LíderCast 245 - José Salibi Neto

Data de publicação: 04/10/2022, 12:15

 

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo, com gente que faz acontecer. O convidado de hoje é José Salibi Neto, que sai das quadras de tênis, para se tornar um dos maiores empreendedores da área da educação corporativa no Brasil. Ou melhor, no mundo. Com a constituição da HSM. Uma conversa fascinante sobre liderança, com alguém que mantem contato com as maiores mentes que estudam liderança e administração no planeta. Muito bem, mais um LíderCast. Como sempre, contando como é que o meu convidado chegou aqui. Isso aqui é uma história longa, de muitos anos. A gente se encontrava nos palcos da vida, nos eventos da vida, nos lançamentos de livros da vida. E eu falava para ele, "uma hora eu quero te entrevistar". Já me entrevistou em um programa dele, e a gente se encontrou algumas emanas atrás no evento da águia branca, lá no Espírito Santo.

José Salibi Neto: Perto de Vitoria, nas montanhas do Espírito Santo.

Luciano Pires: Exatamente. Aí eu falei, agora você não escapa. Catei o contato, vamos gravar, e estamos aqui gravando. Começo o programa com três perguntas que são fundamentais. Essas três, você não pode errar. O resto, você chuta à vontade, e a gente vai para onde o papo nos levar. Seu nome, sua idade, e o que que você faz.

José Salibi Neto: José Salibi Neto, 63 anos, trabalho com educação executiva, e conhecimento de gestão.

Luciano Pires: Opa, é bom.

José Salibi Neto: É meu único trabalho, na verdade. Depois da... eu fiz faculdade nos Estados Unidos, através de uma bolsa de tênis.

Luciano Pires: Você vai me contar isso aí. Você nasceu onde?

José Salibi Neto: Em São Paulo.

Luciano Pires: Nasceu aqui em São Paulo. Família grande, pequena?

José Salibi Neto: Assim...

Luciano Pires: Tem irmãos?

José Salibi Neto: Tenho uma irmã.

Luciano Pires: Uma irmã. Seu pai e sua mãe faziam o que?

José Salibi Neto: Meu pai, na época, trabalhava com... ele se formou em São Francisco, mas logo em seguida entrou no negócio de copiadoras. Naquela época, as empresas não tinham copiadora em casa, nos escritórios. E as pessoas também não tinham. Então, ele tinha máquinas de xerox, então as pessoas iam lá tirar cópia. Minha mãe era professora de Educação Física, trabalhou a vida inteira na Secretaria Municipal de Esportes, se aposentou lá. Esportista também, jogou voleibol, jogou na seleção, foi craque.

Luciano Pires: Legal. Você morou em São Paulo a vida inteira?

José Salibi Neto: É, eu morei até os 18 anos. Depois eu ganhei uma bolsa para jogar tênis nos Estados Unidos, eu fui para lá.

Luciano Pires: Como era seu apelido quando você era moleque?

José Salibi Neto: Tinha alguns. Eu fui goleiro do dente de leite lá do Pinheiros, eu era vestido, me vestia de preto, e me chamavam de urubu. E de Costa Pereira, que era um goleiro da seleção portuguesa na época, Costa Pereira. Também girafa, porque eu sou muito alto. E tinha um outro também, que era Dunga. O João Dória que me apelidou de Dunga.

Luciano Pires: Por causa do seu tamanho?

José Salibi Neto: Não, porque a gente jogava vôlei na equipe do Pinheiros, sempre fui esportista. E aí estava jogando o time, olhei para o lado, e a bola pegou na minha cabeça. Eu fiquei Dunga. Até hoje, se eu encontro com ele, "Oi Dunga, tudo bem?".

Luciano Pires: Vou voltar lá atrás, pegar o garotinho lá atrás então. Vou pegar o Costa Pereira. O que que ele queria ser quando crescesse cara?

José Salibi Neto: Eu sempre fui muito competitivo. Eu nasci, minha mãe já me botou no esporte. Ela sempre foi muito competitiva. Meu pai nem tanto. E eu, desde pequeno, já botou em competição, e eu comecei a gostar dessas competições. Então, tudo que eu entrava, eu queria ganhar. Futebol, handebol, voleibol, joguei bem vôlei até os 14 anos. Aí tive que optar pelo tênis, que era minha paixão. Então, essa competitividade, sempre me moveu, de sempre estar... dar um passo a mais, fazer alguma coisa a mais, melhorar. Nunca me acomodei.

Luciano Pires: Eu tinha um amigo na escola, quando eu estava no ginásio, 10, 11, 12 anos de idade. Tinha um time de futebol, eu sempre fui grosso, tanto que eu fui parar no gol. Na linha, era um terror. Fui parar no gol, jogar no gol. Eu tinha um amigo lá que era muito bom de bola, o cara era bom de bola mesmo. Ele chorava quando perdia o jogo cara. Terminava o jogo, o moleque estava chorando, pelo nível que o cara tinha de cara, eu estou aqui, estou para ganhar, não estou para brincar. Cara, era uma pelada, e o cara sofria, chorava.

José Salibi Neto: Eu sempre sofri com perda, em perder. Sempre.

Luciano Pires: Por que que algumas pessoas saem assim?

José Salibi Neto: Não siei, acho que do meu lado, foi definitivamente minha mãe, que sempre me puxou, me botou no esporte. E eu aprendi a gostar da competição. Então, acho que é o que me move até hoje, né?

Luciano Pires: Você chegou a pensar no esporte como carreira para ganhar também?

José Salibi Neto: Sim. Tanto que eu acabei a faculdade, fui para o circuito né? Joguei no circuito, foi...

Luciano Pires: Você escolheu o tênis?

José Salibi Neto: Escolhi o tênis. Ganhei uma bolsa para jogar tênis nos Estados Unidos.

Luciano Pires: Por que tênis? Você é grandão, você podia estar jogando basquete, handebol.

José Salibi Neto: É, mas meu vizinho jogava. Minha mãe queria que eu fosse, na verdade, queria que eu fosse da seleção brasileira de vôlei. E eu estava caminhando bem. Mas aí, o meu vizinho jogava tênis, ele me levou para ver um jogo dele, com 12 anos. Eu peguei na raquete, e ele falou, vamos bater paredão. Eu comecei a jogar, e falei meu, esse é meu esporte.

Luciano Pires: Saiu jogando.

José Salibi Neto: Saí jogando, e ganhei muitos títulos, Brasil, exterior. E juvenis, profissionais.

Luciano Pires: Você chegou a ganhar no profissional?

José Salibi Neto: Sim. Joguei...

Luciano Pires: Cara, então você jogou sério?

José Salibi Neto: Joguei bem. Joguei na época do Thomas Cook, do Kirmayr. Eu sou um pouco mais novo que eles. Eles têm 70, por aí. Então, mas eu cheguei a jogar contra os dois. Então, eu joguei um bom tênis, mas, eu também soube a hora de parar. Então, soube a hora de parar, vi que eu não ia chegar em um nível que eu gostaria. E falei, "bom, vou ser o número 1 em outra coisa".

Luciano Pires: Você chegou a ir para algum roteiro grande, alguma competição?

José Salibi Neto: Olha, não cheguei a jogar a Grand Slam, porque eu acabei parando rápido. Mas, eu joguei vários torneios. ATP pelo Brasil, América do Sul, Estados Unidos também.

Luciano Pires: Que idade você parou?

José Salibi Neto: Parei com 21. 21 para 22.

Luciano Pires: Essa idade, é uma idade madura para o tênis, no tênis?

José Salibi Neto: É uma idade que você está começando a ficar. Mas, eu já tinha tido uma lesão no joelho feia, lá na Universidade dos Estados Unidos. Eu senti que aquela lesão estava me brecando. Meu corpo não obedecia mais às coisas que eu queria. Aí comecei a perder de uns caras que eu nunca tinha perdido. Aquilo começou a me deixar... e eu falei, não, está na hora de pensar em outra coisa, antes que seja tarde. Porque, de repente, você continua, e no final das contas você vai acabar indo ser professor de tênis, que é uma bela profissão. Mas, não era o que eu queria fazer.

Luciano Pires: Perde o prazer né. Essa bolsa que você conseguiu, vieram te buscar aqui para você jogar tênis lá?

José Salibi Neto: Não, eu fui lá, joguei o campeonato mundial até os 18 anos. E lá fiz contatos com técnicos. Lá o esporte universitário nos Estados Unidos é muito desenvolvido. Em todas as universidades, é um negócio de bilhões. Bilhões, literalmente. Então, os times de futebol faturam muito. Então, todo aquele dinheiro volta para o departamento atlético. Aquilo vira bolsa para os usuários de esportes. Então, esporte faz parte da vida do americano. E eles tem dinheiro, logicamente não são todas as universidades, mas, as principais têm bolsas. E eu ganhei uma bolsa, porque eu contribuí para o time. Então, foi uma...

Luciano Pires: Você viu um documentário que está na Netflix sobre falcatrua nos esportes, tudo mais. Que o primeiro episódio é sobre baquete universitário. E é uma fraude milionária cara. Com o baquete universitário. 

José Salibi Neto: Tem em todos os lugares, tem em tênis também. Tem um profissional brasileiro que foi pego aí também, e teve que parar. Literalmente tiraram ele do tênis, que fazia apostas. E vejo alguns jogadores que foram abordados por caras, e alguns caíram nesse conto. Foram lá, são jogadores que são mais ou menos, caras que não tem muito futuro. Então, eles entram no negócio de apostas. E aí, a maioria não é pega, mas alguns são.

Luciano Pires: Esse documentário é impressionante. Tem um cara que era uma estrela. O cara podia ter virado um avião.

José Salibi Neto: É uma indústria.

Luciano Pires: O que que você fez? Você cursou o que nos Estados Unidos?

José Salibi Neto: Eu cursei administração. Fiz faculdade de administração, depois voltei. Depois que acabei o tênis, eu...

Luciano Pires: Você parou o tênis lá?

José Salibi Neto: Não, parei aqui.

Luciano Pires: Você veio para cá.

José Salibi Neto: Parei aqui. Depois, fiquei 2 anos dando aula de tênis, para pagar meu MBA nos Estados Unidos. Que já, eu não tinha bolsa. Eu não tinha esporte universitário na MBA, mas, eu voltei. Aí com muita ajuda também da universidade da Carolina do Sul, tenho uma ligação muito forte. A quadra 1 da universidade da Carolina do Sul, tem meu nome, chama-se quadra José Salibi Neto. Aliás, vou para lá em outubro para a cerimônia, vai ser bem legal, estou muito animado. Então, o tênis faz parte da minha vida. Hoje eu só bato uma bolinha de leve, eu tive lesões graves.

Luciano Pires: Deixa eu explorar uma ciosa, que eu quero saber de você. Quer dizer, você é um cara competitivo. Você abraçou o tênis, estava disputando a nível profissional já, etc. e tal. Em um belo dia, você descobre que precisa parar. Como é que foi isso aí cara? Imagino que foi um processo, e teve um dia que você acordou de manhã e falou, cara, não dá mais. O que que foi?

José Salibi Neto: Olha, eu já tinha, assim, meus pais sempre foram muito conscientes em deixar o próximo passo preparado, caso um não desse certo. Então, eu tinha esse sonho de jogar no circuito. Joguei com profissionais durante a faculdade. Mas, eu tinha deixado também a porta já preparada, caso eu não sentisse que eu ficaria entre os 50 do mundo, que era meu objetivo. A hora que eu comecei a sentir, principalmente com a lesão que eu tive no joelho, eu falei, cara, não vai dar. Deixa eu parar, respirar fundo, e...

Luciano Pires: Me localiza o dia. Quero saber o dia da decisão. Porque eu imagino, eu estou interessado...

José Salibi Neto: 63 menos 21, dá quanto?

Luciano Pires: Dá 42.

José Salibi Neto: 42 anos atrás. Maio. Então, e aí eu decidi, falei assim, já tinha deixado o MBA, já tirado, a universidade iria me ajudar bastante. Fiz muitas conexões lá.

Luciano Pires: Você conversou com alguém?

José Salibi Neto: Não, não tinha mais.

Luciano Pires: Eu estou explorando, porque o seguinte cara. É foda desistir de um sonho, no auge da juventude, você está com tudo na mão, está encaminhado, você olha para aquilo e fala, cara, não dá. Estou te perguntando, porque eu já tive gente sentada aqui, que ia ser jogador de futebol profissional. O cara estava no time, tudo, e um dia ele olha e fala, cara, eu não tenho bola para continuar, e decide parar. Corta o sonho dele, e vai fazer outra coisa. Esse momento de desapego, de falar vou parar para fazer outra coisa, cara, tem que ter uma armadura emocional para olhar para trás, e falar, meu, o sonho parou, acabou o sonho.

José Salibi Neto: É, assim, no fundo essa parada já estava meio que me avisando. Eu tive duas lesões graves nos Estados Unidos. Uma, meu tendão de Aquiles explodiu antes de começar a temporada, né. Literalmente, um dia antes, tive que ficar 2 meses de muletas, acabou. Aí outro ano, estouro meu joelho, meu pai morre, cara, já começou a degringolar, sabe? Eu falei, vou tentar um pouco aqui. A hora que eu vi, realmente não... comecei a perder de uns caras assim, que falei meu, não é possível. Então, deixa eu ir para o plano B. O plano B, vamos embora, vamos ser número 1 em outra coisa. Então, a gente sempre sonha em ser número 1 de alguma coisa, vamos...

Luciano Pires: E você decidiu fazer isso, aqui no Brasil?

José Salibi Neto: Sim.

Luciano Pires: É lá que eu vou abrir, vou montar um negócio?

José Salibi Neto: É. Acabei MBA, voltei para cá, voltei com emprego em uma multinacional. E depois de 4 dias, eu percebi que o mundo corporativo não era minha praia, que eu queria empreender. E naquela época, anos 86, que foi quando eu voltei, você, se você falar vou empreender, você era considerado um marginal, literalmente. Pô, esse camarada não dá certo em nada. A palavra empreendedorismo nem existia.

Luciano Pires: Não. Em 86, era o dono da firma.

José Salibi Neto: Isso.

Luciano Pires: Eu tenho uma firma, sou o dono da firma.

José Salibi Neto: Exatamente.

Luciano Pires: Que podia ser um puteiro, ou... qualquer coisa podia ser a firma, né?

José Salibi Neto: Pois é. E aí eu percebi, pedi demissão, não tinha nada planejado. E percebi, falei cara, se o mundo corporativo for assim, eu prefiro dar aula de tênis. Então, estava cogitando virar técnico de tênis, porque foi através do tênis que eu consegui uma bolsa. Mas aí, vai para cá, vai para lá, conversa aqui, conversa ali. Meu grande parceiro [Harry], o H do HSM, ele também já estava saturado do mundo corporativo, com 26 anos. E aí nós começamos a buscar o que que seria possível a gente começar um negócio, com um país com 5.500% de inflação ao ano, e sem dinheiro. 

Luciano Pires: Você está falando de 87?

José Salibi Neto: É, 87. 86/87.

Luciano Pires: Sarney.

José Salibi Neto: Exatamente.

Luciano Pires: Isso é Sarney.

José Salibi Neto: Eu lembro que nós fomos, em uma das visitas, um dos caras que nós trouxemos, John Kenneth Galbraith, e ele veio para o Brasil, um grande economista, um dos maiores do século. E nós fomos fazer um seminário no Banco do Brasil, e o Sarney pediu uma conversa com ele. Eu presenciei a conversa.

Luciano Pires: Do Sarney com ele?

José Salibi Neto: É. Prefiro esquecer.

Luciano Pires: 84% de inflação ao mês.

José Salibi Neto: 5 mil ao ano.

Luciano Pires: Foi o recorde, não, deu um mês que deu 84% no mês. Quem está ouvindo a gente aqui, a maioria não tem a menor ideia do que era você receber o salário de manhã, correr para comprar as coisas, porque de noite, o preço teria subido.

José Salibi Neto: É, queria empobrecer as pessoas, principalmente aquelas pessoas que vivem do dinheiro vivo, não tem onde proteger. Então, por isso que o Brasil ficou tão pobre, a inflação empobrece. Aliás, esse mostro está rondando aí a gente.

Luciano Pires: E que tinha umas maquiagens cara, você lembra que tinha, aplicar o dinheiro dava uma grana. Você aplicava, juros altíssimos, só que a inflação comia tudo aquilo, e a gente não percebia.

José Salibi Neto: Era uma renda falsa.

Luciano Pires: Inclusive, a incompetência desaparecia ali, porque o dinheiro se movimentava em uma velocidade tão grande, que a gente não via. Então, quando você estabiliza a economia, e a coisa fica estável, começa a aparecer a incompetência toda. Por isso que a gente lembra daquela época, dava impressão que a gente tinha mais riqueza do que tem hoje. E não é verdade, completamente diferente.

José Salibi Neto: Era um país assim, que eu olho para trás, falo, cara, meu Deus, como é que nós conseguimos fazer isso. Tinha que ser, logicamente, quando você é jovem e responsável, né. Hoje, eu olho para trás e falo, cara, não faria isso de maneira nenhuma. Eu tinha que ser louco para entender. Eu não tinha entendido o que poderia causar. E aí eu comecei a entender. Ficando mais velho. Por isso que é bom empreender jovem, porque você não tem noção do perigo, fica mais corajoso.

Luciano Pires: Sim. Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.

José Salibi Neto: Para mim inflação, era parte da minha vida. Não era algo que eu reclamava, "puta, inflação". A vida era assim, correção monetária, não sei o que, tinha um preço de manhã, outro à tarde, outro à noite. A vida, sabe a vida era assim.

Luciano Pires: A gente se virava.

José Salibi Neto: A gente se virava.

Luciano Pires: Hoje eu acho engraçado quando eu olho o pessoal falando, cara, porque se ganhar um vai ser um horror, se ganhar o outro vai ser um horror também. Cara, a vida vai ter que continuar. Eu tinha um amigo que falava para mim, o PIB vai cair 5% esse ano. Sabe o que que vai acontecer? O que? 95% está aí ainda. Tem 95% para a gente ir buscar. Mas vocês conversam, e como é que surgiu esse negócio do modelo de negócio, que culminou no HSM?

José Salibi Neto: Na verdade, primeiro a necessidade, a vontade de empreender. O que que nós vamos fazer? A gente começou até a fazer umas clínicas de tênis para executivos.

Luciano Pires: Você e o?

José Salibi Neto: Eu e o Harry. E a Marina também estava, a Marina trabalhou com o Harry em uma loja de... cadeia de loja de congelados, que empreendeu e depois vendeu. E a gente começou a ver. E aí a Marina trabalhava em uma empresa de consultoria, e eles foram fazer um seminário internacional, com um guru americano, e convidaram o Harry, porque ele era namorado da secretária. Então, aí ele ficou encantado com o que ele viu, as pessoas pagavam para ver o cara. Eu tinha acabado de voltar dos Estados Unidos, com meu MBA, estava fresco com as ideias de gestão, dos grandes nomes, Phillip Porter e Michael Porter, né? Então, ele passou para mim, falei cara, isso é maravilhoso. Acabei de voltar, estou aquecidinho aqui para essa... aí fomos. Fomos, e a história da HSM daria umas 20 horas de conversa.

Luciano Pires: Isso não existia no Brasil, né? Não tinha nada... Primeiro, não tinha nem a cultura, de trazer os gurus para fazer grandes eventos, né? E não tinha uma empresa focada nisso na época.

José Salibi Neto: Exatamente. A gente focou, e no começo logicamente os gurus não queriam vir. Eu tentei no começo.

Luciano Pires: Mas o modelo, nasce assim, nasce para trazer gente de fora para cá?

José Salibi Neto: Exatamente, porque eu sentia que o Brasil era um país que começava a se desenvolver, e precisava de informações dos maiores centros. Bom, vamos ser esse canal, e vamos desenvolver o modelo de negócios diferenciado, voltado para dados. A gente falar em dados naquela época, o nosso... eu brinco que o nosso big dater era na cozinha de um apartamento muito pequeno que a gente alugou, que foi nosso primeiro escritório. Colocaram vários jovens lá, para fazer dados na mão mesmo, né? A nossa inteligência artificial era lá, naquela cozinha, no fogão. E aí nós percebemos, começamos a andar, e aprender juntos. Então, a gente estava... e no começo eles realmente não queriam vir, porque o Brasil, se hoje em dia já é duro, imagina naquela época. Então, a gente penou, e eu percebi que o dinheiro não era o suficiente para trazer os caras, né? Eu tinha que fazer uma coisa a mais. E aí entrou um pouco do meu poder de persuasão, meu pai talvez a maior herança que ele me deixou, foi a capacidade de me relacionar com as pessoas, sabe? Me relaciono muito bem com a pessoas. E eu comecei a me relacionar com eles. Porque se eu fosse vender só vir para o Brasil, eles não viriam. Então, tive que me vender. E aí vai para um, vai para outro, usa um, usa outro, e foi. Trouxemos todos, literalmente todos os grandes pensadores da administração, nós trouxemos. Todos. Só faltou, minha filha falou outro dia, "pai, mas deve ter um que você não trouxe". O [Frederick Taylor], mas ele morreu em 1917. O resto, eu trouxe todos. 

Luciano Pires: que legal, você se relacionou com esses caras todos.

José Salibi Neto: Todos, grandes amigos, alguns muito amigos. Peter [Drucker], [Phillip Kotler], que até hoje eu me relaciono. Eu visito uma vez por ano o [Jim Collins], [William Uri], [Thomaz Davenport], Alexander Osterwalder. Ainda tenho contato com eles, eu os entrevisto para os nossos livros. A gente acabou de lançar o Liderança Desruptiva. E aí nós entrevistamos o [Sharam], entrevistamos o [Kotler], entrevistamos o [Jim Konors]. São muito generosos ainda comigo, e valorizam muito o relacionamento que nós criamos.

Luciano Pires: Tá. Você que está ouvindo a gente aqui, que não é do ramo, ele acabou de receitar, como é que eu vou dizer, a seleção mundial dos caras de administração.

José Salibi Neto: O dream team.

Luciano Pires: O dream team da gestão, que são esses nomes que ele acabou de dizer aqui para a gente. Mas, me fala uma coisa, quando você vai montar, quando vocês vão montar, desenham um modelo de negócios, nem sei se tinha isso na época, talvez não tivesse. Vamos fazer, e vamos ver como é que dá. A ideia era, eu vou trazer gente de fora para cá, ou seja, estou trazendo em dólar. Vou correr o risco aqui, porque eu vou abrir uma sala. Eu não sei se virão 100, 200 ou 500. Mas, você traz um nome como o [Tom Peters] aqui, evidentemente que a sala vai estar lotada. Mas, você tinha que vender isso para os brasileiros também, que não estava acostumado a ver. Você chegava lá e falava, "olha, muito prazer, eu sou o famoso quem, vim aqui dizer para você que eu estou trazendo o [Michael Porter] aqui, e paga R$ 2500,00 dinheiros aí, que eu vou te botar lá para ouvir o cara. Como é que foi isso, como é que é vender um treco que não existe, cara?

José Salibi Neto: Pois é, eu acho que a gente também teve um pouco de sorte, de ter começado um negócio, onde a gestão, como nós conhecemos, era um tema pesado. Você falar em gestão, era um tema que era confinado só a diretoria. Da gerencia para baixo, eram cumpridores de ordens. E de repente, o Tom Peters e o Robert Waterman escreveram livros chamado In Search of Excellence, que coloca a gestão como uma forma [cool], muito agradável, né? Começa a haver obsessão pelo cliente, você começa a ver inovação, você começa a ver serviço, ser fanático, e são palavras assim. E o livro deles vendeu 6, 7 milhões de cópias, que era algo que nunca ninguém penava que fosse acontecer. Então, isso aí popularizou muito a questão do tema de gestão. Então, a gente entrou em um momento bom, não naquele momento... Se a gente tivesse entrado nos anos 70, acho que a gente não teria o mesmo sucesso. Então, anos 80 foi um momento bom. Mas, quem procura, trabalha, a sorte acaba batendo as portas. Então, a gente teve esse momento, onde se popularizou muito o tema da gestão, eles se popularizaram muito. Eles fizeram a gestão chegar desde o topo da empresa, até ao porteiro. Então, o mercado, de repente que era um mercado confinado, ficou grande, entendeu? Sim, todo mundo queria aprender, eles sabiam. Então, a gente desenvolveu sim um modelo de negócio diferenciado. A gente não chamava modelo de negócios, naquela época nem sei como se chamava. Mas, o jeito diferente de fazer as coisas. A gente viu, a questão do serviço, que o Brasil sempre foi um país que atendeu mais. E a gente falou, nós vamos atender o nosso cliente bem. Nós vamos dar uma experiência para ele, que ele nunca teve. E a gente, por exemplo, tinha médico dentro do evento, ambulância, você fazia o check in com a Varig, que era nosso patrocinador dentro do evento, pegava sua mala. Ia buscar a turma de ônibus nos aeroportos, entendeu? Apostila para canhoto, eu sou canhoto, sempre tive que escrever ao contrário. Então, apostila para canhoto.

Luciano Pires: Vocês criaram um branding direitinho. No momento que a HSM virou sinônimo de, fecha o olho e vai.

José Salibi Neto: E a gente melhorava. Introduzia novas ideias. Porque a gente sabia que tinha um número limitado de gurus, só tinham um Kotler, um Tom Peters. E os outros, eram bons caras, mas ninguém conhecia. Então, a gente se concentrou muito em desenvolver alguma coisa, uma experiência inesquecível, para não depender só desses caras. Então, quando a gente trazia um cara que ninguém ouviu falar, estava lotado do mesmo jeito, entendeu? Então, foi um conceito bacana.

Luciano Pires: Já virou um selo de qualidade. Não há resistência. Se tem HSM aí, pode ir que não tem erro.

José Salibi Neto: Eu lembro que quando eu trabalhava na HSM, eu fiquei 30 anos lá, saí há quase 6 anos, para me dedicar a escrever livros, e dar palestras. E eu lembro que eu ia para o palco, você foi na Expo, HSM, e tinha 4 mil pessoas no auditório.

Luciano Pires: Fui, sim.

José Salibi Neto: Então, eu tinha que vender a programação do ano seguinte, da Expo, lá naquele evento. Inclusive, o cash flow de janeiro. E cara, eu já fechava a programação do ano seguinte, eu tinha 5 minutos por dia para vender. E eu vendia assim, coisa de 1500 tickets, em pouco tempo. As pessoas compravam ingresso 1 ano antes. Você tem ideia o que é isso, você comprar ingresso 1 ano antes?

Luciano Pires: Isso é coisa de show de banda de Rolling Stones.

José Salibi Neto: Exatamente. A gente vendia assim, 40% dos tickets, naqueles 15 minutos. O que que significa isso? Confiança no trabalho, confiança. Você fala assim, cara, eu não posso ficar fora. E a gente sempre trabalhou nisso. E o meu trabalho atual continua nessa área.

Luciano Pires: E havia uma fome para aquilo, tanto que esse mercado cresceu barbaramente no Brasil, até porque você falou uma coisa interessante. A partir do final dos anos 80, começa uma revolução no mundo, na área de gestão, manufatura enxuta, tudo aquilo que a gente aprendeu foi ali. E o Brasil pegou fogo, porque o Collor assume no começo dos anos 90, abre o país, e de repente no ano seguinte, tinha carro importado, estava conectado com o mundo inteiro. Aqui, com uma fome... Eu era diretor de uma indústria, eu era seu cliente, e estava ali envolvido em trazer para o Brasil, e fazer curso nos Estados Unidos, trazer para cá, todas essas coisas novas. E esse mercado cresceu bastante. Mercado de palestra cresceu bastante no Brasil, virou um business. E vocês estavam liderando sempre, parabéns, foi muito legal. E as vezes que eu fui lá, eu realmente fiquei, era coisa de primeiro mundo.

José Salibi Neto: Realmente. Eu diria que era acima do primeiro mundo.

Luciano Pires: Sim, sim.

José Salibi Neto: Inclusive durante muitos anos, todos os gurus que vinham, falaram que a HSM era a melhor empresa do mundo. Tanto que eu gravava eles com isso, e vendia esse vídeo para os próximos gurus. E até que a gente decidiu ir para os Estados Unidos, fomos para lá.

Luciano Pires: Para fazer lá?

José Salibi Neto: Fazer lá. A HSM foi para vários países depois, uma coisa que poucas pessoas sabem. Nós fomos para a Argentina, depois para Itália, Espanha, México, Estados Unidos, Brasil. E fizemos seminários em vários países perto. Mas, escritórios nesses países, 6 países. Foi uma jornada.

Luciano Pires: Vocês botaram um escritório com equipe e tudo, nos Estados Unidos.

José Salibi Neto: Sim, 6 países.

Luciano Pires: Caramba, e lá é um mercado maduro para isso, ultra maduro.

José Salibi Neto: Mas o jeito que a gente fazia, ninguém fazia.

Luciano Pires: Não tinha o calor.

José Salibi Neto: Não tinha. Eram eventos assim muito limitados, para 200 pessoas. E a gente desenvolveu um modelo de negócios que fazia a nossa comunicação chegar a muita gente, a muita gente. E a gente transformou eventos, em uma coisa [sexing]. Aí que eu entendi, tem um processo aí que eu aprendi olhando um livro chamado Marketing de Guerra, do Al Ries. A hora que eu bati o olho naquele livro, falei cara, nó temos que usar essa comunicação. Porque se a gente usar a comunicação tradicional que sempre foi usada na gestão, as pessoas vão achar que é chato. Tanto que o nosso primeiro grande evento, foi Marketing de Guerra. Nós botamos um tanque de guerra em uma capa de mala direta, nunca ninguém pensava nisso, lotou o evento. Então, eu desenvolvi essa linguagem, que reflete hoje nos meus livros, que já ao 8. Então, a nossa linguagem é bem, uma linguagem diferenciada, muito [sexing], muito [apealing], que dá vontade, motor 1, motor 2, aquelas coisas todas.

Luciano Pires: Você dá uma pincelada na forma também, porque o conteúdo sozinho ele não se sustenta.

José Salibi Neto: Exatamente.

Luciano Pires: Tem que ter uma forma de você entregar. E tem muita gente que passa do ponto, e está focado mais na forma do que no conteúdo. Isso eu acabei vendo, e tenho visto com muita constância agora. Tenho ido em uns eventos grandes que tem aí, é uma tristeza. Você entra lá, o evento esteticamente é uma coisa fabulosa. Quando você senta e começa a ouvir, fala caceta, o que que é isso? É publicitário vendendo o reels dele, vendendo o reels dele?

José Salibi Neto: Cara, eu fui convidado antes da pandemia, para dar uma palestra para uma empresa de tecnologia. E não sabia o que que me esperava. De repente, eu vou em um palco, eu chego lá, eu vejo um palco, tem uma pessoa aqui falando, outra pessoa aqui no meio, outra pessoa. São 4 pessoas falando no palco, e eu vejo um público assim...

Luciano Pires: Com fone de ouvido.

José Salibi Neto: Pois é, com fone de ouvido. E aí a mulher que estava dando palestra ao meu lado, era uma comediante. Ela gritava. Eu não conseguia ouvir.

Luciano Pires: Eu fui Salibi, eu fui nesse.

José Salibi Neto: Eu tive que parar a palestra, e pedir para a palestrante falar mais baixo, que eu não estava ouvindo.

Luciano Pires: Eu fui em um desse cara, eu já sei até que evento você está falando. Talvez eu até saiba onde foi. Foi na rotunda lá no Shopping [inaudível], eu fui lá. E foi a mesma impressão. Oque os caras fazem? Eles fazem um palco 360 graus, dividido em 4 pedaços. São 4, e com 4 plateias. E tem 4 caras, não tem uma parede atrás, não tem nada. Os 4 estão em pé, falando para um público que usa fone de ouvido. Então, o palestrante não se ouve, a reação do público não é imediata. Cara, é o negócio pavoroso.

José Salibi Neto: Sim, o cara ele está chateado com um, ele começa a ouvir o outro. Ele muda de canal para ouvir o outro. Então, você tem um cara sentado na sua frente, olhando para cá. É uma coisa horrorosa. Eu cheguei para o cara, falei cara, nunca mais eu volto aqui, entendeu? Então, hoje antes de aceitar minhas palestras, eu pergunto, porque se for assim eu não vou.

Luciano Pires: Cara, eu fiz igualzinho. Aí, e na Campus Parting. Me levaram na Campus Parting, eu cheguei lá, era um auditório aberto, 12 auditórios no meio, tudo aberto, aquela gritaria, nego tocando banda, uma zona. Eu olhei e falei, cara, mas o que é isso? Não, aqui é assim. Desculpa cara.

José Salibi Neto: Olha, sinceramente, eu trabalhei com palestras 30 anos, palestras, hoje eu sou palestrante, mas eu trabalhei organizando. E eu tenho minhas dúvidas sobre a maneira sobre como esse pessoal faz hoje, né? Palestras sem profundidade. Nossos eventos eram eventos de um dia inteiro, um cara explorando. O cara sai e lá com um tema, sai de lá parrudo, sabe? Cara, você vai hoje, você tem meia hora, tem 20 minutos.

Luciano Pires: Tem 15 minutos, 12 minutos. Sim.

José Salibi Neto: Me convidaram para... a própria universidade da Carolina do Sul fez o aniversário de 40 anos no MBA, e a [Dean] me pediu para falar 7 minutos sobre liderança. Por que que não faz 1 minutos então? Oi, tchau. Então assim, eu não acredito nessa superficialidade. Eu acredito em profundidade. Isso me preocupa, porque a gente está desenvolvendo um mundo que não tem profundidade.

Luciano Pires: Está tudo muito rápido. Eu fui em um evento de palestrantes nos Estados Unidos, 2018, um evento da National Speakers Association nos Estados Unidos, e a plateia era só palestrantes, e no palco aquele monte de palestrantes. Eles fizeram um desafio, e levaram lá 10 caras para falar 5 minutos, onde o slide era automático. Eles botaram o slide, o slide trocava automático, 5 minutos acabava a apresentação, e deu. E os caras subiram para falar 5 minutos. 2 levantaram a planteia em 5 minutos, dá para fazer. Mas, o que que era aquilo, eu fui depois analisar os dois, eram duas mensagens absolutamente emocionais, um deles tinha problema, não andava direito. Então, ele usou uma coisa muito emocional, e levantou a plateia. Mas, isso, cara, eu sou da geração que conta história. Eu sou Disney. Minha história tem começo, meio, fim. E estão dizendo para mim, que isso não serve mais, eu tenho que entrar na linha do [Tedy].

José Salibi Neto: Eu acho que essas palestras curtas, para dar o recado, é muito boa. Mas, para aprender mesmo, você não tem tempo. Você precisa saber, tá bom, a ideia é maravilhosa. Agora, como é que eu uso isso, como é que eu pratico isso? Quais são as empresas que estão usando, quais são as coisas certas que eles fizeram, quais foram as erradas? Isso demanda tempo. Eu tenho minhas dúvidas ainda, ainda sou daquela... Quando eu comecei a dar palestra, gozado que eu nunca tinha dado palestras durante a HSM. Eu era o cara dos palestrantes. E quando eu comecei, eu não tinha noção de tempo. E o cara, quanto tempo você vai falar? Não sei. Me avisa 5 minutos antes que você quer que eu pare, eu paro, eu aprendi a me adaptar. Porque eu não tinha noção do tempo. Porque eu falo muito, quando me contrata, eu prefiro oferecer mais. O cara fala assim, eu quero que você fale 1 hora. Eu falo, eu posso falar 2? Pô, mas o preço não é mais caro? Não, é o mesmo preço.

Luciano Pires: Eu faço exatamente isso. Se você cortar meu tempo, eu vou cobrar mais caro. Quanto menos você me der... Eu aviso, eu falo a palestra tem 1 hora e 20 minutos, vai dar 1 hora e 40, e se a plateia entrar dá 2 horas. Não se preocupe, que... e quando a gente consegue é legal, porque cara, se você acredita no eu taco, se você tem um conteúdo legal, se você está bem embalado, e se dá direitinho, não tem problema ficar 2 horas lá. E até aconteceu uma coisa interessante, que mostrou como esse negócio funciona. Quando o Youtube começou, e começou a pegar fogo, começou uma história toda que vídeo no Youtube tem que ter 3 minutos, 5 minutos. Não faça vídeo maior que 10, ninguém vê, o pessoal vai embora, ninguém vê. E de repente, começa essa loucura dos PodCast, do Joe Rogan nos Estados Unidos, com PodCast de 3 horas em vídeo, com 1 milhão de pessoas assistindo. Então, espera aí um pouquinho, não é o tamanho do vídeo, é o conteúdo cara. Se o conteúdo é excelente, ele pode ter 2 horas de duração, não tem problema nenhum. Mas, como o conteúdo é capenga, enche o saco. E tem muito mais palestrante que enche o saco, do que palestrante que segura a peteca.

José Salibi Neto: Eu tive bons professores nessa jornada, sem perceber, porque eu nunca quis ser palestrante. Mas, depois que eu saí da HSM, escrevi o Gestão da Manhã, começaram a surgir convites, pô, é uma maneira legal de eu continuar a minha jornada na gestão.

Luciano Pires: Você ficou 30 anos na HSM?

José Salibi Neto: Sim, 30 anos exatos.

Luciano Pires: Você então começou no final dos anos 80, e foi até 2016, por aí.

José Salibi Neto: É, 2016.

Luciano Pires: Você pegou uma época de ouro no Brasil, porque você passou a revolução tecnológica dos anos 90, que foi uma loucura, isso aqui virou de ponta cabeça. Você pegou a revolução do dot com, do .com, que explode no começo dos anos 2000. Pegou mudança de negócio. Foi uma coisa que cara, não faltava demanda para ouvir o que estava acontecendo. E hoje me parece que está uma mesmice, hoje está meio sacal. Eu bato aqui para procurar coisas novas, e não encontro. Você tem nichos, tem lugar que você aponta, é lá que está. Eu vou lá na Singularity University, tem coisa acontecendo lá. Mas, em volta, tem um puta monte de gente, falando um puta monte de obviedades, e fazendo o dinheiro rodar. Outro dia teve um evento, evidentemente eu não vou dizer qual foi, mas, um evento grande, de nome aqui no Brasil, que acontece todo ano, gigante. Você vai tentando entender qual é. Estava lá no evento, assistindo aquilo, falei caceta, mas o que que está acontecendo aqui? Depois eu fui fuçar, e descobri que o patrocinador, o cara que compra uma quota de patrocínio do evento, ganha 1 hora de palestra, e ele vai para o palco. E faz parte do pacote você estar no palco palestrando, e com aquele branding atrás, tudo mais. E esse cara não tem o que dizer lá. Ele vai lá porque ele quer aparecer, porque no futuro ele vai sair da empresa, vai virar um palestrante. E de repente, você vê uma sequência de caras, eu brinquei, o publicitário mostrando seu reels. Aqui está as propostas, olha como eu sou bom, olha como eu sou legal. E você sai daquele negócio, gastei uma pá de dinheiro, e não trouxe nada de novo, eu trouxe mais do mesmo comigo.

José Salibi Neto: Exatamente.

Luciano Pires: Está muito assim cara.

José Salibi Neto: Não tem profundidade. O que eu estava falando, a gente vive em um mundo hoje de pouca profundidade, tudo é rápido, tudo é um minuto, tudo é 15 minutos. Cara, calm down, como diz os americanos. Calma. Porque sem profundidade, você não consegue ter habilidades.

Luciano Pires: Mas, isso atrapalha muita gente. Isso atrai muita gente.

José Salibi Neto: É, todo mundo acha que é aquela coisa, rápido, não sei o que. Às vezes você fala com uma moçada, eu falei, cara, será que esse cara fala sério mesmo? Parece que você está numa boate dançando, e falando de negócios, sabe?

Luciano Pires: Sim.

José Salibi Neto: Eu venho do mundo mais... eu gosto de profundidade, coisas que eu acredito que funciona, porque nossos livros vendem muito bem. Gestão da Manhã, Estratégia Adaptativa, O Novo Código da Cultura, agora Liderança Desruptiva. E a gente é profundo, não tem nada de superficialidade, é profundo. Acho que ainda tem espaço para a gente.

Luciano Pires: Sabe que você está falando um negócio interessante, isso me causa, cara, eu gosto muito desse tema aí. Porque você está falando de uma coisa que divide a responsabilidade. Tenho eu como responsabilidade minha de passar o conteúdo, com profundidade, mas, do outro lado tem um público que tem reponsabilidade de escolher o que que ele vai fazer. Então, eu vou escolher ou um cara espalhafatoso, cheio de... falando coisa da moda, que fala 15 minutos superficial, vou gastar meu dinheiro ali. Ou, vou escolher um cara que vai ficar comigo 1 hora e meia, 2 horas, onde eu vou mergulhar. Então, o público tem tudo a ver. Quem está comprando teu livro, e se incomodado com ele, é um tipo especial de gente, que não é a maioria. Que é a grande minoria. Eu tenho encontrado, isso no meu trabalho é muito complicado, porque eu brinco com os caras, olha, quem vem no meu PodCast, vem para se incomodar. Não vem para dar risadinha, não vem para curtir, vem para se incomodar. Ele vai ouvir dois caras conversando, e cara, se ele não for do ramo vai ser um saco. Mas, eu não quero esse cara que acha que é um saco. Eu quero aquele que ouve e fala, meu esses caras... é pouca gente. É um público, como que eu vou dizer, ele está, é uma bolha que está preocupada em crescer de verdade, em fazer acontecer, em ter consequência, que é uma minoria.

José Salibi Neto: Pois é. Mas, você sabe que o público no final, como o público de hoje, ele está costumado a crescer nesse mundo de tudo, informação muito rápida, tem que ser 5 minutos, tem que ser [Tedy], [Tedy] diminui o tempo, essas coisas. Eu fui dar uma palestra na convenção das Farmácias São João, lá do Rio Grande do Sul. Maior cadeira, uma das maiores do Brasil. E aí eu falei 1 hora, e olha pessoal, eu teria muito mais para falar, mas o meu tempo é uma hora, então muito obrigada. Todo mundo, ô... Aí o presidente da farmácia São João, que adora nossos livros, esqueci o nome dele, um cara que está sempre à frente do seu tempo, ele levantou, "quem quer continuar ouvindo o Salibi falar?". Todo mundo levantou. Ele falou, Salibi, fala mais 1 hora. Atrasei 1 hora o congresso inteiro, fiquei 2 horas lá.

Luciano Pires: As pessoas estão aí, tem um público aí.

José Salibi Neto: Tem. E quando você oferece isso, o duro quando você é chato. Aí ninguém quer te ouvir.

Luciano Pires: Mas então, o duro também é você conseguir vender essa sua proposta, num ambiente que está cheio de neguinho fazendo barulho. Está cheio de vendedor fazendo barulho. Tem uns caras que vem, eu já vi cada história meu, cara de cara espalhafatoso, barulhento, colorido, lindo e maravilhoso, que chega lá cobrando 3 vezes aquilo que eu cobro, e chega lá você vai ver o cara, pô, é legal. Eu ouvi barulho, vi cor, mas não sobrou nada de...

José Salibi Neto: É um fenômeno que acontece, não sei se vai durar muito tempo. Mas, a turma da comunicação rápida, e com falta de profundidade, eu não sei quanto tempo eles vão durar. Mas enfim, cada um é cada um, né?

Luciano Pires: Vamos ver. Tem espaço para a gente botar aqui.

José Salibi Neto: eu prefiro focar no...

Luciano Pires: Vamos lembrar do seu tempo de desistir do tênis, e agora você vai desistir da HSM. Quando é que você sacou que estava chegando a hora de...

José Salibi Neto: Eu sempre fui muito apaixonado...

Luciano Pires: 30 anos?

José Salibi Neto: 20 anos. Eu sempre fui muito apaixonado pelo que eu fiz. Eu vendi algumas vezes a HSM, quando teve uma venda mais importante, e depois eu ficava com os novos investidores, eles me davam uma partezinha da empresa de novo, e me pagavam uma boa grana, e eu achava interessante aquilo. Eu falei, pô legal, eu sou pago como sócio, e não tenho a reponsabilidade. Não tenho os problemas administrativos, né? Então comecei a achar interessante. Mas, depois, houveram algumas vendas, que sabe, foi bem desgastante. Eu, uma coisa eu tinha na minha cabeça. Eu queria terminar a HSM, com a HSM bem. Apesar que meu sócio ele não tinha aquele apego, para ele eram 3 letras, e eu não posso culpá-lo disso. Talvez, eu gostaria de ser mais ele, porque eu sofri muito no final, porque a HSM passou por uns perrengues duros. E eu me dediquei muito, mas eu me arrebentei, mais do que quando a gente começou o negócio, para não deixar ela quebrar. E ela entrou em boas mãos, no grupo [AME] de educação, Guilherme Soares e eu trabalhamos forte para botar ela na linha. E quando eu vi que a HSM estava bem, eu falei cara, está na hora de eu sair. Ela está bem. Hoje ela faz coisas diferentes do que a gente fazia, tem a HSM Expo, mas é bem diferente da que eu fazia. A Expo que eu fazia não é nem viável mais. É inviável, você fazer uma coisa que eu fazia. Trazia o [Jack Walter], o [Kotler], e o [Michael Porter] no mesmo evento.

Luciano Pires: Foi por isso que ela deu uma patinada? O que que fez ela balançar lá atrás? Mercado, gestão, o que que foi?

José Salibi Neto: Não, era assim, eram pessoas muito bem-intencionada, mas, que queria usar a marca da HSM para coisas que ela não era a área dela. Então, pessoas que, o que acontece muito, e eu aprendi muito nesse mundo de [private acts], esses fundos todos, eles as vezes querem uma marca forte. Marca forte. Só que a marca forte, vem com um business forte, não é só uma marca, tem uma vida por trás disso. E isso não foi respeitado. E essas pessoas entendem muito pouco de questão de cultura. E eu aprendi muito sobre cultura. Alia, todos esses movimentos, foram importantes na minha... desenvolver conhecimentos novos, que não foram desenvolvidos lá atrás. Mas, graças a Deus, deu tudo certo. São pessoas muito boas, não tem nenhum cara ruim, mas foram intenções, o cara compra, a empresa é dele, ele faz o que ele quer. Entendeu? Então, mas hoje ela está bem, tem educação executiva, HSM University, tem parceria com a Singularity University, que é um dos lagos que eu deixei. Tem o Rock Hill Academy, que é semana que vem. Fazem cursos, sabe? Eu até procuro não saber muito o que eles fazem, eu só estou assim agora, porque me convidaram para o aniversário de 35 anos da empresa, para falar, umas 3 semanas atrás. E aí eu vi o que que eles estavam fazendo. Porque eu realmente me desapeguei. Eu procuro nem saber. É que nem almoçar toda quinta-feira com a ex-mulher. Não dá certo. Ou com ex-marido, para as mulheres aí.

Luciano Pires: Você sai de lá com 57, 58 anos de idade.

José Salibi Neto: 58.

Luciano Pires: 58 anos de idade. E sai para enfrentar uma outra carreira, para fazer o que? Porque cara, você sai de lá, da HSM, com um... os americanos chamam de hand cap, ou nós chamamos, a gente trata ao contrário né? Você sai com um currículo cara, que tem dentro dele a sua competência técnica, mas, você tem um networking que é um negócio fabuloso cara.

José Salibi Neto: Sim.

Luciano Pires: Nem sei, deve ser maior do que o do João Doria o seu. Deve ter uma cadernetinha, que você abre aquilo lá, o telefone... você fala com o Biden se quiser, com duas ligações. Mas, você sai de lá cara, com um ativo na sua mão, que é esses contatos que você fez, você é um cara conhecido, todas a empresas grandes te conhecem, todo mundo sabia de você. Então, qualquer coisa que você resolvesse fazer lá, com 3 telefonemas você estava na frente de alguém que resolve. Como é que você trabalhou isso, "o que que eu vou fazer da minha vida agora?".

José Salibi Neto: Pois é, olha que foi uma coisa interessante. Eu olho para trás, e aprendo muito com o passado. Aprendi com o Peter [Drucker], fazia muitas perguntas, "Peter, como é que vai ser o futuro?". Tinha um relacionamento muito profundo durante 14 anos com ele. Ele me adotou praticamente, coisa que até hoje eu me pergunto o que que ele viu em mim. O que que um senhor de 81 anos, viu em um empresário brasileiro de 31. E essa amizade durou 14 anos, e foi até o fim, até o último dia da vida dele. E eu, quando eu estava terminando na HSM, tinha duas coisas. Eu estava muito cansado. 30 anos, ajudei a HSM a ter mais vida. Hoje ela é uma startup de 35 anos. Quem olha para a HSM fala, essa empresa está em cima da bola. Eu estou muito tranquilo, vejo as pessoas. Quando eu saí, eu falei cara, eles me convidaram para entrar no conselho, eu falei não, não quero ter nada. Se eu não começar uma vida nova, eu não vou ter uma vida. Mas, eu estava muito cansado. A ideia era tirar um sabático, né? Eu tinha que fazer 2 coisas. Fazer uma cirurgia de quadril, que foi uma das heranças do tênis, e tirar um sabático de 1 ano, viajar. Foram anos duros. E nessa cirurgia de quadril, o Sandro Magaldi, que trabalhou comigo na HSM durante 10 anos, estava na parte comercial também.

Luciano Pires: Já teve nessa cadeirinha.

José Salibi Neto: O Sandro é parceiro, é meu irmão. E a gente estava conversando sobre o que que teria acontecido com o mundo da gestão. A gente viu que aqueles pensadores, que aqueles professores, principalmente da academia, tinham perdido a relevância nesse mundo digital. Porque agora, sabe, o cara tem que ser um empreendedor digital, ou você não é nada, tem todas essas coisas. E a gente começou, o que que teria acontecido com o mundo da gestão. E como você mencionou, eu enxerguei a gestão durante 4 décadas. E a gente falou, vamos escrever um artigo sobre o que poderia ter acontecido, porque que a academia perdeu, porque que o MBA já não é tão importante, e vamos escrever um artigo sobre o que poderia ter acontecido. E eu comecei a escrever, estava no Maksoud, porque minha casa tem muitos andares, eu fiquei 2 meses no Maksoud. E ele, o Sandro era o braço dos dois, ele veio, a gente estruturou tudo, ele apareceu, eu olhei, Sandro, isso aqui dá um livro. Vamos embora, né, vamos escrever. E começou, isso virou Gestão da Manhã, talvez é o livro de gestão mais vendido da história da gestão do país de hard management, passando de 80 mil cópias vendidas, para um livro de gestão caro, isso é um número grande. E aí logo em seguida, começou essa nova fase. Ou seja, meu sabático foi para o saco, não tive sabático, porque a gente começou a perceber vária coisas dentro do mundo da gestão, que a gestão como nós conhecemos, precisava ser reinventada, né? Ela tinha parado no tempo. Ao mesmo tempo que nós tivemos esse mundo muito agitado, muito digital, de pouca profundidade por um lado, mas muito dinâmico por outro, a gestão parou. O pensamento, as escolas não conseguiram acompanhar toda essa transição. E perderam sua relevância. Tanto que há 1 mês atrás eu estava em Miami, tomando um café com Ram Charan, que é um dos grandes, junto com [Drucker e Porter], e ele foi lá com um cara que fez MBA junto com ele, que eles moraram juntos no mesmo quarto durante o MBA. E eu antes de começar a conversa, falei, vocês fariam MBA de novo hoje? Ele falou, de jeito nenhum 2 anos dentro de uma faculdade, cara, a gente perderia mil oportunidades. Eu iria para um silicon valley, para Israel. Então assim, a gente começou a desvendar. A gente estava trazendo uma maneira de pensar em gestão profunda, mas, mais alinhada com o mundo que nós vivemos. E aí foi Gestão da Manhã, O Novo Código da Cultura, Estratégia Adaptativa, Liderança Desruptiva, O que as escolas de negócios não ensinam.

Luciano Pires: Esse assunto é fascinante, eu vou fazer uma provocação com você aqui. Vou voltar para o seu tempo de HSM dos anos 90, e eu na autopeças dos anos 90. Então, se eu te jogar o nome de uma empresa, você vai me dar o nome de um cara. Se eu falar para você assim, Cofap, você vai falar Abraham Kasinski. Vou falar TAM, você vai falar Rolim. Se eu falar para você Votorantim, você vai falar Antônio Hermínio. Se eu falar Bradesco, você vai falar Brandão. E cara, nós vamos ficar horas aqui, eu falo um nome, e você me rebate. Se eu fizer isso hoje, você não consegue fazer mais.

José Salibi Neto: Você não sabe o nome dos caras.

Luciano Pires: Cara, então aquela liderança que impregnava a empresa como um todo, quer dizer, eu tinha alguém para olhar, eu tinha uma instancia em que o problema batia, o cara falava desculpa, é comigo agora. Faça assim, asado, e vamos embora. E vamos fazer acontecer. Isso foi, viraram conselhos, desapareceu, e hoje em dia se eu te der o nome da empresa, não tem mais, você não sabe mais quem é o cara, é o CEO que evidentemente ele não vai ter o skin on the game como esses caras tinham. A TAM, era sobrenome do Rolim, aquilo era o nome dele.

José Salibi Neto: Ficava esperando os clientes no avião. Botava o cara para tocar piano, botava tapete vermelho.

Luciano Pires: O Kasinski na Cofap, aquilo era a alma dele, ele estava enfiado lá. Hoje é o CEO que se alguém pagar bem, jogador de futebol, ele vai jogar em outro lugar. Isso me parece que meio que teve consequências graves aí. Independente das ferramentas de gestão terem melhorado, tudo mais, essa espécie de descompromisso, não é nem descompromisso, essa pulverização da responsabilidade, acabou trazendo consequências. E eu senti isso brutalmente. Eu faço palestras há 30 anos. Eu fiz mais de mil palestras pelo Brasil a fora aí. E uma coisa que eu notei claramente, a qualidade do contratador de palestras, caiu barbaramente. 8 anos atrás, se eu fosse chamado em uma palestra, eu ia sentar na frente do vice-presidente da empresa, do presidente da empresa. O cara ia sentar comigo, ia me contar uma história, dar um posicionamento estratégico, é isso que eu quero. Hoje, se bobear, eu converso com a assistente da supervisora de RH, que me coloca no mesmo nível de importância da coxinha. Se a coxinha vai estar quente ou não, é tão importante quanto o palestrante que vai estar no evento. E aí eu pergunto, o que que vocês querem? Eu quero motivar o povo. Faço um briefing sem pé nem cabeça, vendo a palestra que eu quiser para eles, qualquer uma que eu quiser eu vendo para os caras. E se perdeu. Isso aí está em todos os segmentos. Então, você vê os caras investindo milhões em treinamento, e o serviço prestado é uma merda. Você vê as empresas de tecnologia com discurso maravilhoso, e a tecnologia na hora de você usar, é uma porcaria, o atendimento é ruim. Nunca se falou, se escreveu, se fez tanto curso, se fez tanto dinheiro com os treinamentos em liderança, e nunca nós tivemos uma falta de liderança tão grande. Cara, que nó é esse? O que que aconteceu com o mundo?

José Salibi Neto: eu acho que nessa nova visão de liderança, que nós trazemos, ela fala um pouco disso. Aliás, fala bastante disso, porque que nem você estava falando, você lembrava o nome dos caras. Jack [Welts], [John Yant], CEOs. Hoje você não sabe mais quem é presidente. Eu não sei quem é presidente da IBM mundial hoje, antes eu sabia. Ginni Rometty. Aliás, talvez ela até continue. Mas, se você pegar os últimos 20 anos, nunca tantas empresas se perderam pelo caminho. O número de empresas que se perderam nesses últimos 20 anos, com a evolução da tecnologia, foi gigantesca. Kodak, Nokia, Blockbuster, Circuit City, Motorola, Xerox. Algumas estão vivas, mas perderam completamente a relevância. A [Sonic], que era empresa, perdeu a relevância. E muitas outras, mais de 250 empresas. Você pega (inaudível) [00:55:02.24]. Aqui no Brasil, Editora Abril que se perdeu um pouco também. Um pouco não, totalmente.

Luciano Pires: Se desmancha na frente da gente.

José Salibi Neto: Pois é. E a gente começou a ver o que que poderia ter acontecido, porque no fundo são só marcas, né? Quem está por trás das marcas são os líderes. Então, a gente começou a estudar o que que poderia ter acontecido. A gente viu que os líderes dessas empresas, eles eram bons líderes, eles tinham um histórico muito importante, de ser vencedor em várias empresas. E de repente eles se perderam. Então, eles eram bons líderes. Tinham todas aquelas qualidades de um líder. Saber motivar, saber inspirar. Pessoa certa no lugar certo. Comunicar. Mas, não souberam desenvolver outras habilidades, para vencer no mundo muito diferente do que eles viveram. Eles cresceram em um mundo muito diferente. Então, a gente aborda, a gente traz novas habilidades, novos skills, competências transformadoras que são necessárias hoje para você vencer nesse mundo. Então, talvez esse nosso livro inspire uma nova geração de líderes, que a gente aborda liderança de uma maneira diferente de tudo que já foi falado. Então, a gente leva liderança, chama desenhar a constelação da nova liderança, com líder conector no meio. Líder algoritmo, líder que constrói um ambiente de aprendizado, o líder colaborador, uma nova visão de liderança. Eu acho que na verdade, a liderança se perdeu muito. Por isso que você vê todas essas empresas, e cada empresa que se perde dessa, principalmente as que quebram, me dói o coração, porque são décadas de trabalho perdidos.

Luciano Pires: E a dor que é você trabalhar com uma empresa dessa, e ver o dinheiro saindo pelo bueiro. Dinheiro indo embora assim, que você fala, não é possível os caras fazerem uma coisa desa. E aí você vai conversar, e o sujeito é de uma arrogância, é um garoto de 30 anos de idade, que fala 16 idiomas, com diploma em 3, 4 lugares, e que cara, cadê o... Eu tive um médico que veio aqui, cadê o cheiro do hálito do paciente? Você cheirou a boca do cara para saber? Ou você está aqui de longe? Então, é uma coisa curiosa. E não é à toa que nós estamos vendo essas dificuldades que essas empresas estão passando, e trazendo de volta conceitos que são antigos com nome novo. Traz de volta, bota um nome novo, começa a vender livro, fazer dinheiro. Cara, que coisa maluca. Mas aí, na hora que você sai de lá, então você transforma em um... você está independente, você vira um palestrante, escritor, isso é seu negócio?

José Salibi Neto: Sim, totalmente.

Luciano Pires: Você não montou a Salibi Inc, com 36 funcionários?

José Salibi Neto: Não, quando eu saí da HSM, eu sabia que eu queria ficar pequeno, sozinho. A 60 anos, eu não queria ter mais preocupação de pagar 13o, plano de saúde, tudo aquelas coisas que eu passei a vida inteira. Que eu acho que é importante. Tanto que minha filha trabalha comigo, a Cristiana, e formou na Arizona State University, ela tem 25 anos, está no auge. Eu falo, não use seu pai como exemplo as vezes. Porque hoje, eu trabalho com as coisas que eu gosto. Não necessariamente menos, você deve estar trabalhando menos. Eu falei cara, estudar Peter [Drucker] até as 3 da manhã, é trabalhar menos ou mais?

Luciano Pires: eu me mato aqui 3 vezes mais do que eu me matava quando eu era alto executivo de uma puta indústria. Eu ganho menos dinheiro hoje do que eu ganhava lá, eu tenho muito mais preocupações do que eu tinha lá, porque eu toco meu negócio sozinho. Mas, eu não troco cara. E tem uma coisa importante que você falou aí. Passou uma barreira ali dos 50 anos de idade,60 anos de idade, suas prioridades mudam, né cara? Com 25, 30, eu quero estar no meio do jogo dando porrada, tomando porrada. Eu quero que você me bote um desafio, diz que eu não consigo que você vai ver. Com 30 anos, eu passo por cima e vou detonar. Com 60, eu vou olhar para aquilo e falar, o que? Vai doer meu joelho subir essa escada, eu não vou subir. Fico quietinho aqui na minha.

José Salibi Neto: Hoje eu subo a escada, mas, eu subo a escada que eu quero. Entendeu? Não a que me mandam. Essa é a diferença. Eu trabalho com o que eu gosto, com o que eu quero, com muita intensidade, muita profundidade, não fico... tiro férias como todo mundo tira. Mas, não tenho moleza. Ainda mais que a Cris começou a trabalhar comigo, não posso, tenho também um limite que eu posso dar de exemplo. Eu falei para ela, vai para a Amazon. Nossa boutique, nós fazemos vários cursos digitais, alguns cursos presenciais também. Eu e o Sandro, a gente tem um timing muito bacana entre a gente. Tem um nível de confiança.

Luciano Pires: O Sandro está igual você? Vocês estão a mesma coisa? Independente?

José Salibi Neto: Exatamente, ele estava no meu processo. O Sandro, ele trabalha um pouquinho com alguns projetos de consultoria, transformação cultural. Eu não. Eu decidi não ser, tanto que eu não aceito conselhos, eu não aceito mentoria.

Luciano Pires: Salibi, você fez igualzinho a mim. Você está querendo que eu entre no intestino da sua empresa? Eu não vou entrar cara, não quero. Vem fazer consultoria. Não, não.

José Salibi Neto: Eu acho importante a consultoria, e acho importante consultores. Mas, no meu caso, eu quero usar todo tempo possível para estudar. Porque o mundo hoje é tão dinâmico, tem tantas oportunidades para desenvolver novas teorias para ajudar as pessoas a navegarem, porque está todo mundo perdido. As pessoas estão perdidas completamente. Por isso, eles vão parar no hospital psiquiátrico. Minha esposa é psiquiatra, saúde mental é tópico número 1 no mundo. Então, a gente está tentando trazer uma filosofia de gestão para as pessoas se adaptarem. Então, eu uso meu tempo muito hoje, ao invés de usar meu tempo para dar consultoria, ou participar de uma reunião de conselho, que você tem que estudar um negócio de 400 páginas, eu uso meu tempo para estudar. Eu prefiro estudar 400 páginas de novos conteúdos. Então, isso está me trazendo, eu estou em um momento muito feliz. Acho que eu nunca tive tão feliz profissionalmente quanto eu estou hoje. E produzindo, porque eu acho que eu não posso parar de produzir. O dia que eu parar de produzir eu morro, literalmente.

Luciano Pires: Competitivo do jeito que é. Como é o nome do novo livro aí, que vocês acabaram de lançar?

José Salibi Neto: Liderança Desruptiva.

Luciano Pires: Qual é a pegada dele?

José Salibi Neto: Então, habilidades e competências transformadoras para liderar na gestão do amanhã. Lançado na semana passada, nós fomos no Cubo, apareceram 400 pessoas. Você acabou não podendo ir.

Luciano Pires: Você me convidou, eu falei vou, marquei para ir, não sabia que tinha que reservar. Quando eu fui reservar, ingressos esgotados. Falei caramba cara.

José Salibi Neto: Não tinha mais. Então, a pegada é trazer essa nova visão de liderança, trazer... nós identificamos alguns skills, que os líderes precisam desenvolver. Que não basta mais você fazer tudo bem. Você tem que ser um líder mais analítico, um líder mais voltado para algoritmos, um líder que constrói ambientes colaboradores e não ambientes que constroem um devorar o outro. Porque a coisa é muito rápida.

Luciano Pires: Você está focado em empresa grande? Ou qualquer tipo de empresa?

José Salibi Neto: Não, não. Tanto que a nossa imersão, nós temos uma imersão que dura 8 semanas, chama Gestão do Amanhã prática, toda digital, com exceção do último encontro que é presencial. E nós temos muitos empreendedores, muitos donos de negócios, de 50, 100, 200 pessoas. E também tem as empresas grandes. Hoje, na nossa imersão de manhã, estava lá o CDO da Renault, e estava um empreendedor lá de Sinop. Mas, donos do negócio. Então assim, varia muito. Eu acho que a minha jornada na HSM aprendeu a trazer a comunicação de gestão, para um público bastante abrangente. Porque não é à toa, você entra na HSM e vê aquele monte de gente. Então, eu tinha que comunicar desde o CEO até o analista, eles tinham que ver aquela coisa, e entender do jeito deles. Então, eu tive essa habilidade. E estou trazendo agora para os nossos livros. Então, está bem legal.

Luciano Pires: O que que vem pela frente aí? O que que você está...?

José Salibi Neto: Olha, estava até conversando com o Sandro sobre isso. Nós temos, quando começou a inflação, começou a guerra da Rússia com a Ucrânia, agora os Russos, aperta o botão. Eu quero ver inverno agora, o que os russos vão fazer com energia na Europa. Hoje, eu fiquei sabendo que o Euro, pela primeira vez, baixou do valor do dólar. Então, a gente está vendo uma inflação vindo de novo, por questões dos commodities. Acho que ninguém sabia o quanto que a gente era dependente da Rússia, né? Que coisa. Aliás, o mundo inteiro está independente.

Luciano Pires: Estava comentando ontem, explode um porto em Trípoli, que você nem sabia que tinha porto, e sobe o preço do pãozinho aqui na esquina. Isso é um nível de fragilidade, que a gente nunca teve na história. Sai do ar o WhatsApp por 4 horas, pânico. Outro dia caiu o Google, o Google ficou fora do ar algumas horas, acabou o mundo cara.

José Salibi Neto: O mundo está totalmente interdependente, interligado. E o que acontece, inflação. A inflação aí, a Europa acho que nunca viu inflação, desde a segunda guerra mundial. Os Estados Unidos também, uma inflação horrorosa. Acho que a nossa inflação é um pouco menor que a dos outros, mas, ela existe, e ela vem para ficar. E o Ram Charan que está com 84 anos, mas o cara tem um nível de produtividade que é um negócio absurdo. A vida dele é dedicada a gestão, escrever livros, dar palestras, fazer consultoria. Ele acompanhando essa nova trajetória, ele falou, que tal a gente escrever um artigo sobre liderando em épocas de inflação? E a gente começou, conversa aqui, conversa vai, esse artigo virou 40 páginas, e já está na Editora Gente, que vai virar um livro pequeno, menor. Mas, a gente escreveu o suficiente para as pessoas entenderem como é que é liderar em épocas de inflação. Então, tem esse projeto novo, que está lá. A gente acabou o livro agora. Mas, depois disso, a gente vai dar um tempinho, porque acho que muito dos nossos conteúdos, livros que a gente desenvolveu, a gente foi em uma produção tão insana, que não deu tempo...

Luciano Pires: Não deu tempo de o pessoal absorver.

José Salibi Neto: O livro Estratégia Adaptativa, é uma joia, sabe? Ele basicamente pega aquela teoria desenvolvida de competitividade, e coloca em outro nível. Só que a gente não teve tempo. Que a gente aparece com outro livro. Então, a gente vai dar um tempinho, para desenvolver mais os conteúdos desses outros livros.

Luciano Pires: Sab que isso é uma discussão interessante que está rolando agora. Eu montei uma... a gente conversou aqui antes de começar, eu brinquei com você que eu sou o meusucesso.com nano. E é verdade, é isso mesmo. Eu tenho um sistema de assinatura recorrente e tudo mais, que funciona aqui. E quando eu fui começar esse projeto, eu comecei e falei, cara, eu estou com medo de começar, porque eu não sei se eu conseguirei produzir conteúdo suficiente para justificar o pessoal a assinar. E hoje eu produzo mais conteúdo, do que eles conseguem. Então, os caras me pedem, pelo amor de Deus cara. Eu estou botando 6 episódios de PodCast enormes por semana, isso é uma loucura. Isso é completamente louco. E os caras me chamaram, bicho, dá um tempo aí, por favor. Que tem um conceito que eu estou discutindo muito com os caras o seguinte. Antigamente, eu ia brigar pelo Share of Wallet, né? Você tem a tua carteira, você tem R$ 100,00 reais nela, um pedacinho vai para pagar Netflix, um pedacinho assinatura da revista tal. E eu quero um pedaço disso, share of wallet, um pedaço dos R$ 100,00 reais. E hoje, share of time. Teu problema comigo não é mais o preço que eu cobro. Agora é o seguinte, tempo, eu não tenho mais tempo de consumir seu livro Salibi. Logo, eu não vou compra-lo. Não tenho tempo de fazer o seu... eu quero fazer eu curso, mas, não tenho tempo para alocar para ele, portanto eu não vou compra-lo. E essa discussão do share of time, traz uma perspectiva fabulosa para a gente que é o seguinte, esse ativo tempo nunca foi tão valioso como ele é hoje em dia. E eu estou vendo ele ser jogado fora, na mão de picareta, na mão de cara que promete para você 10 lições para você ficar rico amanhã. Fique aqui durante 6 horas ouvindo meu... cara...

José Salibi Neto: A internet, ela deixou as pessoas muito vulneráveis. E tem pessoas que tem um poder de comunicação muito forte, e os caras acreditam. Eu vejo gente vendendo carro para participar de um curso.

Luciano Pires: Isso não é igual aquele cara que no velho oeste ia com a carrocinha vendendo um elixir para curar tudo? É a mesma coisa. Isso historicamente é assim. Você conhece a formula de lançamento. Quando você olha aquilo, aquilo é... como que era o nome daquelas empresas dos anos 70, que eu fui na reunião dos caras lá, que começava com aquele sistema de venda que o cara parava um BMW na porta, chegava lá, eu era um fodido que nem você. Hoje eu ando de BMW. Eu vi isso cara, no final dos anos 70. Eu vi isso pessoalmente, e cara, é o mesmo modelo que está sendo mais oferecido, porque está muito mais fácil o acesso. Com internet, você tem acesso a tudo que você quiser no mundo. Só falta um filtro, esse é o problema, um filtro.

José Salibi Neto: a gente tem procurado trazer. O Sandro e eu, temos focado bem na gestão, trazendo uma nova visão da cultura, trazendo nova visão de estratégia, trazendo nova visão de liderança, trazendo nova visão de ler o ambiente, porque a gente sente que realmente as pessoas estão perdidas. A velocidade da tecnologia fez a gente correr deste jeito. Então as facilidades, as pessoas operam na velocidade da luz. Só que tem que ter uma estrutura que te ajude a fazer isso, senão você vai literalmente enlouquecer.

Luciano Pires: Vamos partir para o final aqui. O que que você recomenda hoje cara? 63 anos de idade, tendo conversado e interagido pessoalmente com esses baitas desses gurus todos. Se você tivesse começado seu negócio hoje, você é um garoto de 25 anos de idade hoje aí, vai investir tempo e dinheiro em algo. O que que é esse algo que você vai desenvolver? O que que você faria hoje?

José Salibi Neto: Educação digital. Eu faria uma empresa para treinar as pessoas a programarem, inteligência artificial, nanotecnologia, robótica. Cara, porque o mundo cada vez mais vai precisar, porque a tecnologia se constrói em cima dela. Não tem escola suficiente. Se você perguntar para as empresas qual o gargalo principal que elas estão tendo, são profissionais de tecnologia. Qualquer lugar no mundo. Eu tenho um colega aqui, que tem uma empresa de dados, gestão de dados, e ele está perdendo colaboradores para empresas indianas que pagam o cara em dólar, e o cara não precisa nem falar inglês. Antes, era fala inglês. O cara ganha R$ 10 mil reais na empresa dele, o cara oferece U$ 10 mil dólares, para ele trabalhar em português. Então assim, cara, educação digital, se eu fosse jovem hoje, não tenho a menor dúvida, estaria ensinando, porque nós não temos. É gozado, eu tive com a sobrinha da minha esposa esse final de semana, veio com o namorado, tem os dois 17 anos, fazendo, se preparando para o vestibular. Cara, como nossas escolas estão atrasadas, como estão atrasadas. Cara, as possibilidades que estão lá, ou eles te empurram para ser advogado, ou para ser médico, ou para ser odonto, que é uma minoria.

Luciano Pires: que nós dois ouvimos quando éramos moleques.

José Salibi Neto: Ou para ser administrador. Você tem que escolher uma dessas. Cara, o que nós temos de profissão em tecnologia, a hora que eu falei para o garoto as possibilidades, ele ia fazer odonto, desistiu, vai para a tecnologia. Então hoje, as oportunidades estão nesse mundo de educação em tecnologia, sabe. Pincipalmente, tem dois mercados, um da formação, e outro de pessoas de mais idade, que não tiveram essa preparação.

Luciano Pires: Isso que eu ia te perguntar aqui. Nesse evento que eu fui dos palestrantes lá em 2018, um dos caras subiu lá para falar sobre o que era futuro, como é que ia ser o futuro do mundo da palestra, tudo, e um deles entrou lá com uma proposta que ele chamava do silver hair. O povo que tem o cabelo prateado. Cara, tem um mercado, evidentemente ele estava falando dos Estados Unidos, onde o sujeito se aposenta, e tem uma certa estabilidade. Aqui, se bobear, você se aposenta, e morre de fome. Mas ele falou, cara, tem uma classe que está esquecida de silver hair, para quem nós podemos vender viagens, seminários, que ninguém está cuidando desses caras. Tem um mercado gigantesco de gente de idade, que não vai ter a pegada dessa molecada para aprender do zero, mas está aí.

José Salibi Neto: Eu digo que a molecada tem um monte de ideia, só que quem tem a grana é o pessoal mais velho, é o silver hair, white hair, ou no hair. Então cuidem, não abandonem os velhinhos, porque os velhinhos estão com a grana. E tem muito dinheiro para gastar, e guess what? O cara que ia viver até 70 anos, vai viver até 90, 100 anos. E tudo que o Peter [Drucker] previu, está acontecendo. Inclusive, ele já falava do life on learning nos anos 50, e nós estamos falando agora, porque você hoje tem que ter vária carreiras, uma carreira não basta mais. Você é um engenheiro, você chega naquele ponto, de repente você tem que fazer uma outra faculdade. Eu acho que tem o mundo de educação gigantesca, para o pós, porque as pessoas estão precisando se reeducar hoje. Então, tem possibilidades de educação maravilhosas. Se eu fosse jovem hoje, cara, as oportunidades são muito maiores do que eu tinha. Já começando com uma inflação horrorosa, ambiente fechado, reserva de mercado, você é obrigado a ter aqueles calhambeques.

Luciano Pires: Você queria um livro importado, e para conseguir o livro? Eu tinha um cara que ia vender para mim, ia na empresa com uma mala de livro importado, caríssimo, que você achava um pandemônio. Mas, eu uso o negócio das palestras que eu gosto muito, eu chego no final da palestra, perguntas e respostas, tudo, o que que você recomenda? É o seguinte, quando alguém perguntar para você o que que você faz, a primeira reposta tem que ser o estudo. Eu sou estudante. Você está com 90 anos. Sim senhor, eu sou estudante. E depois você fala, como é que se aplica isso. Porque não dá mais para parar, você não pode parar, tem que estudar. Vai usar seu celular par isso cara, o que que eu estou fazendo? Estou aqui na fila do banco ouvindo PodCast, estou estudando.

José Salibi Neto: Pois é, eu fico um pouco triste com... os meus médicos são todos da velha guarda. Eu gosto dos meus médicos. Alguns estão um pouco na velha guarda demais, mas, são todos catedráticos. Cara, os caras têm um medo da tecnologia, que é um negócio assustador. Então, só que sabe, eles ficam até com vergonha de... então, tem uma escola lá para essa turma, venha para cá sem medo. Que esse cara tem muito dinheiro.

Luciano Pires: Sabe uma coisa legal que eu usava nos anos 90?

José Salibi Neto: Eu cheguei outro dia para um médico meu, não vou falar a especialidade que ele vai saber quem é. Eu falei, porra, você é um tik toker agora? Ele falou, o que é isso? Não, eu vi uma entrevista sua no Tik Tok. Mas, o que que é isso?

Luciano Pires: Nem sei como foi parar lá.

José Salibi Neto: Não sei, me filmaram. Devem ter me filmado alguma hora, e botaram o cara no Tik Tok. O cara não sabe nem o que é. O cara é professor da USP. Escreveu 15 livros da especialidade dele.

Luciano Pires: nos anos 90, eu brincava, você quer saber se tem adolescente ou não na casa da pessoa? Olha o relógio do vídeo cassete. Se tiver piscando, não tem adolescente. Entendeu? Se ele tiver com a hora certa, tem adolescente, porque a gente não conseguia. Cara, esse nó da tecnologia é complicado. Mas, vamos lá, tem um caminho grande para usar habilidade, gente fazendo acontecer. Meu caro, fascinante a história. Quem quiser conhecer então o trabalho de vocês, tem um site, tem um lugar? Para onde a pessoa vai?

José Salibi Neto: Bom, geralmente tem o meu site, jsalibi.com.br. Tem toda a minha trajetória, tem uma sessão de galeria com fotos, você vai ver foto minha com Bill Clinton, com [Jack Walt], com Peter Drucker, com coisas maravilhosas. Tem os meus PodCasts. Aliás, quando ficar pronto, eu quero colocar lá também. Minhas palestras, meus conteúdos todos que eu desenvolvo. E depois tem o nosso, que é gestaodamanha.com.br, que é nosso portal de conteúdo, que a gente procura abastecer, para aumentar engajamento, como você faz. Então, a gente procura, nosso engajamento está cada vez maior, nós começamos literalmente há pouco tempo atrás, essa nova carreira.

Luciano Pires: Vocês estão com PodCast nos agregadores aí?

José Salibi Neto: PodCast nosso não, mas, nó somo convidados para tantos PodCasts, que a gente não precisa ter o nosso, né? Então, já estou no dos outros. Não tem que ter estrutura. Mas, é um prazer participar, obrigado pelo convite. E continue sempre. Aqui, os nossos ouvintes, fiquem à vontade para entrar comigo, entrar em contato. Eu também tive que fazer uma transformação digital forte em mim. Aí que entra minha filha, quando ela começou a trabalhar comigo há 2 anos atrás, eu tinha 5 mil seguidores no Instagram. Tenho 43 mil, graças a ela. E eu interajo com todo mundo. E as vezes minha filha vem, "pai, temos que fazer pergunte qualquer coisa ao Salibão", ou "transforme seu negócio em 15 segundos". Cara, eu boto lá, aparece 30, 40 perguntas. Eu respondo todas. Qualquer pessoa que manda mensagem para mim, tem uma resposta, porque eu acho que é o mínimo que eu posso retribuir, por essa pessoa estar me dando o tempo de me acompanhar. Então, sou muito ativo, e tem sido uma jornada muito agradável. Às vezes um pouco demais, mas a gente dá um jeito.

Luciano Pires: O dia que diminuir, não é mais competição, não tem mais graça. Grande Salibi, obrigado, grande abraço para você. Prazer ter você aqui, vamos nos cruzar pelos lançamentos de livros da vida aí, e tudo mai.

José Salibi Neto: Então, se quiser me convidar de novo, tem tanta história para contar, você não tem ideia cara. Nossa senhora.

Luciano Pires: Vou pegar um fio, e a gente vai falar em cima desse fio aí. Grande abraço, obrigado.

José Salibi Neto: Abraço, tchau pessoal.

 

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