele tenha decisões pautadas em informação. É o nosso negócio, é extensão mesmo, né? E tem um outro lado, que a gente hoje, como esse negócio ficou, está chamando muito atenção do mercado como um todo, como a gente tem esse conhecimento, a gente é muito procurado também por pessoas que querem investir no agro, e precisam fazer um plano de negócio, entender melhor isso, qual resultado que eu posso esperar sobre esse investimento que eu vou fazer. Como montar esse projeto, de forma que ele tenha sucesso, e tudo mais. Então, a Terra faz muito isso também. Por isso que a gente chama a atenção de quem está fora. Se você tem vontade de entrar, de investir no agro, contrate... é como se você fosse construir uma casa, contrate um arquiteto, um engenheiro, para você poder entender esse negócio melhor.

Luciano Pires: Eu como pessoa física, eu tenho uma grana e quero investir. Ao invés de eu comprar um apartamento em São Paulo, eu quero investir no agro.

Rodrigo Patussi: Existe algumas opções já.

Luciano Pires: É para você que eu tenho que ligar, e falar, "cara, quero investir".

Rodrigo Patussi: É para nós, e você deve ligar, que a gente vai...

Luciano Pires: E você vai dizer, "cara, compra boi, planta soja, compra uma terra", esse tipo de coisa. Vocês têm essa flexibilidade?

Rodrigo Patussi: Nós temos essa flexibilidade, e é o nosso trabalho também. A gente desenvolve plano de negócio, nesse sentido. É exatamente isso. Agora, o agro tem várias maneiras de você investir no agro. Hoje até está legalizada algumas coisas como Fiagro, fundo de investimento, quer dizer, existem várias opções. Não efetivamente você precisa comprar uma área e começar a ser produtor rural. Mas, se você decidir ser um produtor rural, é conosco que você deve falar mesmo, porque com certeza a gente vai lhe ajudar a construir um caminho que seja mais seguro, para buscar uma rentabilidade melhor sobre aquele capital que você está querendo investir, sobre seu ativo principal. A gente chama muito a atenção disso.

Luciano Pires: Que legal.

Rodrigo Patussi: É isso aí.

Luciano Pires: Estamos caminhando para o final aqui. Como é que é ser patrocinador de PodCast, é bom?

Rodrigo Patussi: Pô, fantástico Luciano. Eu já sou fã seu antes. Por isso que a gente se aproximou naturalmente de você. Mas, eu até falei isso para você, e vou repetir aqui no ar. Nós fazemos várias ações, em diversos canais. Mas, nenhuma delas me chamou tanto a atenção na resposta que eu tive como Café Brasil. Eu imaginava que o Café Brasil ia ser, que as pessoas que escutavam Café Brasil, seriam pessoas de fora do meu convívio, do meu segmento. A gente acaba convivendo com as pessoas do agro ali. Mas, eu lembro dos primeiros programas, meu celular não parava de chegar mensagem. "Nossa, que bacana, você está falando no Café Brasil, patrocinando o Luciano", aquela coisa toda. Então, é fantástico. Eu tenho admiração pelo seu trabalho, a gente tem, e eu me sinto muito bem em estar perto de você nesse sentido. E recomendo, viu, é uma exposição inteligente, a gente se comunica com as pessoas especiais, com pessoas com uma mente já desenvolvida.

Luciano Pires: É branding.

Rodrigo Patussi: No sentido de fitness intelectual que você faz, que você pratica. Desenvolvida, no exercitar, melhor dizendo. É um canal que você tem várias opiniões. Para nós, é...

Luciano Pires: Isso é branding na veia. Se eu perguntar para você o seguinte, quantos negócios você fez por causa do Café Brasil? Você fala, não sei, nem tenho como saber. Agora vem cá, seu nome está brilhando na cabeça de um puta monte de gente, que o pessoal está pensando. Esse é o branding.

Rodrigo Patussi: Seria uma puta referência para nós. E é a história da nossa empresa. É muito parecida com aquilo que você... a gente quer desenvolver esse segmento, quer desenvolver essa linha de pensamento. Você tem muito disso, desse exercício que você faz, fazer com que a gente pense, às vezes, em coisa que a gente não está acostumado a pensar. Esse exercício, o fitness intelectual aí que você diz. Para nós foi excelente, a gente quer continuar sempre. Independente disso, até fiz o convite no nosso evento. As pessoas precisam investir um pouco mais nisso. Você precisa, as coisas não acontecem de graça. Nós precisamos fazer a coisa continuar andando. E é isso. Eu acho muito tranquilo. Recomendo de verdade, gosto, sou fã.

Luciano Pires: Está virando um bom amigo. Quem quiser entrar em contato com vocês então, qual é os caminhos? Vamos lá.

Rodrigo Patussi: Tem na internet, redes sociais, terradesenvolvimento.com.br.

Luciano Pires: Lá no Instagram, está como @terradesenvolvimento.

Rodrigo Patussi: Ou @rodrigo_patussi, que também é o meu direto.

Luciano Pires: Como escreve Patussi?

Rodrigo Patussi: PATUSSI. @rodrigo_patussi.

Luciano Pires: Vai direto no seu Instagram.

Rodrigo Patussi: Ou da Terra Desenvolvimento mesmo. Nós temos três, Terra Desenvolvimento, e Terra Desarrolho, que são as nossas filiais ali, no Paraguai e na Bolívia. Mas, o contato é muito simples. Ou pelo site mesmo. Ou contato@terradesenvolvimento.com.br, é o e-mail.

Luciano Pires: Bom, está aí o caminho. Se você tiver pensando, coçando a cabeça, se você quiser saber do agro, tiver uma graninha para investir, cara, pensa, dá um alô para os caras aí, que eles têm... conhece todo mundo lá. Eu já sei como que é. Toda vez que eu preciso de alguma informação, eu mando uma mensagem para o Humberto. Humberto, estou mandando a foto desse cara. Quem é? Em dois minutos, esse é fulano de tal, que está em tal lugar, e vem o contato do cara. Então, tem sido muito legal trabalhar com vocês, espero que a gente continue.

Rodrigo Patussi: Vamos continuar.

Luciano Pires: Meu caro, grande papo, muito obrigado pela visita. Vamos agora trocar mais umas ideias, e trabalhar para fazer esse Brasil acontecer.

Rodrigo Patussi: E vai acontecer, está acontecendo Luciano.

Luciano Pires: Só está.

Rodrigo Patussi: Eu sou positivo nisso. A gente cada dia melhor.

Luciano Pires: É isso aí, grande abraço.

Rodrigo Patussi: Abraço para você.

 

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