LíderCast 278 - Ives Braghittoni

Data de publicação: 12/06/2023, 13:02

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o podcast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. Hoje trazemos Ives Braghittoni, que é doutor em direito pela USP, Largo de São Francisco, e advogado em São Paulo, Ives é professor de direito em graduação e pós-graduação e coordenador da pós-graduação em direito, política e liberalismo do Instituto Mises Brasil, também é presidente da CAD Câmara de Arbitragem Digital e autor dos livros Princípio do Contraditório, Guardião, Manual de Responsabilidade Civil e Recurso Extraordinário. Uma conversa fascinante sobre economia e a escola austríaca, sobre educação e o Brasil e sobre o que podemos fazer para resistir a mediocrização que toma conta de todos os segmentos da nossa sociedade.

Muito bem, mais um LíderCast, esse aqui é um LíderCast especial porque esse aqui teve ensaio, normalmente não tem ensaio, eu vou contar o tamanho da encrenca aqui, meu convidado já veio aqui, a gente gravou um LíderCast completo, lindo, maravilhoso e na hora que nós terminamos, no momento do salvamento e tudo mais, aconteceu algum problema no software, e eu simplesmente perdi o arquivo, cara, em 276 programas foi a primeira vez que aconteceu uma coisa dessa, que é inexplicável, simplesmente perdemos o arquivo, juntou um problema no software com a cagada que eu fiz, e aí perdeu de vez, então eu fui obrigado a chamá-lo de novo. Então, hoje nós vamos estar aqui bem ensaiadinhos, a gente já fez o teste, já ensaiou, vamos fazer o rodar o programa aqui, agora você já sabe como é que começa, três perguntas, acertas as três, não pode errar depois, então vamos lá.

Ives Braghittoni: São difíceis, são difíceis.

Luciano Pires: Seu nome, sua idade e o que que você faz.

Ives Braghittoni: Meu nome é Ives Braghittoni, eu tenho 51 anos, eu sou cuidador de cachorro, e aí no… o chato é que é isso, até as piadas são iguais, mas eu sou um cuidador de cachorro que no tempo livre, eu tenho um escritório de advocacia, eu advogo aqui em São Paulo, na área empresarial, tenho o meu escritório e também sou professor de direito.

Luciano Pires: Por que que você falou cuidador de cachorro, cara? Quantos cães você tem?

Ives Braghittoni: Eu tenho um, toda a minha dedicação é dedicado a ele.

Luciano Pires: E que marca é?

Ives Braghittoni: Da marca Boxer, é da marca Boxer.

Luciano Pires: Você tem filho também ou não?

Ives Braghittoni: Não tenho filho, então esse aí é o…

Luciano Pires: Então, está focado no cachorro.

Ives Braghittoni: Estou focado no cachorro, aí é legal, ia fazer manifestação e tal, ele vai com a camiseta dele, ele tem camiseta do partido, aquele Fora Dilma, ele tinha uma camisetinha Fora Dilma, aí eu colocava o óculos escuro nele, tem umas fotos, depois te mando, é sensacional.

Luciano Pires: Cara, é impressionante como mudou essa coisa, eu comparo hoje em dia a turma que tem, não é cachorro, você tem um pet, a turma que tem pet comigo que tinha um cachorro 50 anos atrás lá em Bauru, o cachorro era tratado… comida era a sobra, faz um sei lá o que, dá sobra de arroz, feijão, carne para o cachorro, o que sobrou de comida, ele comia, e tomava banho no tanque, eu dava banho no cachorro no tanque, cara, quando compara hoje toda…

Ives Braghittoni: Não, tem um pessoal que exagera, que faz umas coisas meio nada a ver, meu cachorro não é assim, não, eu falo, é só pela piada mesmo.

Luciano Pires: Como é que é o nome dele?

Ives Braghittoni: É John, John Gaut, em homenagem a Randy, o cachorro chama John Gaut. Então quando perguntarem quem é John Gaut, você já sabe, pode ser o cachorro do Ives.

Luciano Pires: Mas você está envolvido com o Mises Brasil?

Ives Braghittoni: Estou, estou sim, eu fiz mestrado e doutorado, eu sou professor de direito desde que eu terminei a faculdade, e dei aula na FMU acho que mais de 20 anos, várias outras faculdades, e sempre estudei Haiack, sempre estudei Mises, e aí com o Instituto, acabei sendo chamado lá, comecei a dar aula lá, e no ano passado nós criamos o curso, a pós-graduação de direito, o Mises já era muito tradicional na pós-graduação de economia, que é uma pós com foco claro em escola austríaca, e no passado criou a pós-graduação também em direito, que é direito, ciência política e liberalismo, quer dizer, uma coisa muito diferente de outras pós-graduações em direito que tem no Brasil, eu tenho orgulho de ser o coordenador dessa nova pós.

Luciano Pires: Maravilha, você nasceu aonde?

Ives Braghittoni: Nasci aqui em São Paulo.

Luciano Pires: São Paulo, capital.

Ives Braghittoni: São Paulo, capital, em uma maternidade que se chamava São Paulo, não existe mais, ficava do lado da Avenida Paulista, para não ter dúvida nenhuma, mais paulistano só se chama-se Paulo mesmo.

Luciano Pires: Só se nascesse no… como é que é… no pátio do colégio lá.

Ives Braghittoni: No pátio do colégio para ser mais paulistano do que isso.

Luciano Pires: Você tem irmãos?

Ives Braghittoni: Tenho um irmão mais novo, que nada a ver com a área, trabalha na área de TI, escapou do direito.

Luciano Pires: E sua mãe e seu pai fazem ou faziam o que?

Ives Braghittoni: Meu pai é falecido, ele trabalhava com bombas hidráulicas, minha mãe foi contadora, está viva ainda, graças a Deus.

Luciano Pires: E você virou advogado?

Ives Braghittoni: Eu virei advogado, nada a ver, ninguém na família é.

Luciano Pires: Mas é um sonho, porque os pais da gente, ou você vai ser médico ou… vai ser doutor, ou médico, advogado.

Ives Braghittoni: Pessoal, por favor, parem de repetir aquela história absurda de que quem fez direito é doutor porque tem um decreto do… isso é tudo mentira, o decreto diz o oposto, parem de repetir essa história.

Luciano Pires: Como é que é essa história aí?

Ives Braghittoni: Não, tem uma lenda de que todo advogado é doutor porque Dom Pedro soltou, quando ele criou os cursos de direito do Brasil, o decreto dele dizia que advogado é doutor, mentira, você vai ler o negócio, eu tenho um artigo até explicando isso e mostrando com os links, provando que essa história é totalmente furada, quando ele diz quem fizer o curso de direito vai ter o grau de bacharel, como no mundo inteiro, quem fizer o curso de direito vai ter o grau de bacharel, quem quiser o grau de doutor vai ter que fazer um outro curso, um curso extra, que vai ser criado no futuro, que é curso de, adivinha, doutorado, então doutor é quem tem doutorado, então essa história ah não, eu sou… não é, não é, médico… doutor é quem fez doutorado, tem essa lenda maluca.

Luciano Pires: Essa é boa, outro dia eu estava em um evento lá e me pediram para dar um aviso lá, eu era o apresentador do evento, 800 pessoas na plateia, aí veio uma emergência lá, me deram um papelzinho, fulano, para avisar para alguém na plateia, fulano de tal, que ele precisava ligar urgentemente para o doutor fulano, e eu li o papelzinho e falei, olha, doutor, ou é teu médico, ou é teu delegado ou é o teu advogado, qualquer um dos três você está ferrado, então levanta e vai lá atender.

Ives Braghittoni: Vai logo porque o negócio deu ruim aqui, vai logo porque notícia boa não é.

Luciano Pires: Cara, que bom, bicho. Teu apelido quando era pequeno?

Ives Braghittoni: Não tive apelido.

Luciano Pires: Não?

Ives Braghittoni: Não tive apelido.

Luciano Pires: O que que o Ivizinho queria ser quando crescesse?

Ives Braghittoni: Nossa, o Ivizinho queria… teve uma época que ele quis ser piloto de caça, teve uma época que ele quis ser piloto de Fórmula 1, mas isso foi muito, muito pequeno, já para a adolescência, quero fazer direito, eu gostava muito de economia, mas curiosamente pela economia, fui lendo, falo desde já, minha eterna gratidão ao Henri Maksoud, eu li a Revista Visão ainda muito pequeno, e aí ele explicando porque que a inflação ia ficar cada vez pior, ele comprou a Revista Visão para poder falar mal do regime militar, essa história é sensacional, e com ele eu fui tomando conhecimento de economia e economia de escola austríaca, ele que foi o primeiro que trouxe Haiack aqui para o Brasil, convidou o Haiack, o Haiack veio aqui, ele traduziu o texto do Haiack, foi graças a ele que teve a edição da [N Rand] aqui no Brasil, eu conheci a [N Rand] com ele publicando aquele discurso do [Dan Conia] em duas partes na Visão. E graças a ele eu fui entendendo, nossa, então a economia depende do direito, e o direito é o que cria as instituições, as instituições dependem da cultura, o dia que eu entendi isso eu falei, não, eu vou estudar direito.

Luciano Pires: Quando você fala do Henri Maksoud, nós estamos falando dos anos 80, não é?

Ives Braghittoni: Anos 70 para 80, na virada dos anos 70 para 80.

Luciano Pires: Quem não sabe quem é o Henri Maksoud era um empresário brasileiro, o Hotel Maksoud Plaza ele que botou aquele empreendimento em pé, mas era um empresário brasileiro que tinha essa visão liberal em uma época que isso aí era palavrão, ninguém sabia o que era, e ele estava batalhando inclusive com o programa de televisão, onde ali ele dava as ideias liberais, foi um momento bem interessante, porque tinham três ou quatro caras, Roberto Campos falando em um canto, Henri Maksoud…

Ives Braghittoni: Três ou quatro pregando no deserto.

Luciano Pires: O João Melão, lembra?

Ives Braghittoni: Mas veio bem depois, bem depois.

Luciano Pires: Era pouquíssima gente falando disso e ele realmente era um cara visionário, que legal, eu nem sabia que ele que tinha trazido a [N Rand].

Ives Braghittoni: Foi ele que apresentou, a jornada dele é um negócio fantástico assim, é realmente impressionante como ele usou a capacidade toda dele para o bem assim, para fazer, era realmente o idealista no melhor sentido do termo.

Luciano Pires: Que legal. Você se forma, então, advogado, você foi para que vertente da advocacia, que lado?

Ives Braghittoni: Eu fui para a advocacia empresarial, eu sempre gostei muito do processo civil, que é o contencioso, que a gente chama, que é como que a justiça funciona, o processo civil, e dentro do processo civil, eu me foquei em direito empresarial, então resumindo isso tudo, é uma empresa brigando com outra.

Luciano Pires: Você trabalha com empresa, então, você não tem o individuo ali, o individuo é parte do processo porque sempre tem pessoas ali, mas é um quebra pau de uma empresa com outra empresa.

Ives Braghittoni: Até advogo para indivíduos também, às vezes tem empresa contra indivíduo, indivíduo contra empresa, indivíduos brigando entre si pelo controle de uma empresa, isso é muito frequente, então tem muito disso, mas eu foquei bastante nessa área empresarial e com o processo civil que é a minha paixão, meu mestrado é nisso, meu doutorado foi nisso, meus livros são sobre isso, os jurídicos.

Luciano Pires: Houve um tempo, cara, que se falava assim, até brinquei outro dia, trouxe aqui um jornalista, trouxe médico, como é que é hoje, cara, quando perguntam para você o que você faz, você fala assim, eu sou jornalista com muito orgulho? Ele falou não. E advogado está no mesmo esquema, você fala, eu sou advogado com muito orgulho? Não, porque tem tanto advogado fazendo baixaria, tem tanta merda a gente vendo acontecer aí com médico, com advogado, com jornalista, todas as profissões, parece que houve um desmanche, eu não consigo… agora o exército, até os militares foram pela… então, eu não sei o que aconteceu, houve uma… aquilo que a gente ainda olhava antigamente e falava, é o modelo, quando eu crescer, e quero ser isso, ter uma organização, desandou tudo, cara, a OAB é uma vergonha, a Associação de Medicina é outra vergonha, que horror, bicho, que coisa impressionante.

Ives Braghittoni: Mas é, você vê, a OAB virou um puxadinho do PT, já é faz bastante tempo, teve chapas aí que participavam que o foco era esse, a gente vai assumir que está aqui a serviço do PT, então na OAB tem eleições para escolher e algumas chapas diziam isso, o negócio é esse mesmo, a gente está aqui para fazer isso, não vou dizer nomes, mas era meio que a propaganda deles, acabaram não sendo eleitos aqui em São Paulo, mas era meio que a propaganda. E é curioso ver isso, esses meus anos dando aula dá um ponto de vista interessante, que eu sempre tenho muito contato com as gerações mais jovens, não vou dizer… eu não tenho a pretensão de dizer que eu as compreendo, mas eu tenho bastante contato com eles, e é uma coisa que veio mudando ao longo das décadas, ah eu quero ser advogado, eu quero ser médico, e agora você olha, não, eu quero ser youtuber, eu quero ser tiktoker, eu não acho que isso é necessariamente ruim, mas eu enxergo muito isso de parâmetros que estão se modificando muito rapidamente, muito rapidamente.

Luciano Pires: Não, e grande parte disso se dá à desvalorização dessas profissões, você pega uma profissão, cara, você pega gerente de banco, olha o que era, olha o que é hoje, houve uma época que a gente visitava o gerente, levava uma garrafa de whisky para o gerente, ele era o cara…

Ives Braghittoni: Era o cara que ia decidir se você tem crédito ou não.

Luciano Pires: Foi tudo, hoje é o cara que quando me liga é para vender alguma coisa, não dá nem atenção bancária…

Ives Braghittoni: Com aquela previdência que Deus me livre.

Luciano Pires: Olha o que houve com os professores, houve uma época que os…

Ives Braghittoni: Cara, isso é muito triste, é outra coisa que eu posso falar também, é muito, muito triste, o que… eu sou professor na graduação, na pós, então eu não conheço, eu nunca fui professor, fui professor particular já, antes de entrar na faculdade de direito, mas isso foi há tanto tempo que já não conta mais, mas é muito triste ver não só o que está acontecendo com os professores, mas o que está acontecendo com os alunos, eu sei que o meu universo de análise é muito pequeno, mas eu posso dizer que ao longo das décadas, dando aula em uma mesma faculdade, o nível dos alunos caiu desesperadamente.

Luciano Pires: Cara, vem malformado, chega para você malformado e isso é um ciclo, isso é um ciclo…

Ives Braghittoni: O problema é que está piorando, piorando muito.

Luciano Pires: Cara, mas nós estamos colhendo, é uma colheita, nós estamos colhendo. Lá em 2004 eu lancei o livro chamado Brasileiros Pocotó, e ali eu tinha um texto chamado a professorinha, que eu contava uma história minha, eu fiz o projeto Rondon, fui me enfiar lá no meio do Brasil e em uma das visitas em uma cidade pequeneninha, eu entrei ali em uma sala de aula, tinha uma professorinha ensinando os alunos e ela estava com as palavras escritas na parede, e palavras escritas erradas, estava errada a palavra, e ela estava ensinando, então ali eu comento o seguinte, a professorinha estava ensinando a molecada a falar a palavra errada, e ela acaba de formar 40 crianças que vão falar errado como ela fala lá, eu não posso julgar a professorinha porque a educação dela é essa, o salário que ela ganha é uma miséria, ela está no fim do mundo, não tem nenhum apoio nem…

Luciano Pires: Se não fosse ela, nem aquilo ia ensinar.

Ives Braghittoni: Nem ensinaria. Mas eu falo, isso é um ciclo, esses 40 vão crescer, alguns vão virar professores e vão ensinar outros 120 e isso vai correndo, e vai chegar uma hora que nós vamos encontrar categorias profissionais que você chega para o cara e fala o seguinte, eu preciso de um eletricista, encanador e pintor, o cara fala, eu faço tudo isso. Aí você contrata o cara, o cara é um eletricista meia boca, é um pintor meia boca e é um pedreiro meia boca, tudo o que ele faz é meia boca e quando você reclama, ele fala, mas é o que dá para fazer, vai desculpando aí. Então, é uma sociedade que vai se degradando, o nível de qualidade vai caindo, a capacidade que as pessoas têm de julgar cai também, porque eu como cliente também não consigo exigir nada além de você, e aí cara, o nível vai descendo como um todo, e aí forma esse grupo de gente… cara, isso é temerário. Aí junte a isso o problema das entidades de classe não estão nem aí, elas não estão preocupadas em proteger a classe dos advogados, a OAB não está lá para isso, ela está lá para um jogo político, e aí chega nesse ponto que, cara, degradou tudo, eu vou ser youtuber, cara, não tem encheção de saco desses caras, eu sou livre…

Ives Braghittoni: Pois é, faz uma dancinha lá e, meu, de repente você fica rico, e olha, não julgo não, não critico não.

Luciano Pires: Deixa eu entrar direto em um assunto aqui com você, cara, quando a gente fala escola austríaca, primeiro eu não encontro outro lugar que se fale… não tem escola australiana, não tem escola holandesa, não tem a escola norte americana, escola brasileira, ou se tiver, não tem o branding como tem a escola austríaca, isso é uma… por que que só tem escola lá, não é, do que que nós estamos falando, cara, quando você fala em escola austríaca de economia?

Ives Braghittoni: Vamos lá, quando a gente fala de escolas, muita gente pensa em uma universidade, um lugar assim, ah não, é um lugar que tem… não é. Existem ciências que são exatas, quando as ciências são exatas, você não tem normalmente escolas, escola no sentido de linha de pensamento, de linha de pesquisa.

Luciano Pires: Isso é importante, quando você fala escola não é um local onde os caras se reúnem para dar aula, escola é uma linha de pensamento.

Ives Braghittoni: Isso, é uma linha, então se você pensar na matemática, difícil falar em escolas de matemática, porque não existe, não existem escolas de biologia, se você quer saber quantas patinhas tem a aranha, você pega a aranha e você conta quantas patinhas ela tem, se você quer saber quantos estômagos tem a vaca, você abre a coitada da vaquinha e vê. Então assim, não existem escolas de biologia, não existem escolas de matemática. É muito diferente nas ciências humanas que por definição são ciências, mas não são exatas, muita gente confunde essas coisas, se não é exata, então não é ciência, não, não tem nada a ver, não é porque elas não são exatas, que elas não são científicas, é que a ciência ali se produz de uma maneira diferente. O grande ponto é que essas ciências que não são como a biologia, que você abre lá o bichinho e vê quantos estômagos, quantos pulmões, quantas patinhas tem, ou como a matemática que a conta ou está certa ou ela está errada, você pode até ter várias maneiras diferentes de fazer a mesma conta, mas ou ela está certa, ou ela está errada. Nas ciências humanas é diferente, então dentro do direito você vai ter escolas, o processo civil vai ter determinadas linhas de pensamento, linhas de análise, o direito inteiro vai ter jusnaturalismo, jus positivismo, na economia a mesma coisa, então você vai ter uma escola marxista de economia, eles vão fazer um tipo de análise, um tipo de observação e até uma metodologia que é própria dessa escola, você tem a escola de Chicago…

Luciano Pires: E quando você está falando em economia, você não está falando em matemática, você não está falando de um mais um são dois, você está falando daquela… que essa é uma outra confusão, fala de economia para mim é matemática, não, não é matemática, cara, economia é a ciência da interação entre os seres humanos com tudo aquilo que tem de exato e de humano.

Ives Braghittoni: Pois é, um dos grandes méritos da escola austríaca é justamente de mostrar isso, a obra prima do Mises, que é o maior economista da escola austríaca, e inequivocamente, gostando ou não da escola austríaca, é um dos maiores do mundo, a obra principal dele se chama Ação Humana. Então, um dos grandes méritos da escola austríaca é tentar mostrar que a economia é uma ciência muito mais humana do que propriamente matemática.

Luciano Pires: Teu amigo Samidana não gosta da escola austríaca porque diz que não tem matemática.

Ives Braghittoni: É mais ou menos a mesma coisa que dizer, eu não gosto de biologia porque ela não tem matemática, ou seja, ele, com todo respeito, ele não sabe muito do que ele está falando. Você fala, falta matemática na biologia. Pois é, justamente porque a matemática para a biologia, ela não se aplica muito bem, é a mesma coisa para a economia, então você pode dizer que você concorda, ou que você não concorda com a escola austríaca, agora dizer, eu não concordo com a escola austríaca porque falta matemática, é o mesmo que dizer, eu não gosto da biologia porque não tem matemática, desculpa, você não sabe do que você está falando a respeito de biologia, a mesma coisa a respeito de escola austríaca, isso é a base dela, é o porquê dela, que hoje está se retomando com outros nomes, economia comportamental, o que que acham que é economia comportamental senão exatamente aquilo que a escola austríaca já fala há muito, muito tempo? E por que que se chama escola austríaca? E uma das críticas mais idiotas que eu já ouvi, mas nem na Áustria se aplica escola austríaca. Ela é chamada de escola austríaca porque a origem dela está justamente em economistas austríacos que foram fazendo, o Menger, o Bombarwerker, e depois o Mises, o Haiack, então ela começou com economistas que eram austríacos, e aí se deu esse nome, é uma coisa meio pejorativa, esse povo lá da Áustria falando essas coisas, essa escola aqui de austríacos.

Luciano Pires: Então, eu não sei se você tem, se você chegou a ver e investigar isso aí, porque ali na Áustria, porque naquele lugarzinho, sabe, com potências muito maiores ali em volta, e se você pegar a época da história quando aconteceu isso, cara, é uma época de alta ebulição ali na grande Alemanha, e por que na Áustria, cara, por que que nasce ali, tem algum componente, algum elemento, alguém que dele nasce essa…

Ives Braghittoni: Esse é um assunto muito bacana e muito difícil, mas se a gente pensar hoje, realmente a Áustria é pequenininha, pois é, naquela época ela não era, naquela época ela era um colosso político e econômico que era o Império Austro Húngaro, aliás, Mises era austríaco, mas ele nasceu em uma cidade que hoje fica na Ucrânia, para você ver o tamanho do desmembramento que houve. Então, se você for pensar, poxa, Freud, Áustria, Marx, Alemanha, mas culturalmente estava ali muito próximo, então tem vários elementos…

Luciano Pires: Grandes compositores, quer dizer, culturalmente tudo tem uma raiz ali.

Ives Braghittoni: Tem uma raiz e é aquela coisa, quando que as pessoas vão ter tempo e disposição para fazer pesquisa científica profunda ou artística ou na psicanálise, quando que acontece isso? Quando o país é rico o bastante para você não precisar trabalhar como operário ou como agricultor, então esse é um dos grandes motivos que o Império Austrio Húngaro, segundo se entende, gerou tanta riqueza cultural em tantas áreas diferentes, economia, psiquiatria, pintura, música e tantos outros.

Luciano Pires: Então, entendemos então a origem, porque que vem e vem dali. E qual é a pegada, cara? Quando é que a escola austríaca se projeta como algo precisamos ouvir esses caras aí porque está vindo alguma coisa diferente daí, quando é que isso acontece?

Ives Braghittoni: Olha, isso vem desde Bombawerk, quando ele começa a escrever criticando Marx, ele faz uma crítica demolidora da mais valia, da teoria da exploração, então é um negócio assim, antes de Marx, o socialismo já tinha sido completamente refutado, mas Marx tem uma porção de grandes sacadas de marketing, essa que é a verdade, de colocar, misturar com a teoria de Hegel, o historicismo de Hegel, e aí ele vem e diz que a teoria dele é científica, enquanto que todas as anteriores eram utópicas, então assim, quando Marx morre, a teoria marxista já estava completamente desacreditada, mas aí depois veio Lênin, ele falou, opa, isso aqui é bem útil, isso aqui para eu criar um regime totalitário é bem útil, então tinha ainda resquícios ali do marxismo. Então, começa com Bombawerk e essa análise de que a economia é muito mais humana do que propriamente econômica, e isso vai se somando, cada um desses grandes autores vai acrescentando as suas próprias contribuições. E assim, a escola austríaca sempre sofreu muito preconceito, como eu falei, o próprio nome era um nome pejorativo, é um nome que era pejorativo, mas foi aceito depois, é isso aí, é austríaco mesmo, o pessoal era austríaco, começou na Áustria, é isso aí.

Luciano Pires: Hoje ainda é assim, hoje tem um monte de gente que você fala escola austríaca, o cara torce o nariz, torce o nariz e… cara, eu quando trombei com a escola austríaca foi por aquela bibliazinha que todo mundo começa a ler, que são as leis lições do Mises, e aquilo foi assim, foi como se acendesse uma luz na sala, é um livro… o Mises nos anos 50, um pouquinho antes dele morrer, ele fez uma série de palestras na Argentina, depois que ele morreu, acho que a esposa dele compilou aquilo tudo e editou um livro falando de seis lições, que são seis aspectos diferentes da economia, fala de inflação, fala de vários pontos ali, com uma linguagem ultra acessível e o livro é pequenininho, é curtinho, então quando você lê ali, você começa a descortinar diante de você uma coisa que parece que é uma caixa preta, e ali ele desvenda essa caixa preta, evidentemente é só uma introdução aos assuntos, para entender você tem que mergulhar muito mais fundo, mas aquilo é fundamental, cara, você tem que ler aquilo lá, quando eu li aquilo explodiu a minha cabeça, eu falei, cara, eu que não tenho nada a ver com essa área, eu venho de humanas, eu sou de outro mundo, eu sou do mundo do marketing, mas quando eu li ali, eu falei, cara, eu estou começando a entender coisas que nem chegar perto eu chegava. E demorou para chegar no Brasil, demorou para a gente começar a entender aquilo. Quando é que você tromba com a escola austríaca? Porque você estava no Brasil, estudando aqui, esses livros não existiam aqui, não tinha acesso, como é que você encontrou acesso a eles?

Ives Braghittoni: Henri Maksoud falando do Haiack.

Luciano Pires: Pois é, mas ele cita Haiack, você fala, deixa eu ver o que é isso?

Ives Braghittoni: Não tinha o livro, aí depois foi o Instituto Liberal que conseguiu, o Donald Stewart Junior, que é outro herói, outro cara que tinha que ter estátua dele aqui no Brasil, que ele conseguiu traduzir Haiack.

Luciano Pires: Que é um tijolão, o Ação Humana é um tijolão.

Ives Braghittoni: Pois é, o Ação Humana, mas antes do Ação Humana, eu fui ler o Caminho da Servidão, do Haiack, e sei lá qual edição, se foi a primeira, mas eu lembro que eu era bem novo ainda, o Haiack já falava desse livro, e tem a edição do Donald Stewart Junior, que é Instituto Liberal lá do Rio Grande do Sul, que conseguiu editar, meu, os caras pagando do bolso assim, eles que fizeram a tradução, um negócio assim completamente heroico, eu falo, cara, e as seis lições é exatamente isso, um tipo de um livro daqueles raríssimos livros que eu falo com absoluta certeza, você vê como é a sua cabeça antes, cara, você vai ler esse livro em três, quatro, cinco dias, veja como é a sua cabeça depois de você terminar de ler esse livro, você nunca mais vai olhar para aquela vendinha que tem na esquina da sua casa, você vai ter um olhar completamente diferente do mundo, do dinheiro, das coisas, como que as coisas funcionam, de porque um país é rico, porque que o outro é pobre, você fala, cara, é como, sei lá…

Luciano Pires: É muito mais complexo do que eu imaginei que seria.

Ives Braghittoni: Por outro lado, ele consegue explicar de um jeito tão simples, que você fala, meu, eu não sabia nada disso, e agora eu estou entendendo. Então, os seis lições, eu acho assim, é que nem proporção áurea, ou monomito, aquelas coisas que na hora que você enxerga e entende aquilo, você fala, meu, como é que eu vivi a minha vida inteira e não sabia disso? Você fala, cara, eu estava cego.

Luciano Pires: Como é que eu escuto tanta abobrinha…

Ives Braghittoni: Você pensa naquela coisa da caverna do Platão e você fala, nossa, eu estou começando a ver a luzinha da saída da caverna, eu tive muito essa sensação com esses dois livros, que é os seis lições e o Caminho da Servidão, eu falava, cara, eu estava dentro da caverna, eu estou começando a sair da caverna, é um negócio assim, é realmente como ver a luz do dia assim, é um negócio que eu falo, muda a cabeça, os dois estão no clube do livro.

Luciano Pires: Estão no clube do livro.

Ives Braghittoni: Depois a gente fala disso

Luciano Pires: A gente fala disso sim. Me fala qual é a pegada, então, se eu entendi o resumo que você deu, o grande lance da escola austríaca é que ela tem uma visão mais, eu não gosto muito desse termo, porque ele é usado para todo tipo de sacanagem e falcatrua, mas ela tem uma visual mais humanista da coisa, ela fala que a economia não é um mais um são dois, mas é toda aquela atitude e o comportamento que envolve a pessoa no momento em que ela está interagindo uma com a outra, então tem coisas ali que são lógicas, onde a matemática explica, e tem coisas que são absolutamente ilógicas, foi culminar com o prêmio Nobel para a economia comportamental, até que aparece alguém e falou, espera aí, para entender o processo tem que trazer um pouco de psicologia, antropologia, sociologia, mistura com economia, bate bem, serve quentinho, dá a economia comportamental que é a onda que está…

Ives Braghittoni: É o que está na moda agora.

Luciano Pires: Aliás, eu fui na semana passada na Bete Educar, (ininteligível) de educação gigantesco aqui em São Paulo, e estava lá socio comportamental para todo lado, só se falava nisso, socio comportamental que você vê que é uma gana para introduzir o ser humano com sua imperfeições todas no ambiente que se julgava ser cartesiano, não é, o mundo é muito mais complexo, números não representam a realidade do mundo de jeito nenhum, tem uma palestra minha que eu começo assim, vou mostrar para vocês o que que foi a queda das Torres Gêmeas com números, duas torres, dois aviões, três mil mortos, fim. Foi só isso? Como é que você explica o que aconteceu com a humanidade, a mudança, o ir e vir terminou, emissão de documentação, impacto cultural, foi uma coisa brutal, gigantesca que vai muito além dos números acabados daquela… então, essa percepção que a gente precisa entender, me parece que é isso que a escola austríaca traz?

Ives Braghittoni: Seria difícil resumir a escola austríaca inteira em algumas poucas sentenças, mas ela traz vários outros elementos, ela traz a importância justamente de que as pessoas tenham liberdade para poder produzir o máximo possível de riqueza, então ela vai mostrar como é que os ciclos econômicos, que se entendia que era uma coisa natural ou uma coisa gerada pelo livre mercado, você vai ver que não, isso é gerado pelas intervenções do governo no que deveria ser um sistema livre, então é muito difícil querer resumir todos os elementos da escola austríaca em um ou dois ou três pontos, mas está correta essa visão, ela foge dessa econometria, que também é importante, que também tem o seu lugar, mas ela vai mostrar que existem sim elementos, por exemplo, se ficar mais barato a tendência é que aumente a demanda, se ficar mais caro, a tendência é que diminua a quantidade de compras, mas ninguém sabe exatamente dizer não aumente aqui, e você até pode mostrar, não, eu aumentei 10 centavos o preço, diminuiu em 10% a demanda, ou seja, se eu aumentar em… ou seja, nada, amigo, você não pode fazer essa relação porque não dá para fazer isso.

Luciano Pires: É tanta variável, cara, eu fiz o lançamento do meu livro essa semana, fui fazer… fiz o lançamento aqui na Livraria da Travessa aqui em São Paulo, décimo livro, já lancei dez vezes.

Ives Braghittoni: Que legal, parabéns.

Luciano Pires: Se eu tivesse feito esse lançamento há cinco anos atrás, eu entupia a livraria de gente, ia ficar gente saindo lá fora, fiz o lançamento aqui, tinha 40 pessoas no lançamento. O olha e fala, onde foi que eu errei, cara? Não tem erro, eu não errei, eu usei o que se usa, pelo contrário, ainda usei as redes sociais que eu não tinha no livro anterior, fiz um barulho, anunciei, e o pessoal não apareceu lá. Está acontecendo alguma coisa como mundo, as pessoas já não saem mais de casa como saiam, não é medo da pandemia, é porque, cara, estou tão…

Ives Braghittoni: Uma apatia talvez? Vamos entrevistar o entrevistador aqui, por que, o que que é que está acontecendo, é apatia, é a derrota, entregamos os pontos?

Luciano Pires: Vamos somar tudo, se a gente pegar aqui os últimos quatro anos, nós tivemos uma mudança política no Brasil brutal, brutal, a ponto de você olhar aqui agora, outro dia eu publiquei um post aqui mostrando que a quantidade de gente assistindo a CPI do MST era três vezes maior do que a turma assistindo a entrevista do Galvão Bueno lá no Flow, isso nunca foi assim, é claro que o Galvão estouraria, ninguém queria saber de política, houve uma mudança política grande, então a gente durante muito tempo reclamou que o brasileiro não era um bicho politizado. Bom, ele se politizou, e junto com isso veio um monte de merda, cara, uma delas foi essa divisão do país, essa polarização entre aspas, essa briga, você fala bom dia, o cara já mete o Bolsonaro no bom dia, e arrebentou tudo, então ficou uma coisa ruim, não é bom, não é mais nutritivo, não tem mais confronto de ideias, agora ou você é fascista ou você é comunista, aliás, bom, depois a gente fala disso. Então, eu acho que esse foi um ponto, quando entrou a pandemia, vem um outro componente que, independente da doença em si, a doença que matou etc e tal, cara, aquilo foi um balde de água fria na sociedade como nunca se viu, acabou, bicho, o meu médico que eu achava que era o mais… eu descobri que o cara é um merda, não sabe nada, fala sem saber, defende coisas sem saber, porque do mesmo jeito que ele falava com a maior autoridade que tem que fazer assim, aparecia um outro médico do mesmo nível dele dizendo não tem que fazer nada disso e os dois não se entendiam, e aí eu que sou o cara que estou olhando, acho que esses caras não sabem do que estão falando, jornalistas que eram os caras que eu acreditava, um monte de merda, os caras desnudou tudo aquilo, canalhada, político sem falar. Cara, nós perdemos todas as âncoras que nós tínhamos, escola acabou, eu não sei mais o que é escola hoje, virou um centro de doutrinação. Então, cara, onde é que eu me ancoro, na minha família? Mas será que a minha família consegue segurar? Nem toda, a maioria não consegue. Então, aí aparece um monte de youtuber, qualquer um falando qualquer porcaria…

Ives Braghittoni: Vira autoridade, nós estamos desesperados por referências.

Luciano Pires: É um tiroteio no escuro, isso que aconteceu, e a gente perdeu completamente, cara, se eu não tenho uma âncora, eu não tenho em quem mirar, sabe, você fala para mim, quem é o teu ídolo? Que ídolo, cara? Não tem mais nenhum. E se eu disser para você que é fulano, você destrói ele em dois minutos…

Ives Braghittoni: Ah, aquele cara que fez um… nossa, vai vir um…

Luciano Pires: E o Brasil que é o rei, o Brasil você não pode, mostrou que você está indo bem vão te detonar.

Ives Braghittoni: Tem isso também, uma ofensa pessoal, como dizia o…

Luciano Pires: Chega ou você quer mais? Eu acho que esse caldeirão todo explica, nós estamos com uma nuvem negra em cima da gente, meio desesperançosos, a eleição do Lula foi a gota d’água, foi o balde de água fria, porque cá entre nós, aquilo não é explicável, não há lógica nenhuma que explique e quem tenta explicar você sabe, ou o cara é um idiota, ou é um canalha, tentando explicar de forma lógica, não tem forma lógica ali, sabe, tem um grande acordo que foi feito para tirar um cara e botar outro no lugar e dane-se o resto, cara, eu olho para isso tudo e falo, não tem mais para onde correr, vou me mexer, cara, vou sair daqui para me incomodar, para ver um cara lançando livro lá, até gosto dele, mas bicho, eu vou ficar aqui vendo minha Netflix, vou tomar minha cervejinha…

Ives Braghittoni: O iFood está aqui ao alcance dos dedos.

Luciano Pires: Não vou me mexer, vou me doer, cara, vou me incomodar, vou botar minha opinião aqui vão me xingar, está vendo o que aconteceu, o outro falou lá e foi preso, imagine que eu vou, não vou abrir minha boca, vou ficar aqui quieto, deixa que os caras toquem lá. Cara, é tudo o que eles querem, e eu acho que desse ponto eu acabo explicando, sabe, a sociedade perdeu o engajamento, perdeu a cola, sabe, perdeu aquela coisa do vamos juntos fazer acontecer, não, não vou não, porque se eu for, eu vou sozinho, então não tem ninguém comigo e são bolhas, estão acontecendo bolhas, nós estamos com bolhas, você encontra bolhas, microbolhas que são legais, onde dá gosto ir, dá gosto estar com as pessoas, mas isso não tem alcance na sociedade.

Ives Braghittoni: Não tem uma repercussão.

Luciano Pires: Repercussão é a live da Jojo Toddynho com a bunda de fora limpando a casa dela com 30, 40 mil caras assistindo, é o Big Brother Brasil, o que que é aquilo, cara? Sexo, violência, constrangimento, bobagem, aí mobiliza, caso contrário é uma eleição de Big Brother Brasil com 140 milhões de votos, cara, vai tentar fazer um negócio desse para melhorar uma lei, a turma não vai. Então, eu acho que é uma grande brochada nacional, a gente veio na história do Brasil de brochada em brochada, se você voltar lá atrás dá para encher todas elas, a gente ganha o Tancredo, o Tancredo morre, aparece o Sarney com o plano Sarney, é uma merda, vem o Collor pega o dinheiro de todo mundo, vem o Lula redentor é um [metrolhão] aquela coisa toda, toda vez que a gente se reuniu, se juntou para falar agora vai, veio um balde de água fria, acho que a gente entendeu que é assim, cara.

Ives Braghittoni: O pessoal está meio cansado de tanto balde de água fria.

Luciano Pires: Está cansado, olha para cima, vê aquele congresso que é uma piada, e a dor é você olhar para aquilo e imaginar, acho que aquilo é o melhor que nós podemos fazer, dá para fazer melhor que aquilo? Nós aqui não vamos conseguir, não, aquilo é o melhor que dá para fazer, até porque ele está formatado de tal jeito que mesmo que eu vote em um cara bom, ele não vai chegar lá, então, cara, eu jogo a toalha, vou cuidar da minha vida e o resto que se dane, o Brasil virou isso, está às traças, está às traças. Era isso que você queria ouvir?

Ives Braghittoni: Pois é.

Luciano Pires: Então, o que que nós vamos fazer agora? Então, a gente tem que se apegar nos… quem são as pessoas que estão pensando ainda, quem são as que estão falando, quem são aquelas que estão tentando trazer a realidade, eu tenho buscado fazer uma parte desse projeto, quando eu trago as pessoas para conversar aqui, eu quero, cara, tem gente que está fazendo acontecer, em todo lugar tem gente fazendo acontecer, mas estão todos desligados e independentes, o grupo liberal da Paraíba não conversa com o grupo liberal do Rio Grande do Sul, eles não estão juntos, não tem um grupo… não tem, cara, a capacidade de impacto na sociedade desaparece, cara, aí fica esse a Deus dará. Sabe o que vai acontecer? Vai aparecer um Messias.

Ives Braghittoni: Outro, mais um, salvador, agora vai.

Luciano Pires: Não é nem o do lado, nem o do outro, agora é o Messias do meio, que meu, tenho até medo de imaginar o que possa acontecer aí, então é complicado, e acho que é aí que a gente precisa de referências, por isso que eu te chamei aqui, a escolha austríaca é uma puta referência, sabe, se eu quiser saber um pouco de economia sem aquele ranço antigo, se eu quiser saber como é que a coisa funciona, a escola austríaca é um… eu encontrei ali uma âncora para mim, ali eu fui pegar e mexer, e por isso que eu queria… que eu convidei você aqui. Como é que… você está na frente no… me conta de novo, o que que você faz no Instituto Mises, aliás, deixa eu cutucar um pouco essa história aqui, tinha Instituto Mises, depois virou Rothbart, separou em dois, tinha o liberal, cara, é meio confuso, tem uma bagunça generalizada, você lembra disso?

Ives Braghittoni: Teve lá entre os fundadores, teve uma briga de quem tinha sido o fundador verdadeiro, aí quem que ia mandar, e não sei o que, teve uma briga, não sei se chegou a ser judicial, pelo nome Instituto Mises, mas aí acabaram que se separaram, e aí esse pessoal que saiu fez o Instituto Rothbart, e aí o Instituto Mises continua com o nome Instituto Mises, nessa época eu ainda não estava lá no instituto, não acompanhei exatamente…

Luciano Pires: O Instituto Rothbart que também é muito interessante, a obra do Rothbart é fantástica, são coisas legais, mas tem aquela coisa, não se une, junta dá…

Ives Braghittoni: Não, teve essa briga anterior, mas assim, em termos teóricos, não tem tanto essa briga, o Rothbart foi aluno do Mises, eu não sigo a linha do Rothbart, não é o que eu concorde, que ele é anarcocapitalista, eu sou liberal clássico, como o próprio Mises, como o próprio Haiack, mas essa discussão que eles tiveram a respeito do nome, da titularidade, quem ia ser presidente, isso foi uma coisa que já está assim completamente superada e que não se refletia entre o Mises e o próprio Rothbart, eles criaram um outro instituto, acharam por bem, eu não sei detalhes dessa briga, como eu falei, eu nem estava no instituto nessa época, mas aí eles criaram um outro instituto, o Instituto Rothbart, e assim, para mim, todo o esforço em prol de divulgação de ideias liberais, de discussão das ideias liberais é extremamente bem-vindo, e é algo a ser louvado.

Luciano Pires: Acho que a gente vai poder… depois no final a gente vai dar a dica para o pessoal se aproximar bem, aliás, tem uma biblioteca gratuita maravilhosa…

Ives Braghittoni: Fantástica, tudo PDF, você entra lá no site, tudo…

Luciano Pires: Não paga nada, baixa os livros, são maravilhosos lá.

Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de podcasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você prática uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e imediata, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.

Luciano Pires: Você tem uma palestra, você comentou comigo, falando sobre países ricos e países pobres, vamos cutucar um pouco nessa história aí, cara, eu tenho 66 anos de idade, e desde que eu me entendo por gente, eu vivo em um país em desenvolvimento, desde que eu nasci, eu escuto, o Brasil é um país subdesenvolvido, depois ele virou em desenvolvimento, que é a mesma coisa, lado cheio… é a mesma coisa, subdesenvolvido e em desenvolvimento é a mesma coisa, e não consigo sair disso, não sai, houve tempos em que a gente olhou e falou, agora vai, anos 50, agora vai, o Brasil está com a corda toda, de repente, a brochada dos anos 60, mas o Brasil é um país rico ou o Brasil é um país pobre?

Ives Braghittoni: O Brasil é um país pobre, o Brasil é um país com riquezas potenciais, que é um jeito bonito de dizer que é um país pobre, você vê a renda per capta do Brasil, é um país pobre, se você ver a massa da população, ele é um país pobre, então assim, existem países muito pobres, que aí são os chamados subdesenvolvidos, então se criou essa divisão dos subdesenvolvidos, que são aqueles com renda percapta abaixo de dois, três mil dólares, tem discussões a respeito dessa discussão, sete, oito, às vezes dez, varia muito por conta da cotação do dólar, agora o dólar explodiu e essa conta ficou meio confusa. E tem os países que são desenvolvidos, que é a renda percapta acima ali dos 20, 25, 30 mil dólares, tem discussão também a respeito disso, no geral se aceita dos 20 mil dólares, o Brasil está bem ali no meio.

Luciano Pires: Venezuela já foi de desenvolvido para subdesenvolvido, cara.

Ives Braghittoni: Cara, falando em jabá, ele não me paga nada para isso, mas eu gosto de um youtuber, que é o Rafael Scapela, que ele explica, ele é nômade digital, o negócio dele é viajar o mundo, e assim, ele viaja não como turista, então às vezes tem até umas dicas de esse lugar é legal, esse lugar é bacana, mas o foco dele é estudar e entender cada país que ele visita, então é muito legal, porque ele vai fazendo isso em vários países, procura, está lá no Youtube, é de graça, Rafael Scapela, eu sempre indico nas aulas, e ele tem um vídeo que se chama justamente O Desastre da Venezuela, e ele conta, a Venezuela já foi mais rica que a Noruega, é um negócio assustador, aí você vê as reservas da Venezuela de petróleo, você fala, cara, a Venezuela poderia ser tão rica quanto Dubai, quanto Emirados Árabes, quanto sei lá, a Arábia Saudita, na pior das hipóteses, porque é um país maior e tal, Dubai é pequenininho.

Luciano Pires: Eu visitei a Venezuela algumas vezes antes do Chaves, a empresa que eu trabalhava tinha operações lá, cara, e era respeitável, era um país assim com um potencial, estava sempre brigando como Brasil, era pau a pau com o Brasil, a operação venezuelana contra a operação brasileira, eram menores em tamanho, mas cara, a pungência era um negócio impressionante, sentado no petróleo do lado dos Estados Unidos, eles tinham lá uma… e os caras conseguiram destruir aquilo, mas eu fiz um desvio aqui, vamos voltar para aquele caminho do país pobre e do país rico.

Ives Braghittoni: Se for pensar, Argentina já esteve entre os dez países mais ricos do mundo, é difícil de acreditar nisso, os professores de história escondem bem escondido isso, mas é uma palestra em que eu uso a minha história pessoal para tentar explicar porque que eu fui cair para estudar economia e porque dos países ricos e países pobres. Eu cresci no Heliópolis, eu sou do Heliópolis, hoje não é mais, porque infelizmente vieram bairros que se tornaram ainda mais pobres, mas na época que eu cresci lá era o bairro mais pobre de São Paulo, e quando eu tinha… muito antes ainda de começar a ler a Revista Visão, eu tinha sei lá, cinco, seis anos, começou a aparecer no Jornal Nacional, que era a única fonte de informação que a gente tinha, aquelas cenas pavorosas da África, da fome em Burquina Faso, que é um país que nem existe mais.

Luciano Pires: Somália e aquela coisa toda.

Ives Braghittoni: A Somália veio depois, a fome na Somália e na Etiópia veio depois, veio na década de 80, eu lembro muito, muito vividamente, eu tinha cinco, seis anos de idade, e todo dia na TV aquelas cenas, a TV também era um negócio diferente, não tinha essa coisa de mostrar como… cara, um negócio muito explícito, meados dos anos 70, e eu olhava aquilo, eu falava, meu Deus, o que que aconteceu nesse lugar para a coisa ficar desse jeito. E eu perguntava para os adultos e ninguém sabia responder, e eu assistia o jornal toda noite esperando, não, mas eles não vão só mostrar, alguém tem que me explicar porque que está acontecendo isso, ninguém explicava e eu sabia que eu morava no bairro mais pobre de São Paulo, e ainda assim eu via um abismo entre uma coisa e outra, e aquilo me chocava, e eu falava, cara, eu moro no bairro mais pobre, de uma cidade pobre, de um país pobre, mas não tem milhões de pessoas vagando de um lugar para o outro porque disseram que vai chegar comida no… não tem crianças morrendo na rua, não existia isso, eu nunca vi, tinha a vendinha lá no… a vendinha tinha comida, você talvez não tivesse o dinheiro para comprar o quanto de comida você queria ou qual a comida você queria, mas… e era engraçado, o macarrão era mais barato do que o arroz, eu fui demorar para entender o porquê, mas o dinheiro para comprar o macarrão, arroz era um negócio meio de luxo, mas o dinheiro para comprar o macarrão, depois é que eu fui saber, era porque o trigo era subsidiado, então macarrão era mais barato do que arroz, então tinha aquela coisa lá no Heliópolis, ah não, você vai comer macarrão hoje, você vai comer comida do coitado mesmo. E eu não conseguia entender isso, e aquilo me chocava, e eu fiquei anos e anos… e ninguém sabia, mas como é que alguém consegue discutir qualquer outra coisa que não seja isso, por que que ninguém está discutindo exatamente isso? Anos depois, lá na década de 80 começou tudo de novo, e de um jeito pior ainda, que foi a fome da Etiópia, nessa época eu já tinha 11, 12, 13 anos, eu falei, não, de novo não, pelo amor de Deus, e cara, era pior ainda, em uma escala ainda pior, foram mais de 400 mil pessoas que morreram de fome, de fome, eu olhava, cara, tem que ter alguma explicação, aí eu já era um pouco maior, eu ia sozinho na biblioteca municipal lá do Ipiranga, cara, vou procurar livro de economia, porque tem que ter a resposta disso em algum lugar, e eu comecei a pegar livro de economia e lia, falava, não, certeza que lá no primeiro capítulo vai ter a explicação de porque que acontece isso em Burquina Faso, porque que aconteceu isso na Etiópia e não acontece no Brasil ou por que que o Brasil é pobre, mas não é tão pobre, o que que deu tão errado lá? Cara, aí eu comecei a ler livro de economia, minha nossa, e oferta e demanda, e a curva do juros e demanda elástica, demanda inelástica, meu, do que que esses caras estão falando? E o livro inteiro, aí eu terminava o livro, não entendia nada, e não tinha nenhuma vírgula falando daquilo que eu queria saber, cara, é a coisa mais importante do mundo, e ninguém nem fala disso, e o jornal, de novo, mostrava a fome, mas não explicava porque, os adultos, ninguém sabia me explicar, a professora da escola, eu falava, cara, não é possível, em algum lugar tem que ter a resposta. E eu passei anos e anos e anos procurando, lendo livro de economia sem entender nada, meu, como é que o cara escreve um livro inteiro de economia e não me explica a única coisa que realmente importa no universo inteiro? Aí alguns anos depois…

Luciano Pires: Você tromba com a Ação Humana.

Ives Braghittoni: Ainda não, eu tive um tio que trabalhava na Phillips, aí ele foi convidado para conhecer a sede da Phillips, na época não era… hoje em dia toda a sede da Phillips é em Amsterdam, na época era separado, tinha um pedaço em Amsterdam, um pedaço… ele voltou fascinado, ele falava, eu não consigo explicar para vocês o tanto que aquele país é rico, o tanto que aquela cidade é rica, ele contava que chegou em um dia lá, ele falou, vou tomar uma cerveja, terminou lá o que ele tinha para fazer, vou tomar uma cerveja. Saiu, foi andando a esmo, ele não foi em um bar chique, falou, vou sair do hotel e vou tomar uma cerveja no primeiro bar que eu achar. Ele foi, entrou no bar, achou um bar, entrou no bar, foi pedir uma cerveja, aí ele conta, a impressão que eu tinha é que aquele bar sozinho custava mais do que o prédio inteiro onde eu moro, eu não consigo explicar o quanto esse país é rico. Aí uns anos, de novo, eu vi aquele abismo de novo, só que para o outro lado, eu falei, como que esse país é tão mais rico do que o Brasil? E perguntava para esse tio, não entendo nada disso, meu negócio é eletrônica, eu sei lá, acho que a Europa sempre foi rica. Como a Europa sempre foi rica? O seu pai, meu avô, fugiu da Itália fugindo da miséria e que história é essa de que a Europa sempre foi rica? Tem razão, não é bem isso. Alguns anos depois ele foi de novo e com aquela história de fuso horário, não sei o que, ele acabou se confundindo e chegou umas duas, três horas mais cedo do que ele devia, ele chegou junto com o pessoal da faxina, a essa altura ele já era gerente de produção, gerente de não sei o que de eletrônica lá na Phillips, e aí ele contava, o pessoal da faxina, a maioria vinha de transporte público, mas alguns vinham de carro, não sei porque, talvez morassem mais longe, não sei, alguns vinham de carro, os que vinham de carro tinham um carro melhor do que o meu. E trabalham na mesmíssima empresa, só que em Amsterdam. Olha que maluquice, o faxineiro da Phillips em Amsterdam tem um carro melhor do que o gerente chefe da mesmíssima Phillips aqui no Brasil, olha o abismo de riqueza que existe, o abismo para o outro lado, e de novo, aquilo me deixou em parafuso, como que isso é possível? E eu não conseguia entender o abismo que tinha de um lado, o abismo que tinha do outro, e não só o abismo, mas o fato de que ninguém falava disso, o fato de que ninguém estava se perguntando, as pessoas olhavam tanto para um abismo, quanto para o outro, como se fosse um dado da natureza, como se estivessem olhando a chuva, o sol ou sei lá, aquilo me deixava alucinado, aquilo me deixava alucinado, eu falava, como que alguém está discutindo qualquer outro assunto que não seja esse, como que os livros de economia explicam qualquer outra coisa que não seja exatamente essa? E aí eu fui achar a resposta bastante tempo depois lá na Revista Visão, Henri Maksoud, minha gratidão de novo, não foi em um clique, não foi de uma vez, eu fui ver que a resposta não estava na economia, a resposta estava na política, estava na economia que dependia do direito, que dependia da política, que dependia da cultura. Ah, por isso que os livros de economia não trazem, por isso que os livros de economia não explicam, porque isso está em uma coisa muito antes e muito mais profunda do que a própria economia, o dia que eu entendi isso, foi o dia que eu decidi que eu ia estudar direito.

Luciano Pires: Muito bom, cara. Você lembra do Us for Africa, da música… we are the world com todos os artistas, aquela música é do Michael Jackson com Lionel Richie, eles fazem a música com a intenção de com a venda daquele disco ajudar a fome na África, o disco vendeu acho que 20 milhões de exemplares, foi uma coisa assim, unidades, cara, aquilo foi um sucesso brutal, até hoje, porque aquilo realmente é…

Ives Braghittoni: É feito para fazer sucesso…

Luciano Pires: E é emocionante, a música é boa, o pessoal cantando, aquilo foi maravilhoso. Bom, quando se completou 25 anos do lançamento daquele disco, fizeram um DVD, 25 anos do Us for Africa, eu comprei o DVD para guardar para mim, então tinha o documentário de como é que foi a gravação, é bem legal, e nos extras tem dois documentários que tratam de outras coisas além do que aconteceu ali, em um deles o Harry Delafonte, que acabou de morrer, vai para a África seguir o caminho do dinheiro, fala, muito bem, levantamos aqui 100 bilhões de dólares, vamos mandar para a África para matar a fome dos caras na África, e ele vai seguindo o caminho do dinheiro, e volta e senta e fala, não adiantou nada, como assim, o dinheiro não chegou lá, como não chegou? Não chegou, ficou no meio do caminho, pagou ONG, pagou salário de um monte de gente, foi roubado no meio do caminho, os caminhões com mantimentos, as milícias pegavam os caminhões, ele falou, e quem tinha que ter recebido, não recebeu nada, a gente fez um tremendo esforço aqui, levantamos um monte de dinheiro e o dinheiro nem chegou lá, quer dizer, tem um… isso não á uma questão de logística, isso não é economia.

Ives Braghittoni: Aí é que está, as pessoas acham que a fome é falta de comida, e o problema é muito mais profundo do que esse. Não só esse, mas todos os casos de fome na África, o mundo se mobiliza, manda toneladas e toneladas de comida para chegar lá e descobrir que o porto não consegue, que não tem um navio, que não tem um… o que consegue chegar lá, aquela comida que finalmente chegar lá vai ser administrada pelo mesmíssimo governo que causou aquela fome, e que às vezes usam a fome de maneira proposital, como socialistas adoram fazer, aprenderam com Lenin direitinho, aprenderam com Stalin direitinho, a fome é uma ferramenta política, eles usam isso assim vasta e alegremente, então mandaram toneladas de comida, mandaram toneladas de dinheiro, mandaram… não chega, não chega, vai ser administrado por quem é dono do poder, quem é dono das armas, que é justamente quem causou aquela situação. A Etiópia, que a gente falou, que me chocou tanto nos anos 80, depois eu fui estudar, fui aprender, é um país com uma história riquíssima, é um país tão antigo que é citado na Bíblia, com outro nome, o Reino de Sabá, mas é um país que é citado na Bíblia, antiguíssimo, nunca foi colônia de ninguém, fala, a fome na África… a Etiópia nunca foi colônia de ninguém, entre altos e baixos ela teve lá os seus problemas, mas nunca teve uma situação de crise, de fome como aquela, nunca teve uma fome como aquela até a chegada de um governo socialista ao poder, então não adianta mandar comida, a comida vai ficar na mão do governo socialista que causou a fome em primeiro lugar.

Luciano Pires: Que guardadas as proporções, é o que a gente vê acontecer aqui em volta, outro dia eu vi o mapa do PIB na América do Sul, uma comparação dos anos 60 com agora, cara, é horrível, a destruição de valor e de… e são os países que estão com o governo… se não for socialista, ele tem toda a retórica da luta de classes está lá.

Ives Braghittoni: Ele queria ser, não é, porque às vezes não consegue, mas queria ser.

Luciano Pires: E não tem contra-argumentar com isso, você não consegue, quando você começa a argumentação, ela começa a ficar consistente, os caras partem para Nárnia, eles vão para um outro mundo, eles vão para… ah não deu certo porque foi mal feito.

Ives Braghittoni: Quando eu fizer vai ser… eles não aprenderam, você não leu, você precisa estudar mais, deturparam Marx, não era o verdadeiro socialismo. Não, Cuba não é uma ditadura, o outro fulano ali, Venezuela não é uma ditadura. Cara, você vai dizer o que para o sujeito, define ditadura para mim, força, coragem, define o que que é para mim para a gente ver os aspectos.

Luciano Pires: A Globo falou agora que o Maduro é um ditador moderno, então aceita que ele é moderninho, tem…

Ives Braghittoni: Moderno é o relógio de 200 mil reais que ele usa, esse é moderno mesmo, vai ver que é isso que eles querem dizer com ditador moderno.

Luciano Pires: De novo, a lógica não explica isso, você não consegue dar uma explicação lógica para isso, então, vamos voltar lá atrás, tem uma psicose que domina o mundo e não sei se ela tem a ver com uma fantasia idílica do que pode ser a realidade, com um monte de jovens que sou contra tudo isso que está aí, logo eu vou abraçar aquilo que pode ser, e eu vou… que agora nós chegamos no supra sumo, nós estamos condenando as pessoas por uma suposta intenção, olha, eu acho que a pessoa tem a intenção de fazer tal coisa, cala a boca dela, condena ela, bota ela na cadeia porque ela tem a intenção.

Ives Braghittoni: Chegamos nesse ponto. Eu prevejo o que você vai fazer no futuro, eu não gosto do que eu acho que você vai fazer no futuro, então eu já vou te condenar previamente, é sensacional.

Luciano Pires: É uma doideira onde nós estamos chegando aí. Mas vamos lá, volta lá no… eu estou interessado em me aproximar do Instituto Mises, eu quero aprender, eu quero ir lá, eu quero estar com vocês, eu quero… o que lá acontece lá? Tem um prédio onde eu posso ir, bater na porta, sentar lá para estudar, tem um site que eu visito, eu posso me associar à alguma coisa, tem um grupo de pessoas que eu possa estar trocando ideias, como é que funciona lá?

Ives Braghittoni: Cara, tem isso tudo, o Mises é… mas você faz isso do conforto do seu lar porque tem o site na internet, você tem o site do Instituto Mises… vai lá.

Luciano Pires: Isso é um puta de um problema, porque essa coisa da tecnologia que me trouxe acesso a tudo isso, exige um atributo que nós somos muito ruins nesse atributo, chama disciplina.

Ives Braghittoni: Pois é, ficou tudo tão fácil que…

Luciano Pires: Está tudo lá, mas cara, quem é que tem a disciplina de eu vou, vou entrar, não estão me cobrando, eu não vou ter prova no dia X, não tem um professor me enchendo o saco, meu pai não vai bater em mim, mas eu vou dedicar uma hora da semana para ir estudar esse assunto aí.

Ives Braghittoni: Pois é, isso é difícil, mas veja só, até nisso tio Ives pensou para te ajudar, vamos lá, a gente tem o site do Instituto Mises, tem a página no Facebook…

Luciano Pires: Como é que é o site, é Mises…

Ives Braghittoni: mises.org.br.

Luciano Pires: mises.org.br.

Ives Braghittoni: Com um s só, mises.org.br, e ele tem o… porque muita gente, tem a pronúncia, será que é Mises, será que é Mises, é Mises com um s só e s no final também, mises.org.br, todo dia tem um artigo novo lá, então artigos de autores brasileiros da escola austríaca, artigos de autores estrangeiros da escola austríaca, todo dia tem um artigo novo.

Luciano Pires: Aliás, tem uns artigos traduzidos lá que são sensacionais, eu já montei acho que dois ou três episódios do Café Brasil baseado em artigo lá, eu vou usar o artigo X e monto o programa inteirinho, é sensacional o que tem lá.

Ives Braghittoni: Então, são artigos de gente que realmente sabe o que está falando, só vai artigo lá quando é realmente alguém de renome, de alguém que passou a vida estudando aquilo do que ele está falando, então eu recomendo muito, a gente tem o braço acadêmico do Instituto Mises, que é o Mises Academy, então já tem essa pós graduação em economia, que é uma pós graduação em economia focada em escola austríaca, tradicionalíssima no Brasil, é reconhecida no mundo inteiro, assim outros países reconhecem, uma pós em escola austríaca de alta qualidade lá no Brasil, eles têm isso, desde o ano passado o Mises Academy também tem a pós graduação em direito, é direito, ciência política e liberalismo, ou seja, uma pós graduação em direito completamente diferente em tudo o que tem aí no mercado, com essa pegada de escola austríaca, de análise austríaca da sociedade, do que é liberalismo, do que é ciência política…

Luciano Pires: Me explica melhor o que que é esse completamente diferente do que tem aí, qual é a lacuna que ela preenche aí, é aquela coisa da humanização, o que que é?

Ives Braghittoni: Ela preenche a lacuna de mostrar qual é a ligação entre direito e política, qual é a relação entre política e liberalismo, então é uma pós-graduação que não vai falar de processo civil, por exemplo, mas vai te dar um curso completo de arbitragem, que é uma das disciplinas que eu dou aula lá, então por que arbitragem, porque arbitragem é a justiça não estatal, então a gente falou, nossa, tem tudo a ver com…

Luciano Pires: O que que é arbitragem?

Ives Braghittoni: Arbitragem é a justiça privada, é você tem um julgamento que tem o mesmíssimo, pela lei brasileira, tem o mesmíssimo valor de um julgamento de um juiz estatal só que é dado por um juiz privado, por exemplo, você, se duas pessoas falarem, nós temos uma briga aqui, uma discussão, nós vamos nomear o Luciano como nosso árbitro, o que você decidir, você fala, esse cara aqui tem que pagar 100 milhões para o outro, vale como uma decisão de um juiz, então arbitragem é uma coisa fantástica, que é uma das coisas que a gente tem foco lá na pós graduação de direito, ciência política e liberalismo, então você vai ter pós graduação de outras instituições que vão falar de direito comercial, bacana, legal, você pode fazer uma pós graduação em direito comercial, a nossa pós graduação é em direito, ciência política e liberalismo, então imagina, quem quer aprender a correlação entre essas três coisas, quem quer trabalhar com política, quem quer ser assessor de político, quem quer fazer por gosto, quem quer, é uma coisa que a gente fez com muito carinho, eu tenho muito orgulho de ser coordenador dessa pós. E tem também a pós novíssima, pós-graduação de startup e inovações, também é algo que é muito diferente, não tem no mercado, se você quer trabalhar com startup, se você quer abrir a sua, ela é focada nisso, é uma pós-graduação feita por quem entende para quem quer entender. Então, tem essas três pós-graduações e tem cursos mais básicos, tem vários cursos mais simples também que o Mises faz.

Luciano Pires: Que eu posso ir lá… não tenho que me associar a nada, eu chego lá, compro um curso teu e faço o curso.

Ives Braghittoni: Você compra um curso isolado, como esse que… a gente sempre teve essa demanda lá, legal, vocês têm pós-graduação, muito bonito, muito bacana, para quem já é manjador, como a gente diz, aliás, uma coisa bacana, você não precisa ser formado em economia para fazer a pós de economia, você não precisa ser formado em direito para fazer a pós de direito.

Luciano Pires: Quanto tempo demora a pós lá?

Ives Braghittoni: A pós são dois anos, tem um ano e meio, uma de um ano e meio.

Luciano Pires: a carga horária…

Ives Braghittoni: Carga horária definida pelo…

Luciano Pires: Pois é, mas é uma coisa pesada? Se eu entendi, não tem nada presencial ou tem?

Ives Braghittoni: Nada presencial.

Luciano Pires: Tudo online e tem aula em um dia tal, a aula é transmitida, não é gravada…

Ives Braghittoni: É bem bacana, a gente conseguiu, eu acho, o melhor de dois mundos, porque as aulas não são presenciais, o que obrigaria o aluno a se deslocar, o que obrigaria o aluno a morar aqui em São Paulo, o que seria bem difícil, então as aulas são online, por outro lado, não é uma aulinha gravada, que você vai assistir um professor lá… não, a aula é ao vivo, o professor entra ao vivo com você e fala, e você está ali lado a lado, você fazendo pergunta na hora, você fala, professor, desculpa, eu não sou da área, os cursos já são pensados assim, o curso de direito, ele já é pensado para servir para quem estudou direito e também para quem não estudou direito.

Luciano Pires: Se eu perder uma aula, perdeu ou ela…

Ives Braghittoni: Não, aí ela fica gravada, mas o que a gente sugere é que o aluno assista a aula, porque a melhor experiência, o melhor aprendizado, ele vai ter interagindo com o professor, a própria aula já é pensada desse jeito, ela não é pensada para ser uma aulinha gravada ali, a gente toma esse cuidado e exige isso dos professores, você tem que dar uma aula que é aproveitando o melhor do fato dela ser online, quer dizer, você está aqui cara a cara com o sujeito, então às vezes, professor, eu não entendi isso aqui, volta aqui e me explica de novo, você assistindo uma aula gravada isso é impossível, o professor ali, ele está ali, a gente até tem um negocinho que é o levantar a mão, você vê. Cara, é muito legal, muito legal, eu adoro dar aula desse jeito, eu realmente acredito que a gente conseguiu juntar o melhor de dois mundos, porque tem essa interação ao vivo, tem essa explicação, essa possibilidade de explicar qualquer coisa que o aluno não entendeu, voltar um pouco, pegar um outro ponto, aprofundar, ir para um lado, para o outro conforme o que a aula está desenvolvendo, que a turma está desenvolvendo, e ao mesmo tempo eu tenho aluno de tudo o que é lugar do Brasil, que aí é um negócio que seria completamente impossível com uma aula presencial, eu sou apaixonado por…

Luciano Pires: Grana, é uma coisa acessível ou é aquela coisa só para quem tem?

Ives Braghittoni: Não, não é nada fora do normal, é dentro do que custa uma pós-graduação, são valores bastante razoáveis, duas aulas por semana e não é nada extraordinário, não é nada absurdo, o próprio fato de ser online ajuda a gente a conseguir fazer a coisa em um preço um pouco mais baixo.

Luciano Pires: Esse certificado, eu saio com o carimbo do MEC lá, está valendo?

Ives Braghittoni: Claro, a gente acha que o MEC não deveria existir, vários professores têm… mas é tudo autorizado…

Luciano Pires: Já que está aí…

Ives Braghittoni: Já que está aí vamos fazer do jeito certo, tem um diploma de verdade reconhecido pelo MEC, pós com direito a dizer eu fiz pós-graduação em economia, eu fiz pós-graduação em direito, é registrado e oficial. E aí tem essa demanda, a gente sempre teve essa demanda de cursos mais básicos, cursos mais simples, então muito bacana, vocês do Mises têm esses cursos muito legais, muito reconhecidos de pós graduação, mas a gente sempre tinha esses dois pedidos, eu queria aprender sobre política, mas eu estou começando, eu não tenho, eu não quero, eu não posso fazer uma pós graduação, eu não tenho nem base para isso, e eu quero aprender mais de política com essa pegada liberal, com essa visão de escola austríaca, e também indicação de livro, que livro eu começo, onde que eu aprendo, quero aprender o básico de economia, onde eu começo, quero aprender o básico de política, onde que eu começo? E aí a gente criou esse curso novo que é o clube do livro, é um curso de política, e clube do livro ao mesmo tempo, as duas coisas juntas, então já tem a indicação do livro, mas você não vai ler sozinho, resolve aquele problema da história da disciplina, então vai ter um livro por mês, são livros básicos, livros simples, mas livros muito profundos, por exemplo, esses dois que a gente citou tantas vezes, os seis lições está lá, o Caminho da Servidão, do Haiack está lá, então cada mês é um livro. E é um assinatura assim baratíssima, a gente fez um preço assim, não paga nem o preço da plataforma.

Luciano Pires: Quanto é?

Ives Braghittoni: 39 reais por mês.

Luciano Pires: Está excelente.

Ives Braghittoni: Você paga no mês metade do que você gasta na pizza em uma sexta-feira, em uma pizza.

Luciano Pires: Depende da onde, aqui é um terço da pizza.

Ives Braghittoni: Aqui é complicado.

Luciano Pires: Aqui onde eu estou é um terço da pizza.

Ives Braghittoni: Mas é um preço que nem sei por quanto tempo a gente vai manter, porque não paga nem o preço da plataforma, a plataforma custa mais caro do que isso.

Luciano Pires: Você dá aula há quanto tempo?

Ives Braghittoni: Eu dou aula desde sempre, eu antes de entrar na faculdade de direito, eu dava aula particular de matemática.

Luciano Pires: Quando você olha hoje para os teus alunos, o que que você vê de diferença, como é que mudou?

Ives Braghittoni: É aquilo que a gente estava falando lá no começo, isso eu vejo… mas só para fechar aqui da história do clube do livro, é um curso básico de política, que você vai ter uma aula prévia antes de ler o livro, para entender o que que é aquele livro, porque ele é importante, porque que ele foi excluído, aí você tem o mês inteiro para ler o seu livro, essa aula prévia a gente chama de guia de leitura, que ao invés de ser escrito é uma aula, então eu vou lá dar uma aulinha, 30 minutos, e funciona nesse sistema de assinatura, aí você lê o livro, você tem o mês inteiro para ler, aí vai ter a aula master, uma aula completa, caprichada, três, quatro horas, de aula ensinando política com base naquele livro que você já leu, que é a melhor didática que existe, é o jeito mais divertido, mas também a melhor didática que existe. A gente pensou em fazer um curso básico que ia ter lá as aulas, mas a própria experiência que a gente tem em aula de pós graduação mostra que a aula que mais rende é a aula de seminário, porque o sujeito se obrigou a ler, então essa aula rende 200% mais do que a outra, então rende muitíssimo, a gente poderia fazer um curso, vai ter uma aula expositiva, eu vou lá dou aula de ciência política, não sei o que, rende infinitamente mais se eu der uma aula baseada no livro, baseada no seis lições, baseada no Cântico da [N Rand], baseada no Caminho da Servidão, no Revolução dos Bichos, ele lê o livro antes, ele já aprendeu o que está no livro, aí eu consigo usar aquilo que ele leu no livro para dar uma aula com base naquilo, rende muitíssimo mais e gera aquela disciplina, ele sabe, não, eu preciso ler o livro para conseguir entender a aula, se não eu vou assistir uma aula de um negócio que eu não li, não faz sentido nenhum, então ele cria uma disciplina e está criando também uma coisa de uma interação entre os alunos muito bacana, porque tem o grupo do Telegram, então no grupo do Telegram agora eu estou pedindo, olha, aquela dica extra que eu faço, vocês vão dizer, vocês vão escolher a dica extra que eu vou dar, o assunto extra que a gente vai tratar, e um ajuda o outro, é muito bacana, convido vocês todos a conhecer o clube do livro, quer aprender política de um jeito divertido e com profundidade ao mesmo tempo, clube do livro do Instituto Mises, entra lá no site, tem lá cursos, entra lá, gente 39 reais por mês, é um negócio assim, como eu falei…

Luciano Pires: Quanto tempo dura, um ano?

Ives Braghittoni: Um ano, 12 meses, 12 livros, e você pode se matricular em qualquer época do ano, a gente já fez pensando nisso também, então não importa em qual mês você se matriculou, você vai ter o curso completinho, porque vai girando, é um curso que vai ficar girando o ano inteiro, então todo mês vai ter um livro novo, mas todo mês vai ser o mesmo livro, então no ano que vem junho vai ser…

Luciano Pires: 1984 entra outra vez.

Ives Braghittoni: Entra outra vez, vão ser os mesmos livros. Agora voltando, aquilo é, cara, eu peguei uma prova que foi a primeira prova que eu apliquei na FMU quando eu entrei na FMU, lá nos anos 90, eu olhei aquilo, eu falei, se eu perguntar isso hoje para aluno de graduação…

Luciano Pires: Sem fazer… sem querer parecer irônico e tudo mais, você não está falando de Fundação Getúlio Vargas, você está falando de FMU, que a gente sabe que era muito mais acessível que uma Fundação Getúlio Vargas.

Ives Braghittoni: Não fala isso, eu tenho um carinho tão grande pela FMU.

Luciano Pires: Eu sei que você tem um carinho, mas quando você fala FMU, eu peguei uma prova da FMU que comparada com a da Fundação Getúlio Vargas, não tem nível de comparação ou tem, ou eu estou errado?

Ives Braghittoni: Não dá, eu passei 20 anos lá, o Ives se esforçava para dar a melhor aula possível, não sei o quanto eu consegui…

Luciano Pires: Não, então, mas eu digo a escola em si me parece que era uma escola muito menos acessível… aliás, muito mais acessível, muito menos exigente, entre aspas, muito mais fácil do que uma Fundação Getúlio Vargas.

Ives Braghittoni: A Getúlio Vargas nem tinha direito naquela época, eu já dei aula lá, naquela época ela não tinha. Mas o que eu posso dizer é, eu assisti nesses meus anos de aula de graduação, eu assisti uma queda brutal no nível dos alunos…

Luciano Pires: Quer dizer, se você pegasse aquela prova que você deu, quanto tempo atrás?

Ives Braghittoni: Ah, isso foi nos anos 90.

Luciano Pires: Aquela prova que você aplicasse hoje ia ser um escândalo?

Ives Braghittoni: No dia seguinte ia ter um abaixo assinado para me mandar embora, com as provas que eu aplico já é um negócio de… hoje não, porque eu estou só na pós graduação, mas eu lembro na UMC, foi a primeira universidade que eu fui dar aula, UMC, Universidade de Mogi das Cruzes, e na UMC eu tinha 26 anos quando eu comecei a dar aula, e aí foram perguntar, esse professor novinho, até o dia que chegou o dia da prova, nossa, aí todo mundo passou a odiar o Ives, mas eu não o que aconteceu, é difícil, porque a educação no Brasil, se a gente for pensar, ela sempre foi ruim, ela sempre foi problemática, e talvez seja até uma simplificação dizer é culpa do Paulo Freire, ok, é, mas é só isso, a explicação está toda aí, por que que vem piorando tanto? De novo, meu universo de análise, meu universo de pesquisa, eu reconheço isso, é muito pequenininho, o número de alunos que eu tenho contato a cada ano é muito pequenininho, mas assim, por ter ficado tanto tempo em uma mesma faculdade, cara, não tem como negar, seria muito tapar o sol com a peneira, dizer, não, não teve uma queda brutal, teve, teve.

Luciano Pires: Então, para mim sabe o que é isso? Esse é o esquema do remédio que qual é o lance do remédio, você tem que tomar sistematicamente, esse remédio vai acumulando no teu corpo, uma bela hora que ele chega e acumula tanto que aí o efeito fica legal, se você não tomar o remédio de forma sistemática, ele não acumula. O que aconteceu conosco foi isso, é uma mediocrização acumulada, ela vai acumulando de uma geração para outra, lembra da história da professorinha, de uma geração para outra, a gente fica muito relapso, sabe, a gente não reclama, a gente não culpa, cara, eu não vou, textão eu não leio, não vou ler textão, não vou ler livrão, eu vou ler textinho, vou ler livrinho, já perdi a capacidade de… uma inteligência que eu tinha eu não tenho mais, naquela época os moleques tinham que fazer conta, cara, hoje em dia quem faz a conta é a calculadora, tira da mão do moleque acabou, pega um moleque desses aí, manda ele para a Mooca e dá para ele um guia mapas, mapografo para ele ir para a Mooca como mapografo, o moleque se mata, cara, se não tiver o Wase fazendo para ele, ele não vai, chatGPT, então, pelo amor de Deus, trabalho escolar, entendeu? Então, foi-se eliminando uma certa inteligência, eu era obrigado a fazer uma conta de cabeça naquela época, eu precisava fazer, se não o troco vinha errado para mim, eu ia dançar, então eu tinha que fazer a matemática, hoje é um pix, não tem mais troco, isso eliminou uma inteligência minha e eu vou acumulando uma coisa com a outra, cara, um pouquinho de inteligência que sobra em cada lugar chega nisso hoje, eu escuto Rihanna e acho que aquilo está no mesmo nível que a Tina Turner que morreu agora, eu vou no pop, porque eu não vou nem falar dos clássicos, você vê uma bandinha de merda agora e compara com os Beatles, porque não tem mais nível, eu não sei mais nada, não tem mais nível de comparação. Hoje, eu botei ontem… os caras publicaram, tinha um debatem em um grupo meu do Telegram sobre palavrão, palavrão, aí os caras entraram, botaram um vídeo do Marcos Mellhem e um outro menino lá, que era o gordo e o magro, que faziam o programa na Globo, que era o Leandro Hassum, os dois fazendo uma esquete no teatro sobre palavrão, então eles vão lá e falam o palavrão, e contam como é que o palavrão é, o pessoal morrendo de rir e tudo mais, eu peguei aquele vídeo, aí peguei o vídeo do Chico Anísio fazendo a mesma coisa, mandei para a turma falando, por favor, assistam os dois vídeos, assistam primeiro o dos dois, depois assistam o do Chico Anísio, vocês vão ter uma dimensão da diferença entre um gênio para dois profissionais, os dois são profissionais, o Chico é gênio, vocês vão ter uma dimensão, o Chico não existe mais, morreu, hoje você só tem o profissional, e daqui a pouco esses caras também vão desaparecer e vai aparecer uma coisa mais rala, como não tem mais comparação, vocês vão morrer de rir com o profissional achando que aquilo é o máximo, o Chico dá… o Chico detona, aí você ouve o Chico e fala, o que que é isso? O jeito que esse cara fala, olha técnica dele, olha a sacada dele, olha empostação de vocês, olha o gestual, isso é genial, acabou a genialidade, não tenho mais, não tenho nem comparação, porque virou coisa velha, você vai para um moleque desse, não tem referência, você fala, Ronald Golias, quem é? Cara, como quem é? O cara é um monstro, não tenho mais um monstro, perdi a referência, vou construir o meu castelinho em cima do que, sabe, dessa coisa rasa, e rasa, rasa, rasa, chegamos nessa coisa imediatista, esses standuper que não tem graça nenhuma, bando de… não tem nenhuma graça isso, é ruim, e você vai lá está aquela plateia inteira, qua qua qua, qua do que? Então, estão rindo de que? E aí eu me trato, eu sou velho ranheta, com saudade do passado, tomado, não, cara, eu sou de um tempo em que o suco tinha suco, era suco mesmo, era suco, hoje é um mistureba de coisa química que não tem nada a ver. Então, aí quando você traz essa ideia toda, vem mergulha com a gente, nós vamos pegar um livro denso, que é um livro de 1940 e pouco, 1984 e vamos mergulhar densamente nisso, isso vale ouro, isso não tem dinheiro que pague, isso não é um youtuber de cabelo colorido fazendo uma leitura rápida de um livro.

Ives Braghittoni: Pois é, essa que é a ideia, fazer o aluno ler, fazer o aluno pegar o gosto de ler, e não ler sozinho, não, você vai ter aula antes do livro, você vai ter aula depois do livro, você vai ter conteúdo extra, é o melhor que a gente conseguiu fazer, é a melhor ideia que a gente conseguiu ter de realmente pegar na mão e vamos do começo, do zero, cara, você vai aprender política, você vai aprender do que que essas pessoas estão falando, ninguém mais vai te enganar, ninguém mais vai te falar uma coisa que, não, você vai formar sua própria opinião, nós estamos bem entusiasmados com esse projeto.

Luciano Pires: Tem bastante aluno já?

Ives Braghittoni: Tem, tem bastante aluno já, tem… não sei números, acabamos de lançar, mas já…

Luciano Pires: Ah, ele é novo assim, pensei que era… que legal.

Ives Braghittoni: Lançamos mês passado.

Luciano Pires: Então, a hora é agora, cara, a hora é agora.

Ives Braghittoni: Pois é, é o que eu falei, esse preço aí é preço de lançamento, eu sei lá quanto tempo eles vão conseguir aguentar isso aí, que é o que eu te falei, isso aí não paga nem o preço da plataforma.

Luciano Pires: Então, vamos lá, mises.org.br, clube do livro…

Ives Braghittoni: Clube do livro do professor Ives, acessa lá, entra, tem 50 formas de pagamento, se paga o curso semestral é mais barato ainda, porque tem desconto, aí tem o anual que é meio que de graça, é um negócio feito para ser acessível mesmo, de propósito para ser o mais acessível possível, mas ao mesmo tempo é bem profundo, são aulas de verdade com três, quatro horas de aula, usando aquilo que você leu no livro para te ensinar política, com livros que nós escolhemos com essa pegada liberal, então é um projeto assim… eu falo, eu sou um otimista patológico, a gente está muito entusiasmado com esse projeto, com essa ideia de levar ensino do básico da política, do básico do liberalismo para muita gente.

Luciano Pires: Olha, e se depois de isso tudo que a gente falou aqui, você ainda acha que política é bobagem, que política é coisa daqueles caras de Brasília, é porque você não entendeu nada, a política é a base disso tudo, tudo, tudo começa na política e começa com você votando no teu vereador aí, a merda começa aí, cara, começa em você votando no teu vereador, não é lá no presidente da república, ele é a boca do funil… não, ele é o bico do funil, a boca do funil está aqui embaixo, é na equação que nós fazemos diariamente e é política.

Ives Braghittoni: É o que eu fui aprender lá estudando porque que a Etiópia era tão diferente de Heliópolis, que eu fui ver que a mentalidade, a cabeça das pessoas é o quanto elas sabem ou não sabem de política que vai gerar cultura, que vai gerar as instituições, que vai gerar o direito, que vai chegar na economia, que é o última da última ponta que se reflete nesse cara que a gente vai eleger, e que pode fazer a Venezuela virar de um país rico, virar um país muito pobre, que pode fazer a Argentina entre os dez mais ricos do mundo, virar um país miserável, ou pode fazer como a Suécia, que era um dos países mais pobres do mundo…

Luciano Pires: Ou como o Chile aqui do lado.

Ives Braghittoni: O Chile aqui do lado, que agora está voltando atrás de novo, talvez pela questão cultural, que parece que mudanças que vieram de cima para baixo, sem ter essa base consolidada na população, e aí vem uma eleição, em uma eleição só você joga tudo fora, começa tudo outra vez, é uma das coisas que a gente tem que aprender, a liberdade não é dada, a liberdade está sempre há uma única geração de ser perdida…

Luciano Pires: Quem quiser conversar com você, é lá pelo Mises ou você tem acesso direto?

Ives Braghittoni: Me acha pelo Mises, me acha direto no Facebook, Ives Braghittoni, com gh e dois Ts.

Luciano Pires: Vamos lá de novo, Braghittoni vai ser… nós estamos no áudio aqui… então, vamos lá Ives normal, Ives com I, aí vamos lá o Braghttoni.

Ives Braghittoni: b r a g h i t t o n i, para não ter dúvida nenhuma que é italiano, ou então, me acham mais fácil ainda no Instagram, no Instagram eu já tirei o sobrenome, então é professor_ives, professor aquele sublinhadinho Ives, me acha no Instagram, eu estou sempre postando, agora falaram que… eu gostava do Orkut, aí eu fui do Orkut para o Facebook, não tinha Instagram, não, você tem que ter Instagram, agora eu abri um Instagram recentíssimo no Instagram.

Luciano Pires: E vão te encher o saco para você ir para o TikTok daqui a pouco, é sempre assim. Como é que falaram daquela vez, na hora que eu consegui aprender a resposta, vocês mudaram a pergunta, é isso o tempo todo.

Ives Braghittoni: É isso o tempo todo, uma aluna me deu essa ideia, professor, faz uns videozinhos curtos falando de política no TikTok, eu estou pensando ainda, vou ver se eu faço.

Luciano Pires: Grande Ives, obrigado pelo papo aqui, valeu, fizemos duas vezes.

Ives Braghittoni: O prazer dobrado para mim.

Luciano Pires: E o segundo é diferente do primeiro, porque você viu, a gente falou de coisas que nem tocou da primeira vez. Mas vamos tocar lá, a gente vai conversar mais aí, eu quero me aproximar dessa ação de vocês lá para a gente fazer um barulho aí.

Ives Braghittoni: Seja muito bem-vindo. Obrigado, valeu.

Luciano Pires: Muito obrigado, valeu.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LíderCast.com.br.

Voz masculina: Você ouviu LíderCast com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil, acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.

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