LíderCast 275 - Alexandre Santos Godinho

Data de publicação: 23/05/2023, 14:29

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o podcast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. No episódio de hoje trazemos Alexandre Santos Godinho, que é CEO da God Mix Tintas, uma história de empreendedorismo brasileiro, mais um daqueles que começam com nada e vão crescendo na prática. Alexandre começou em vendas e hoje é um industrial a frente de uma fábrica que produz 60 toneladas de tintas de impermeabilizantes por semana, e que cresceu exponencialmente durante a pandemia, lançando em 2022 seu carro chefe, o veda master, borracha líquida incolor, um impermeabilizante revolucionário. Uma história de mais um brasileiro simples, o cão, que continua assumindo riscos e não tem medo dos desafios. É inspirador.

Muito bem mais um LíderCast, como sempre eu começo contando como é que o meu convidado veio parar aqui, estou eu trabalhando no meu dia a dia, quando no meu e-mail entra uma mensagem de uma agência de comunicação, a Hug Comunicação, é isso Thamires? Thamires está ali fora olhando a gente. E ela manda um texto lá, um cara aqui que pode ser interessante, eu dei uma olhadinha no texto. Eu falei, parece que esse inventa moda, vou querer falar com ele. Marcamos, aqui está. Se você tem interesse em recomendar alguém, só que eu vou dar uma recomendação aqui, eu não trago ninguém aqui para fazer propaganda de produto, propaganda de empresa, isso não me interessa, eu recebo um monte de gente, olha, o fulano de tal pode falar do alto desempenho do software dele. Eu não quero falar disso, aqui eu trato de pessoas, então a minha ideia é trazer gente que faz acontecer, não importa em qual segmento, eu não quero saber se o cara... se é rico, se é pobre, se é de direita, se é de esquerda, se é dono, não interessa, cara, se você faz acontecer, eu quero conversar com você, por isso que eu já trouxe aqui de atriz pornô a candidato a presidente da república, de pastor a CEO de empresa, então todo tipo de gente cabe aqui, e essa é a característica do LíderCast, a gente fala com pessoas, não fala com projetos de marketing, nem questões comerciais, acaba aparecendo no meio do papo, mas essa não é a pegada. Três perguntas que você já sabe quais são, mas eu vou repetir aqui, lembrando que você pode chutar à vontade ao longo do programa, mas essas três você não pode errar, seu nome, sua idade e o que que você faz?

Alexandre Santos Godinho: Bom, boa tarde a todos, eu sou o Alexandre Santos Godinho, sou CEO de uma empresa de tintas e impermeabilizantes, a God Mix Tintas, e tenho 44 anos, casado com a Milca de Matos, pai da pequena Alícia.

Luciano Pires: Que já chegou aqui todo babão, que a Alicia é a coisa mais linda do mundo.

Alexandre Santos Godinho: É, quem fala a verdade não merece castigo, minha filha realmente é muito linda.

Luciano Pires: Que legal. Eu vou encontrar um dia um pai que vai falar assim, não, a minha não é tão bonitinha assim, a minha é feinha. Nasceu aonde, cara?

Alexandre Santos Godinho: Eu sou de São Paulo, e nasci há 44 anos, já estou ficando velhinho também, e meu pai e minha mãe vieram de Minas, inclusive meu pai e minha mãe, uma informação legal, eles eram primos de primeiro grau, e aí vieram para São Paulo, meu pai veio de Minas, minha mãe estava no Paraná, casaram, vieram, e eu nasci na capital mesmo.

Luciano Pires: O que que eles faziam?

Alexandre Santos Godinho: Então, minha mãe é dona de casa, infelizmente minha mãe faleceu em 2018, e meu pai comerciante, e meu pai tinha um boteco quando eu era bem novinho, meu pai tinha um boteco, vendia as pingas para o povo lá. E em determinado momento meu pai teve que mudar de ramo, e abriu um depósito de material de construção. E eu trabalhei com ele dos 13 aos 18 anos, mas antes disso, uma curiosidade, eu arrumava mesa de bilhar, trabalhava em uma empresa para arrumar mesa de bilhar com 13 anos.

Luciano Pires: Com que idade?

Alexandre Santos Godinho: 13 anos.

Luciano Pires: 13 anos. Mas vamos conversar aqui, qual era o teu apelido quando você era... tem irmãos?

Alexandre Santos Godinho: Tenho, um casal de gêmeos, meus irmãos, Anderson e Andressa.

Luciano Pires: Teu apelido como é que era?

Alexandre Santos Godinho: Rapaz, quer saber mesmo?

Luciano Pires: Quero.

Alexandre Santos Godinho: Esse é pesado, acho que nunca ninguém ouviu, imagina, cão, para você ter uma ideia.

Luciano Pires: O que que era? Por que você era o pavor, tocava o terror?

Alexandre Santos Godinho: Era atentado, quando eu era moleque era atentado mesmo, chamava de cão, o cão está chegando, para você ter uma ideia.

Luciano Pires: O que que você fazia para ser?

Alexandre Santos Godinho: Ah, era muito atentado, para você ter ideia, eu fui expulso da escola, tinha uns 14 anos, fui expulso da escola.

Luciano Pires: Quer dizer, você é pior que a turma do fundão, você é o cara do fundão que vai expulso?

Alexandre Santos Godinho: Eu era o terrorista, eu ia para o cemitério de noite, era gótico, essas coisas aí de rockeiro doido, ia para o cemitério à noite com a galera, aprontava demais, e aí fui expulso e tal, e foi indo, hoje eu já não tenho mais esse apelido não, mas...

Luciano Pires: Então, mas o que que o cão, por que que o cão era esse rebelde aí, o que que era?

Alexandre Santos Godinho: Rapaz, explodia banheiro, sabe?

Luciano Pires: Vem cá, você apanhava em casa do pai e da mãe? Sua família era disfuncional? Seu pai batia na sua mãe, era bêbado?

Alexandre Santos Godinho: Não, meu pai nunca foi bêbado...

Luciano Pires: De onde que veio essa impulsão para ser o cão?

Alexandre Santos Godinho: Eu sofria de bullying quando era bem mais pequeno.

Luciano Pires: Não entendi.

Alexandre Santos Godinho: Bullying eu sofria, hoje é bullying, quando era menorzinho, aí eu parei de estudar um ano, quando eu retornei, voltei...

Luciano Pires: O bullying era por quê?

Alexandre Santos Godinho: Ah, eu usava óculos, era magrelao cumpridão, aquela época... fundo de garrafa. Quando eu voltei a estudar, que eu fiquei um ano, aí eu voltei muito mais atentado, e aí fui indo e tal, e me apelidaram e ficou perdurando por um bom tempo esse apelido aí, e hoje não está mais não.

Luciano Pires: É meio complicado, que se o cão mudou no meio do caminho, vai mudar também, mas vamos lá, o que que o cão queria ser quando crescesse?

Alexandre Santos Godinho: Cara, quando eu era criança eu tinha... eu sou um cara muito curioso, eu li muito sobre muitas coisas, eu ando por muitos mundos, eu tinha o sonho de ser cientista quando eu era moleque, meu sonho é pedir para o meu pai, pai, me dá um microscópio, nunca me deu, até hoje não comprei um, mas eu tinha muito o sonho de ser isso, e passou o tempo, eu queria ser médico, infelizmente a minha família, ela não teve condições de bancar um estudo desse, mas até hoje eu leio muito artigo sobre medicina, porque me fascina, o corpo humano é uma coisa maravilhosa, e eu queria ser isso. Só que a vida me levou para um outro caminho totalmente diferente disso.

Luciano Pires: Eu acho que 99% de quem senta aí... eu acho que eu me lembro talvez duas entrevistas, alguém que sentou aí e falou... a última que eu fiz foi assim, a Pita, eu nasci para ser professora, eu cresci e eu sou professora com o maior orgulho. Ela agarrou, falou, não pensei em outra coisa na vida. Mas raramente você encontra gente assim, sempre a vida leva a gente para algum caminho. Mas você foi para onde, cara, você começou a trabalhar, então...

Alexandre Santos Godinho: E aí eu trabalhando com meu pai, meu pai abriu um depósito de material de construção, nessa época eu comecei a ter atendimento ao público e isso me despertou aquela questão da veia de vendas.

Luciano Pires: Já não era mais o cão?

Alexandre Santos Godinho: Não, ainda continuava, continuava ainda.

Luciano Pires: Não, eu digo não pelo apelido, o espírito, o espírito era do cão? Você era um cara que aprontava ainda?

Alexandre Santos Godinho: Aprontava, aprontava, mas bem menos, já estava diminuindo a bagunça já, mas eu nunca levei preocupação para os meus pais, eu nunca fui de beber, eu nunca fui de chegar bêbado em casa, eu trazia preocupação porque eu era bagunceiro, vivia tirando racha, essas coisas de moleque mesmo.

Luciano Pires: Que porra você ia fazer no cemitério à noite se não era para encher a cara, para fumar tudo?

Alexandre Santos Godinho: Não, eu não fumo também. Não, eu ia namorar, cara, ia lá no meio do cemitério lá.

Luciano Pires: No cemitério.

Alexandre Santos Godinho: Coisa de doido, para você ver que não é coisa de gente normal. E a gente gostava de sair, a gente tinha um grupo de amigos lá, a gente gostava de um rock n roll louco e ficava lá tocando violão, então quarta parada, Vila Alpina, nós vivíamos lá dentro lá.

Luciano Pires: É nós.

Alexandre Santos Godinho: Era nós. E aí quando meu pai abriu esse depósito de material de construção, eu tinha uns 13 para 14 anos, a gente... eu comecei a ter essa veia de questão de vendas, saber lidar com o público, atendia público, atendia vendedores que ia lá vender para ele, e trabalhei dos 13 aos 18 anos. Quando deu 18 anos, o que que o moleque quer fazer com 18 anos? Quer dirigir, aí eu falei assim, pai, eu quero ser vendedor externo.

Luciano Pires: Escapou do exército?

Alexandre Santos Godinho: Escapei, escapei, graças a Deus, não queria. E aí eu falei, pai, eu quero ser um vendedor externo, vou pegar uma representação e vou começar a trabalhar com vendas externas. E aí beleza, vamos trabalhar então com vendas externas, aí ele me encaixou em uma fábrica lá de impermeabilizantes, aí a empresa não queria me pegar, porque falaram que eu era muito novo e não teria experiência em vendas, e logicamente era uma verdade, porém, aquela bagagem que eu ganhei com o meu pai me fez mostrar para eles que eles estavam errados, porque no primeiro dia eu abri 10 clientes.

Luciano Pires: Mas como é que você convenceu os caras a te pegarem? Não queriam te pegar porque você era inexperiente, como é que conseguiu?

Alexandre Santos Godinho: Argumentação, eu falei assim para eles, se vocês não me pegarem, vocês teriam certeza que eu não dei certo, se vocês me pegarem talvez vocês vão ter certeza que vocês erraram. E aí...

Luciano Pires: Eu não entendi nada do que você... que lógica é essa aí, como é que é? Se vocês não me pegarem...

Alexandre Santos Godinho: Vocês terão certeza que eu não dei certo como vendedor para vocês, se vocês me pegarem, talvez vocês vão ter a certeza de que vocês estão errados.

Luciano Pires: Ok, que você pode ser o cara que deu certo, então.

Alexandre Santos Godinho: Exatamente, foi exatamente isso que aconteceu.

Luciano Pires: Mas você não assumiu um compromisso, eu vou ficar aqui um mês, se o resultado não aparecer, você me chuta?

Alexandre Santos Godinho: Não, quando a gente chegou para fazer esse tipo de trabalho, eu falei assim, vai dar certo, eu já cheguei com a característica de dar certo, e eu no primeiro dia...

Luciano Pires: Que idade você tinha?

Alexandre Santos Godinho: 18.

Luciano Pires: Com 18 anos a gente é imortal.

Alexandre Santos Godinho: Imorrível.

Luciano Pires: Dos 18 aos 30 você é imortal, hoje tem até adolescente dentro de 50, 60.

Alexandre Santos Godinho: Sou eu.

Luciano Pires: Mas você é imortal, não tem nada que te pare, você é o melhor do mundo, não vai morrer, não vai ter nada, então quando você fala assim, cara, eu vou fazer acontecer, é a benção da ignorância, eu ignoro tudo, logo, mandem que eu faço, foi isso que aconteceu com você?

Alexandre Santos Godinho: Exatamente isso.

Luciano Pires: E a hora que te jogaram na rua, cara, com a meta?

Alexandre Santos Godinho: Não, não deram meta porque eles estavam descrentes de dar certo.

Luciano Pires: Põe aí e vê o que acontece.

Alexandre Santos Godinho: E aí no primeiro dia 10 clientes abertos, no primeiro dia, para uma empresa que não tem reconhecimento de mercado, que era uma empresa que ainda continua pequena, não, esse é o cara, vamos contratar porque é bom.

Luciano Pires: Era uma empresa de que?

Alexandre Santos Godinho: De impermeabilizantes.

Luciano Pires: Você batia nas lojas de material de construção, alô, eu sou o cão, vim aqui para vender impermeabilizante, é isso?

Alexandre Santos Godinho: Eu não podia falar do cão, se não afugentava o cliente. Imagina, uns 40 quilos mais magro, pelo menos tinha cabelo, a vantagem é que tinha cabelo, o cavanhaquinho bem fininho, mas bem feinho, com a pastinha verde, sem curso de venda, só com a cara e a coragem, e falar assim, eu vim trazer um produto para você, para você comprar e tal, eu quero, eu quero, eu quero. E aí eu vi que eu me dava bem com esse negócio de venda, sou bom nisso.

Luciano Pires: De onde você tirou argumentação, cara? Você falou que você trabalhava lá com teu pai lá atrás, mas cara, argumentação... uma coisa é você estar sentado atrás do balcão, as pessoas chegarem para conversar com você, e foram lá te procurar porque elas querem alguma coisa, ou já sabe o que quer vender ou sabe o que quer comprar, então é uma coisa, outra é você bater em uma porta e falar, eu sou o famoso eu, entendeu, que ninguém conhece, esse moleque magrelo aqui representando uma empresa que não reconhecida no mercado e vim aqui para pegar dinheiro teu, me dá teu dinheiro, que eu vou te dar um produto X. Da onde veio isso, cara?

Alexandre Santos Godinho: Você ver como que as coisas são engraçadas, quando a gente sai com um desafio desse tamanho, por isso que a gente fala que a questão do empreendedorismo, ela tem que ter várias etapas da vida, a vida, ela te põe alguns desafios e você vai quebrando cada desafio de acordo com o decorrer da vida, foi um desafio imposto muito grande, então quando eu chegava em uma loja que não conhecia o meu produto, ou não conhecia eu, eu teria que ser a melhor pessoa do mundo, o que que eu usava como a tática? Primeiro, eu fazia um pré roteiro, eu sabia quem gostava de piada, eu sabia quem gostava de um futebol, eu sabia quem gostava de política, então eu já saía com o pré roteiro pronto, fulano gosta de piada, eu tenho que chegar com uma piada pronta, para criar o que? A empatia, porque o cliente, o consumidor, ele não compra de você pelo produto apenas, ele compra por você causar uma certa empatia na hora de você fazer uma venda.

Luciano Pires: Aonde você ia buscar essas informações, cara? Eu conversei outro dia com um entrevistado aqui, ele botou um target que ele queria pegar um cliente XPTO, e não tinha jeito dele pegar o cara de jeito nenhum, ele foi estudar a vida do cara, tipo assim, ele seguiu o cara e descobriu a padaria onde o cara tomava café toda manhã, e o lugar onde esse cara tinha aula de tênis, alguma coisa assim, ele se matriculou para ter aula de tênis junto com o cara, e ele passou a tomar café da manhã na padaria que o cara tomava, sem abordar o cara, mas assim, tipo assim, eu vou aparecendo lá e vou ficando familiar, e vou jogando... uma hora... que legal... virou cliente dele, é cliente dele até hoje, e a hora que ele falou para mim, ele falou, ele vai descobrir hoje a sacanagem que eu fiz lá atrás. Mas ele dedicou tempo a pesquisar. Quando você fala, eu sabia quem gostava de piada, eu sabia quem gostava de futebol, de onde vinha essa informação?

Alexandre Santos Godinho: Quando eu abri esses 10 primeiros clientes foi no sopetão, cheguei, falei, o produto. No decorrer da vida, a gente começou a adquirir essa experiência de saber quem é o cliente, porque eu chegava lá, me apresentava, quem é o comprador? Ah, seu José. Seu José está? Não, não está. Eu passo depois. Eu passo depois, aí chegava, sondava, olhava lá a loja do cara, tem lá um quadro do Corinthians, é nós, mano. E foi assim que a gente foi adquirindo essa experiência. Eu tenho um caso bem curioso também, levando para esse lado que você falou, tinha um cliente que eu queria pegar também de qualquer jeito e o cara não me atendia, o cara dono de uma construtora, não me atendia, talvez ele esteja ouvindo, vai ser a mesma coisa. E aí eu chegava, ele mal me atendia, e ele gostava de velejar, e aí eu não tenho barco, não velejava, e aí eu cheguei um dia no escritório dele fingindo que estava passando mal, que fui pescar em alto mar e estava passando mal. Aí ele, oi, você está aí. Cara, eu vim te atender, mas eu estou passando mal para caramba, que eu fui velejar esse final de semana, e estou muito ruim, cara, e você tem que me atender, estou vindo de atender. Aí ria de mim, caramba, não acredito que você está passando mal, eu navego, eu faço isso, eu falei, é, é nessas horas que separa os homens dos meninos. E vai, vai, vai. Fechei o pedido do cara nesse dia. Passou um ano, eu falei assim, cara, você é maior babaca. Por quê? Eu já tinha intimidade com ele, falei, lembra aquele dia que eu estava velejando? Cara, eu mergulho, eu já mergulhei em alto mar várias vezes, e eu não passo mal coisa nenhuma. Alexandre, mas então você me enganou? Eu não te enganei, eu te trouxe oportunidade de bons negócios, se o meu produto fosse ruim, você não estava comprando ele de mim até agora.

Luciano Pires: Isso tem um nome, isso se chama 171.

Alexandre Santos Godinho: Famosíssimo, funciona. E eu uso essas técnicas assim no meu dia a dia, todos os dias quando eu saio para fazer algum tipo de negócio, eu tento adaptar o mais rápido possível à necessidade daquela pessoa, mesmo que eu não a conheça. Eu consegui fechar um grande pedido agora recentemente usando a mesma tática, nem conhecia a pessoa, mas aí a gente vai adquirindo experiência com isso, acabei de fechar o pedido.

Luciano Pires: Você tem que estar esperto para o que está no ambiente, eu entrevistei um médico aqui, que ele falou, cara, você tem que sentir o hálito do cliente, sinta o hálito do cliente, que é ali que você começa a entender. Outro falou que você precisa respirar o ambiente, o ar ambiente. Uma vez eu fui fazer uma apresentação, tinha uma agência, uma pequena agência de publicidade, tinha meu sócio e tudo, os caras marcaram uma construtora, nós fomos lá, e eu era o cara da arte, eu não era o cara de frente, eu não era... então entramos os três ou quatro na sala, fomos lá conversar, mostrar para tentar ganhar o cliente e tudo, na hora que a gente saiu da sala, que nós estamos caminhando no corredor, eu olho no canto e vejo um telescópio, e bicho, eu era astrônomo amador, sabia tudo, quando eu vi o telescópio, eu já fui lá, e já comecei, já peguei o telescópio, só na embocadura de pegar ele na mão e mexer, o cara olhou e falou, esse é do ramo. Não, porque aqui... o que é isso? Não, eu adoro. E o cara era louco por astronomia. Acabou, cara, acabou, ali acabou a conversa, e o cara grudou em mim, ficamos os dois lá não sei quanto tempo, e os caras da agência só olhando, hora que nós entramos no carro, porra, da onde você tirou aquilo? Não tirou, estava na minha frente, eu não sabia o que era, eu fui com uma curiosidade genuína, mas eu não deixei passar batido, então eu faço isso até hoje, se tiver um quadro legal na parede, o que que é isso? Por que que esse quadro está aí? Então, ao exercitar essa curiosidade que é genuína, que você não pode desaparecer nunca com ela, você pode ter a chance de, de repente, esse quadro aí é do meu tio, que ele era pintor, morava não sei aonde, ah eu também tinha um tio... pronto, fez a conexão.

Alexandre Santos Godinho: Essas pontes de conexão, em tudo na vida, não só apenas no mundo corporativo, mas também no nosso dia a dia, tem que ser, por exemplo, tem pessoas que você tem uma afinidade, bateu o olho já bate uma afinidade tão grande, e tem pessoas que não bate essa conexão de início, então a gente consegue no decorrer do tempo fazer essa conexão ser mais breve, para que você consiga fazer negócios, então é mais ou menos por aí que a gente utiliza as nossas técnicas.

Luciano Pires: Você era, então, funcionário, você era CLT dessa empresa?

Alexandre Santos Godinho: Não, apenas comissionado, e trabalhei nela, e um ano depois eu entrei em uma outra empresa como representante, em uma fábrica de tintas também, essa faliu, essa não aguentou a pressão, não.

Luciano Pires: Você estava trabalhando nas duas?

Alexandre Santos Godinho: Isso.

Luciano Pires: Então, você montou uma representação?

Alexandre Santos Godinho: Isso, eu tinha uma...

Luciano Pires: Você tinha o CNPJ?

Alexandre Santos Godinho: Não, sem o CNPJ, só freelance mesmo, e aí fui indo e tal, e no decorrer do tempo, como eu era muito curioso, eu sempre levava algumas dicas para o fabricante, olha, o mercado está pedindo tal coisa, o mercado está pedindo tal coisa, vamos lançar esse produto, vamos lançar esse produto. E a empresa, não, não dá, não dá. Eu trabalhei durante algum tempo, nesse meio período que eu trabalhava lá, eu abri uma loja de tintas, com 20 anos eu tinha uma loja de tintas já, 20, 21 anos.

Luciano Pires: E você era cliente do teu empregador?

Alexandre Santos Godinho: Também, só que na minha loja era multimarcas, eu tinha de várias marcas lá, então eu tinha um funcionário que tomava conta da loja, eu com 20 anos, continuava saindo na rua para vender e tinha uma loja lá em ponto fixo também. Quando eu tinha uns 23 anos, eu abri uma distribuidora, então aí eu continuei trabalhando como representante e abri uma distribuidora, com 23 anos.

Luciano Pires: De que?

Alexandre Santos Godinho: De tinta também.

Luciano Pires: Que também comprava desse teu empregador, também distribuía produto aí. Como é que dividiu o teu tempo, cara?

Alexandre Santos Godinho: Então, eu ficava 100% focado na questão da venda, porque eu era a pessoa de trazer negócio para dento da empresa, e aí eu tinha os funcionários que tomavam conta da loja, então eu ficava todo dia, de segunda a sexta-feira na rua, no sábado eu ficava lá e tal, e tinha que dar tempo para isso. Mas aí que essa falta de tempo causou um problema grave para mim, porque quando eu abri a distribuidora com 24 anos, 24 para 25 anos, como não estava dando muita ênfase à questão financeira, eu comecei a ser roubado.

Luciano Pires: Mais um.

Alexandre Santos Godinho: Mais um, pela própria empresa que me fornecia o material.

Luciano Pires: Ah não era o funcionário teu?

Alexandre Santos Godinho: Não, funcionário não, esse meu funcionário está comigo até hoje, trabalha comigo.

Luciano Pires: E você era roubado como, cara? Por um fornecedor?

Alexandre Santos Godinho: Pelo próprio fornecedor, de que forma? Na correria, naquela época se usava muito cheque, eu dava dois cheques para pagar a mesma conta às vezes, ou ele emitia boleto, eu pagava boleto e pagava o cheque, e isso foi causando lá...

Luciano Pires: E o cara sabendo lá que ele estava emitindo... devia fazer isso com todo mundo.

Alexandre Santos Godinho: Não, fazia comigo porque eu era o maior distribuidor dele, e eu na correria, fui errando, fui errando, chegou um momento da vida onde nós tínhamos que decidir, ou fazer alguma coisa, ou não fazer nada e morrer financeiramente, optei pelo plano B, daí que surgiu a nossa empresa de tintas e impermeabilizantes, a God Mix.

Luciano Pires: Mas então, você estava... trabalhava como distribuidor, o teu negócio era venda? Não era produção, não era fabricação de coisa nenhuma, era vender.

Alexandre Santos Godinho: Isso, era venda. Nada.

Luciano Pires: E você tinha uma ideia de algum produto novo, é isso? Que você queria e a empresa...

Alexandre Santos Godinho: A empresa lá atrás recusava, e eu tinha a ideia desse produto novo.

Luciano Pires: Mas qual era o argumento dela para recusar o que você estava trazendo? Deixa eu te explicar essa pergunta porque aí, tem uma... eu trabalhei muito tempo em indústria também, e eu estava o tempo brigando com os caras lá, porque era uma indústria de engenheiro, engenharia fabricando autopeças para vender para montadoras. 

Alexandre Santos Godinho: Gigantesco.

Luciano Pires: B2B gigante, um monte de engenheiro desenvolvendo produtos, fabricando e entregando para a montadora.

Alexandre Santos Godinho: Duelo de titãs.

Luciano Pires: E eu durante muito tempo trabalhei no mercado de reposição, que não era isso, reposição é varejo de autopeças, é pau a pau com cliente, você está o dia inteiro ali, então a dinâmica do fornecimento para montadora é uma coisa, você tem um projeto, tem um produto, tem especificação, deu, não deu, acabou, dá certo ou não dá, quando você vem para a reposição muda tudo, porque, cara, a especificação está aí, mas tem mais folga, tem menos folga, não quero assim, não gosto branco, tem que ser azul, por quê? Porque sempre foi azul, então tem toda uma discussão assim, e isso eu não estou chutando, eu estou contando de verdade, eu tive um produto que foi recusado pelo mercado, porque os nossos engenheiros desenvolveram um tipo de cobertura no produto que era um grafite, que deixava o produto ultra protegido, e aquilo garantia ter uma primeira lubrificação nesse produto, só que o produto ficou preto, e a hora que os clientes abriam a caixa, ao invés de tirar um produto brilhante, como sempre foi brilhante, que dava aquela coisa, bate a luz, ele é brilhante, tirava o produto preto fosco, e os caras, esse eu não quero, eu quero o brilhante.

Alexandre Santos Godinho: Só por causa da cor.

Luciano Pires: Você vê, mas na cabeça deles aquilo era um defeito, porque eles não sabiam. E aí a gente vinha, não, mas espera um pouquinho, cara, isso aqui te garante, é muito melhor... mas essa argumentação trombava com a cultura de mercado, e nós tivemos que penar para convencer os engenheiros que eles não podiam fazer aquilo. E o engenheiro não entendia, ele fala, cara, eu estou dando um benefício, custa mais caro para nós, o produto sai com a melhor qualidade, é tudo de bom, é isso que está aí. Sim, mas o mercado não aceita. E aí a gente voltava com essa informação do mercado para dentro de casa, e os caras não queriam saber, não ouviam, então esse canal de volta, por isso que eu estou te perguntando aqui, sempre é uma complicação, porque você tem ali os caras tradicionais, o engenheirão, o cara que fabrica o produto, conheço o mercado, fui eu que desenvolvi, agora vem esse moleque, o cão vem aqui, vem dizer que esse amarelo tem que mudar, tem que mudar uma característica, quem que é esse ignorante, cara? Então, tem uma restrição e você acaba com isso perdendo uma coisa fabulosa que você tem olhos e ouvidos no mercado, cara, o cão estava lá. Vou te encher o saco com o cão.

Alexandre Santos Godinho: Não esquenta a cabeça, eu sei que você gostou.

Luciano Pires: Ele estava ouvindo, ele está voltando com a dica, cara, pega a informação, tem empresa que paga para ter essa informação, e tem outras que tem gratuitamente e bate e não escuta, que é o que aconteceu com você. 

Alexandre Santos Godinho: Exatamente. Então, eu levava para eles e falava, vamos lançar isso aqui, vamos lançar, cara, o mercado está pedindo.

Luciano Pires: O que que era isso que você propôs?

Alexandre Santos Godinho: Era um dos impermeabilizantes, inclusive, eu tenho na minha planta, o segundo mais vendido.

Luciano Pires: Quer dizer, era uma fábrica de impermeabilizantes, e você queria lançar um tipo diferente de impermeabilizante, porque o mercado dizia, eu preciso... e não tinha a opção disso no mercado? 

Alexandre Santos Godinho: Ter tinha, mas aí o que nós tínhamos? Nós teríamos um produto muito mais competitivo no preço, porque há 20 anos atrás não existia hoje tantas marcas de impermeabilização, hoje tem bastante, mas na época não existia tanto, ou era líder ou era a segunda, mas não tinha tanto, então você teve uma gama de espaço de crescimento muito grande, e a empresa não viu isso, mas foi bom.

Luciano Pires: Então, mas o que que era o impedimento para ela fazer? Tinha que ter equipamento diferente, o que que era?

Alexandre Santos Godinho: Não, eles falavam que não tinha estrutura, lembro, eles têm... tem até hoje um terreno deles, eu acho que tem mais ou menos uns 40 mil metros o terreno deles, e eles não queriam. Então tá bom.

Luciano Pires: Teria que ampliar isso, fazer um...

Alexandre Santos Godinho: Não, não precisava de nada, máquina simples, não teria nenhum segredo de ter que desenvolver esse tipo de produto, não teria nada... eu tinha até conseguido a formulação para eles. E aí eles declinaram. Mas isso foi bom porque se eu tivesse passado isso para eles, talvez nós não estaríamos conversando aqui hoje. Então, com esse tipo de coisa eu peguei e trouxe essa minha experiência, essa expertise desse produto para dentro da minha empresa.

Luciano Pires: Mas você não era um fabricante de...

Alexandre Santos Godinho: Não era.

Luciano Pires: Aí você fala, bom, já que não querem fazer, vou eu fazer.

Alexandre Santos Godinho: Exatamente.

Luciano Pires: Agora, bicho, sair de uma estrutura onde você vende coisas que alguém fabrica para você, para quando você começa a ser fabricante, vai lidar com as químicas, cara, isso deve ser uma monstruosa mudança.

Alexandre Santos Godinho: Mas então, aí que está a questão onde nós saímos pensar fora da caixa, mudar o nosso habitat de trabalho. Aí eu tinha pegado um terreno, tinha comprado um terreno que não tinha teto, não tinha nada, tem até uma musiquinha, era uma fábrica muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada. Então, eu tinha chão de barro, não tinha telhado, tem uma Kombi, que eu fazia entrega, inclusive essa Kombi está até lá na fábrica até hoje, ela é relíquia, não vai ser vendida, minha irmã trabalhava comigo no escritório, e aí eu falei, bom, já que a distribuidora já me quebrou, só que assim, graças a Deus a gente nunca teve nome sujo, mas estava com a situação bem complexa, então como vou ter que dar esse...

Luciano Pires: Que ano era?

Alexandre Santos Godinho: Vamos falar em 2005 mais ou menos.

Luciano Pires: Não era nem...

Alexandre Santos Godinho: Não, 2007 quando eu abri a firma, 2007, é isso.

Luciano Pires: 2007, às vésperas de uma crise brutal que estava vindo aí.

Alexandre Santos Godinho: 2007. E aí foi dado o start para fazer isso. Aí um amigo meu me vendeu umas máquinas, me indicou uma pessoa para vender duas máquinas, comprei duas maquininhas, fraquinhas, foi aí que surgiu...

Luciano Pires: O que que é essa máquina, o que que é um...

Alexandre Santos Godinho: São misturadores, são caules, eu tinha dois pequenos que a gente deu start aí, um para fazer tinta e um que era para fazer esse impermeabilizante, então o que que eu fazia? Aí a coisa ficou pior para mim, eu saía de dia para vender, então eu saía, pegava a pastinha, chegava em casa cinco e meia, seis horas, e aí eu jantava e ia para o galpão fazer tinta sozinho, então eu fazia à noite, ficava até uma, duas da manhã fabricando tinta sozinho, carregando, produzindo.

Luciano Pires: Tinta que você ia vender na tua lojinha?

Alexandre Santos Godinho: Não, aí vendia para os clientes de rua, como eu tinha carteira de cliente...

Luciano Pires: Com marca?

Alexandre Santos Godinho: Com a God Mix, era a minha própria marca já.

Luciano Pires: Você já tinha marca, você já tinha bolado essa coisa...

Alexandre Santos Godinho: Tinha, já tinha marcado, e chegou as embalagens, quando chegou as embalagens vazias para mim, eu tenho um grande conhecimento com o pessoal lá da empresa de lata, e eu precisava da embalagem, eu falei, cara, eu já comprei a matéria prima, eu já estou com a máquina, só que eu preciso das embalagens, cadê as embalagens? Mandaram as embalagens para mim, quando as embalagens chegou lá no galpãozinho lá eu chorava, cara, mas não chorava de alegria não, chorava de tristeza, eu estou com a cabeça muito louca, como é que eu vou pagar isso tudo agora, pagar máquina, pagar matéria prima? Não tenho cliente ainda, porque você estava mudando, fazendo uma migração de clientes novos da sua base de cliente com uma empresa diferente, e aí eu tinha que sair correndo atrás de parceiros, cara, eu preciso que você compre a minha tinta, preciso que você compre a minha tinta, e assim foi. 

Luciano Pires: Eu não vou nem perguntar se você tinha um business plan?

Alexandre Santos Godinho: Não, zero, zero, o que que é isso? Pergunta para mim, o que que é isso?

Luciano Pires: Da onde veio a grana para começar esse negócio? Você vendeu alguma coisa, você...

Alexandre Santos Godinho: Não, não tinha grana, zero grana, então a probabilidade do meu negócio dar certo era 1%, mas era 1%, era 100% de chance, porque eu falei, cara, eu tenho que fazer esse negócio acontecer, então eu não tinha, era uma máquina, não tinha tempo ruim, tinha que trabalhar de dia, tinha que trabalhar de noite, sabe, eu tinha que fazer a coisa acontecer naquela dificuldade, então era empréstimo bancário, chegava no banco, precisava de grana, banco eu sempre consegui, nunca tive o nome sujo, então eu sempre acabava pegando grana para fazer, mas o começo é difícil, passou um determinado período, aí eu comecei a fazer contratação e já não conseguia mais ficar nos dois, ficar vendendo e ficar fazendo, porque já estava há dois anos, estava bem cansado, aí eu contratei o meu irmão para que ele assuma a carteira de clientes.

Luciano Pires: Então, mas começou a dar resultado o negócio da tinta lá, você começou a ver dinheiro entrando ali?

Alexandre Santos Godinho: Não, claro que não.

Luciano Pires: Você estava só trocando dinheiro.

Alexandre Santos Godinho: Na verdade, eu estava tentando pagar as contas, porque eu já estava com um rombo financeiro da distribuidora, então eu precisava me livrar dos problemas e precisava fazer com que essa empresa desse certo, então era muito difícil, porque hoje no Brasil para empreender é muito complexo, você empreender com dinheiro a probabilidade é muito ruim de dar certo, sem dinheiro, então...

Luciano Pires: Então, mas não era mais fácil você ter focado mais na tua função que era vendedor, arrumado uma outra linha para representar alguma coisa assim, do que dividir o foco? De dia eu sou Clark Kent, à noite eu sou Super Homem, de dia eu estou aqui com a pastinha na mão fazendo venda, à noite estou lá dentro misturando tinta. São dois bichos completamente diferentes um do outro, essa tua divisão de foco aí não atrapalhou?

Alexandre Santos Godinho: Cara, na verdade, não era nem divisão de foco, eu enxergo isso aí como nossas experiências, porque ou eu fazia isso ou não tinha um plano B, não tinha um plano aonde eu tinha que pegar e fazer a coisa acontecer, então eu tinha que me dedicar aquilo que eu sabia fazer, vender, então eu sei vender bem, eu sou um bom vendedor, eu já tenho o terreno para pagar, eu já tenho máquinas aqui, então vamos nos dividir para que a gente possa fazer esse sonho se tornar uma realidade. E assim, foi muito assertivo, mas se nós soubéssemos que o ponto A, o ponto B, a caminhada, a gente desiste, porque é difícil, é muito complexo.

Luciano Pires: Você trouxe o seu irmão para dentro do projeto, então?

Alexandre Santos Godinho: Isso, aí eu trouxe ele...

Luciano Pires: Você aumentou em 100% a quantidade de funcionários da empresa, é isso?

Alexandre Santos Godinho: Exatamente, aí ele veio, e aí ele assumiu a carteira de vendas, e eu continuei da fabricação.

Luciano Pires: Ele passou a ser o vendedor, então?

Alexandre Santos Godinho: Isso, ele que passou a ser o vendedor, e aí a coisa foi indo e tal, minha irmã trabalhando no escritório, aí eu contratei duas pessoas, aí aumentou, aí quadruplicou o quadro, olha, você viu. E aí em dados momentos a gente precisava fazer mudança, eu precisava cobrir, não tinha, era uma casa velha, eu precisava cobrir o balcão, e aí eu conheci um pessoal, um tio meu que trabalhou em uma fábrica de estruturas metálicas, e aí falou assim, olha, eu tenho que ajudar meu sobrinho e tal. O seu sobrinho é gente boa? É, o cão é gente boa, esse é gente boa. Então, vamos fazer o seguinte, eu vou ajudar esse cara aí. E aí beleza, aí os caras pegou, começou a mandar um monte de estrutura de posto de gasolina velha lá, e aí eu falei, está na hora de eu montar meu galpão, ele falou assim, eu não consigo montar seu galpão, não, porque é muito dinheiro para você, você não vai conseguir nem me pagar, mas tudo o que você precisar do meu cnpj relacionado ao seu galpão, você pode usar que eu vou ceder meu cnpj para você.

Luciano Pires: Para você comprar...

Alexandre Santos Godinho: Estrutura, comprar telha, comprar viga. Então, o que que eu falo com você o seguinte, nesse decorrer da nossa vida muitas pessoas apareceram para nos ajudar, então nós somos muito gratos a eles a todos os momentos, ninguém é uma ilha, ninguém constrói um império, ou ninguém chega a lugar nenhum sozinho, tem que ter gente. Tenho exemplos muito claros de pessoas que me ajudaram em momentos muito difíceis, por exemplo, a fábrica de resina não queria me vender resina porque eu não tinha conhecimento no mercado, como é que eu vender resina para um cara que eu não conheço? Aí ela pegou e falou assim, olha, para eu te vender resina, o primeiro pagamento é à vista. Hoje dá 2500 reais, eu falei assim, olha, eu não tenho dinheiro para te pagar à vista, mas se você me vender a prazo você não vai se arrepender, Angélica, você, hein. E aí pegou, então tá bom, vou te vender. Já cheguei a negociar com ela 70 toneladas no mês, hoje é a minha principal fornecedora de matéria prima e me fornece até hoje.

Luciano Pires: Porque você desenvolveu uma confiança com ele, ele confiou em você?

Alexandre Santos Godinho: Exatamente, lá atrás, conversar, conexão, essa confiança, e a credibilidade, eu acho que se a pessoa te abre as portas para você tentar um negócio, a primeira coisa é ter a humildade de reconhecer, segundo, a gratidão de saber agradecer as pessoas que estenderam a mão em momentos difíceis da vida.

Luciano Pires: E aquele produto lá que você ia lançar, o tal... porque você está falando tinta, tinta é tinta, não tem segredo.

Alexandre Santos Godinho: Tem sim, é igual bolo, faltou farinha você não faz bolo, tem sim, o problema da tinta é concorrência, mil fábricas de tinta em São Paulo.

Luciano Pires: Isso que eu ia dizer para você, quando eu falei, não tem problema, eu falei, deve ter tanta gente fazendo tinta, porque não é uma tecnologia braba de se dominar, como você falou, eu montei um galpão ali, eu comecei a fazer tinta da noite para o dia, deve ter muita gente fazendo.

Alexandre Santos Godinho: Mil fábricas em São Paulo, sabia dessa informação?

Luciano Pires: Mil fábricas de tinta em São Paulo?

Alexandre Santos Godinho: Em São Paulo.

Luciano Pires: Caramba, e com toda... e eu entrevistei o Alexis Fontaine aqui, que trabalha com essa parte de química também, e ele me contando o horror que é de coisa que você tem que obedecer, regras, normas, diz que é um negócio pavoroso, eu falei, bom, não deve ter muita gente fazendo. Se tem mil fábricas...

Alexandre Santos Godinho: Base água não é tão complexo, mas base de solvente. Tinta imobiliária, de você pintar a casa, essas são mais tranquilas, agora a base de solvente, aí você tem que deixar a documentação bem complexa. Aí eu já tinha iniciado a fabricação também desses impermeabilizantes nossos, hoje, aquele impermeabilizante que foi recusado por aquela empresa é o meu segundo produto mais vendido, é o Chapiscoflex, é um promotor de aderência, é um produto que...

Luciano Pires: Você criou esse produto?

Alexandre Santos Godinho: Eu criei.

Luciano Pires: Então vamos lá, outro dia entrevistei também um que trabalha com lavagem a seco de automóveis, ele inventou a lavagem a seco, você é químico? Não sou porra nenhuma, eu fui fazer e eu entendi o conceito e fui atrás buscar e fui fazer. Você resolveu criar um produto, como é que faz, cara? Eu tenho que bater na porta de um químico, por favor, seu químico, vem me ajudar. O que que você fez?

Alexandre Santos Godinho: Então, eu sou um cara muito curioso, eu leio muito, todo dia eu leio pelo menos 10 artigos antes de dormir, de vários do mundo, de vários lugares, minha esposa, ela está dormindo, eu estou lendo, vou dormir duas, duas e meia da manhã. E até hoje eu tenho esse hábito de ler, então pesquisando, pesquisando, aí tem uma coisa legal, eu não tinha químico, e aí eu falei assim, aí tinha um amigo químico, eu falei assim, De Paula, você precisa assinar esse produto para mim, só que eu não vou te pagar nada por isso. Como é que eu vou te pagar, você é rico, se eu te der mil reais por mês, você vai ser mais rico, eu vou ser mais pobre, então você vai assinar de graça para mim, aí ele falou, beleza, eu assino, mas não te ajudo. Tá bom, quando eu mandei... então, você manda para mim, eu texto, se for bom, eu deixo você usar meu nome. Quando eu mandei o produto para ele, aí ele, como é que faz isso aqui? Eu falei, cara, você é químico, você se vira. Não, não, me ensina porque esse negócio ficou muito bom, eu preciso repassar para um fábrica a minha formulação disso aqui. Cara, eu não vou te passar não. Se você não passar, eu não assino para você. Você acredita? Então, eu não sendo químico, consegui fazer um produto que um químico não estava conseguindo fazer.

Luciano Pires: E qual era a jogada?

Alexandre Santos Godinho: A gente estudou, bastante empenho em cima de desenvolvimento. Passou um dado momento, meu irmão, falei assim, Anderson, eu preciso que você vá se formar em química, vai se formar em química. Paguei a faculdade para ele, hoje o meu irmão que assina os produtos nossos.

Luciano Pires: Isso parece o PCC botando os caras para estudar direito, se forma advogado, lá na frente eu vou precisar de advogado, que nem você falou, vai fazer química para assinar para mim.

Alexandre Santos Godinho: Exatamente, aí ele assinou, e aquela busca por informação nunca deixou. Só que aí nós começamos a ter um outro problema dentro da fábrica, as maquininhas que eu tinha pequenininhas, não estavam dando mais conta de produzir, elas estavam com a capacidade produtiva já bem no máximo lá, e aí, falei, vou comprar uma máquina, vou lá comprar uma máquina, porque eu preciso aumentar a capacidade produtiva. Chegou lá para ver a máquina, hoje custa meio milhão a máquina que eu queria, aí eu peguei e falei assim, cara, eu acho que eu vou ter que fazer uma máquina, porque não dá certo não, o negócio é muito caro, você acredita que eu fui fazer as máquinas da fábrica?

Luciano Pires: Você foi construir máquina?

Alexandre Santos Godinho: Hoje toda a planta é desenvolvida baseada nas máquinas que eu desenvolvi para a minha própria fábrica, muito louco.

Luciano Pires: Isso é empreendedor, é isso aí, se eu não consegui comprar o que estão me oferecendo aí, vou dar um jeito de fazer, mas eu estou gostando dessa tua característica tua aí que você não se aperta, se precisar eu vou descobrir como é que faz e arrumo alguém para fazer. Isso tem cheiro de periferia, sabe, a turma da periferia lá, eu não tenho na minha mão, todo o grande mercado não está aqui, o banco não... não tem ninguém aqui, eu tenho que me virar sozinho, vamos lá, moçada, vamos juntar, a gente faz uma casa, cadê o engenheiro? Que engenheiro? Vamos bater uma laje aí, o meu vizinho sabe, eu também sei, a gente se vira e faz ali, quer dizer, você partiu para essa... só que chega em um momento, cara, isso é legal, vou criar, vou empreender, vou pintar, vou bordar, chega uma hora que você tem uma barreira grande que é, agora eu vou... eu estou em um tamanho tal que eu já posso querer fornecer para uns caras grandes, e a hora que você bate em um cara grande, deixa eu ver a ISO 9000, deixa eu ver o selo de não sei o que, quero ver a documentação, você fala, mudei de... não é mais o desafio do galo, agora eu estou no campeonato paulista, não tem mais como... você tem que ultrapassar isso tudo e tem que criar processos, virou coisa de gente grande, você chegou nesse ponto, você está nessa fase ainda?

Alexandre Santos Godinho: Estamos, o que que aconteceu? A gente montou, hoje nós temos uma capacidade produtiva de até 60 toneladas dia, vamos dar início à nossa nova planta que vai ser em Ribeirão Pires, que vamos aumentar a nossa capacidade...

Luciano Pires: Cara, eu não sei nada desse mercado aí, então como eu sou um ignorante, eu posso fazer a pergunta idiota que eu quiser aqui. 60 toneladas dia, é muito, é pouco, o que que é isso?

Alexandre Santos Godinho: Duas carretas todo dia a gente consegue produzir.

Luciano Pires: Mas isso é muito, é pouco, para o mercado...

Alexandre Santos Godinho: Para a nossa planta atual é uma capacidade muito interessante, imagina você liberar 60 carretas todo mês da fábrica, é muito material, então a gente vai triplicar essa capacidade, ou quadruplicar essa capacidade na nova planta. Hoje nós atendemos o mercado de São Paulo, Rio, Minas, região nordeste, região sul.

Luciano Pires: Que tamanho está a tua empresa, quantos funcionários tem lá?

Alexandre Santos Godinho: Hoje a gente tem mais de 100 colaboradores diretos e indiretos, são 25 diretos e 80 indiretos, e vamos aumentar ainda a capacidade, então nem sabemos qual o grau de pessoas que a gente vai estar ainda trazendo para dentro.

Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de podcasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você prática uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e imediata, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.

Luciano Pires: Eu vou voltar lá no cão, eu quero saber do cão. O cão está se virando para vender os negocinhos dele, está se virando para construir, está passando a noite em claro fazendo tinta, e de repente, ele se vê na posição de dono de um negócio, onde o negócio não é só fazer a tinta, não é só bolar o teu produto, não é só mandar fazer a máquina, cara, você tem que gerir aquele negócio, tem dinheiro entrando, tem dinheiro saindo, tem contador, tem RH, contratou gente, tem lei, tem jurista, é um demônio, aí você descobre o seguinte, aquilo tudo, o talento que eu tinha como o empreendedor que não se aperta e vai e cria, tem um outro talento que eu tenho que ter, que eu tenho que gerenciar esse negócio aqui, e em um momento você trouxe o teu irmão, falou, cara, vai vender, vai fazer química para assinar esse negócio aqui, nesse rolo todo da gestão, você foi buscar ajuda, você foi atrás, se desenvolveu, como é que é, cara?

Alexandre Santos Godinho: Então, na época que a gente via... nós tínhamos uma série de várias adversidades para serem superadas, aí eu chamei o pessoal do Sebrae, me dá um curso aqui. Aí quando eles foram, cara, você não precisa de curso, não, você já sabe do seu negócio, sabe tocar o seu negócio, conhece o seu produto, vida que segue. Quando nós começamos a nossa linha de produtos, eu já tinha uma questão muito importante que era atender qualidade, então desde o início o nosso produto atende às normas, porque aí eu seria o diferencial do mercado, dessas mil fábricas que eu te disse, 800 fazem produto ruim, eu não queria ser as 800, eu queria estar no meio das 200, é o caminho mais difícil porque você tem que colocar a cara a tapa, você tem que colocar a sua marca ainda desconhecida no mercado, então levava um certo tempo para você fazer isso acontecer. Então, a partir do momento quando o cliente começava a adquirir meu produto, o produto realmente é bom, fomos ampliando, e com isso tudo, o lucro vinha para nós, era reinvestido e trazia novos produtos, então vinha dinheiro, fazia máquina, vinha dinheiro, fazia produtos novos, hoje nós temos 48 produtos em linha, e aí dentro de um período, lançamos o produto que é mais famoso da fábrica hoje, que só ano passado nós aumentamos em 350% o faturamento desse produto dentro da empresa.

Luciano Pires: O que que é esse produto?

Alexandre Santos Godinho: É um impermeabilizante, uma borracha líquida chamada Vedamaster, e hoje é a cereja do bolo que a gente chama lá na fábrica lá, e ele que é o grande diferencial da nossa empresa.

Luciano Pires: Também fórmula de vocês?

Alexandre Santos Godinho: Sim, sim, é um produto...

Luciano Pires: Você sabia da Coca Cola, quando você falou o negócio da Coca Cola, que ela abria a fórmula dela? Só para você... ele entrou ali na sala, tem uma coleção de garrafa de Coca Cola histórica, ele estava contando aqui que para entrar em Cuba, os caras queriam que abrisse a fórmula.

Alexandre Santos Godinho: É um negócio bem complexo, e aí a gente conseguiu desenvolver um produto totalmente diferente do mercado, porque assim, tem os grandes players, os líderes de mercado, e se eu chegar no mercado com um produto igual todo mundo, serei mais do mesmo.

Luciano Pires: A Sika é um concorrente teu?

Alexandre Santos Godinho: Sika é.

Luciano Pires: Foi um patrocinador do Café Brasil uma época, do podcast.

Alexandre Santos Godinho: Sika, Otto, a Sika é a maior do mundo. E aí nós... cara, a gente precisa fazer um produto diferenciado, porque se não nós não teremos um reconhecimento do mercado, e aí lançamos o Vedamaster. O Vedamaster, só para você ter uma ideia, quando eu lancei ele, eu queimei três motores na fábrica, porque o negócio era chato demais de fazer, e não desenrolava, não desenrolava, até que nós conseguimos desenvolver a técnica para trabalhar como produto, hoje a gente produz 30 toneladas mês desse produto.

Luciano Pires: Então, Alexandre, eu sou do ramo de autopeças, já te falei, e eu sei o que era lançar um produto lá, quando vinha uma ideia, era uma multinacional, quando vinha, vamos lançar um produto novo, cara, aquilo era mover montanhas, tinha um processo demoradíssimo, era um investimento gigantesco, tinha todo um pacote em torno do produto, o produto era uma coisa que  a engenharia desenvolvia, aí tinha o marketing que abria o mercado, tinha que botar marca, era um esforço gigantesco para conseguir botar um produto no mercado, e você está falando de lançar produto como quem vai lançar... vou cuspir um chiclete pela janela, esse composto todo aí, para você isso era um problema ou você tinha um... porque quando falou para mim no começo, botei minha fabriquinha, estou fazendo tinta, eu logo imaginei, ele está na região dele, ele é a tinta mais barata, deve ter todo mundo em volta, vamos pintar a igreja, pega com ele lá... não, eu não quero isso, eu quero atacar o estado, eu quero atacar o Brasil, então eu saí fora da minha periferia, e aí vem toda essa demanda, então minha marca, estou fazendo marketing, como é que as pessoas vão conhecer a minha marca, como é que elas vão acreditar que foi feito em um lugar... eu não tenho um catálogo de quatro cores com foto aérea da fábrica feita com drone, eu não tenho isso ainda, um dia eu vou ter, mas eu vou ter que construir algo para o pessoal ter credibilidade. Isso ocorreu que você teria que fazer, investiu alguma coisa nisso, foi buscar ajuda de terceiros?

Alexandre Santos Godinho: Nós quando vamos lançar algum produto, a gente faz uma pesquisa de mercado antes, e uma coisa que eu faço muito, eu leio muito sobre fábricas que faliram, a nossa vida não dá para errar duas vezes, então eu vejo o erro dos outros, opa, não vou errar aqui não. E vejo as fábricas que deram certo para usar como referência para mim mesmo, quando a gente lançou esse produto, eu tinha certeza que ele seria um grande case de sucesso devido à qualidade desse produto que não temos concorrente.

Luciano Pires: Você estava na obra, você estava conversando com o pedreiro, com o cara que usava estava buscando a queixa dele, eles usavam produtos que existiam, mas falavam, cara...

Alexandre Santos Godinho: Não funciona, isso aqui não dá certo, eu falava, cara, eu tenho um produto que vai resolver tua vida, testa. Esse negócio é bom, hein.

Luciano Pires: Mas então, entre esse não funciona, até você ter o produto, tem uma informação correndo no meio do caminho, ela estava na mão dos caras, eu estou usando aqui, ele não rende, ele não funciona porque tem um problema assim, assim e assado, estava no ambiente essa informação circulando, você foi lá, buscou essa informação, ouviu os caras falando, falou assim, espera aí, eu vou dar um jeito de resolver essa questão específica dos caras.

Alexandre Santos Godinho: Como o mercado, se você pegar os grandes fabricantes de impermeabilizantes, eles têm mais do mesmo, eles não têm nada que seja diferente no mercado, então nós estávamos pensando fora da caixa para trazer um produto que realmente seja revolucionário e diferente que se tenha, quando nós conseguimos desenvolver esse produto em 2014, que lançamos ele na Feitintas, uma feira de tintas ali na Expo Imigrantes, lançamos esse produto lá, e foi, cara, que produto diferente é esse.

Luciano Pires: O que que ele tinha de diferente? Para mim que sou ignorante nesse assunto.

Alexandre Santos Godinho: Ele é um produto, ele é uma borracha líquida incolor, já se dá por isso daí uma coisa diferente, ele é incolor, ele tem algumas propriedades físicas dele que ele difere dos produtos tradicionais, como por exemplo, ele estica 260%, ele tem um efeito memória permanente, ele é um produto apolar, ou seja, não é emissível em água, com isso eu já ganho na questão dos outros produtos que são missíveis em água.

Luciano Pires: O que que é missível em água?

Alexandre Santos Godinho: Água e água se misturam, água e óleo não, então o meu produto, ele é baseado em uma situação apolar, a água não consegue desestruturar a fórmula do produto, então eu posso usar ele, por exemplo, na caixa d’água, você está com a caixa d’água do seu prédio vazando, eu posso estar utilizando o produto, porque ele é um produto atóxico, totalmente atóxico, então existem algumas tecnologias para isso, mas a grande sacada nossa é a questão da durabilidade, o nosso produto passa muito largamente dez anos de uso, então essa é a grande sacada, e se formos ver custo benefício, ele é barato em relação ao que se tem no mercado. Então, quando nós chegamos...

Luciano Pires: Você patenteou?

Alexandre Santos Godinho: Está patenteado, tem patente lá no INPE, ganhei uma patente.

Luciano Pires: Quem que assina a patente, quem é o químico responsável?

Alexandre Santos Godinho: Meu irmão, lá na fábrica nós temos um técnico químico e eu que fico lá fuçando nas receitas de bolo também.

Luciano Pires: Você sabe que se você misturar nitro com glicerina vai dar merda, então você não mistura um com o outro.

Alexandre Santos Godinho: Não, não dá, exatamente isso, como eu tenho cara de muçulmano, eu não posso chegar em uma loja com uma mochila nas costas, porque se não vai dar merda também. E aí foi, a gente conseguiu fazer esse produto, e aí lançamos a família Vedamaster, tudo o que for produto muito nobre na linha de impermeabilização, vai com esse nome. E aí a família do produto já cresceu bastante, lançamos um novo produto agora que nós estávamos expondo também na Feicom esse ano, fomos o terceiro stand mais visitado na feira e o maior em stand pequeno. Exatamente isso.

Luciano Pires: Na Feicom? É uma feira gigante, cara, e você foi o terceiro mais visitado, o que que você botou lá? Funk, as meninas peladas?

Alexandre Santos Godinho: Nada, é próprio Vedamaster, está vendo como é que o negócio traz um público, e aí ele foi o grande querido lá da feira, nós estávamos lá na avenida lá, e o pessoal de frente falou que nós estávamos em um stand modesto, falou assim, vocês vão passar vergonha aqui que o stand de vocês está meia boca, hein. Rapaz, deixa o meia boca funcionando aí, quando foi ver no final, o pessoal, cara, vocês arrasaram, vocês foram o stand mais da hora daqui da região e foram tirar foto conosco porque viram que nós tínhamos um produto com grande potencial para estar lá.

Luciano Pires: Que baita história, bicho, quer dizer que o cão hoje é dono de uma empresa que tem mais de 100 funcionários, que quer triplicar, quadruplicar o tamanho dela, distribuição também ou não?

Alexandre Santos Godinho: Não, aí não.

Luciano Pires: Agora você virou um fabricante, veio do mercado para fabricar.

Alexandre Santos Godinho: Só fabricação, hoje nós temos mais quatro mil pontos de venda, a nossa ideia é ate o final do ano que vem nós estarmos em todo o território nacional.

Luciano Pires: Já vieram os grandões bater na sua porta aí para...

Alexandre Santos Godinho: Ainda não, vai saber que depois da entrevista aqui eles vão querer ir lá.

Luciano Pires: Não foram te comprar, não foram lá, se o produto é bom assim, deixa eu ver o que esse cara está fazendo.

Alexandre Santos Godinho: Não, ainda não, mas vai saber logo mais estão batendo lá na porta.

Luciano Pires: Cara, de olho nessa... você se formou em alguma coisa? Você estudou...

Alexandre Santos Godinho: Deixa eu ver quantos cursos de venda eu tenho, nenhum, e formação, opa, calma, nenhuma.

Luciano Pires: Você não fez, você não tirou... não é que entrou e parou no meio do caminho...

Alexandre Santos Godinho: Eu não fui expulso? Não voltei depois disso.

Luciano Pires: Você foi expulso de que, do colégio?

Alexandre Santos Godinho: Colégio, ginásio, eu nunca mais voltei, nunca mais voltei, vamos dizer hoje que eu sou um analfabeto ativo, é isso?

Luciano Pires: Eu não sei, você é um autodidata, você virou um autodidata. Cara, quais são as encrencas, porque você é interessante, no momento que você falou para mim, fui no Sebrae, eu falei, eu logo falei, opa, é um empreteco aí, mergulhou, você falou, não, os caras falaram, não tenho nada para te ensinar, você já está tocando aí. Que mágica é essa aí? Porque uma coisa é você olhar e copiar as coisas dos outros, mas cara, falta processo, tem toda uma ciência, você precisa ter um embasamento meio teórico, não que ele seja fundamental, mas ele te ajuda a saltar etapas, eu não preciso me ferrar que nem um desgraçado, porque se eu trouxer um cara aqui que conhece o assunto, ele me dá os atalhos, e você parece que não foi atrás dos atalhos, cara, você foi na cara e a coragem.

Alexandre Santos Godinho: Praticamente isso, cara e coragem, eu ia muito pela questão da intuição, cara, eu acho que eu vou fazer isso daqui que vai dar certo. Óbvio que a gente não acerta 100%, mas os nossos erros foram menores que os nossos acertos, nossos acertos foram muito maiores, então quando eu estava no momento que eu estava vendo, caramba, acho que eu estou fazendo muita cagada aqui, vamos dizer assim, aí eu chamei o Sebrae, cara, dá uma analisada. Aí conversando, tem um bate papo e tal, ela olhou, toda hora arregalava os olhos, anotava, no final falou, cara, não tenho nada para te dar, só o Empreteco, ela falou, se você quiser fazer o Empreteco, acho que o Empreteco seria uma imersão bacana para você.

Luciano Pires: Você fez?

Alexandre Santos Godinho: Eu vou fazer esse ano, eu não consegui fazer na época...

Luciano Pires: Cuidado, hein?

Alexandre Santos Godinho: Por quê?

Luciano Pires: Você pode descobrir que você não é um empreendedor lá no meio do Empreteco, tem essa pegada lá, você sai de lá, terminei, não é para mim isso, eu não sou do ramo, o Empreteco faz isso, ele tira você do eixo, porque o cara, quero me tornar um empreendedor, vou no Empreteco esperando que ele me ensine, não é isso que ele faz, ele vai mexer a tua cabeça e falar, você é do ramo, siga por esse caminho... então, cara, esquece, é uma mexida assim. No teu caso, que você já está voando aí, talvez ele te dê umas... esclarecer, umas orientações, é sempre bom fazer.

Alexandre Santos Godinho: E é bom, uma pessoa começa a te ver fora da caixa, de repente você está fazendo algum erro. Mas assim é bem legal, nós estamos já com 15 anos de experiência.

Luciano Pires: A sua empresa tem 15 anos de idade?

Alexandre Santos Godinho: 15 anos de idade.

Luciano Pires: Crescimento contínuo?

Alexandre Santos Godinho: Média de 50% ao ano de crescimento.

Luciano Pires: Qual que é a pegada aí, cara? Se você olhar para trás aí, olha para o cão, volta no cão lá e olha você hoje aqui, a que que se deve, por que que você deu certo, bicho, o que que fez você dar certo? Algumas pistas você já deu, eu sou curioso, saio lendo que nem um desesperado, não tenho problema de me atirar no risco, mas tenta elaborar alguma coisa.

Alexandre Santos Godinho: Se a gente fizer uma retrospectiva, nós todos lá de casa somos crentes da congregação, e nós temos um lado espiritual muito aflorado assim, vamos dizer, e em alguns momentos, quando as coisas davam errado assim, que é muito natural, qualquer pessoa que vai empreender, algumas coisas dão errado, muitas vezes a minha mãe falava assim, Alexandre, vai, filho, vai dar certo, vai dar certo, se esforça, vai dar. E ela foi uma pessoa que nos trilhou o caminho de fé, de esperança, de perseverar naquilo que você acredita, e se nós fizermos uma retrospectiva de falar assim, olha, eu queria esse caminho para mim? De fato não, porque eu nunca imaginava na minha idade, com 20, 25 anos, que eu ainda não tinha a God Mix, que eu seria um dono de um empresa, não, até hoje eu não me vejo, vamos dizer assim, como o dono de uma empresa, a gente luta todo dia, a gente tem os nossos colaboradores, porém a gente sabe das nossas adversidades do nosso dia a dia, então a gente foi colocado em um caminho, mesmo com as dificuldades, mas eu acho que tem um lado muito espiritual ligado a isso, de você ter a dificuldade, lutar e saber, saber que vai dar certo lá na ponta. Eu tenho um caso bem legal também, quando eu fui fazer minha primeira máquina, essa minha primeira máquina, afinal eu tenho que fazer uma máquina, não tenho o que fazer, essa máquina nunca funcionou, vivia quebrando, mas foi a melhor máquina que eu fiz na minha vida.

Luciano Pires: A que quebrava?

Alexandre Santos Godinho: Até hoje, nunca funcionou, foi a melhor máquina.

Luciano Pires: Porque ela te mostrou o que que não funcionava.

Alexandre Santos Godinho: Foi a máquina exatamente que me ensinou a fazer as máquinas grandes que eu tenho hoje que não quebram.

Luciano Pires: Sabe quem usa isso? Um cara chamado Elon Musk.

Alexandre Santos Godinho: Esse cara não precisa nem falar, esse cara é sensacional.

Luciano Pires: Esse cara, a tese dele, eu não vou me lembrar do nome do cara aqui, mas se um projetista aeroespacial lá nos Estados Unidos, o cara que projetou os aviões mais fantásticos, coisas assim geniais, o cara da Virgin trouxe ele para fazer aquele foguete que ia sair da órbita, o cara era um monstro, já morreu, mas ele tinha uma tese lá que ele falava o seguinte, para fazer um avião, não é para ficar sentado em uma sala projetando um avião, meu, constrói um treco, bota para voar, ver o que deu certo, o que deu errado você corrige, mas bota para voar. Que foi o que o Elon Musk trouxe para ele, eu vou fazer um foguete descer de ré, como que faz? Solta essa merda e vamos ver o que dá. E a gente passa quatro, cinco anos vendo o fracasso dele diariamente, toda hora aparecia explodindo um avião, tem um documentário na Netflix...

Alexandre Santos Godinho: Eu já assisti.

Luciano Pires: De Volta Ao Espaço.

Alexandre Santos Godinho: Não, De Volta A Marte, A Ida a Marte.

Luciano Pires: Não, De Volta Ao Espaço.

Alexandre Santos Godinho: Então, esse eu não assisti não.

Luciano Pires: Então assista, De Volta Ao Espaço o nome dele, ele conta a trajetória do Elon Musk para colocar dois astronautas em órbita depois de 30 anos, os Estados Unidos, quando terminou a Shadow, o ônibus espacial, eles nunca mais soltaram nada, não botaram nem um foguete em órbita, quem subiu, subiu pelos russos, que mandou... os americanos não mandaram mais nada. 30 anos depois, três caras foram... o Elon Musk, o cara da Virgin, Richard Brice e o cara da Amazon...

Alexandre Santos Godinho: Jeff Bezos.

Luciano Pires: Todos eles tentando de alguma forma fazer funcionar ali, e esse documentário mostra a trajetória do Elon Musk em paralelo, então ao mesmo tempo que ele tenta botar os dois caras em órbita, ele está trabalhando no foguete que vai descer de ré, porque na cabeça dele o foguete de ré é reaproveitável, você tem um curso muito mais baixo e eles comparam com a Nasa, então eles botam a Nasa, com aquela estrutura gigantesca, cara, aquele puta monstro, os caras estão planejando, o cara passa anos fazendo um projeto, até ele chegar e falar, bom, isso está pronto, constrói e solta, é assim. E o Elon Musk é assim, meu, você teve uma ideia? Tive. Bota para voar esse troço aí. Explodiu, o que que nós aprendemos ali? Acabou de soltar agora, acho que foi o Titan, foi o Titan? Eu não me lembro agora o nome do foguete...

Alexandre Santos Godinho: O dele? O dele é o... como é que é? Esqueci, que explodiu também, o Starship.

Luciano Pires: Starship. Explodiu, foram entrevistar, ele falou, foi um lançamento bem-sucedido.

Alexandre Santos Godinho: Explodiu o negócio, cara.

Luciano Pires: Como? Você perdeu milhões de dólares. Foi bem-sucedido, porque na cabeça dele, cara, imagina o que a gente aprendeu com isso. É a mesma coisa que você fala, eu fiz a máquina que só deu errado, que que aquilo fez? Aquilo me ensinou o que não fazer para fazer a máquina dar certo.

Alexandre Santos Godinho: E assim, a nova planta, eu também vou projetar as novas máquinas também, automação, tudo, eu vou projetar tudo, só não soldo.

Luciano Pires: Cara, você é o terror dos fornecedores de implemento, de máquinas, dessas coisas aí. Mas volta lá, eu te fiz uma pergunta lá atrás, a gente acabou desviando do assunto aqui e não respondeu. Quando você olha hoje para trás, quais são os atributos, cara? Tem um cãozinho que está chegando aí que quer fazer também, quer ser dono de uma empresa com 100 funcionários lá na frente lá, quais são os atributos, cara, quanto de sorte você teve, você meio que ensaiou para dizer para mim que graças a Deus a gente conseguiu, cara, esperança não é estratégia, por mais que é legal ter, mas ela  não vai pagar tuas contas no final do dia, você vai ter que fazer alguma coisa, tem que trabalhar, parado, Deus não ajuda, ele ajuda quem trabalha muito, nessa questão do trabalhar muito, então o que que você olha para lá, o que que é, quais são os atributos que você pode...

Alexandre Santos Godinho: Eu acho o mais importante nisso aí é acreditar em você mesmo, mas pessoas têm que acreditar naquele projeto, a diferença de ser ganancioso ou... a outra palavra eu esqueci, vamos dizer que o cara, ele tem que ser inteligente, e não tem que ser, por exemplo, insistir no erro, porque às vezes tem uma grande diferença da pessoa que insiste no erro, daquela que está insistindo em um sonho, se a pessoa acredita no sonho dela, faz um planejamento, faz lá, igual você falou, que eu não fiz, eu não tinha como fazer um plano de negócios, faça um plano de negócio, é coração.

Luciano Pires: O termo que você procurava é ambição, é ganancia e ambição.

Alexandre Santos Godinho: Exatamente, existe uma grande diferença.

Luciano Pires: Ambição é maravilhoso, quando você tem ganancioso aí é o problema, porque aí você vai atropelar todo mundo, ninguém cresce com ganancioso, com ambicioso todo mundo cresce.

Alexandre Santos Godinho: Essa é a nossa ambição, agora a nossa nova planta que vai ser...

Luciano Pires: Vai, o atributo.

Alexandre Santos Godinho: Ah, você quer o atributo?

Luciano Pires: Olha para trás aí, abre a tua caixinha de ferramenta aí, conta para o moleque que está começando, dá um recado para o moleque.

Alexandre Santos Godinho: Primeira coisa eu acho que é gratidão por aquelas pessoas que abrem as portas para você, que nem eu falei anteriormente, ninguém chega a nenhum lugar sozinho, ser grato à pessoa, dedicar, não medir esforços para buscar aqueles seus objetivos, trabalhar com a verdade, eu acho que a verdade é que vai abrir as portas, igual eu falei agora há pouco também, quem fala a verdade não merece castigo, e é verdade, porque quando você chega... eu já tive dificuldade de pagar algum boleto, chegar no meu fornecedor e falar assim, olha, eu preciso de um prazo de 15 dias para pagar esse boleto aqui, aí o dono da fábrica de lá fala assim, não, vou te dar mais 30, e chegar naquele dia e cumprir com aquela obrigação. Então, hombridade, seriedade no trabalho e suor, o suor é o que vai fazer acontecer, porque se não nada flui, não tem jeito.

Luciano Pires: Você está com a mão na obra lá na... você não está cagando regra só, você arregaça a manga e entra lá, você mistura coisa?

Alexandre Santos Godinho: Hoje não.

Luciano Pires: Você já tem gente que faça para você?

Alexandre Santos Godinho: Hoje tem, hoje nós temos só na nossa parte de fabricação nós temos 10 colaboradores, então hoje eu não faço mais nada, hoje eu fico mais na administração ajudando as meninas, nós temos as meninas que ajudam a gente na administração, e eu sou o cara de negócios, eu vou para campo para trazer negócios, ontem mesmo eu estava na região de Ribeirão... de Vale do Paraíba, semana que vem eu estou no Rio de Janeiro, a gente está fechando com a Ambev para fazer a impermeabilização, estamos fechando com a Embraer, estamos homologando o produto na SAESP, então eu sou o cara para fazer negócios hoje.

Luciano Pires: Você continua em vendas, então?

Alexandre Santos Godinho: Um pouquinho lá, um pouquinho cá.

Luciano Pires: É, que eu acho que...

Alexandre Santos Godinho: Mas venda está na veia, não tem jeito, a venda, eu falo para as pessoas o seguinte, eu posso ser ruim em um monte de coisa, mas na venda ninguém ganha de mim, não.

Luciano Pires: Isso é interessante, cara, porque eu conheço um monte de gente que fez o caminho inverso, e que é até natural, eu estou na empresa, eu sou o cara da fabricação, eu sou engenheiro e vou me desenvolver na área de vendas e vira um puta vendedor, conheço um monte de gente assim. A volta é mais diferente, eu sou do mercado, eu sou o cara acostumado com flexibilidade, vou ter que vir para a produção, onde é uma coisa muito mais cartesiana, isso é mais complicado, tem menos gente capaz de fazer, quer dizer, quando eu tenho essa base toda técnica, me transformar na coisa flexível da venda é fácil, vir do flexível para virar técnico é muito mais difícil, porque eu acho que você traz um monte de cacoete, que a hora que você entra em uma sala e o cara fala, aqui um mais um tem que dar dois, e você é de vendas, você fala, de jeito nenhum, cara, tem hora que tem que dar 1,8, 2,2, tem que dar um jeito.

Alexandre Santos Godinho: Mais ou menos isso, eu falo o seguinte, vendas é para todos, mas nem todos é para vendas, todo mundo pode sair com a pastinha, mas a venda é o coração da empresa, eu acho que a empresa tem que ter cinco pilares importantes, capacidade de gestão, capacidade financeira, capacidade de produção, capacidade de logística e capacidade de venda, se um desses pilares não funcionar perfeitamente, a fábrica não vai funcionar, se você vender muito e não conseguir produzir, deu ruim, se você vender muito e não tiver grana para gerir, deu ruim, se você vender muito e não tiver como fazer a logística deu ruim da mesma forma. Então, os pilares, eles têm que crescer juntos, então a parte de venda nós hoje temos 80 representantes ativos trabalhando conosco nesses estados que a gente vem trabalhando, agora eu estou trazendo mais negócio, só que os negócios mais pesados para dentro da empresa, e é o que vai acontecer.

Luciano Pires: O que que vem pela frente aí, cara? Tem uma evolução tecnológica acontecendo aí, chegando a inteligência artificial, tem umas loucuras acontecendo aí, mas eu imagino que as pessoas vão continuar pintando suas casas e impermeabilizando seus telhados e tudo mais, mas o que que você vê, o que que vem pela frente aí, você vai voar fora do Brasil, está trazendo alguma tecnologia maluca por aí?

Alexandre Santos Godinho: Como eu sou muito curioso, por exemplo, a gente está fazendo a nossa primeira exportação para os Estados Unidos agora.

Luciano Pires: De?

Alexandre Santos Godinho: De impermeabilizante.

Luciano Pires: O tal do Vedamaster?

Alexandre Santos Godinho: É, já estamos fazendo a primeira exportação para os Estados Unidos, uma empresa, ela está precisando de fazer um serviço lá e estamos mandando o nosso primeiro lote para lá, estamos só terminando os trâmites da documentação para mandar para lá, e o bem interessante, que coisa, ontem eu recebi uma ligação de um pessoal para a gente fazer, tem interesse em vender na Europa? Eu falei, cara, eu não sei. Tem interesse de vender na Itália? O mercado é mercado, bora, então vamos conversar sobre isso, então, de repente pode abrir novos players de negócio para a nossa empresa. Está acontecendo também um market player aí de materiais de construção que está interessando também em ter nossos produtos nas suas prateleiras. Então está vindo coisa grande atrás de nós já para estar comercializando. A inteligência artificial, igual você falou, tomara que não tenha nada relacionado ao meu produto.

Luciano Pires: Não, no teu produto isso não vai bater assim, a principio não, você tem que estar mais preocupado lá na frente, quando os caras começarem a imprimir casa, entendeu? Que já vai imprimir com encaixe não sei o que, mas acho que com impermeabilizante isso tudo não vai ter erro, não. Você... 15 anos?

Alexandre Santos Godinho: 15 anos.

Luciano Pires: Você passou por alguns ciclos de crise bem complicados, 15 anos dá quando?

Alexandre Santos Godinho: 2007.

Luciano Pires: 2008 o mundo acabou lá com a crise do subprime. Aí depois teve impeachment, Bolsonaro sendo eleito, teve Lula voltando, cada hora dessa tem um susto no mercado, e eu imagino que você a cada dia que passa você está mais robusto, mas ao mesmo tempo você tem um puta de um passivo ali atrás, como aconteceu na pandemia, a pandemia brecou e um monte de gente se viu, eu não tenho mais circulação, meus clientes não vão na minha loja e eu tenho um puta monte de funcionário para pagar conta aqui, cara, eu conversei com gente aqui, o cara falou, meu negócio acabou do dia para a noite, no dia seguinte eu não tinha entrada de dinheiro e eu tinha que pagar uma folha gigantesca, o cara falou, eu quebrei, cara, eu ligava para os meus clientes, os clientes, bicho, eu não posso fazer nada, ele falou, eu quebrei com 20 mil caras para pagar salário, você passou por coisas assim?

Alexandre Santos Godinho: A pandemia para nós foi muito pelo contrário, a pandemia para nós foi muito positiva, por quê? Como as pessoas não poderiam ir trabalhar, aí o cara que é casado, a mulher ficava no pé dele, pinta parede, arruma o chuveiro, arruma o cano, então, o cara tinha que fazer alguma coisa, vamos pintar a parede. Então, pelo contrário, estava eu e dois amigos meus tomando café na padaria, e veio a questão da pandemia, era finalzinho de fevereiro, está vendo a pandemia, tem um negócio ruim lá na China, aí o que que eu fiz? Então, está vindo a pandemia, algumas matérias primas são importadas, eu vou comprar matéria prima para três meses.

Luciano Pires: Três?

Alexandre Santos Godinho: É, a pandemia vai acabar, eu vou ter material para atender o mercado, porque a China vai exportar mais, e vou passar de boa. Errei o prazo, acertei a compra, por que o que eu comprei para três meses, nós vendemos em 15 dias, então as nossas vendas explodiram de vender. Então, por exemplo, eu tinha... eu comecei a analisar que estava tendo falta de matéria prima, eu já fazia contato com as empresas, olha, eu quero isso, isso, isso e isso, e foi indo. Um caso bem curioso foi, eu tinha comprado três carretas de matéria prima, são 96 toneladas, a gente já estava com matéria prima até o teto, e aí eu falei como responsável da produção, falei, olha, Dodô, vai vir uma carreta na segunda, uma terça e uma na quinta. Alexandre, mas não cabe material aqui. Eu falei, cara, isso não é problema meu, não, eu sou responsável para fazer a fábrica funcionar. A gente tem essa liberdade, brinca bastante. Você que se vira aí para dar conta do lugar. Veio a da segunda, da terça, pulou a quarta, aí na quarta-feira ele foi na minha sala, Alexandre, cadê aquela carreta lá? Você cancelou? Cancelei. E agora, cara? Acabou a matéria prima. Eu falei, cancelei não, cara, ela está vindo. Então, para nós foi muito positivo, na pandemia a gente cresceu 90%.

Luciano Pires: 90?

Alexandre Santos Godinho: É, de um ano para o outro, tivemos um ápice de crescimento muito forte.

Luciano Pires: No teu balanço hoje, você tem tinta e impermeabilizante, quanto é quanto?

Alexandre Santos Godinho: Hoje, o impermeabilizante, ele está um pouco mais forte, está em média de uns 55% a 60% de faturamento.

Luciano Pires: Você... Sherwin Williams é um concorrente teu?

Alexandre Santos Godinho: Forte.

Luciano Pires: Você concorre com esses caras de tinta brabo?

Alexandre Santos Godinho: Sherwin, Suvinil, Coral, Looks Color.

Luciano Pires: E você acha que você está pau a pau com eles em termos de produto?

Alexandre Santos Godinho: Em termos de produto sim, porque assim, os mesmos testes que esses produtos passam, que são homologados, porque existe uma norma, então os nossos produtos passam pela mesma norma, eu não tenho o know-how que eles têm de conhecimento, mas de produto...

Luciano Pires: A performance do produto está pau a pau.

Alexandre Santos Godinho: Igual, igual, a gente não perde em nada não.

Luciano Pires: E o teu preço é...

Alexandre Santos Godinho: Como lá é muito caro, tudo é muito caro, o custo operacional deles é muito caro, o nosso custo é bem menor, então nós conseguimos ter um produto com um preço muito mais competitivo, devido ao nosso custo operacional que é bem menor.

Luciano Pires: E por que que ele vende mais que você?

Alexandre Santos Godinho: Já estão há muito mais anos, por exemplo, uma Suvinil, é a Basf, é a maior fabricante de...

Luciano Pires: Cara, esses caras vendem mais que você porque eles colocaram uma grana preta em marca, eles criaram um negócio e tal, que quando você chega lá, esse é o teste dele, ele tirou A+, este é o meu teste, eu tirei A+, mas eu sou o cão, eu sou o garotinho, bicho, vai se ferrar você, é tão poderosa essa questão da marca, meu Deus, eu vou acreditar no cara que tem a marca poderosa lá, talvez você precise começar a pensar nessa tua construção desse branding teu, fala de novo...

Alexandre Santos Godinho: Vedamaster.

Luciano Pires: Ou a empresa ou o produto, entendeu? Então, você tem a Vedamaster que é uma marca de produto, e você vai ter o nome da tua empresa, lembra da Intel, Intel Inside? Genial aquilo, os caras falaram, ninguém vê meu produto, ninguém tem a menor ideia do que tem, eu vou fazer um puta trabalho de branding, Intel Inside, compra este computador Dell, por quê? Porque ele tem, cara, isso é genial, ele tem dentro dele um treco que ninguém sabe como funciona, mas é Intel, eu vou querer. E talvez você tenha que começar a chegar nesse ponto.

Alexandre Santos Godinho: Alguns mecanismos são importantes, por exemplo, existem as normas técnicas que o produto tem que atender, quando você pega uma norma técnica A B C, o produto tem que bater da mesma forma, então quando eu chego no meu cliente, no meu lojista e falo assim, olha, a marca A tem norma, porém o meu produto, marca aqui também tem a mesma norma, só que você está 40% mais barato, então esse é o primeiro ponto que nós starta. Hoje fazer grandes mídias é muito caro, nós não temos ainda grana para fazer esse tipo de investimento.

Luciano Pires: Você tem que investir em podcast, cara.

Alexandre Santos Godinho: Vou fazer podcast. Só que tem outra ferramenta bem legal que também nós vamos desenvolver, quando nós tivermos a nossa nova planta, nós teremos a faculdade da impermeabilização.

Luciano Pires: Ah, isso é uma coisa... quando você falou o negócio da mulher ir encher o saco do cara, meu, pinta a parede, logo brotou aqui, esse cara vai ter que começar a produzir conteúdo, bicho, que é para tirar do marido essa argumentação, eu não sei fazer essa merda. Espera um pouquinho.

Alexandre Santos Godinho: Os caras vão ficar com raiva de mim, vou arrumar briga.

Luciano Pires: Os americanos têm o lance do do it yourself, esses caras fazem tudo em casa, ele monta uma oficina na casa dele e não tem tempo quente, o cara vai ter que pintar a casa, ele pinta, ele pinta a casa.

Alexandre Santos Godinho: Ele gosta, é prazeroso.

Luciano Pires: Para eles, é a cultura deles, brasileiro odeia isso, quer pintar, tem que chamar o pintor.

Alexandre Santos Godinho: Eu sou um, eu não pinto nada em casa não.

Luciano Pires: Então, tem que chamar o pintor, mas esses caras conseguem fazer, e uma vez... é que eu notei, eu estava vendo, eu acho que um filme, alguma coisa assim, aí apareceu lá um cara que ia arrumar a casa, o cara chegou, a primeira coisa, ele botou um cinto...

Alexandre Santos Godinho: Cheio de ferramenta.

Luciano Pires: Cara, botou uma luva... botou uma escadinha, não sei o que, e tinha uma botina de não sei o que. Cara, e na cabeça dele uma lanterna...

Alexandre Santos Godinho: Vai para a Nasa.

Luciano Pires: O cara subiu a escada, eu falei, meu, até eu, aqui eu vou arrumar, eu subo com uma chave de fenda que não é nem o que eu preciso, vou lá cutucar o negócio, arrebento tudo, esse cara vem com tudo armado, eles têm uma cultura de se preparar e ter o ferramental na mão, que na hora de fazer você vai, não fica difícil fazer, porque tem... nem a mão eu machuco, aqui você vai com a mão pelada lá e se arrebenta todo.

Alexandre Santos Godinho: Toma um choque, aí já desiste.

Luciano Pires: Ai quando você falou, eu falei, cara, eles vão ter que começar a entrar nesse lance de criação de conteúdo, em torno do conteúdo você criar esse conceito de que, eu aprendi a fazer... como é o nome da tua empresa?

Alexandre Santos Godinho: GodMix Tintas.

Luciano Pires: GodMix Tintas que faz o Veda...

Alexandre Santos Godinho: Vedamaster.

Luciano Pires: Então, na cabeça do cara tem que estar, se eu aprendi pela GodMix Tintas, pela Universidade do... que você falou?

Alexandre Santos Godinho: Universidade da Impermeabilização.

Luciano Pires: Da GodMix Tintas, eu aprendi com eles, logo se eu tiver que usar, vai ser o produto deles, que é o... vai correr por fora.

Alexandre Santos Godinho: Exatamente, quando tiver essa nova planta, nós teremos a faculdade interna lá e gratuita, vai ser gratuita, então vai se cadastrar...

Luciano Pires: Com canal no Youtube, com...

Alexandre Santos Godinho: Pode ser canal do Youtube, vai ter os podcasts, vai ter live, vai ter tudo, nós já fazemos, tem uma faculdade, uma escola, o Instituto da Construção, que a gente faz os workshops lá, engraçado, eu não sou formado, o ano passado, o finalzinho do ano passado eu estava na faculdade de engenharia dando aula de impermeabilização.

Luciano Pires: Que legal, cara.

Alexandre Santos Godinho: Agora eu fui convidado também na Anhembi Morumbi para fazer também o workshop de impermeabilização, porque quando você se forma, por exemplo, na engenharia, você não tem uma grade de impermeabilização, você sai de lá totalmente cru, então quando nós chegamos apresentando uma tecnologia, apresentando um produto diferenciado, cara, eles vêm, eles abraçam.

Luciano Pires: Cara, você está com a faca e o queijo na mão aí, você tem história, você tem conhecimento, sabe, é só... você vai ter que fazer um investimento agora, você vai ter investir na tua área de produção, de botar gente para criar conteúdo ali, que é natural, cara, todo mundo faz isso, os exemplos que a gente pega, o exemplo lá da... como é que é? A Red Bull, a Red Bull hoje em dia, ela vende qualquer coisa, se você quiser fazer uma água mineral Red Bull, mete Red Bull, ela vai vender, e esses caras botaram um investimento brutal em branding, em marca e conteúdo, criando aquelas coisas, estou vendo um carro de corrida maravilhoso...

Alexandre Santos Godinho: Você já viu a história deles?

Luciano Pires: Vi.

Alexandre Santos Godinho: Bem legal, já li também.

Luciano Pires: Os caras botaram o sujeito para saltar do balão não sei da onde lá, aquelas loucuras todas lá, você fala, que bobagem. Não, esses caras estão catando emocionalmente, eles estão te pegando...

Alexandre Santos Godinho: Já viu o Air Race? Corrida de avião deles?

Luciano Pires: Ah vi sim, aquelas loucuras que eles fazem, aquelas manobras, tudo.

Alexandre Santos Godinho: Exatamente.

Luciano Pires: Aí você olha para isso tudo e fala, meu, que doideira é essa? Esses caras pegam você pela emoção, aí na hora de consumir o produto vai vir em primeiro plano Red Bull, Red Bull, Red Bull, é um caminho que não tem volta, se você não fizer isso, alguém que fizer é o cara que vai fazer dinheiro como teu produto. Esse cara vai conquistar o coração das pessoas e vai trazer o teu produto, aí você vai querer botar um Intel Inside ali para...

Alexandre Santos Godinho: É, existe um plano nosso de nós começarmos a produzir conteúdo, a gente vai na casa aí...  A gente tem alguns engenheiros em Alphaville, que aí vamos fazendo o conteúdo nas casas de alto padrão e tal, o problema é você se dar bem com câmera, talvez eu não me dou muito bem com câmera, mas...

Luciano Pires: Você não testou, cara, lembra do Elon Musk? Liga esta merda, bota no ar, vai ficar horrível, aí no próximo você corrige, daqui a pouco você vai estar voando.

Alexandre Santos Godinho: Você é fã dele, né?

Luciano Pires: Não, eu gosto muito dessa posição dele, porque um dia eu descobri que uma porrada de coisa que eu faço, ele está fazendo também, entendeu? E a hora que ele explica com teoria, ele bota em palavras aquilo que eu intuitivamente já fazia, só que eu falava diferente, para mim lá atrás era o seguinte, como é que é? Crie, imprima em preto e branco, publica, deixa o pessoal usar, e aí você refina, entendeu? Então olha, vai sair mais ou menos, a iluminação não é a melhor, mas põe no ar, cara, põe no ar, e aí você olha lá atrás, você vai morrer de vergonha daquilo tudo, você vai olhar e falar, como era ruim essa merda, mas foi aquilo que foi a raiz que fez você lá na frente...

Alexandre Santos Godinho: Espinha dorsal.

Luciano Pires: Tem que começar, cara, bota lá, bota o microfone, aí você vai descobrir que o som está ruim, preciso melhorar o microfone, cara, tem barulho lá fora, preciso melhorar a sala, cara, a iluminação está ruim, melhora a iluminação, vai chegar uma hora, como você entrou aqui, você viu meu estúdio, puta, que legal, isso aqui não é do zero.

Alexandre Santos Godinho: Muitos anos.

Luciano Pires: Para chegar ali, aquela câmera, tudo o que foi colocado ali foi no erro e acerto, e uma hora vai dar certo e funciona. Cara, quem quiser encontrar você, como é que é? Vamos lá, suas redes sociais.

Alexandre Santos Godinho: Temos lá www.godmixtintas.com.br...

Luciano Pires: Gold...

Alexandre Santos Godinho: Não, G O D M I X

Luciano Pires: GodMix.

Alexandre Santos Godinho: É, .com.br.

Luciano Pires: Espera aí, é gold?

Alexandre Santos Godinho: Não, é God, o meu sobrenome, God.

Luciano Pires: Ah, é God, G O D, de Deus? Eu estava entendendo Gold Mix, Deus Mix...

Alexandre Santos Godinho: Mas na verdade não era alusão a Deus, é por causa do meu sobrenome que é Godinho, aí a gente fez uma abreviação, mas aí as pessoas acabam assimilando, mas quando Deus está na frente tudo dá certo, então...

Luciano Pires: Essa é boa, tem Deus no nome, godmix...

Alexandre Santos Godinho: tintas.com.br.

Luciano Pires: .com.br, você está assim no Instagram?

Alexandre Santos Godinho: @godmixtintas, Facebook também e Youtube, tem um canal no Youtube também, nós vamos começar fomentar também bastante vídeo de aplicação de produto, bastante coisa.

Luciano Pires: Se quiser achar você para trocar uma ideia lá, para te pedir umas...

Alexandre Santos Godinho: Entrar no nosso site lá, é fácil, eu sou bem acessível.

Luciano Pires: Entra no br, godmixtintas.com.br, manda uma mensagem...

Alexandre Santos Godinho: Pode mandar lá, vai direto no meu email, contato... tem o email também, contato@godmixtintas.com.br, esse é meu email, dá para acessar lá, eu sou bem acessível, dá para bater um papo aí, precisar de alguma dica, alguém que quiser um auxílio aí, estamos aí.

Luciano Pires: Então, ouvimos uma história interessante aqui de um empreendedor brasileiro, cara, que tem Deus no nome.

Alexandre Santos Godinho: Deixou de ser o cão para ter Deus, olha que mudança.

Luciano Pires: Essa foi excelente, que um dia foi o cão, agora é Deus. Valeu, parabéns, cara, seja bem-vindo muito legal.

Alexandre Santos Godinho: Eu que agradeço, bem legal esse nosso bate papo.

Luciano Pires: Sucesso para você aí, vamos ver se logo mais nós vamos ver você como stand mais visitado lá... como é, a Fiacom?

Alexandre Santos Godinho: Feicom.

Luciano Pires: Feicom, já foi o terceiro, para chegar em primeiro não falta muito não.

Alexandre Santos Godinho: Isso aí graças a Hug, a Hug ajudou nós, ali

Luciano Pires: Ela sorrindo lá fora. Um abraço.

Alexandre Santos Godinho: Valeu, meu querido, até mais.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LíderCast.com.br.

Voz masculina: Você ouviu LíderCast com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil, acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.

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