LíderCast 262 - Celso Grecco

Data de publicação: 22/02/2023, 15:38

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o podcast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. No episódio de hoje temos Celso Grecco, um velho conhecido que do mundo da propaganda e da promoção parte para trabalhar com temas como desenvolvimento social e propósito, já tendo ajudado centenas de organizações sociais e empresas a desenvolverem programas e projetos que transformaram vidas. Celso atuou em países como Inglaterra, Portugal, África do Sul, Estados Unidos e Jamaica, em 2008 recebeu o prêmio Vision Awards, em Berlim, entregue pelo ganhador do prêmio Nobel da Paz, o professor Mohamed Yunus, e em dezembro do mesmo ano foi homenageado na sede da ONU, em Nova York. Uma conversa leve sobre convicção, conveniência e constrangimento, ouça que você entenderá.

Muito bem, mais um LíderCast, este aqui, cara, tem uma história antiga, 30 anos já, cara?

Celso Grecco: Ah tem, tem, tem 30 anos.

Luciano Pires: Deve ser por aí, 30 anos. Eu sempre começo mostrando como é que a pessoa chegou aqui, nosso caso é antigo, a gente trabalhou junto, vocês vão entender aqui no correr da conversa, mas eu estava aqui essa semana perscrutando o meu caderninho de endereço, falei, está na hora de trazer a figura aqui, então eu começo sempre com três perguntas que são as fundamentais, essas você não pode errar, o resto você chuta à vontade, o seu nome, a sua idade e o que que você faz.

Celso Grecco: Eu sou Celso Grecco, eu tenho 60 anos, e hoje tecnicamente eu sou um consultor em responsabilidade social, também escritor, porque escrevi um livro, aí você ganha esse reconhecimento, mas eu acho que o que eu faço é tentar transformar pessoas, essa é uma trajetória que eu tenho, porque eu sempre trabalhei para dar um sentido e um propósito para empresas e para marcas, só que se empresas são feitas por pessoas, somente pessoas melhores vão fazer empresas melhores, então é o que eu faço. Mas para poder explicar de um jeito melhor para um cliente, ou para quem me pergunta assim de repente, eu digo, eu sou consultor em responsabilidade social e também um pedaço do desenvolvimento humano.

Luciano Pires: Ficou rico com ESG.

Celso Grecco: Não, não.

Luciano Pires: Nós vamos falar disso aqui. Nasceu aonde, Celso?

Celso Grecco: Eu nasci em São Paulo, nasci na Vila Maria, em 62.

Luciano Pires: Paulistano da gema aí, cara. Tem irmãos?

Celso Grecco: Eu tenho dois irmãos mais novos do que eu, um hoje mora na Itália, minha irmã mora ali em Taubaté, e nasci filho do seu Amadeu, que você conheceu, que faz parte dessa história, temos história.

Luciano Pires: Está vivo?

Celso Grecco: Não está mais.

Luciano Pires: Seu Amadeu.

Celso Grecco: Mas meu pai tinha duas paixões exatamente nessa ordem, a Kombi e minha mãe com quem ele ficou casado, mas ele emprestava a minha mãe para fazer faxina, mas não emprestava a Kombi, entendeu? Então, a paixão primeira era a Kombi. A gente teve uma história muito legal naquela época.

Luciano Pires: Eu não me lembro mais como é que a gente se conheceu, cara, como é que foi, você lembra como é que foi, como é que foi o primeiro contato?

Celso Grecco: Eu lembro, eu tinha uma agência de produções, eu tinha aberto em 89 a minha agência de promoções.

Luciano Pires: Chamava-se?

Celso Grecco: Casa de Marketing, e aí veio um dia uma menina trabalhar comigo, que era a Carla, que se tornou mulher do Marcinho diretor de arte, a Carla era atendimento, e aí a Carla tinha feito um atendimento a você em algum freelancer, em alguma coisa, ela e Marcinho, e você estava atrás de alguma agência, de alguém que pudesse fazer comunicação dirigida lá na época para a Albarus, que depois virou Dana, e a Carla fez essa ponte e eu fui lá te conhecer, aquilo acho que era, cara, 91 no máximo, 92 no máximo, foi por ali.

Luciano Pires: Deve ter sido 91, porque eu me lembro que quando eu fiz o esquema todo do lançamento dos anéis de pistão, tudo que foi em 90 para 91, você estava...

Celso Grecco: Fiz, foi o calendário.

Luciano Pires: Então, foi 90, 91.

Celso Grecco: Então, são 33 anos.

Luciano Pires: É, cara, 90, 91. E aí a gente acabou se acertando lá e até tem uma conversa interessante aqui, porque cara, minha época lá como gerente, depois de diretor de marketing da empresa, eu era o terror dos fornecedores, porque eu nunca me conformei com o sistema de atuação das então agências, que a agência vinha, ela sabia de tudo, cara, eu era do ramo, eu vinha do marketing, eu era de criação, quando eu cheguei e sentei naquele lugar, eu acabei me tornando o terror dos caras, porque o cara sentava na minha frente achando que estava falando com engenheiro e soltava lá 30% de benday, eu já dava de volta lá o benday na cabeça dele, quem está ouvindo a gente aí, por favor, depois vai no Google lá e descobre o que é benday.

Celso Grecco: Mais tarde o tio explica.

Luciano Pires: Eu pegava o conta fios e ia olhar a impressão, e os nego, meu, entrava o cara com a proposta de arte lá, eu já destruía o cara, porque, cara, eu tinha... não que eu fosse o melhor do pedaço, mas eu sabia do que eu estava falando, e quebrei pau com um puta monte de fornecedores, mas alguns a gente acabou acertando, eu consegui com o tempo desenvolver um hall de fornecedores muito legais, o Elder na casa de vídeo, muito legal, você, Manoel Echique produzindo material de conteúdo para nós. Então, teve vários momentos que foram legais e com você a gente acabou se acertando porque teve lá uma... teve uma conexão ali, tua agência não era uma caixa preta, a gente pôde entrar, pôde fazer ela se moldar ao que a gente queria e não tinha aquela história de pressão porque tem que ser assim, porque eu sei como é que é, vocês têm que engolir e pagar a conta, e isso baixou muito estresse, a gente acabou desenvolvimento um negócio legal.

Celso Grecco: Eu acho que você... quando você escolheu chamar isso aqui de LíderCast, eu acho que tem muito mais a ver com você, do que com quem vem aqui, por que que eu digo isso? Porque você sempre foi um cara de liderar e não se chefiar, eu lembro do quanto você dava autonomia e cobrava resultado, mas nunca ninguém se sentiu cobrado injustamente, porque você dava todo o espaço e toda a autonomia, e uma coisa muito legal que você fazia era articular, aquele ditado, o mestre só aparece quando o discípulo está pronto. Então, você foi identificando, eu vou chamar aqui de discípulos, quando você falou do Elder, do Echique, porque nós passamos a trabalhar juntos, e não tinha disputa por verba, porque eu vou sentar com o Luciano e dizer que eu estou com menos, ou com mais, e o mesmo eu vi na equipe que você construiu naquela época, as pessoas tinham realmente em você um líder, um cara que sabia identificar talentos e compor equipes, seja de fornecedores, seja de pessoas.

Luciano Pires: É, foi um tempo legal, cara, e a gente conseguiu fazer coisas do arco da velha, quando eu olho... quando eu me mudei para cá, para essa casinha aqui, eu trouxe uma caixa, duas ou três caixonas fechadas, e um dia alguém me avisou lá na própria Dana que tinha uma caixa em algum canto lá qualquer, os caras iam jogar fora, eu falei, manda para mim, mandaram a caixa, eu abri a caixa para ver o que tinha, para separar o que era legal e jogar fora o que não era, e eu não tinha ideia da dimensão do que nós tínhamos feito, a hora que eu comecei a tirar de dentro as coisas, eu não posso acreditar que em 1994, 95 a gente começou a fazer e desenvolveu projetos que hoje em dia são tratados como, cara, olha, vamos fazer uma coisa inovadora, a gente já tinha feito lá atrás, manual de logotipia, cara, tinha de tudo, tinha de tudo. E quando eu penso naquilo e penso hoje em dia, hoje em dia eu não teria um décimo da autonomia... eu hoje, instalado na mesma empresa, não teria um décimo da autonomia que eu tinha naquela época, me parece que essa é uma mudança que aconteceu no mercado como um todo, não é o Luciano, qualquer cara na posição que eu tinha naquela época, hoje é um merda, cara, hoje não tem autonomia, eu tenho contato com os caras de marketing, mando o projeto para o cara, vamos fazer, não, agora eu vou levar para a diretoria. Como, cara? Você é o diretor? Não, não, não, mas todo mundo tem que ver. Não tem mais essa de bancar, vamos fazer, acabou.

Celso Grecco: Não, não tem, não tem, e eu vejo a mesma coisa, eu não sei se isso tem a ver com uma... o rótulo fácil é dizer isso é uma juniorização que está acontecendo, gente que não tem experiência, gente jovem, mas seria uma injustiça dizer é isso, porque é a roda da vida girando, é natural que as pessoas estejam adentrando o mercado de trabalho e crescendo nas empresas, de supervisor virando gerente, de gerente diretor, ou seja o que for. Mas eu acho que as empresas também, elas impedem... é maluco falar isso, mas elas impedem que a pessoa tenha liberdade para errar. Eu lembro de um projeto que eu li do Google, não sei que fim levou, mas foi um pouquinho antes da pandemia, que o Google estava estimulando que a diretoria sentasse para falar quais foram as cagadas, quais foram os erros, e eles chamavam isso de criar um ambiente de segurança psicológica, porque você não pode errar nas empresas. Então, existe uma coisa do discurso de que aqui nós prezamos etc, mas cara, no segundo erro você está na marca do pênalti, e no terceiro você é chutado, não tem jeito.

Luciano Pires: Ninguém arrisca mais.

Celso Grecco: Ninguém arrisca mais, parece uma coisa que eu falava para os meus filhos quando eles eram novos, e a frase não é original, mas ela é muito verdadeira, de dizer assim, não deixa a escola atrapalhar seus estudos, hoje é dizer assim, não deixa a empresa atrapalhar seu desenvolvimento, seu talento, mas as empresas atrapalham sim.

Luciano Pires: E tem um pessoal... tem muito cagão nas empresas, outro dia eu mandei um texto aqui, eu falei, cara, você bota um projeto qualquer no ar, recebe quatro mil e-mails, comentários dizendo que lindo, que lindo, que lindo, se entrarem quatro falando mal, esses quatro são suficientes para derrubar o projeto e botar na rua o diretor de marketing da empresa. Mas não tem coerência, não existe mais senso de proporção, tem um medo gigantesco de que vão falar de mim, então eu acho que tudo isso tem a ver com falta de autonomia, cara, sabe, a liderança que tem hoje em dia não tem a casca grossa, sabe, e a capacidade de assumir risco como tinha lá atrás.

Celso Grecco: Não, não tem, não tem.

Luciano Pires: Mas me conta um pouco da tua história aí, a gente vai divagar bastante aqui. Você...teu apelido quando criança, como que era? Celsinho?

Celso Grecco: Me chamavam de Alemão quando eu era criança por causa do meu pai, que era... meu pai nada de Alemão, meu pai nasceu em Penápolis, meu pai tinha olho azul e era loiro, então ele era chamado de Alemão e aí eu era o Alemãozinho, mas por causa disso.

Luciano Pires: O que que o Alemãozinho queria ser quando crescesse?

Celso Grecco: Médico, cara, a vida inteira eu dizia eu quero ser médico pediatra, porque eu nasci em São Paulo, meu pai era motorista de táxi, nasci em 62, em 67, quando eu tinha cinco anos, meu irmão já tinha dois, ele é três anos mais novo, tudo bem, meu tinha uma vida difícil com o táxi, não era fácil, mas ele também achava que não tinha qualidade de vida, que o trânsito em São Paulo era uma loucura, e coisas do gênero. Cara, se em 67 meu pai achava isso ou ele era um visionário ou ele arrumou... e tinha o meu tio, morava... irmão dele, morava em Campos do Jordão, era gerente do Banco da Lavoura, uma coisa assim, que depois virou Real, um dia, e meu tio falou assim, cara, Amadeu, vem para cá, traz a família, aqui você vai ter uma outra qualidade de vida, vai ser melhor, tudo aqui é mais simples. Então, com cinco anos de idade, meu pai vendeu o táxi, nós nos mudamos para Campos, e aí eu cresci em Campos do Jordão, e aí Campos do Jordão, uma cidade pequena, na época muito pequena, tinha um médico lá, um pediatra que nos atendia, porque era criança, tinha meu irmão, logo nasceria a minha irmã, e ele era o meu ídolo, então eu dizia, eu vou ser médico pediatra, mas desde pequeno eu falava isso. Aí quando chega os 17, eu falo, Celso, cai na real, porque como é que eu vou fazer medicina, meus pais sem condições de me sustentar por sete, oito, nove anos, aí eu falei não, aí eu fiz uma coisa que eu acho que já nem existe mais, um teste vocacional, e aí no teste vocacional disse que eu tinha jeito para escrever, eu gostava das artes, eu falei, então tá bom, então eu vou fazer comunicação. E aí eu entrei em uma faculdade de comunicação.

Luciano Pires: Lá... tinha lá?

Celso Grecco: Tem um pedaço dessa história que é assim, eu cresci em Campos do Jordão, e quando eu estava terminando o que era a oitava série, sétima para oitava, eu tenho um outro tio, irmão da minha mãe, trabalhava na Souza Cruz e eram aqueles tios próximos, os primos todo mundo crescendo junto e meus tios falaram, olha, se quiser mandar o Celsinho aqui para São Paulo, deixa ele vir fazer o colegial aqui com a gente, mora conosco, vai se sentir em casa, mas ele faz um colegial bom para poder entrar  em uma faculdade boa, porque em Campos o ensino era muito fraco. E aí eu me mudei para entrar no primeiro colegial, quando eu chego em São Paulo, meu tio é transferido pela Souza Cruz para Recife, e ele falou, olha, tem duas opções, a gente tentar achar um lugar para você ficar aqui em São Paulo, mas se você quiser ir conosco, vamos embora, é na mesma. Eu falei, vamos, tinha ali 15 para 16, e aí fui morar em Recife, e aí lá eu terminei o colegial, entrei na faculdade, aí meu tio é transferido para o Rio, eu vim com ele para o Rio, e foi no Rio que eu me desgarrei e já estava trabalhando em agência, começando a carreira em assessoria de imprensa.

Luciano Pires: Então, você se formou em?

Celso Grecco: Eu não me formei.

Luciano Pires: Ah, você não chegou a formar?

Celso Grecco: Não me formei porque quando eu estava na faculdade fazendo comunicação jornalismo na época, que você optava, eu comecei a trabalhar com assessoria de imprensa no Rio de Janeiro, e aí a prática era muito melhor que a teoria.

Luciano Pires: Como sempre.

Celso Grecco: E aí eu falei, ah cara, eu não vou ficar... e aí comecei a engatar, aí vim para São Paulo, até cheguei a transferir da Católica do Rio para a Católica de São Paulo, eu falei, não, não vou fazer, não, aí já estava trabalhando, já estava na outra agência e aí a carreira seguiu.

Luciano Pires: Você entrou na agência de publicidade, é isso?

Celso Grecco: Eu entrei... em Recife eu cheguei a fazer um estágio quando eu entrei na faculdade, no primeiro ano, eu fiz um estágio de jornalismo, então eu trabalhava em uma página policial, tinha um jornal lá, Diário da Noite, página de polícia, eu estava nessa editoria. O que foi ótimo, porque me deu uma habilidade de olhar contextos e de escrever com velocidade, rápido, porque você chegava 6, 7 da noite, você tinha um tempo ali para entregar a matéria, e poder de síntese talvez para escrever. Aí isso foi lá, quando meu tio é transferido para o Rio de Janeiro, eu consegui entrar em uma agência, Norton Publicidade na época, de assessoria de imprensa, era o departamento que podia, porque não tinha diploma, jornalismo não poderia fazer outra coisa, e aí na assessoria de imprensa, na Norton Rio, eu consegui uma vaga na Norton São Paulo, aí eu comecei a morar sozinho, em 84 eu estava já ganhando meu salário, morando em um apartamento ali no Butantã, sozinho já.

Luciano Pires: Quando que você começou a enxergar o modelo de agência que era a Casa de Marketing, que era um modelo diferente, não era uma agência de publicidade, era uma agência de promoção, ela envolvia coisas que não era... como é que é? Ganhar dinheiro publicando anúncio, ganhar dinheiro com comissão de publicação de anúncio, era uma outra pegada, o que que foi que abriu o teu olho no meio do caminho.

Celso Grecco: Olha, eu diria que foi ter morado dois anos na Inglaterra, porque em um determinado momento, eu estava transferido pela Norton Rio para a Norton São Paulo, mal eu cheguei, um dia eu estou lá, eu era do departamento do atendimento na conta da Nestlé, e aí um dia um amigo que era aquele colega, tinha uma equipe Nestlé na Norton, ele saiu na hora do almoço, voltou 3 horas da tarde e falou assim, Celso, fui fazer uma entrevista de um emprego aí, e aí nessa entrevista, eu achei que não era para mim não, mas eu indiquei o teu nome, e aí os caras me chamaram, era De Simone Associados, a De Simone me chamou, aí eu fui lá, era para ganhar o dobro do que eu ganhava na Norton, aí eu falei, ah eu vou pelo salário, eu nem sei o que que é direito isso, mas a De Simone na época foi uma das pioneiras na comunicação dirigida, que não era propaganda.

Luciano Pires: Sim, ela teve... eu me lembro dela, ela tinha essa pegada de... era uma agência de promoção, de ponto de venda, de uma pancada de ações que eram além da propaganda.

Celso Grecco: E de convenções e marketing direto, tudo que não era propaganda. Então, foi lá que eu falei, cara, isso aqui eu gosto disso, gosto porque você faz e faz ao vivo, não tem essa coisa de fazer hoje para daqui há duas semanas pós-produção, vai para o ar, era tudo ali ao vivo, então tinha uma adrenalina que eu gostava muito, especialmente a adrenalina do fazer e de olhar o resultado, então quando você conseguia fazer o show acontecer, a convenção, emocionar, você olhava ali, você vivia aquilo, acho que é parecido com artista que grava um vídeo clipe e depois vai para o ar ou o artista que faz um show no palco, então eu me sentia nesse papel do palco.

Luciano Pires: Tem um documentário que eu vi ontem à noite, assisti ontem à noite, chama-se If This Walls Could Sing, em português está traduzido errado, está traduzido se essas paredes cantassem, é se essas paredes pudessem cantar, a filha do Paul McCartney fez um documentário sobre o Abbey Road Studios lá, e ela conta durante uma hora e meia vários estágios do Abbey Road e o que aconteceu lá dentro, ela estava lá, ela viveu e traz para conversar, então aparece lá Elton John, aparece os Beatles, Paul McCartney, todo mundo lá, e tem uma hora que tem o Pink Floyd, está lá o Pink Floyd, os caras contando que eles estavam lá fazendo o disco deles, os Beatles fazendo o Sgt Peppers em um estúdio, eles fazendo Dark Side Of The Moon em outro estúdio, e aí um deles está dando uma entrevista lá, ele fala o seguinte, cara, a gente... não acontecia tudo junto, era tudo fragmentado, então gravava-se a guitarra aqui, gravava-se... e havia um momento qualquer em que a gente sentava para ouvir pela primeira vez o disco pronto, e ele falou, a hora que eu sentei no estúdio e escutei pela primeira vez o vídeo, talvez tenha sido a maior experiência da minha vida, o vídeo não, o disco, que eu ouvi pela primeira vez. Então, a gente, é mais ou menos isso que você falou, quer dizer, eu tenho uma folha de papel em branco, a gente vai compondo coisas aqui, vai entrar aqui, vai ter a recepcionista é assim, o cara da apresentação é assim, a decoração é assado, isso e aquilo, vai ter um impresso assim, a comida vai ser assim e vamos trazer as pessoas, quando chega na hora e acontece aquilo tudo que estava no papel, cara, isso é uma cachaça, pega a gente e eu me lembrei disso, porque ele me falou isso ontem, me marcou muito, a hora que a gente sentou e ouviu nós todos pela primeira vez tudo junto, é uma experiência inigualável, que eu acho que isso é a adrenalina se fazer evento.

Celso Grecco: Ah, sem dúvida, eu concordo muito com isso, porque eu fico imaginando hoje em dia que você consegue gravar uma música inteira, um disco inteiro, enfim, produzir uma obra sem nunca as pessoas se encontrarem, eu falo, legal, mas eu não sei se eu ia curtir esse processo não, essa adrenalina, essa química de juntar e principalmente estar juntos é outra qualidade.

Luciano Pires: Até porque tem um lado lá que é incontrolável, começou o evento, seja o que Deus quiser, e a gente tem que... vai ajeitando enquanto está andando, meu, deu um rolo ali e encrenca para todo lado, você vai ajeitando aquilo de modo que quem está participando não percebe, mas os bastidores a coisa está pegando fogo, cara, isso é uma delícia, 30 anos fazendo isso, 40 anos fazendo isso, é uma delícia.

Celso Grecco: Não, e eu estava na De Simone, no meio assim, no primeiro ano de trabalho, surgiu uma possibilidade de ir embora para a Inglaterra, eu vi lá uma bolsa não sei o que, para estudar, fazer um curso, eu estava namorando a Rosa na época e ela botou a maior pilha, vamos, vamos, vamos, a gente dá um jeito, vende... vendi um Corcel preto que eu tinha e meu irmão na época falou, eu fico com... estou precisando morar em São Paulo, eu alugo o apartamento, eu assumo o apartamento e o que está lá dentro eu te pago, você me fala o que você mobiliou e tal. E eu cheguei para o João De Simone e falei, João surgiu uma oportunidade, ele falou assim, cara, vai, vai para essa bolsa aí que você tem para estudar, eu vou te arrumar um estágio em uma agência lá que eu conheço de promoções, e cara, você vai voltar melhor, então volta para cá, se você voltar, a gente conversa aqui, você tem a tua vaga garantida. Eu era na época supervisor de atendimento, fiquei dois anos em Londres, quando eu voltei, o João estava me esperando e falou, cara, você vai ser diretor de atendimento aqui. Só que com um ano, menos de um ano, eu falei, cara, existe um teto que é o teto do João, não é o meu, então eu batia com a cabeça no teto toda hora, aí eu falei, ah eu vou sair e montar minha agência. E foi ali que depois de um ano e pouquinho eu falei, João, eu estou saindo...

Luciano Pires: Que ano você falou que era? 89, é isso?

Celso Grecco: Ah, aí eu montei em 89, aliás, montei em 88, e no dia 2 de janeiro de 89, que era o primeiro dia de funcionamento da agência, eu já não fui porque foi o dia que nasceu o Gabriel, então eu liguei para a agência e falei, gente, inaugurem que eu estou indo amanhã só.

Luciano Pires: Era aqui em Moema, não era?

Celso Grecco: Era em Moema, e foi ali que a gente se conheceu, 90, é isso aí, logo em seguida.

Luciano Pires: Mas e aí, cara, como é que foi? Você vai lembrar daquela época, como é que é você estar lá como diretor de atendimento, você tem toda a mordomia do mundo, você é responsável por um fragmento do negócio que é o teu desempenho, de repente no dia seguinte, você é dono da empresa, tem embaixo de você quatro, cinco, seis pessoas que dependem de você, você tem que se envolver com a conta d'água que tem que pagar, a conta de luz, e você deixou de ser o cara focado em fazer um pedacinho, você não é o ponta esquerda mais, cara, você agora é o time inteiro, você tem que se preocupar com o time inteirinho, como é que foi esse choque, cara?

Celso Grecco: Tranquilo, porque você junta tudo isso que você falou com o fato de que em 89 veio o Plano Collor, então também sabe aquele dinheiro que você pega da indenização, não sei o que, aí você fala, legal, bom aqui é o meu capital de giro, ele foi, virou pó.

Luciano Pires: Você ficou com 50 dinheiros na conta.

Celso Grecco: É, eram 50 dinheiros, era 50 e qualquer coisa, em dinheiro de hoje era o que? Sei lá, seriam uns cinco mil reais, sei lá, sabe o impacto psicológico de falar assim, hoje eu tenho uma empresa para tocar e contas pessoais para pagar, e salário, e tudo o que eu tenho no banco é isso, foi um choque. E aí de novo entra as relações das pessoas, porque na época eu tive um dos primeiros clientes da agência, logo no começo mesmo, antes um pouquinho do Plano Collor, eu comecei a fazer um trabalho com a Ultragaz, e a Ultragaz na época estava em uma transição, porque antigamente o mercado de gás era regulado, então uma empresa que vendia em Moema não podia vender em Pinheiros, era tudo muito... e o governo desregulamentou, isso o Collor fez, ele falou assim, olha, livre mercado. Então, a questão da Ultragaz era, eu tenho entregador de gás, hoje eu preciso de um vendedor de gás, porque quando eu tenho um cliente cativo eu só tenho que entregar o produto que ele não tem como não comprar e não tem como não comprar de mim. E na época era ok, agora a Super Gás Brás pode vir aqui, mas eu também posso ir lá no território dela, então eu preciso. Então, eu tinha começado um trabalho de transformação cultural junto com outras consultorias especializadas, mas eu fazia a minha parte de comunicação interna, e a Ultragaz tinha uma vantagem, que a Ultragaz recebia dinheiro vivo todos os dias no caminhão, então quando veio a pancada do Plano Collor, e de todo mundo ficar sem dinheiro, eu acabei de abrir uma agência, o meu filho acabou de nascer, cara, me arrebentei, o diretor de marketing chamou e falou, olha cara, a gente está passando um projeto para cada fornecedor aqui para segurar a onda, que nós temos caixa. Então eu, como as consultorias que estavam envolvidas naquela época, a gente... cada um recebeu um projeto para executar e esse projeto durou um ano e pouco.

Luciano Pires: E segurou a onda.

Celso Grecco: E segurou a onda, e não foi diferente, Luciano, eu tenho que reconhecer isso aqui publicamente do que você fez algumas vezes, porque desde então, desde que eu abri a minha agência, nessa virada de 88 para 89, eu me tornei um empreendedor e você tem momentos de alta, de baixa, e eu reconheço que boa parte da minha trajetória de coisas que eu conquistei vieram do trabalho, do talento, de tudo, mas vieram também de pessoas que como você contratavam. E nós momentos de baixa também soube olhar para isso e dizer não, espera aí, vamos cuidar desse lado, então...

Luciano Pires: É, tem uma construção de relacionamento que é completamente diferente do que eu vejo hoje em dia, hoje em dia o cara te joga... vai no departamento de compras, se vira com o cara de compras, e o cara de compras vem com a missão e ele ganha para isso, que é de te estripar, ele vai arrancar o que ele puder de você e dane-se, e naquela época não era assim, ainda não era assim, depois acabou no futuro se tornando, mas a gente tinha a oportunidade ali e eu tinha o maior interesse em ter os fornecedores, cara, fortes, atuando, crescendo, expandindo, porque você fosse, melhor era para nós, e o que eu fiz com você, eu fiz com Oficina Brasil...

Celso Grecco: Com todo mundo.

Luciano Pires: Final de ano tinha verba para terminar o ano, chamava os caras, falava, bicho, vem cá, vamos antecipar isso aqui, eu quero o projeto do ano que vem, eu vou te pagar agora antecipado, e você já tem a grana aí para me fazer o projeto no ano que vem.

Celso Grecco: E isso criava um grau de responsabilidade de saber, cara, eu estou em uma relação de confiança, isso não significa que a vida vai ser fácil, que não vai ter exigência, mas isso criava um estágio que é você sair da fidelidade para a lealdade, porque é que nem programa de milhagem, por que que eu tenho o da Gol? Ah eu sou do programa de fidelidade da Gol, porque eu tenho uma troca comercial ali que me dá mais benefícios, mas se um dia a LATAM melhorar muito o dela, eu vou dizer, ah eu vou migrar minhas milhas, isso é fidelidade, lealdade, cara, você não negocia, e eu acho que isso você tinha de todo mundo que trabalhava contigo, essa relação de lealdade.

Luciano Pires: É, foi bem legal aquilo lá. Mas aí um dia a gente se encontra, a gente se encontra, e foi uma época muito interessante, e vou dar o meu lado aqui agora. O que que estava acontecendo conosco lá na Dana? Era uma grande indústria, com uma pancada de produtos, e no final produtos muito direcionados, que eram coisas muito específicas, não era produto para fazer propaganda em lugar nenhum, não tinha nenhum produto que... o mais próximo de alguma ação mais efetiva era a cruzeta, mas cara, a cruzeta é uma peça que vai no eixo cardan, que quem está me ouvindo, a maioria não está entendendo o que... nem sei onde é que vai isso aí. Não tinha produtos tipo assim, um amortecedor, isso não era nosso, não tinha um filtro, não tinha bombas, todos aqueles que tinham um apelo de comunicação, a gente não tinha nada disso. E de repente a empresa decide por uma mudança de foco ali, ela entra no mercado de anéis de pistão e vai brigar com ninguém menos do que a Cofap, que tomava conta disso aí, e a gente entra ali como uma grande empresa com um produto que trazia uma memória de um produto antigo, que eram os anéis perfect circle, para entrar de volta no mercado. E aí eu me lembro que eu fui em uma... teve uma das apresentações da empresa e eu estava mostrando o projeto que nós íamos fazer, e aí eu botei um quadrinho na parede lá mostrando que era nós contra o Mike Tyson, entra no palco e... aí eu mostrei a estrutura do meu concorrente, falei, cara, olha o que a Cofap tem, tem tantos caras do marketing, ela tem frota, nós não temos absolutamente nada, se é para brigar com esses caras, nós temos que ter alguma coisa. E aquele foi o momento de virada, foi quando a empresa entendeu e falou, muito bem, agora nós vamos dar um... e subimos um degrau de uma hora para a outra, a gente que era um departamento de marketing muito tímido, pequeninho, de repente expandiu, eu me lembro que chegou um momento, minha área teve 64 pessoas embaixo dela, tudo que era atendimento ao cliente que não fosse venda, era nosso, então assistência técnica, 0800, estava tudo com a gente lá, e criação do departamento de promoção, foi aí que então surgiu essa, cara, nós vamos ter que ter apoio e não é de propaganda, nós temos que ir no campo conversar com oficina mecânica, conversar com o pessoal de varejo e não pode ser uma conversa igual a que todo mundo faz. Então, todo mundo faz calendário de borracharia, vamos fazer também? Se vamos fazer o nosso, vai ser diferente, como é que vai ser o nosso? O nosso vai ter que ser em tamanho natural, lembra disso? Cara, onde é que tem uma gráfica capaz de imprimir um calendário em tamanho natural, com 1,80 metros, 1,70 metros de altura? Só lá em Ohio, nos Estados Unidos, lá vou eu para Ohio. Que loucura isso que nós fizemos ali. Mas foi uma pegada muito legal por quê? Tem uma técnica que diz, a gente saiu do advertising e foi para o undervertising, vamos falar um pouco disso, que é essa pegada de você em um caminho você aperta um botão, o seu anúncio aparece na Rede Globo, todo mundo vê e fica todo mundo feliz etc, no outro caminho é equipe, é gente indo à campo, encontrando cliente na casa do cliente, entrando promotor para botar bandeirola, para botar cartaz na parede, que era a realidade da época, hoje me parece que mudou um pouco, não é tanto assim, mas esse lance de estar olhando no olho do cliente, pegando na mão dele, a gente adotou muito essa pegada na época, você lembra?

Celso Grecco: Eu lembro muito disso e hoje a gente olha para trás e fala, a gente quebrou tantos estigmas, porque você lembra que as oficinas eram chamadas de boca de porco, esse era o nome, se não fosse uma oficina de concessionária, ah, é uma boca de porco, que é aquela oficina que a gente encontra hoje em dia, que tá bom, o cara não tem uma estrutura, não tem uma cultura de fazer tudo limpinho, branquinho, mas meu, o cara vai e resolve, um dia desses até uma Kombi, levei uma Kombi, levei a Kombi para um cara, que precisava fazer lá uma coisa com o eixo dianteiro, esqueci o nome, e aí me deram a oficina lá, um indicação do mecânico de confiança, quando eu cheguei, eu falei, meu Deus do céu, era um buraco, mas uma coisa, mas foi assim um atendimento impecável, um profissionalismo que eu tirei foto, depois eu até postei para dizer assim, olha aqui. Então, a gente acho que tinha essa qualidade de fazer coisas que hoje em dia têm nomes legais, claro, e sofisticado, porque a técnica sofisticou, mas olha, fazer relacionamento com cliente, visitar esses caras, entender as necessidades, atendê-los em um momento, em uma época que essas coisas eram absolutamente inovadoras, hoje você fala, a pessoa diz, ah tá, o que que você fazia? Mas foi uma época rica e que a gente sem saber o que estava fazendo, a gente estava construindo redes de relações humanas, porque depois os mecânicos adoravam, os vendedores das lojas.

Luciano Pires: Porque a forma como nós fizemos foi muito louca, eu me lembro como é que isso começou, eu estava em um... eu fui em um boteco, qualquer coisa qualquer, e de repente entraram umas meninas, todas com uma roupinha não sei o que, oferecendo um produto, eu não me lembro se era um cigarro, era alguma coisa que era para você experimentar ali, então elas faziam um sample, entrava lá com aquela roupa, passava de mesa em mesa, experimentava, eu olhei aquilo e falei, cara, isso pode ser uma grande sacada para o mercado, só que o nosso mercado era um mercado absolutamente machista, mulher não tem lugar em oficina mecânica, a não ser em um poster em uma parede de uma mulher pelada, loja de auto peças, então, para, era só ogro, aquela coisa toda, não se põe mulher, e o desafio foi esse, Celso, vamos fazer um negócio que seja inovador e aí a gente criou... pegou a Kombi...

Celso Grecco: Sim, olha que coisa inovadora, um carro adesivado, hoje em dia é o que você mais vê, mas na época era assim, cara, e se a gente pegasse uma Kombi, adesivasse e a pergunta era, como é que a gente vai, não dá para comprar uma Kombi zero e adesivar, porque é um investimento que nem a empresa ia topar, ia falar, como assim, e o risco e se dá certo, se não dá, depois tem que contratar um motorista, depois como é que monta isso, mas era uma Kombi promocional para levar... e aí eu falei para o Luciano, eu conheço um cara aí que tem uma Kombi meio velha, se der um tapa nela, vai ficar bacana, mas ele topa pintar, adesivar, faz qualquer coisa. Ele falou, legal, quem que é? Eu falei, meu pai. E aí começamos a fazer essa atividade de ter um carro adesivado que levava um promotor e material promocional.

Celso Grecco: E quatro meninas, que de repente em uma loja de autopeças parava tudo, porque estacionava na frente dela uma Kombi toda adesivada, desciam quatro meninas lindas, distribuindo panfleto e o promotor ia lá e pendurava a bandeirola, era um acontecimento aquilo. Tanto que os caras ligavam para a gente para perguntar, não vem aqui, não? Quando é que vocês vêm aqui? A gente começou, pegou São Paulo, dividiu em bairros, foi um trabalho bem legal, foi bem legal aquilo, era a blitz, chamava-se blitz, as blitz lá. E foi muito legal porque isso trouxe a gente para a frente do cliente, então se o concorrente era uma propaganda, a gente estava lá em carne e osso, e acabou desenvolvendo muito isso aí, a nossa área cresceu, botei um monte de promotores ali, e trouxe uma visão muito interessante sobre a importância que tem o olho no olho, você estar perto da pessoa, que é uma coisa que se perde hoje em dia, a turma está achando que resolve tudo hoje com mídia social, cara, eu resolvo tudo no digital, cara, naquela época era toma um catálogo, pega na tua mão, vamos ver o catálogo aqui, a gente não tinha nem condições de pensar em digital na época, a turma não tinha computador com entrada de flop disc, não tinha nada disso na época, mas isso foi muito legal porque... e isso aí afetou até as propagandas que nós fizemos, lembra que a gente fez uma propaganda que era o técnico nosso que aparecia, o próprio técnico aparecia na Oficina Brasil, ele dizendo, aí no dia seguinte ele ia visitar um cliente, e o cliente olhava, eu te vi no jornal, o cliente achava o máximo estar sendo visitado por ele, o cara achava o máximo estar sendo reconhecido, era um processo que contaminava todo o...

Celso Grecco: A gente sempre trabalhou muito essa questão da identificação entre pessoas, marca com as pessoas e não... eu acho assim, a gente... tudo tem que evoluir, eu acho o digital fantástico, eu não... não faria críticas aqui, ah naquela época era melhor, tudo tem seu tempo, mas eu vejo que a gente já fazia desde o início uma coisa que hoje as empresas buscam muito que é ah, precisamos humanizar as relações, a gente fazia isso, a gente partiu da humanização.

Luciano Pires: Você lembra quando nós fomos lançar os filtros Wix? Wix no Brasil, Wix é W I X, a empresa norte-americana, então via os produtos com a marca de lá, chegava no Brasil, produtos spicer, porra, a turma falava spicer, anéis de pistão perfect circle, era um horror, quando chegou o Wix então que era o... meu, como é que nós vamos botar um negócio chamado Wix, ninguém vai entender essa coisa, e a gente começou a trabalhar na comunicação...

Celso Grecco: O único filtro que você pede sorrindo.

Luciano Pires: Exatamente, cara, não era nenhuma característica técnica que a gente usou, a gente botou, para falar Wix, você vai ter que sorrir, você fala Wix e dá um sorriso.

Celso Grecco: Era um jeito de boca.

Luciano Pires: Sim, um filtro que você pede sorrindo.

Celso Grecco: E você lembra quem foi o garoto propaganda?

Luciano Pires: Quem era?

Celso Grecco: O rapaz que era meu motorista na agência.

Luciano Pires: É verdade.

Celso Grecco: Aí a gente vai um dia para o estúdio para criar a campanha, eu acho até que foi com o Echique que fez essa campanha, direção de arte e tal, e aí eu sentei com o Manoel Echique e o motorista lá fora esperando, e a gente, ah vamos fazer não sei o que, ah vamos, o único filtro que você pede sorrindo, aí a gente bota um cara simpático, vamos achar um cara simpático, eu falei, não, espera aí, Cesar, vem aqui, bota esse macacão, é só layout. Aí fotografamos a campanha, levamos para você, você, pô, o cara é perfeito, onde é que vocês acharam?

Luciano Pires: Mandou bala. Mas você tem razão, esse negócio da humanização.

Celso Grecco: Da humanização, a gente trabalhou demais isso, e por mais que você possa começar a fazer elucubrações, ah, mas é porque também na época não tinha o digital etc, tipo, você atuava com as condições da época. Sim, em parte, porque hoje que tem tudo, o que que as empresas estão buscando, aí que eu repito, a humanização das relações, como é que eu trato o meu cliente de um jeito que ele se sinta acolhido e que ele trabalhe essa lealdade mesmo.

Luciano Pires: Então, sem querer botar você em uma fria.

Celso Grecco: Toda vez que ele disse isso, eu entrei em fria.

Luciano Pires: Quanto disso é papo furado e quanto é real, cara? Essa conversa das empresas de que vamos humanizar e tudo mais. Deixa eu te explicar porque que eu estou botando você nessa fria. Eu tenho tido muito contado com a turma toda das empresas, onde é que eu encontro coisas assim, quando eu vou para o agro e entro no intestino do agro, não estou me referindo à grande multinacional que trabalha para o agro, mas eu vou para o agro, eu vou para o interior, pego as pequenas e médias empresas, fazendas e tudo mais, isso está presente, essa coisa toda de humanizar, vamos lá, lá vai ter o churrasco, lá vai te o Zé brincando com o mané, isso acontece de montão. Quando eu vou trabalhar com as empresas que são as grandes, estruturadas e tudo mais, isso é uma conversa linda, maravilhosa, mas no dia a dia, cara, na real é um moedor de carne aquilo, cara, não tem por onde, os caras querem resultado e essa conversinha toda de foco nas pessoas, isso é papo furado, cara. Se botar uma escala de prioridade nas empresas, o RH, talento está lá em número 10, e é assim, é difícil você encontrar uma empresa que fala, temos uma reunião aqui de alto nível de diretoria, tem um cara do RH sentado aqui com poder de veto e batendo na mesa, nunca tem, esse cara está em segundo, terceiro plano ali. Então, me parece que tem um green washing na história aí, tem uma história de todo vamos mostrar como nós somos lindos e maravilhosos, mas no dia a dia o bicho pega.

Celso Grecco: É, human washing aí.

Luciano Pires: Porque você acabou entrando muito para isso.

Celso Grecco: Eu vou trazer dois personagens aqui para me ajudar nessa resposta, para eu ficar sozinho, o primeiro deles a história é até conhecida, mas caso alguém não conheça, que é Santo Agostinho, eu adoro uma passagem da vida dele, porque Santo Agostinho antes de ser santo, que era só Agostinho, é famosa essa passagem, ele era um cara filho de família nobre, tinha grana e frequentava os bordéis, e enchia a cara e todas as prostitutas, ao mesmo tempo em que ele desfrutava daquela condição que era muito boa e dava muito prazer, ele era um fervoroso, verdadeiro devoto da vida de Cristo, dos apóstolo, da Bíblia. E aí dizem que Santo Agostinho, quando era só Agostinho costumava rezava à noite assim, senhor dai-me a virtude e a castidade, mas não agora. Tem esse aspecto. E aí o segundo personagem que eu vou trazer é o Fábio Barbosa, que escreveu o prefácio do meu livro, e o Fábio ficou conhecido pela trajetória no Real, depois Santander, hoje está presidente da Natura. Ele diz assim, as empresas se movem por três Cs, por convicção, por conveniência ou por constrangimento, mas tem sempre um dos três atrás, a questão é a seguinte, descobrir...

Luciano Pires: Repete os três, vamos lá.

Celso Grecco: Por convicção, conveniência ou constrangimento.

Luciano Pires: Constrangimento. Desses três tem um que é nobre, convicção é muito nobre.

Celso Grecco: A convicção, quando a empresa diz, não, eu sou assim, isso vem da alta liderança, não, nós não podemos ser diferentes, convicção. A conveniência é o seguinte, a gente está com um turnover e estamos sendo questionados, acho que era bom a gente fazer alguma coisa aqui, porque se não vai dar uma reduzida. E constrangimento é quando fala assim, cara, está todo mundo...

Luciano Pires: Está ficando feio.

Celso Grecco: Está ficando feio, agora pegou, agora... mas tem um drive por trás disso, e como toda pirâmide, a convicção lá no topo realmente é o topo, é a ponta da pirâmide, não são muitas empresas que legitimamente vão na convicção, até porque existe uma dinâmica hoje das empresas terem os acionistas e aí o acionista acha tudo... ele compra a empresa por tudo o que a empresa coloca e promete de resultado e de posicionamento, e tudo mais, mas o dia a dia ele cobra resultado, e aí em nome do resultado tem empresas que sacrificam o que for preciso, e o que é sempre sacrificável sempre mais rapidamente é...

Luciano Pires: É a relação, é a humanização.

Celso Grecco: É a humanização, e aí é o Facebook que manda 11 mil pessoas embora, depois a Amazon 14 mil, e é o que vai acontecer, então... o que eu tenho visto das empresas é isso. Eu às vezes tenho uma dificuldade de identificar qual é o drive ali, mas eu vejo esse movimento de dizer, não, a gente tem que ir para isso, mas tem que ser desse jeito, tem que ser agora? É o lado Santo Agostinho, não, vamos, sem dúvida, nossa, porque ninguém vai dizer que não é bom, mas tem que ser agora? Não dá para ser um pouquinho mais tarde, porque está bacana do jeito que está.

Luciano Pires: É, tem uma confusão. Até quando foi a Casa de Marketing? Durou até quando?

Celso Grecco: A Casa de Marketing durou até 1998, 99, porque eu sempre me envolvi, aí questões filosóficas e de vida e tal, com o terceiro setor. Como eu tinha agência, tinha os fornecedores, essas coisas, eu fazia sempre uso da minha equipe ou da minha relação com os fornecedores para apoiar ONGs, então criava cartão de natal para uma, viabilizava um filminho para a outra, acho que chegou a fazer alguma coisa, uma campanha de arrecadação para uma organização que a gente apoiava, participava de conselho e tal, aí eu dizia, cara, o dia que eu fica rico, o dia que eu vender a minha agência, me aposentar, só quero trabalhar com esse pessoal, porque eles têm produto, só que o produto deles é uma causa que precisa ser vendido, e eu quero emprestar o meu talento para ajudar esse pessoal, e não quero fazer isso nos finais de semana ou à noite, ou pedindo favores, eu gostaria de fazer isso... eu não via a menor possibilidade de um dia dar uma virada e dizer, vou viver, não existia essa figura. Aí começou a acontecer uma situação, na época, por exemplo, a Pirelli era meu cliente também de promoções, a gente fez uns lançamentos, e aí um dia, em um final de uma reunião, discutindo um projeto, o diretor falou assim, escuta, você tem mais cinco minutos aí para a gente bater um papo? Falei, tá bom, encerramos o assunto ali da campanha, ele falou assim, agora tem essa coisa de responsabilidade social, a matriz lá na Itália está pedindo que a gente escolha uma ONG, uma causa, você gosta dessas coisas de terceiro setor, desse povo, o que que você acha que a gente, que a Pirelli podia fazer, hein? Queria trocar uma ideia contigo. E aí eu falei, opa, eu acho que aqui começou a surgir um business, porque eu posso trabalhar e trabalharei pro bono para qualquer organização social, mas não vou dar conselhos pro bono para a Pirelli, mas junto com isso também veio o fato de que as agências de propaganda começaram a ver que a comunicação dirigida tinha um valor enorme na construção de relações. E as agências começaram a criar ou comprar outras... criar departamentos de promoção ou comprar agências de promoção, e eu não consegui na época me mexer por essa área, aí eu falei, eu acho que eu vou vender a minha agência, uma das agências de propaganda com quem eu trabalhava era a Futura, Futura Propaganda da época, e aí eu estava conversando com os sócios e o tema era justamente um desses de nosso cliente está precisando, você conhece essa coisa de ONG, você acha que você podia indicar? E eu falei para eles, olha, eu acho que eu posso fazer consultoria se você quiser, estou querendo vender a minha agência. Acabou que eles compraram a Casa de Marketing, eu tinha um nome Atitude, e aí eu comecei a Atitude em uma sociedade informal, com eles do ponto de vista a relação estava estabelecida, mas a gente nunca escreveu um estatuto, a gente nunca foi sócio no papel, mas durante um ano a gente manteve uma relação em que eles absorveram a Casa de Marketing, parte do staff, as contas, e eu fiquei para desenvolver a consultoria de responsabilidade.

Luciano Pires: Por isso que a Futura herdou a Dana?

Celso Grecco: A Futura herdou a Dana, herdou a Dana e foi muito feliz com a Dana, porque...

Luciano Pires: Foi porque a gente conseguiu encontrar neles o mesmo posicionamento teu ali, que era, cara, vamos nos adaptar a eles e não forçar que eles se adaptem a nós.

Celso Grecco: E eu lembro que eu fiquei um ano ali fazendo... não foi preciso muito, porque rapidamente eles absorveram, mas uma preocupação que você teve, você falou assim, beleza, você está vendendo teu negócio, mas e aí, cara, como é que eu vou ser tratado, porque eu vou ser uma conta minúscula dentro de uma agência que tem contas da Pirelli, tem grandes contas e trabalha com verbas de milhões na Rede Globo. E eu te dizia, não, não, fica tranquilo, eu vou estar junto, vou estar dentro. Mas também não foi preciso porque justamente nessa virada em que eles compram a Casa de Marketing, herdam a Dana, perderam Pirelli por um alinhamento internacional, então a Dana entrou como a conta mais importante, porque tinha um fim mensal, então eles no escuro que eles estavam de dizer agora eu não tenho esse grande cliente que eu já sei quando vai fazer campanha e quando eu vou faturar, eu tenho um aqui que é bacana. E você sempre provocou muito, você sempre foi um grande provocador, então eles também viram que não iam botar você no bolso, não, você os provocava bem mais do que a Pirelli, Pirelli já estava tudo empacotado, tudo certinho, já vinha... então...

Luciano Pires: É, foi um período bem interessante. Mas aí você ficou uma época lá, depois você não estava feliz lá, não era a tua praia, aí você foi para a Atitude, é isso?

Celso Grecco: Esse primeiro ano em que eles compraram, absorveram tudo, eu fiquei ali dando... por perto, mas nem precisava me envolver com a Dana, que era a conta principal que foi, e eu enquanto isso ia desenvolver a Atitude como uma consultoria de responsabilidade social, e a ideia era o seguinte, poxa, a gente vai ter uma entrada em empresas via responsabilidade social, que estava todo mundo buscando isso, e vou aproveitar para estando lá dentro, falar da Futura e dizer, se você tiver uma concorrência por um produto qualquer, chama aqui meus sócios para participarem da concorrência.

Luciano Pires: Você lembra que ano era isso?

Celso Grecco: Isso foi 2000, bem no ano 2000, foi bem na virada. Só que ao final de um ano, a Futura por ter perdido a conta da Pirelli, que era uma conta gigantesca, estava lutando muito para sobreviver e se dedicando muito à prospecções etc, então eles não conseguiam se envolver com a consultoria, ao mesmo a consultoria, eu estava abrindo frentes, a bolsa de valores foi um dos primeiros clientes, que disseram, olha, com você a gente quer conversar, mas teu sócio, propaganda não, que nós já estamos bem atendidos, não precisa, então um ano depois a gente sentou e falou, olha, a gente mal está se falando, se encontrando, então sem briga, sem nenhum problema, mas nós decidimos que eles precisavam lutar pela propaganda e eu ia seguir no caminho da consultoria, então eu segui sozinho, desde 2001 eu venho atuando sozinho.

Luciano Pires: Um produto novo, que o mercado não conhecia, apareceu, ele tinha uma carência por um modismo, de repente veio uma onda de que temos agora que pensar em responsabilidade social, já que mandaram fazer, vamos fazer também, então criou-se uma onda.

Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de podcasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você prática uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e imediata, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.

Luciano Pires: Como é que foi, cara, desbravar esse terreno aí? Porque eu me lembro de você, foi um dos primeiros caras a começar a mexer ou atuar nisso como, isto é uma profissão, isto é um business, vou fazer dinheiro trabalhando com responsabilidade social.

Celso Grecco: Foi um começo interessante, porque eu... meu primeiro grande projeto com a bolsa de valores, na época era Bovespa, ele aconteceu em uma concorrência que a Bovespa tinha duas consultorias e precisava pelo compliance lá, pelas regras, que fossem três na concorrência, não achavam a terceira, não tinha no mercado consultoria para isso, e foi um justamente um cara da Pirelli, que estava no conselho da bolsa, que falou assim, olha, eu acho que a nossa agência de propaganda parece que comprou, desenvolveu alguma coisa. Então, foi uma indicação desse cara da Pirelli. Então, foi uma época em que havia muito mercado, mas não tinha cultura, e aí realmente o projeto com a Bovespa acabou me projetando... o projeto acabou me projetando é ruim, mas o trabalho cm a Bovespa acabou me projetando no mercado e foram anos, assim a primeira década foi muito boa, foi muito boa em termos de trabalho e de ajudar as empresas a entenderem que elas estavam construindo, aquilo colaborava profundamente para a reputação, para a imagem de marca, porque foi por onde começou, chamava marketing social na época, era um braço do marketing. E eu sempre discuti muito, e a frase não é minha, é de um grande amigo que dizia, imagem é o que eu prometo, reputação é o que eu entrego. E eu dizia para os clientes, olha, eu posso arrumar uma ONG bela, uma causa fantástica, a gente vai fazer uma campanha, mas se isso não transformar o seu jeito de trabalhar com os seus colaboradores, gente interna, as suas relações com a sociedade, o produto que você faz, que você distribui, e não tinha nome de stakeholder, não chamava isso na época.

Luciano Pires: Então cara, isso é uma proposta de mudança cultural, que é um negócio que se propõe a mexer no DNA da empresa, cara, ela vai no DNA, quando você fala em mudança cultural, cara, o treco é... você não compra uma mudança cultural, você não paga para ter uma mudança cultural, isso é um processo que se não vier de cima para baixo, se o presidente não comprar e não implementar com exemplo, você não muda a cultura da empresa, ela vai continuar como sempre foi lá, e cara, ter acesso a isso, conseguir entrar nisso, em uma empresa grande e tudo mais é um puta de um desafio, cara, com uma coisa que você não consegue medir o resultado amanhã de manhã, não é a quinzena tapete do mapping, bota dinheiro em marketing aqui, eu vou saber quanto vendeu, legal, deu resultado. Ali... reputação, de onde vem esse resultado, cara, como é que é isso, como é que foi você desbravar essa cultura?

Celso Grecco: Eu tive a felicidade e, de verdade, eu não tenho outro adjetivo para dar, de ter feito esse programa da Bovespa, porque o que eu criei para a bolsa, que foi a Bolsa de Valores Sociais, foi a primeira Bolsa de Valores Sociais do mundo, a ideia era um pregão de organizações que ficavam lá listadas em bolsa para que as pessoas doassem dinheiro usando o jargão ambiente de bolsa, então as pessoas compravam ações das ONGs.

Luciano Pires: Que na verdade esse comprar ações era uma...

Celso Grecco: Era fazer a doação.

Luciano Pires: Era uma doação.

Celso Grecco: É, mas quando você fazia uma doação, dizia assim, ótimo, então você comprou aqui X mil cotas aqui, você está...

Luciano Pires: Fundo perdido, que não ia render nada.

Celso Grecco: Ia render lucro social. E aí as pessoas, lucro social, o que que é isso? É uma sociedade melhor, mais justa e tal. Mas isso rapidamente se tornou um estudo de caso na ONU, no ano seguinte virou um estudo de caso na ONU, aí a bolsa foi homenageada, eu fui homenageado, então isso me projetou muito no mercado, então eu era ouvido com muito respeito, as empresas, na época os clientes me chamavam para os projetos, porque eu era o cara que tinha criado a primeira bolsa de valores sociais do mundo, que o Kofi Annan recomendou, o Lula tinha acabado de ganhar, primeiro mandato, nos chamou em Brasília, e eu fui lá com o presidente, eu estava de férias na praia em Santa Catarina, me acham, já tinha celular na época, e falaram, cara, você precisa estar aqui amanhã que você vai voar com o Mariano, que era o presidente da bolsa, vocês vão de jatinho, que vocês têm uma reunião com o presidente da república amanhã, e o Lula estava naquele auge do primeiro mandato. Então, isso tudo trouxe muita reputação, mas eu concordo com você, uma mudança cultural não é uma coisa que você fala, decidi virar a chave, porque quando você vai olhar os processos internos da empresa, ela estava querendo tratar muito bem a sociedade...

Luciano Pires: Desde que tenha lucros e tenha dinheiro para pagar, deu uma esquentadinha, bateu a água na bunda, o cara corta esta merda toda, corta creche, não quero saber disso, cara.

Celso Grecco: É, porque não é estratégico para o negócio, e na época era assim também, olha, e não me questione sobre como eu trato os meus colaboradores, porque eu pago salário para todo mundo, então tinha muita questão interna também e que a gente fazia pesquisas e dizia assim, olha, o teu pessoal está achando legal, mas está perguntando quando é que vocês vão olhar internamente para eles também. Coisa que hoje o ESG traz como uma imposição, que se olhe, mas na época a responsabilidade social era isso, era voluntário da empresa para fora, aí envolvia, vamos fazer um programa de voluntariado internos para os colaboradores, vamos, então, vamos convocar todos para irem sábado à tarde lá na creche.

Luciano Pires: Fazendo um mutirão para pintar as paredes da creche.

Celso Grecco: Exatamente, no sábado, você vai liberar no dia de semana? Não, aí não porque o cara tem um compromisso aqui, então ele que use o tempo dele, abra mão da família para ir lá deixar a empresa bacana na foto. Isso pegava, isso sempre foi um tema e eu sempre levantei essas questões para dizer, olha, não vai funcionar por muito tempo, não, você vai ser questionado.

Luciano Pires: Sim. Cara, e nos anos 90, isso deve ter sido em 93, 94, alguma coisa assim, eu fiz o curso na universidade de Michigan, a Dana tinha uma Dana University, o nome dela, da Dana. E eu fui para lá e teve um curso, marketing para executivos, uma coisa assim, era um negócio desse tipo aí, fui fazer o curso lá, todo ministrado pelo pessoal da universidade e tudo, e um belo dia um vice-presidente da empresa vai lá para apresentar o projeto deles lá de diversidade, eu estou falando de 1990 e bolinha, cara, e eu me lembro do cara, a empresa pegou e publicou uma carta dizendo que tinha que ser aberto para a diversidade e tudo mais. E a hora que o cara foi explicar, ele estava dizendo o seguinte, ele falou, cara, nós temos que prestar atenção que é o seguinte, os imigrantes estão crescendo muito nos Estados Unidos, o pessoal, os negros, está aumentando muito essa população, está aumentando o poder aquisitivo desse povo todo, se a gente não demonstrar para eles que nós temos eles presentes aqui dentro, um dia eles não vão comprar de nós, eles vão deixar de comprar da gente, então é bom começar, vamos botar mulher em tudo quanto é lugar, vamos botar imigrante, vamos botar todo mundo aqui para ter uma diversidade, para que quando eles olharem para nós se reconheçam e continuem comprando da gente. Então, o drive não era amor pelo ser humano, o drive era o seguinte, bicho, se você ficar tudo com branquinho aí, esses caras não vão comprar de você, então metam a diversidade aí porque se não você vai ser rejeitado. E eu ouvi aquilo e eu falei, cara, mas então esse discurso todo de amor, somos todos iguais, os seres humanos, nada, cara, esse negócio é o seguinte, vai dar resultado, temos que ter mexicano aqui dentro para o pessoal mexicano lá de fora olhar e falar, vou comprar de empresa que tenha mexicanos. Então, o drive começa todo torto, com o tempo ele vai... os caras vão burilando aquilo, vão deixando a imagem bonita, o discurso é lindo, quando você ouve o discurso, hoje em dia então, é uma coisa impressionante, quer dizer, o pêndulo foi tão longe, que hoje em dia passa a ser, as características de diversidade passam a ser a moeda principal, então olha, eu estou contratando uma pessoa porque ela tem uma carga de diversidade, então tem dois para escolher aqui, tem um branco e tem um índio, pegue o índio porque o índio vai botar nossa cota de diversidade aqui dentro. Cara, se os dois forem competentes iguais não tem problema nenhum, a questão é que, de repente, cara, você não tem a competência igual, e você passa a escolher para cumprir a tua cota, que de novo é aquela história, eu estou sendo medido por um indicador qualquer que dane-se o resto, cara, eu vou seguir no indicador, então, minha empresa já tem 55% de mulheres na direção, todas por competência? Mais ou menos, não é... se for por competência, que tenha 100% na direção, a competência, a meritocracia que devia ser o... mas não é bem assim, essa coisa fica muito louca, e acaba se perdendo. Você encontrou, você viu essa coisa crescendo ao longo do tempo, você viu esse discurso se transformando em quase que lei, como é que... isso te preocupou?

Celso Grecco: Assim, preocupava um pouco, aí voltando um pouco no que você perguntou, como é que era desbravar esse universo. Eu lembro de um amigo, Percival Caropreso, que era... foi vice-presidente de criação da Macan etc e tal, e ele contou um episódio uma vez, que anualmente a Macan fazia um encontro dos vice-presidentes mundiais de criação para discutirem os clientes, as campanhas, as tendências do mercado para o ano que vem. E ele mesmo, nas palavras dele, ele diz assim, cara, era um encontro de egos assim, você imagina eu vice-presidente de criação, salário astronômico, bônus astronômico, primeira classe, tudo pago, eu e todos os que estavam ali. Então, era sempre um encontro de pessoas muito poderosas e de egos, ele falou, aí em um desses eventos, a gente ia ter na parte da tarde um cara que iria falar sobre games, a gamificação, que estava começando ali. Aí ele disse, que gamificação, o que que é isso? Mas era aquele evento depois do almoço. Aí ok, voltaram do almoço, vai chegar o palestrante, entra um cara, imagina um americano, ruivo, com a camisa vermelha, calça abóbora, chinelão, a gente olhou assim, ele é o entregador da pizza, alguém pediu alguma coisa? É o palestrante. Olha o jeitão do cara. E aí o cara entrou e falou assim, bom, eu vou falar sobre gamificação, eu queria começar perguntando o seguinte aqui, quem de vocês ganha um milhão de dólares ao ano? Alguns levantaram a mão. Dois milhões de dólares por ano? Diminuiu o número de pessoas que levantou a mão. Alguém aqui está fazendo quatro milhões de dólares ao ano? Ninguém levantou a mão. Bom, então eu queria começar me apresentando dizendo o seguinte, eu faço cinco milhões de dólares ao ano com o meu trabalho, coisa que nenhum de vocês faz, então se eu fosse vocês, eu prestava atenção em mim pelas próximas duas horas. Ele falou, o cara botou uma moral assim. E eu falei, realmente porque o cara se colocou como uma autoridade. Eu tinha esse privilégio de ter a atenção quando eu entrava, porque eu era o cara que tinha criado o projeto único do Brasil que tinha sido reconhecido na ONU, e tudo mais, mas ao mesmo tempo tinha essa questão de dizer, bom, mas você está falando de diversidade, mas cara, a gente tem que olhar pela competência, que eu concordo, a gente vem de uma história de um país que sempre privilegiou as pessoas classe média, aí portanto são os brancos, os negros historicamente, estatisticamente são os mais pobres, mas essa régua, ela muitas vezes é usada como uma desculpa também para confundir. E aí te coloca nesse lugar de dizer eu já não sei mais...

Luciano Pires: Qual é o drive.

Celso Grecco: Qual é o drive, isso é uma convicção? Aí eu volto lá, ou é uma conveniência, o que que está acontecendo aqui?

Luciano Pires: Genial essa história, como é que é? Por convicção, por conveniência e por constrangimento.

Celso Grecco: É, eu acho que está tendo muito mais constrangimento, tá bom, faz parte da jornada do ser humano, quantas pessoas não passaram a fazer atividade física porque tiveram um piripaque e o médico disse assim, ou você se apruma ou você vai, então eu sou constrangido a me cuidar, a convicção para a gente se cuidar, a convicção para a gente se transformar, ela às vezes vem por último, ou vem raramente ou vem em poucas pessoas.

Luciano Pires: E aí está a cultura, isso é cultura, convicção é cultura, se não tiver a cultura para fazer, eu não vou ter essa convicção.

Celso Grecco: É, e as empresas hoje precisam trabalhar isso, é muito comum eu conversar com diretores de RH, que eles... determinados níveis de pessoas que eles vão contratar, é o próprio diretor quem entrevista a pessoa, em algum momento ele conhece o candidato, eu ouvi de mais um diretor de RH, frequentemente eu sou o entrevistado, porque o cara vem para cá dizendo assim, por que que vocês querem me tirar de onde eu estou, me convença que vale a pena ver, como é que vocês tratam... então, eu acho que existe uma possibilidade da gente apostar que uma outra geração, uma outra cultura vai entrar diferente no mercado de trabalho, mas...

Luciano Pires: Eu acho que nós vamos passar por uma... é a história do pêndulo, o pêndulo saiu de um lado, vai bater do outro, ele tem que ficar no meio, e ele vai bater do outro lado, nós vamos ter um desastre aí, cara, porque vai estar todo mundo tão encantado com cumprir essas metas que vai esquecer que tem que dar resultado. E a gente já vendo isso acontecer de certa forma, tem algumas bolhas estourando por aí, onde você fala, que legal, está tudo lindo, maravilhoso, mas cadê a grana? E sem grana as coisas não vão, e a grana não crescendo, nunca é um ano que vem menor do que esse ou igual a esse, sempre tem que haver um crescimento, que isso aí é infinito, e se esse crescimento não vier, cara, e eu acho que vai ser difícil ele vir sem você privilegiar competência, sabe, sem contar... olha, ou é classe A, ou é gente classe A ou não tem, e aí você pega exemplos, você pega uma, por exemplo, quem pensa assim, AmBev é uma empresa que tem essa visão, cara, aqui ou é classe A ou não tem, tanto que é a empresa que mais faz bilionário no Brasil, e tem aquela história, cara, ou você vem para cá disposto a mover montanhas ou não vai fazer acontecer. Mas a AmBev é a mesma empresa que é dona das Americanas, e que tem que explicar um rombo inexplicável, então tem um desequilíbrio gigantesco aí que eu acho que faz parte dessa arrumação, o caminhão está chacoalhando, e as coisas... então eu acho que a gente ainda vai ter um bom chacoalho aí até...

Celso Grecco: E fora os paradoxos, porque paradoxo da sustentabilidade também é consuma menos, mas a empresa vai te dizer isso? Compre menos camiseta? Não. Isso é um dilema.

Luciano Pires: Pelo contrário, eu vou fazer a minha televisão quebrar, em dois anos ela quebra para você ter que colocar uma nova, cara.

Celso Grecco: É, você vai comprar uma nova, e essa daí? Não sei nem onde joga fora, mas isso é um lixo eletrônico ferrado para o mercado. Então, eu acho que a gente ainda tem essa imagem do caminhão de mudança é bem isso mesmo, a gente ainda está chacoalhando aqui, e o caminhão cada vez chacoalha mais e você fala como é que essas coisas vão se acomodar? Não sei, mas que elas não serão estáveis por um bom tempo.

Luciano Pires: E bota bom tempo nisso, eu não vejo coisa que uma geração resolva não, cara.

Celso Grecco: E aí você citou as Americanas, isso é público, a gente não está falando mal, a gente está comentando o que já está nas notícias, tinha todas as certificações e premiações, great place to work, que é dificílimo conseguir, e hoje em dia é o que está sendo visto, dívida trabalhista é bem maior do que se pensava, é uma mentalidade de empurrar pagamentos até o final e vai ter que demitir gente. Então, você fala, aquela empresa que outro dia era admirada, e a gente também fala... a gente trata como questão Americanas, eu acho que não é uma questão Americanas, eu acho que é uma questão de um modelo empresarial, vão vir outras aí daqui a pouco.

Luciano Pires: Celso, eu fiz um evento para uma grande empresa, uma grande empresa, os caras estavam lançando um manual de conduta e eu fui fazer uma palestra sobre ética, a minha palestra era Tudo Bem Se Me Convém. E cara, o manual era uma coisa impressionante, tinha 100 páginas, cara, tudo arrumadinho ali, era um negócio super bonito, apresentação era bem legal, manual realmente, cara, coisa de gente grande, editado como se fosse um livro, tudo mais, fui lá, fiz o evento, lindo maravilhoso, 15 dias depois tinha três diretores presos pela Lava Jato, porque estavam metendo a mão e roubando dinheiro, desviando coisa para todo lado. Então cara, de novo, é a afetação da virtude, eu estou fazendo para afetar a virtude. Eu tive até um caso recente de um amigo que estava me contando que ele foi preparar um evento e era um evento gigante para uma grande empresa, aquele baita, tinha 1500 pessoas na plateia, o evento era tão grande que teve que ter dois palcos, com duas telas, tudo acontecendo de forma simultânea, e aí eles toparam com o problema, que era o seguinte, tinha que ter alguém para fazer a linguagem de sinais, e aí qual é o problema, cara? São dois palcos com duas telas, e não tem como botar a pessoa de sinais, não dava para botar na tela, ela vai ter que ficar em algum lugar, agora se ela ficar em algum lugar, o surdo vai olhar para ela e não vai ver o que está acontecendo no palco. E aí começou uma confusão, cara, como é que faz, mas tem que saber como é que é, quem sabe a gente aloca os surdos para um lugar, bota eles em um lugar, aí fizeram um levantamento e descobriram que a quantidade de surdos na empresa era um. O cara, quantos tem? Um. Mas se é um a gente bota um ipad na mão dele, faz ele fazer... aí eu virei para ele falei, você não entendeu ainda? O intérprete de libras não é para esse um, é para os 1499 olharem para aquilo e falarem, ai que lindo, olha, a empresa tem uma preocupação, ela está preocupada com essa imagem que ela vai passar ali, porque se estivesse preocupada com o um, cara, ela resolvia o problema do cara na hora lá, vem cá, eu vou botar para você, você vai sentar na frente do intérprete, vocês vão juntos assistir, resolve o problema dele. Não, mas precisa mostrar que tem essa grande, essa preocupação, porque aquilo é bonito de ver, que é a tal da afetação da virtude. Cara, mas a hora que a água bater na bunda, esse negócio não se sustenta, bicho.

Celso Grecco: Não sustenta porque... é legal essa história que você contou, me ocorre assim, nem a empresa sabia que tinha um surdo.

Luciano Pires: Acho que não...

Celso Grecco: É, se não ela não teria dado essa condução de temos um problema, não, e literalmente só tinha um problema, uma única pessoa surda. Mas não sustenta, Luciano, eu acho que o dilema das empresas hoje é esse, tem que fazer o que é o certo, mas tem que dar certo, e essas coisas são antagônicas, porque fazer o que é o certo, não à luz das minhas réguas, mas hoje em dia eu estou muito mais exposto como marca, como empresa, então eu estou sendo escrutinado o tempo inteiro, mas eu também tenho que entregar o resultado. Então, eu imagino que as empresas hoje, não por outra razão, a gente vê tanto a questão de saúde mental, o burnout nas empresas, porque elas viraram trituradores, máquina de moer gente.

Luciano Pires: Sim, eu estava lendo uma matéria essa semana, a molecada de 28 anos com burnout, eu li aquilo e falei, meu, burnout? Burnout sou eu carregando um Cardan nas costas lá no Parque Anhembi de terno e gravata, um Cardan de 90 quilos em dois, virando noite sem dormir, sem computador, sem celular...

Celso Grecco: A feira vai abrir às 8...

Luciano Pires: Sem internet, sem merda nenhuma, se vira. Essa era a turma que tinha que ter burnout, e, no entanto, está essa loucura, quer dizer, tem uma pressão, tudo isso que chegou para facilitar a vida da gente, na verdade, trouxe um tremendo de um complicador, porque essa própria exposição que você falou, cara, as empresas hoje têm um monitor no Twitter, Twitter é capaz de destruir uma empresa em meia hora.

Celso Grecco: Você já teve essa experiência de legitimamente ter uma experiência ruim, você vai para o Twitter e posta alguma coisa...

Luciano Pires: Sim, imediatamente, quantas vezes, cara.

Celso Grecco: Isso depois de você ter gasto todos os canais de negociação. Tá bom, eu vou expor o seu... a hora que você faz isso, porque é a operação abafa.

Luciano Pires: Quatro ou cinco vezes já aconteceu comigo, empresa grande aí. Eu não consigo resolver, vou no Twitter, dou uma tuitada, em meia hora, o que que está acontecendo aí? Por que que ele entrou? Não foi por convicção, constrangimento.

Celso Grecco: Não, constrangimento, foi o constrangimento.

Luciano Pires: Essa pegada é legal, cara, quer dizer, para evitar o constrangimento, eles vão e resolvem o problema que poderia ter se resolvido lá atrás, se o canal funcionasse. Aí você vai falar com o cara, o 0800 não atende, larga você pendurado, uma gravação conversando com você, te joga em um looping, você fica dando volta, não consigo resolver, cara, quer saber de uma coisa, cara, eu vou constranger esses caras, aí acontece.

Celso Grecco: Eu estava com um problema com a operadora de televisão, do cabo, eu não conseguia conversar com ninguém, tinha tentado tudo, aí você cai em uma gravação que fala assim, experimente tirar o aparelho, experimente tentar mexer... meu Deus do céu. Aí quando eu finalmente, três dias depois, o técnico veio em casa, ele falou assim, olha senhor, vou lhe dar uma dica, na próxima vez vá direto na opção quero cancelar o meu plano, imediatamente, ele falou, vai lá, você vai ser atendido, porque que você quer cancelar, aí a hora que você fala, não, espera aí, eu mando um técnico agora.

Luciano Pires: Sim, eu conversei com um pessoal de companhia aérea, que eu estava... eles trabalham... o pessoal do back office, eu falei, cara, a pior coisa do mundo deve ser atendente de companhia aérea no aeroporto, porque a hora que o voo é cancelado, cara, vem todo mundo matar e aquilo é um horror, como é que vocês lidam com aquela situação? Porque aquilo é constrangedor. Aí o cara falou, não, a dica lá dentro é a seguinte, atende quem gritar mais, resolva o problema de quem gritar mais, porque esses contaminam o grupo como um todo, que é a coisa do constrangimento, você vai lá para constranger, eu já resolvi coisa assim, cancelar linha telefônica, celular lá da... como é que é aquela que era um rádio lá no começo?

Celso Grecco: Era o Nextel.

Luciano Pires: Nextel. Nada, minha filha foi lá, minha filha me liga, pai, eu estou aqui na frente do cara, o cara, não, não vai não. Me deixa falar com eles. Não, eles não têm autorização de falar no telefone. Como assim? Eu quero falar. Não, não, não, ah espera um pouquinho. Peguei o carro, fui lá, sentei na frente do cara, só quando eu dei um murro na mesa, cara, na frente de todo mundo, a hora que eu dei um murro na mesa e... tem que resolver esta merda, que eu gritei, que ficou todo mundo assim, aí o cara rapidamente, ele resolveu o problema. Quer dizer, porra, cara, precisa chegar no constrangimento, aí não tem convicção, não há convicção, então, acho que essa é a grande pegada, cara, se eu tenho convicção, e acho que é aí que está o nó da questão toda, Celso, quem tem convicção topa até investir em coisas que são incertas, olha eu vou botar um dinheiro aqui na reputação, eu não consigo medir, eu não sei se vai dar certo lá na frente, eu não sei se eu conseguiria ter uma planilha que vai me dizer quanto foi de retorno, mas se eu intuo que isso é bom, sabe aquele indicador, que é, tem o indicador que você consegue medir, tem o que você consegue perceber, e tem o que você consegue sentir, então, cara, eu percebi, eu senti que as coisas estão melhores. Cara, quem tem culhão para bancar um investimento que não consiga aparecer em uma planilha como resultado, cara, qual é o resultado do Dólar que você botou aqui, isso está pior, cara, piorou. Então, vamos voltar para o começo da nossa conversa. Se você pega um ambiente onde as pessoas não têm autonomia, estão com medo, não tomam decisão sem ser em consórcio, eu sou o diretor, mas só vou aprovar se os outros diretores assinarem. Quer dizer, em um ambiente como esse acreditar, comprar briga, bancar um investimento em algo que é incerto é cada vez mais difícil, cara, aí eu estou fudido, eu estou fudido, mostrar para o cara que anuncia no meu podcast, quantas sandálias vai vender? Sei lá, vai vender nenhuma sandália, cara, mas aqui eu vou te ajudar a construir a marca. Bobagem, cara, isso é bullshit.

Celso Grecco: É, mas é porque as relações estão assim, como esse cara não sabe quanto tempo ele vai ficar na empresa, ele tem o seguinte dilema, ou eu estou há muitos anos e quero ficar porque eu sempre entendi como essa banda toca, e ela não toca diferente, eu não vou desafinar ou é assim, cara, então, eu estou aqui pensando no próximo, eu tenho relações descartáveis, a gente está muito assim, então, cara, eu, se eu não fizer agora, não vou fazer porque não estou preocupado com o longo prazo, eu estou preocupada em entregar o resultado deste ano e ter um belo bônus e isso me credenciar para o Head Hunter e falar assim, traz aquele, cara, que ele arrebentou na empresa. A que custo? Não sei, mas...

Luciano Pires: Trombamos lealdade.

Celso Grecco: Lealdade.

Luciano Pires: Trombamos na questão da lealdade lá atrás. Quer dizer, se eu sou o cara que tem lealdade, eu não estou preocupado em o Head Hunter vir me tirar daqui. Aconteceu comigo na Dana, cara, teve uma época que me chamaram, uma empresa me chamou para conversar, eu fui lá, os caras falaram, legal, está aqui, você vem para cá. O que eu fiz? Eu fui no diretor, no vice-presidente de RH da empresa, sentei com ele e falei, seguinte, recebi uma proposta assim, assim e assim, eu ganho 10 aqui, os caras estão me prometendo lá, sei lá, 30, só que é o seguinte, cara, aqui eu tenho uma história, eu tenho 20 anos aqui, lá eu vou ter que começar de novo, cara, eu não quero ir para lá, mas claro, eu estou balançado, como é que a gente faz? E os caras, espera um pouquinho, me promoveram para diretor, e ali eu mudei a minha carreira lá dentro, mas foi muito transparente de uma para a outra. Aliás, nem sei porque que eu contei isso aqui.

Celso Grecco: Porque a gente está falando da pressão... da lealdade.

Luciano Pires: Da lealdade, eu não quero sair, mas eu acho injusto eu assimilar todo o prejuízo porque eu não quero sair, e eu cheguei na empresa e falei, cara, está aqui, estou botando claro para vocês, eu não quero ir, mas cara, olha aqui, você recusaria uma coisa dessa aqui? E ele olhou e falou, não, realmente é uma boa, espera aí, que nós vamos... a gente também não quer te perder. Então, nós vamos... foi bom para todo mundo, não me pagaram o que a empresa queria me pagar, mas eu sabia que a diferença era o fato de eu já estar lá dentro, autonomia que eu tinha, tudo o que eu construí ali tem um valor para mim, inclusive. Agora essa jogada transparente aí é rara, isso hoje em dia...

Celso Grecco: E eu não sei se ela é valorizada, ela pode ser vista como uma estupidez, falar, cara, para quê? Sabe? Você abrir o jogo, já vão fazer outra leitura. É uma fraqueza.

Luciano Pires: E outra, você quer ficar quanto tempo, 20 anos na empresa? Você é louco, cara? Tem que ser, vai subindo, cinco anos ali, cinco ali, cinco ali, cada vez mais alto, então não há lealdade, cara, não tem engajamento para valer.

Celso Grecco: E eu acho que esse é o grande desafio que as empresas hoje enfrentam, porque como é que elas trazem essa cultura de eu quero que as pessoas se sintam bem e felizes, etc, mas o paradoxo é o resultado tem que vir e ele não vem...

Luciano Pires: De novo vamos trombar na cultura, cara, e eu vi isso acontecer na empresa lá, chegou uma época que ela tinha se desvirtuado tanto, cara, que você sentava em uma reunião de diretoria, tinham seis diretores, quatro eram da cultura da empresa, que você via que os caras estavam ali, e dois vieram de fora, e esses dois não tinham nenhum compromisso com coisa nenhuma, cara, tira, corta, bota fora tudo que eu vou obter resultado. Os outros quatro falando, não, espera um pouquinho, não pode tirar, tem uma história aqui, cara, quando você tira isso aqui, se tira esse cara, você está levando embora o conhecimento dele, e não é assim, troca um de dez por dois de três, não é assim, vai se perder alguma coisa no meio do caminho. Mas cara, isso parece que nós estamos falando de outro mundo, eu não sei se essa coisa é valorizada hoje.

Celso Grecco: Eu acho que não e sim ao mesmo tempo, porque embora o discurso seja a gente tem que valorizar o jeito de ser e a cultura, etc, mas eles também não sabem como manter isso, não sabem como alimentar e atrair mais talentos, porque há uma... a gente está em uma dinâmica de relações que elas são rasas, superficiais, elas são rápidas, e se não der certo você troca, se não deu certo, você parte para a próxima, tanto a empresa que te contrata, quanto você que está lá. Mas ao mesmo tempo... me perdi aqui.

Luciano Pires: Não, aí aparece o Celso, vem aqui falando assim, o amor, olha o amor, vamos amar.

Celso Grecco: Não, você sabe que não? Não, então eu vou te dar um outra aqui, eu lembrei o que eu ia falar, não, eu ia dizer o seguinte, ao mesmo tempo assim, eu fiz vários trabalhos para várias empresas, e a mais difícil de eu trabalhar, eu acho que eu posso citá-la aqui, foi a Souza Cruz, porque a Souza Cruz precisava de um trabalho para o Instituto Souza Cruz, então era o Instituto Souza Cruz, o braço social da companhia que precisava de um reposicionamento. E eu tive uma enorme dificuldade em montar uma equipe de trabalho, porque ninguém queria trabalhar, porque era o Instituto Souza Cruz, porque é uma companhia que faz cigarro, e está tudo certo, realmente é um produto que é controverso e a própria existência da empresa e tudo mais. De tudo o que eu vi no instituto e depois claro que eu conversava com os diretores da época, e como tem muitos anos, ninguém mais está lá, eles me deixaram uma lição que eu carreguei para a vida, e que todas as vezes que eu apliquei deu certo. Que eles falaram assim, a solução eu já tenho, agora eu preciso construir o problema. Porque a questão é que muitas vezes a gente vai pensando e apresentando a solução, e se as pessoas não entenderem o problema, elas não vão comprar, então essa questão, se você tratar do ponto de vista dos valores, da virtude, que são parte da solução ou são a solução, seja o diretor de RH, seja quem estiver na sua frente, ele vai dizer, mas qual é o problema? Então, eu passei em muitas situações a inverter, eu parto da construção do problema, e é na construção do problema, quando você consegue mostrar para ele qual é o tamanho do problema que ele tem, se ele não tiver a diversidade da empresa ou se ele não tiver um ambiente que não seja da porta para fora socialmente responsável, internamente não, é que ele se toca do tamanho do equívoco ou do risco ao qual ele pode estar sendo submetido, e aí vai para um outro caminho e...

Luciano Pires: É, vai ter uma briga. Você acabou de descrever para mim o Post It, lembra do Post It?

Celso Grecco: Lembro.

Luciano Pires: Alguém inventou uma cola que não cola, para que que serve essa merda aqui? Está inventada, e agora?

Celso Grecco: Mas é feito para não colar, você não entendeu. Ah, você não precisava de uma coisa rápida? É exatamente isso.

Luciano Pires: É uma dificuldade. Bom, meu caro, vamos caminhar para o finalmente aqui. Você lançou um livro? Como chama seu livro?

Celso Grecco: A decisão de que o mundo precisa.

Luciano Pires: O que que é o livro?

Celso Grecco: Esse livro nasceu, bom, primeiro que ele... eu tinha vontade, não, um pouco antes da vontade veio o seguinte, tinha uma situação que era muito recorrente na minha vida, que era você está em um aeroporto, está em uma sala de embarque de férias do... qualquer situação assim, alguém puxa assunto, o que que você faz? Aí eu contava, trabalho com consultoria de responsabilidade social, ajudo as empresas a montarem institutos, fundações, escolherem causas, criarem departamentos. As pessoas, nossa, que bárbaro trabalhar com isso, ajudar as ONGs, e ajudar o meio ambiente, acho incrível, mas cara, eu não tenho tempo, não tenho talento, não posso doar, não tenho dinheiro, mas acho fantástico quem faça, quem apoie, o seu trabalho é necessário e tal. E aquilo começou a me incomodar, porque eu dizia, as pessoas têm uma fantasia de que a gente realmente tem problemas que são tão grandes que parece que a gente não vai dar conta e não vai conseguir lidar com eles, é muito difícil. E não é você dar uma virada de chave na sua vida, acho que existem coisas que você pode fazer para se sentir melhor engajado em uma postura, que no final do dia é uma postura de uma ética perante a vida. E aí eu elenquei quais eram os argumentos que mais me davam, eu falei assim, eu vou desconstruir esses argumentos, e tive a ideia, e aí fui conversar com uma amiga, Roseli Boschini, que é dona da editora Agente, os filhos estudaram na mesma escola, a gente era pais da escola, e eu falei, conversar com ela, falei, Roseli, eu queria escrever um livro, mas eu não tenho a menor ideia de como é que faz, como é que escreve, como é que é esse mercado. Aí ela falou assim, ah eu vou te contar, então, o livro assim, assim, assim, a editora faz isso, faz aquilo. No final, ela falou, olha, se você quiser escreve um livro, eu te indico algumas editoras de amigas que podem se interessar. Agora se você quiser começar uma carreira de autor, é comigo, porque eu não lanço livros, eu lanço autores, é diferente. Aí eu falei, opa, gostei. E ela falou, então, se você topar, porque a gente não vai parar em um livro só, é uma carreira, é uma outra dinâmica, eu faço o teu livro, acho até que o seu livro não vai vender, mas ele é um livro necessário, por isso eu quero fazê-lo. Então, eu escrevi A Decisão de que o Mundo Precisa, Sete Caminhos para Você Sair da Indiferença e Deixar um Legado para a Sociedade, onde eu desconstruo esses sete argumentos que eu mais ouvia, não tenho tempo, não tenho dinheiro, aí eu vou colocando. Para escrever esse livro, embora eu fosse relativamente conhecido dentro do setor que eu trabalhava, não era um cara conhecido nacionalmente, não estava em redes sociais, nem nada, então eu falei assim, como é que eu vou fazer afirmações aqui que as pessoas vão dizer, mas quem é esse cara dizendo isso? Então, o que que eu fiz? Eu comecei no prefácio do livro, na introdução, eu trago na época, lancei em 2019, o relatório do estado do mundo, que o Fórum Econômico Mundial de Davos solta, e que ele dizia assim, a gente está partindo para um modelo de país em que está muito cada um para si, e todos os problemas que são sistêmicos e do planeta, estão deixando de ser tratados, na época eles falaram dos refugiados, mudanças climáticas, porque os países estão se fechando, não vai dar certo uma sociedade que pensa egoisticamente. Peguei esse relatou, fui buscar um outro relatório de Harvard, que tem a universidade da felicidade, a mais antiga pesquisa, desde 1928 os caras estão pesquisando quais são as raízes da felicidade e com o mesmo grupo de pessoas. Então, começaram a pegar o meu bisavô, meu avô, agora estou eu respondendo a pesquisa. E o resultado que eles têm até hoje e seguem fazendo é assim, estão nas conexões humanas, pessoas que têm conexões são mais felizes. E o terceiro que eu peguei foi epidemia da solidão, fenômeno que foi identificado na Inglaterra em pesquisa, muita gente buscando o sistema de saúde, eles têm algo parecido com o SUS, pedindo remédio para depressão, pensamentos suicidas.

Luciano Pires: Isso pré pandemia?

Celso Grecco: Pré pandemia, e aí por quê? Ah, porque eu me sinto muito só, sou uma pessoa muito solitária, casado, com filho, trabalhando, relações. Aí o governo inglês falou assim, cara, tem alguma coisa errada, fizeram uma pesquisa, 15% da população se declarava solitária sem ser sozinha. E aí qual foi o experimento que fizeram? Criar um programa chamado Conectores Comunitários, e o Conectores Comunitários conectava pessoas com organizações, cada uma libra investida economizava seis em remédios no sistema de saúde. Eu juntei essas três coisas para dizer o seguinte, olha, a gente está realmente se tornando pessoas que estão se isolando, e um caminho para você se reconectar com a sua humanidade, e você ser melhor para você, para os seus, para a sua família, é você buscar essas conexões, e aí no livro, eu vou na minha pegada que é falar de organizações e projetos sociais, dando os exemplos e tal. O livro performou super bem, ele está em segunda edição, ele deve ter vendido acho que uns 7 mil exemplares aí, 4 mil da primeira e já está batendo uns 3, 3500 da segunda, não sei se vai ter uma terceira edição, acho que não, ele já cumpriu um papel. Mas o livro me deixou dois legados, primeiro porque quando eu ia falar do livro, as pessoas falavam assim, nossa, muito bacana teu livro, cara, mas aquele negócio da epidemia da solidão pegou, nossa, que interessante. E aí a gente tem amigos, eu conversei com uma amiga que é uma grande pesquisadora, que foi... na época trabalhou com Júlio Ribeiro, Natalendi, ela tem os seus 70 anos hoje, ainda trabalha e ela faz pesquisa se cultura e comportamento, ela faz para a AmBev, Rede Globo, mas ela não pesquisa o produto, ela pesquisa para onde a sociedade está indo, o que que está moldando o pensamento, qual é o drive e quais são os seus comportamentos diante de uma novela, diante de um casal gay que aparece no programa, e aí eu a chamei, ela topou, a Mari topou fazer a parte qualitativa, e na parte qualitativa, entrevistando 15 especialistas da área, neurocientista, neuropsicólogo, psiquiatras, a gente identificou espectros da solidão, ela fez 60 entrevistas de quali e identificamos sete espectros da solidão, que é diferente de depressão, uma coisa alimenta a outra, mas são diferentes. E aí amigos de um instituto de pesquisa de Brasília expandiram isso para uma quantitativa, então fomos nacional, cinco regiões, 2500 entrevistas, margem de erro de 2%, índice de acerto 95%, e aí foi possível responder assim, temos uma epidemia da solidão no Brasil? Pré-pandemia, a resposta sim, e há uma incidência muito grande na faixa etária dos 18 aos 34 anos de idade, o que é super preocupante. Aí entrou pandemia, aí o Fantástico, da Rede Globo, em uma certa altura, por um amigo, uma indicação, falou, me interessa falar dessa pesquisa, mas nós estamos em pandemia com todo mundo em casa, como é que eu não vou confundir uma coisa com a outra? Eu falei com os caras do instituto, aí eles disseram, olha, Celso, a gente consegue repetir, tem uma técnica que chama paridade, então eu volto nas mesmas pessoas e falo assim, e aí, Luciano, lembra que... como é que está agora? Aí foi feito isso, o que que piorou? Ansiedade, normal, mas tudo se mantinha. Depois o Fantástico não foi a frente com a matéria, e aí eu fui parar no programa do Leandro Karnal, na CNN, à noite e foi bacana, mas não teve a visibilidade. Mas me deixou esse tema da epidemia da solidão, o que ainda me levou a fazer algumas palestras para empresas, e agora voltaram a chamar porque o tema da saúde mental está muito presente, e quando eu apresento uma pesquisa que apresenta uma faixa etária de... bom, eu estou falando do seu colaborador, eu não fui pesquisar isso... sociedade. O segundo legado foi uma minissérie que eu criei chamada Engenharia da Vida, e que eu apresento, tem uma linguagem Netflix, de verdade.

Luciano Pires: Mas está produzida isso, onde está isso?

Celso Grecco: Está na Hotmart, é vendida, é um curso de construção de propósito e projeto de vida, mas tem o formato de uma minissérie, tem uma linguagem Netflix, porque... temos tempo, dois minutos para eu contar isso aí?

Luciano Pires: Tem, claro.

Celso Grecco: Eu tenho uma grande amiga cujo a família é dona de duas universidades, entre outros negócios, e ela me chamou... a pandemia já estava ali indo embora um pouco, pelo menos a gente já tinha vacina, ela falou, Celso, teu livro é tão legal, já dei para tanta gente, a gente está identificando aqui essa questão muito de juventude, que conecta com a epidemia da solidão, a gente vê os nossos jovens pedindo ajuda aqui na universidade, é o que você falou, menino com 28 com burnout, com 24 com questões de saúde mental comprometida já. Vamos fazer um master class do teu livro. Eu falei, Thais. Ela chama Thais. Falei, master class do meu livro, eu nem sei como é que faz isso, já foi, já está tudo escrito. Não, mas a gente precisa fazer um curso de felicidade. Ah não, felicidade não dá, felicidade é um processo complexo, é uma engenharia de vida. Ah, então vamos fazer o curso da engenharia da vida, pronto, você já deu o nome aí, mas vamos fazer uma coisa diferente, não vamos fazer aquela coisa careta de palestra gravada com fundo infinito. Eu falei, posso ousar? Ela falou, pode, pode porque isso é um produto importante, eu te dou o suporte da nossa produtora, a gente tem uma produtora aqui interna para os cursos de EAD, você pode fazer o que você quiser, escreve o roteiro. Aí fui sentar para escrever os roteiros, falei, bom, engenharia da vida, eu vou começar pelo básico, o que que significa engenharia? Abro o dicionário, está lá engenharia é o uso científico ou empírico dos recursos da natureza em benefício do desenvolvimento humano, porque engenharia vem do latim ingenium, ingenium é o talento nato que nós temos. Aí pronto, eu achei que ia fazer uma licença poética, não tem licença poética coisa nenhuma, engenharia para desenvolver o ser humano. E aí escrevi em oito episódios, são 26 vídeos que tem, cada episódio tem dois, três vídeos, alguns têm quatro, então é um método que se desenvolve, faz um paralelo não chato, é bem leve, entre você erguer um edifício, uma casa, uma construção, e você erguer um propósito na sua vida. O princípio é, você escolhe o terreno, se eu vou fazer uma construção na praia é um terreno arenoso, se é em uma montanha é mais rochoso, mudam as bases, a única coisa que você não vai negociar é que o terreno é você mesmo, você não vai construir no terreno se alguém, todo o resto agora você passa a administrar nesse processo, e vou fazendo esse paralelo, então, cada episódio eu trago um conto, uma ilustração de uma parábola que está riquissimamente bem feita ali nos recursos que o digital permite, tem cartoons que vão contando aquela história, e eu vou apresentando e tem entrevistas, cara, ficou...

Luciano Pires: Como é o nome do curso?

Celso Grecco: Engenharia da Vida.

Luciano Pires: Está na Hotmart?

Celso Grecco: Está na Hotmart, então se você colocar engenhariadavida.com.br, você cai na página, o primeiro episódio está aberto, gratuito e cada episódio tem um manual para você ir fazer os exercícios, realmente é método, eu costumo dizer que a engenharia da vida é método para os afetivos e afeto para os metódicos, por isso que tem o inspiracional, que é você assistir... teve gente que falou assim, eu comecei a ver, você fala, ah assiste o capítulo, faz o exercício, falei, não, eu maratonei os oito episódios, depois eu voltei. E tem gente que falou assim, não, eu assisti, legal, mas agora me dá o exercício que eu preciso. Esse é o afeto para os metódicos. E o método para os afetivos, para você não ficar só na viagem.

Luciano Pires: Muito legal, não sabia desse curso não. Quem quiser encontrar você, como é que te acha?

Celso Grecco: Celso Grecco, estou no Instagram.

Luciano Pires: O Grecco tem dois Cs.

Celso Grecco: Dois Cs, graças ao meu pai, na família só tinha um, aí ele achou mais bacana ter dois, e eu sempre tenho que dizer Grecco com dois Cs.

Luciano Pires: Então é @celsogrecco tudo junto.

Celso Grecco: celsogrecco tudo junto, Grecco com dois Cs.

Luciano Pires: Está no Instagram. O livro chama-se?

Celso Grecco: A Decisão de que o Mundo Precisa.

Luciano Pires: Ok, encontra-se à venda na Amazon?

Celso Grecco: Na Amazon encontra.

Luciano Pires: A Decisão de que o Mundo Precisa, e o curso Engenharia da Vida.

Celso Grecco: engenhariadavida.com.br, está lá o site.

Luciano Pires: Perfeito. Cara, grande, batemos nosso papão aqui, legal, eu espero que você tenha aí sucesso nessas tuas implementações aí. Como é que é? Vamos voltar lá...

Celso Grecco: As pessoas...

Luciano Pires: Não, não, não, as três, como é que é? Conveniência...

Celso Grecco: Convicção, isso vale para as empresas e vale para a gente, hein?

Luciano Pires: Perfeitamente.

Celso Grecco: Convicção, conveniência ou constrangimento.

Luciano Pires: Constrangimento, então você que está começando a tomar vergonha na cara por constrangimento e que em determinado momento vai passar a fazer por conveniência, transforme isso em convicção, cara, que aí você vai fazer...

Celso Grecco: Vamos lá para valer. Como dizem em Bauru e diziam lá em Campos do Jordão, vamos ataia, vamos ataia.

Luciano Pires: Valeu, Celso, bom te ver, cara. Grande abraço.

Celso Grecco: Obrigado, obrigado.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LíderCast.com.br.

 

 

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