LíderCast 282 - Silvio Grimaldo

Data de publicação: 15/07/2023, 10:30

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite, bem-vindo, bem-vinda a mais um LíderCast, o PodCast que trata de liderança e empreendedorismo com gente que faz acontecer. No episódio de hoje temos Silvio Grimaldo, que é cientista político, editor chefe da Vide Editorial e diretor executivo do portal Brasil Sem Medo, o primeiro streaming brasileiro de opinião e análise sobre política e cultura declaradamente conservador. Silvio é uma das vozes ativas do conservadorismo brasileiro, com uma visão muito particular sobre o universo político e social do Brasil. Na conversa, falamos entre outras coisas de como o Brasil se politizou desde 2013, do cenário atual e de sua relação com Olavo de Carvalho, a quem ajudou em diversas oportunidades, como a estruturação do seminário de filosofia e do saudoso PodCast True Outspeak.

Muito bem, mais um LíderCast, sempre começo comentando como é que o meu convidado chegou aqui, esse aqui é um que eu estou sondando faz um tempão, acompanho o sujeito faz tempo, o trabalho dele, que é admirável, um desses guerreiros aí que estão tentando fazer o país melhor aí e haja briga, haja pauleira. E aí através de contato, acho que foi a Bruna Torlay que me deu o contato, eu falei, deixa eu mandar uma mensagem para ele, mandei, aí para a minha surpresa ele me conhecia, conhecia o programa, vamos marcar, estamos aí para conversar. Três perguntas fundamentais para começar o programa, as únicas que você não pode errar, o resto você pode chutar à vontade, essas você vai na pinta, seu nome, sua idade e o que que você faz?

Silvio Grimaldo: Cara, meu nome é Silvio Grimaldo, tenho 42 anos, e eu faço de tudo um pouco, sou diretor executivo do Jornal Brasil Sem Medo, sou editor do seminário de filosofia do professor Olavo de Carvalho, sou editor chefe lá da Vide Editorial, faço cerveja, faço de tudo, cara.

Luciano Pires: Cerveja também?

Silvio Grimaldo: Faço cerveja, sou cervejeiro desde 2009.

Luciano Pires: Você nasceu aonde?

Silvio Grimaldo: Em Londrina.

Luciano Pires: Você está lá até hoje?

Silvio Grimaldo: Estou, estou.

Luciano Pires: Terra boa, cara.

Silvio Grimaldo: Eu já fui para tudo quanto é canto, mas sempre volto para Londrina.

Luciano Pires: Tem irmãos, como é que é a tua família?

Silvio Grimaldo: Eu sou o mais novo de quatro filhos homens, coitada da minha mãe.

Luciano Pires: E o que que o teu pai e a tua mãe faziam, como é que era a… eu faço essa sondagem aqui para entender de onde o cara veio, qual era o impacto dele, o que que tem.

Silvio Grimaldo: Meus pais já são falecidos, mas meus pais também eram do Paraná, minha mãe era mais da região pé de Ponta Grossa, mas meu pai era de Londrina, uma cidade do lado, Ibiporã, meu pai foi seminarista praticamente toda a juventude assim, dos seis aos 18 anos de idade, seminário menor, e aí quando estava para entrar na teologia, a mãe dele ficou muito doente, ele saiu do seminário para cuidar da mãe dele, ele saiu do seminário, acabou conhecendo a minha mãe e aí não voltou mais para o seminário, mas te falo isso para dar uma ideia de onde eu vim assim, minha família sempre foi muito católica. Aí meu pai teve algumas empresas e depois de um tempo entrou no serviço público e virou um inimigo, ele era coletor de imposto, foi trabalhar na receita.

Luciano Pires: Tax man, ele era o tax man.

Silvio Grimaldo: Exatamente, e minha mãe era professora de história, minha mãe era professora de tudo, ela ensinava tudo assim, acho que eu peguei muita coisa dela, aliás, até o gosto por leitura, paixão por história, e em determinado momento daí ela fez o caminho inverso do meu pai, ela saiu do estado, ela era professora do estado, e foi para a iniciativa privada, e aí ela montou uma escola de culinária, e praticamente a vida toda dela assim, ela deu aula de culinária. Eu e os meus irmãos crescemos com o pé na cozinha assim, eu tenho um irmão que é chef de cozinha, aliás, então o meu primeiro emprego foi dando aula de culinária com a minha mãe, meu primeiro trabalho, que eu me lembro.

Luciano Pires: Como é que era o teu apelido quando você era criança?

Silvio Grimaldo: Silvinho, eu acho.

Luciano Pires: Silvinho. Tem muito aí. É engraçado essa hora que eu faço essa pergunta aqui pinta cada uma, os caras, não me pergunta isso que eu tenho vergonha. O que que o Silvinho queria ser quando crescesse, cara?

Silvio Grimaldo: Cara, eu nunca pensei muito a respeito disso, sabe quando você, as coisas vão indo, mas quando eu era criança, eu queria sei lá, ser aquelas coisas que criança quer ser, policial, soldado, bombeiro, essas coisas assim, super-herói. Mas aí quando eu estava na adolescência assim, eu queria ser astro do rock, queria ser… eu tinha uma banda, então eu queria... eu tocava baixo, então essa era a minha pira assim, fiquei muitos anos nessa vibe, tocando à noite, fazendo show e tal e sonhando assim, o negócio é ter uma banda e ficar na estrada, isso é muito louco.

Luciano Pires: E um dia você percebeu que não dava, que isso aí não ia dar.

Silvio Grimaldo: Não, primeiro porque eu sou péssimo músico, então as pessoas que tocavam comigo eram muito boas, então eu conseguia enganar geral. Não, mas não rolava, e aí eu curiosamente, cara, eu queria estudar engenharia, eu tinha… na escola assim, eu sempre fui meio nerd, sempre fui bom aluno, e eu tinha muita facilidade com exatas, e aí eu queria ir para engenharia, fazer engenharia mecatrônica, esse tipo de coisa, engenharia química eu também gostava, e aí a minha mãe, cara, teve uma ideia, sei lá de onde ela tirou, e me mandou para um psicólogo fazer teste vocacional, e aí eu saí de lá querendo fazer ciências sociais, a minha mãe surtou, cara, queria matar o psicólogo, queria o dinheiro o de volta, enfim, e aí já era tarde, aí eu fui para as ciências sociais, um negócio que eu nunca tinha ouvido falar na vida, conversando com o cara, eu pesquisei, porra, é isso aí mesmo que eu gosto, aí eu fui estudar ciências sociais primeiro na UEL, depois eu transferi para cá, para a USP e me formei aqui.

Luciano Pires: Você se formou em ciências sociais na USP, na FFLCH?

Silvio Grimaldo: Na FFLCH, fui um filho da FFLCH, morei no CRUSP cinco anos, morava lá na moradia estudantil, cara, mas nunca fui de esquerda, olha só, que coisa, eu nunca fui esquerdista.

Luciano Pires: Porque você estava no ninho, como é que era o bullying lá?

Silvio Grimaldo: Mesmo quando eu era punk eu não era esquerdista, eu era um anarquista e achava bizarro as pessoas serem de esquerda. Cara, para falar bem a verdade assim, era tranquilo a faculdade, isso aí foi em 99 que eu fui para São Paulo, que eu vim para cá, vim para a USP, e nessa época o Fernando Henrique era presidente, a FFLCH ela é metade tucana, o PT nasceu ali dentro da USP, parte dele, então metade dos meus professores eram do PSDB, metade eram petistas, os alunos também eram assim, tinha essa divisão, o Fernando Henrique ainda era uma presença muito forte na faculdade, o nome dele trazia muita gente para o curso, então ele era uma pessoa admirada lá dentro. Então, esses caras eram considerada a direita, então tinha uma convivência tranquila assim, cara, tinha a esquerda radical e tal, mas você podia divergir, falar, todo mundo sabia que eu era um liberal assim, não tinha… era um cara estranho, tem um Silvio aí que defende essas ideias meio retardadas, mas não…

Luciano Pires: Não representa nenhum perigo.

Silvio Grimaldo: Exatamente, não representava nenhum perigo.

Luciano Pires: Café com leite a gente falava lá em Bauru.

Silvio Grimaldo: Exatamente, café com leite. Então, era uma convivência tranquila assim, porque no final eram só conversas, discussões de corredor, mas não tinha nada agressivo assim, não existia a cultura do cancelamento, não tinha nada disso. O curso em si, cara, já era um problema assim, porque aí você já tinha… já era uma outra época da USP, então já não eram aqueles… eu ainda tinha uma geração dos grandes professores, mas já tinha uma galera mais nova e aí assim eles já eram mais focados em fazer militância política mesmo, já eram mais ideológicos assim, não eram grandes cientistas como a geração anterior.

Luciano Pires: Que foi a que formou essa geração nova que está te dando aula, aquela dos grandes cabeças formou essa geração militante.

Silvio Grimaldo: É, porque eles eram grandes cientistas, mas eles tinham um comprometimento político, fundaram o PT, essa porra toda, mas eles ainda eram grandes cientistas, a geração seguinte não, só tinha o comprometimento político. Então, foi uma queda de nível assim. E no meio da faculdade eu conheci o Olavo, no segundo ano, primeiro ano, não lembro direito.

Luciano Pires: Que ano isso? 90 e?

Silvio Grimaldo: Eu conheci o Olavo em 2000.

Luciano Pires: 2000, conheceu pessoalmente lá…

Silvio Grimaldo: Não, os textos. 2000 para 2001, aí em 2002 eu comecei a assistir aulas dele aqui no auditório das realizações, da Vila Mariana, mas aí eu comecei a ler os textos do Olavo e falei, agora danou-se, aí eu fui na biblioteca lá da FFLCH, e tinha o Imbecil Coletivo, peguei o Imbecil Coletivo, fiquei um ano com o livro, andando com ele para cima e para baixo, e eu cagava de rir, aquilo é muito engraçado, e para mim o mais legal era que os personagens ali, muitos dos personagens do Imbecil Coletivo eram meus professores, então para mim foi uma descoberta assim muito importante, porque quando eu entrei lá, Luciano, o que aconteceu, eu era um menino do interior, de Londrina e tal, e eu fiz um ano de ciências sociais em Londrina, então o que a gente lia em Londrina eram os autores da USP, então eu via a USP assim como uma espécie de meca do conhecimento, o templo das musas. E quando eu fui para a USP, aconteceu uma coisa muito curiosa, eu não fiquei mais inteligente como eu achava que ia ficar, só de transpor o portal ali do Butantã, mas óbvio, não era isso, mas eu via que tinha alguma coisa estranha na faculdade, e não conseguia dizer o que era, esse negócio da USP aqui é meio esquisito. Eu percebi que não era tudo aquilo que falavam, mas tem um negócio aqui que não fecha, quando eu encontrei o Imbecil Coletivo e comecei a ler os textos do Olavo, aí deu o estalo, eu falei, agora eu entendi, porque é um bando de picareta, aqui está a nata da intelectualidade brasileira e porra, eles são muito idiotas. E aí eu percebi isso. Mas eu já estava no meio do curso, não queria desistir, não queria largar o curso, fui até o fim, aí fazendo aquela coisa, os professores querem ouvir isso aí, então…

Luciano Pires: Vou fazer o que eles querem ouvir, vou tirar a nota que precisa…

Silvio Grimaldo: E foi muito bom, na verdade, assim para mim, porque eu tomei, conheci uma série de autores de esquerda, todo o pensamento marxista, que a USP é boa para isso, então fui aluno do Haddad, olha só, por dois anos.

Luciano Pires: Então deixa eu… aqui o papo vai para onde a gente quiser levar, então de vez em quando eu vou dar uma brecada, vou dar umas voltas aqui, a gente vai e volta. Vamos falar, porque no que você falou Olavo aí, já caiu o disjuntor de meia dúzia, os caras já desligaram, não vou ouvir essa merda, vamos falar um pouquinho aí porque acho que é interessante, a minha relação com o Olavo foi parecida com a sua, eu trombei com o livro dele também lá no final dos anos 90, achei interessantíssimo, eu tinha de um lado uma certa influência do Stanislaw Ponte Preta com FBAP, era o Festival da Besteira que Assolava o País, mas era uma coisa muito mais bem humorada, mais focada na idiotice generalizada. O Olavo quando veio com o Imbecil, ele veio com uma postura… tem um festival de besteira, mas esse é um negócio muito sério, é uma questão cultural até, e eu trombei com o livro dele, mas o meu foco na época, eu era diretor de uma puta indústria, então o meu negócio era o mundo profissional, eu não estava preocupado com a filosofia, nada disso, eu trazia para me ajudar nas questões de liderança e tudo mais ali. Trombei com o Olavo e falei, que interessante os textos dele, falei, que pegada legal. Uma vez acho que eu vi o Olavo em um evento que eu fui e rachei o bico de dar risada, me lembro dele falando lá, quando encontrar um mendigo tem que dar dinheiro para o mendigo, foi muito engraçado aqui. E aí eu mantive um contato, mas eu não mergulhei, não fui fazer os cursos dele, até eu trombar com o True Outspeak, logo que ele começou, e era religioso para mim, eu ia deitar a noite, botava o bichinho ali e rachava o bico ouvindo o Olavo, e falei, que interessante. E percebi, tem uma puta riqueza no que o Olavo tem aqui, e aí quando ele começava a pirar, que para mim era o seguinte, ele entrava na parte de religião, eu dava uma parada ali, eu falei, bom, não me interessa mergulhar nisso, mas o que ele está me trazendo aqui tem essas referências, é um negócio impressionante, eu falei, isso é admirável, até que em 2018 eu falei, cara, eu preciso trazer, falar com o Olavo e quero fazer um LíderCast com ele para mostrar o Olavo de um jeito que as pessoas não veem o Olavo, porque eu falei, o Olavo não é aquela figura que fica falando palavrão em rede social, o Olavo é muito mais que isso aí. Mas onde eu quero chegar aqui agora, o Olavo é, e como ele tem pouca gente que é assim, perigosíssimo, porque a maneira como ele escrevia, a sacada dele, ele capturava as pessoas, bota um inimigo do Olavo, o cara está fudido, porque o Olavo tinha uma capacidade de argumentação que era imbatível aquilo, ele era tão perigoso que tem que apagar esse cara de algum jeito, então o que que a turma faz? Vamos destruir a reputação desse cara, e o que eu assisti durante muito tempo foi exatamente isso, nunca vi um negócio igual, um trabalho de destruição de reputação, eu falei, mas por quê? Porque o cara é perigoso, não é por outra bobagem. E eu fui fazer a gravação com ele lá nos Estados Unidos e trouxe o LíderCast, para mim foi um momento fantástico encontrar com ele lá e tudo mais. Você entrou no olho do furacão, porque quando você se aproximou do Olavo, você não ficou só babando ovo ali ou lendo, você foi trabalhar com ele, você foi, em algum momento você chegou para ele falou, Olavo, vamos fazer essa coisa funcionar. Como é que é isso aí, cara, você entendeu essa importância do trabalho dele, você sacou essa onda que combatia para não deixar essas ideias ganharem espaço, nós estamos tudo pré 2013, muito antes de 2013, como é que é, você sacou isso?

Silvio Grimaldo: Não, Luciano, em 2000… quando eu fui trabalhar com ele era 2016, ele já estava morando nos Estados Unidos, quer dizer, eu não fui para trabalhar com ele, eu fui lá conhecer o professor, eu já conhecia ele pessoalmente, porque eu assisti umas aulas, mas eu nunca falei com ele assim, não tinha nenhuma relação com ele, eu era um aluno muito distante, ficava na minha. E aí em 2016, eu fui fazer um curso nos Estados Unidos, e aí já conversava assim com a Roxane por Orkut, que era a rede social que tinha na época, aí ela falou assim, quando você sair daí vem fazer uma visita aqui e tal. E aí fui lá passar um final de semana na casa deles, eu sempre brinco, eu fui passar um final de semana e fiquei oito meses, fiquei lá com ele. E aí saí de lá, já trabalhava com ele, cuidava do site…

Luciano Pires: Ficou mesmo?

Silvio Grimaldo: Fiquei oito meses mesmo lá.

Luciano Pires: Oito meses?

Silvio Grimaldo: É, só fui embora porque a minha esposa, que na época era minha namorada veio me buscar, falou, porra, bicho. E aí ou caga ou sai da moita, eu falei, tá bom, o Olavo é legal, mas vamos casar. E aí voltei para o Brasil. Mas aí depois já fiquei nessa relação com o Olavo, indo para os Estados Unidos duas, três vezes no ano, trabalhar com ele lá…

Luciano Pires: Como é que alguém fica oito meses na casa de alguém, hospedado, você ficou hospedado na casa dele? Você virou filho dele, cara.

Silvio Grimaldo: Cara, como o Olavo, bicho, ele…

Luciano Pires: Como é que é isso, como é que alguém… prazer, Olavo, eu sou o Silvio, posso ficar aqui?

Silvio Grimaldo: Não, cara, eu cheguei lá, fiquei o final de semana, aí ele, fica mais uns dias, aí eu falei, tá bom, vou ficar, era uma maravilha ficar lá batendo papo com ele o dia inteiro, a família dele 10, super agradáveis assim, a Roxane uma mãezona. E cara, e fui ficando, velho, fui ficando, ele, Silvio, eu preciso que faça uma coisa, eu comecei a resolver coisas para ele, e aí virei uma peça importante também no funcionamento da casa, da família, e comecei a cuidar do site dele, comecei a cuidar de entrevistas dele aqui no Brasil, e assim foi, nesse ano a gente montou o True Outspeak.

Luciano Pires: Mas isso é 2000 e?

Silvio Grimaldo: 2006.

Luciano Pires: 2006.

Silvio Grimaldo: Aí fiquei de 2006 para 2007, aí em 2007 ele deu o primeiro curso lá, um curso… porque o Olavo estava fora, ele não tinha redes sociais… tinha rede social, mas não era igual hoje, não aparecia, em 2006, 2007 ninguém sabia qual era a cara do Olavo e tal na internet.

Luciano Pires: Ele ainda era colunista em algum outro jornal no Brasil?

Silvio Grimaldo: Era colunista nos jornais, então ele ficava a semana inteira esperando sair o texto dele, mas a gente não ouvia a voz do Olavo, não sabia como é que era, a maior parte das pessoas.

Luciano Pires: Ele teve um programa no Paraná, um programa de televisão no Paraná junto com…

Silvio Grimaldo: Tinha, o mídia sem máscara na TV, com o José Molinacer.

Luciano Pires: Com o Molinacer, isso aí, engraçadíssimo esse programa.

Silvio Grimaldo: É, muito bom, hoje tem no Youtube, dá para ver, e aí o Yuri Vieira gravou um, olha só, em 2005, 06, um podcast, naquela época, chamava o Garganta de Fogo, que ele fez quatro episódios com o Olavo, e aquilo fez o maior sucesso para a época, cara, todo mundo queria ouvir o Olavo falando, todo mundo acompanhava o Olavo assim no Orkut, lia os textos dele, mas não tinha o contato com ele, não sabia como ele era. Aí de repente está o Olavo lá daquele jeito, soltando uns palavrões e tal, sendo super despojado, e aí no final do podcast, ele fala, se alguém montar aí um programa de rádio, eu falo toda semana. Eu falei, vamos montar isso aí. Aí montamos o True Outspeak, que eu já estava lá com ele, e aí o negócio foi um sucesso, aí começou a arrebentar, aí bom, aí o resto é história, mesmo até depois como True Outspeak e tudo, o interesse sempre foi assim em filosofia e cultura mesmo, literatura, é disso que eu gosto, não era tanta política, porque cara, 2006, a gente não tinha nenhuma perspectiva de nada, a nossa visão era mais ou menos como a de hoje, esse negócio é desses caras aí mesmo, essa ptzada tomou tudo, não vão nunca sair do poder, imagina, nossa esperança era o Aécio, não, em 2006 ainda nem era o Aécio, era o Serra.

Luciano Pires: Isso aí, era o Serra.

Silvio Grimaldo: Para você ver como a gente estava fudido, então a gente não ligava muito para isso, porque política para nós era uma coisa teórica, você falava, está muito, muito longe disso acontecer.

Luciano Pires: Quando você fala nós, quem é nós?

Silvio Grimaldo: Ah, aquilo que a gente chamava de direita na época, a direita era um bando de gente em uma lista de emails, conversando sobre liberalismo, sobre conservadorismo e tal, era uma direita muito mais cultural assim, se identificava pelos livros que lia, do que por ação política.

Luciano Pires: Os representantes eram Roberto Campos, que estava lá, era o Maksoud aqui em São Paulo, lembra? Com o programa de televisão e com a revista, era o Melão, João Melão…

Silvio Grimaldo: Então, era isso aí. Então assim, não tinha tanto uma ideia de combater ideias porque isso nem se passava na nossa cabeça, era uma ideia de formação mesmo, quer dizer, o que me atraia no Olavo era o filósofo, era isso que me chamava a atenção, quer dizer, a força intelectual desse sujeito era um negócio que me impressionava, porque quando eu descobri ele na faculdade, é óbvio, a gente vê a crítica cultural com relação à USP e a situação intelectual brasileira, e aquilo me chamou atenção e me fez aproximar dele, mas tinha uma coisa que era no Olavo, que era o seguinte, eu brinco assim, que para mim era uma experiência luminosa, que eu lia os textos dele e eu tinha uma… pela primeira vez quando eu li um texto dele, eu tive uma experiência que eu nunca tinha tido na faculdade, pela primeira vez eu estava entendendo o que eu estava lendo, não só entendendo, eu sabia o que eu estava entendendo, eu entendia que eu estava entendendo, e não só o que eu estava lendo, como eu também entendia o objeto para o qual o texto apontava, eu sei que as coisas que ele está falando de fato se passam dessa maneira na realidade, isso para mim foi um choque, porque até então na faculdade eu lia textos que para mim eram uma espécie de jogos mentais, é tudo legal, mas isso não faz o menor sentido no mundo de verdade. E aí quando eu li o Olavo eu falei, porra, cara, e aí eu descobri o que era inteligência, então isso que me atraiu nele, esse cara é um fenômeno.

Luciano Pires: Que não é a capacidade de elucubrar, é você conseguir transmitir, o Olavo falava muito isso, se você não for capaz de dar um exemplo daquilo o que você está falando, você não entendeu do que se trata, e ele era mestre nisso, blá blá blá, por exemplo, e pau, ele botava uma…

Silvio Grimaldo: Ele tinha a capacidade de fazer o leitor ver o que ele estava vendo, mas ver com os próprios olhos, e isso era sensacional, isso para mim foi assim, até hoje, é o que eu mais gosto no Olavo. E aí fui trabalhar com ele nisso. Mas eu já tinha também, como você perguntou, eu tinha uma visão não da questão política, mas eu já tinha visão assim de que, cara, esse cara vai fazer grandes coisas assim pelo país, ele vai deixar um legado foda, e eu queria participar disso, eu queria estar no meio, e aí depois de 2013, aí 2013 virou a política, aí entrou o negócio, aí o Olavo estourou para o público e tal.

Luciano Pires: Interessante, acompanhar aquele processo todo foi muito legal, eu acompanhei ele todo, eu me lembro que aconteceram duas coisas interessantes, quando ele começou a parar o True Outspeak, estava parando o True Outspeak, eu me lembro que de alguma forma, eu não me lembro como foi, eu consegui o contato, eu acho que com a Roxane, foi pré a minha idade para lá, foi bem antes da visita, e aí eu mandei para ela, não lembro se mandei para ela ou mandei para ele, eu sei que eu consegui um email qualquer lá, dizendo o seguinte, cara, não para, continua pelo menos uma vez por mês, sabe, se você precisar de um suporte e tudo mais, eu tenho site, eu tenho aqui, eu tenho os servidores, eu boto no servidor, mas eu acho que o interesse dele já passou a ser outra coisa quando ele parou lá. E eu escrevi em 2004, acho que foi, ou 2005, um texto chamado Os Preçonhentos, onde eu descrevia o que que a China estava fazendo, era um texto curtinho que eu falava o que está havendo com a China, a China estava capturando todas as manufaturas do mundo, estava levando todo mundo para lá, o mundo ocidental estava feliz da vida entregando a manufatura e ficando com a gestão de marcas, e eu falava, cara, um dia vai haver um choque da manufatura como houve o choque do petróleo, e a China vai falar, muito bem, agora eu tenho todas as fábricas do mundo, agora eu vou botar o preço que eu quiser, dane-se vocês, se quiser tênis vai ter que ser o meu, e aí os ocidentais vão olhar, vão falar, dançamos, precisamos reconstruir e aí não vão conseguir refazer ali. Então, quer dizer, isso é um jogo de poder, não é um jogo comercial e tudo mais. E esse texto chegou no Olavo, e aí o Olavo mandou, alguém mandou para ele, o Olavo respondeu, essa pessoa me mandou a resposta do Olavo, ou foi publicada em algum lugar, eu não me lembro, que o Olavo botou, finalmente um jornalista que sabe do que está acontecendo, e era eu em 2005, 2006, foi muito legal. Mas aí eu acompanhei esse processo todo e quando deu 2013, eu falei, cara, chegou a hora, estava tudo maduro para ser colhido, e aí teve um trabalho interessante com vários jogadores ali, tinha um pessoal… eu não me lembro se era [R Realizações] tinha um pessoal de uma editora soltando os livros dele…

Luciano Pires: Ah, em 2013 já era nós, era a Vide Editorial.

Silvio Grimaldo: Já era a Vide, então antes era a [R Realizações] que tinha os livros interessantes…

Luciano Pires: Em 2005, 2006 a R lançou livros dele.

Silvio Grimaldo: Mostrando os livros dele, uns autores esquisitos, um pessoal diferente todo, eu falei, cara, tem um mundo diferente pintando por aí. E essas bolhas começaram e começou a agregar pessoas que tinham essa visão de direita, que aí já é uma geração além dessa que você conheceu lá, então é uma geração onde entram o Constantino, o Bernardo, essa turma toda, que se reuniam em grupos ali, eu tinha até um grupo de WhatsApp interessante, que hoje quando você olha para aquele grupo, você fala, cara, Alexandre Borges lá, Luciano Haian, todo mundo no mesmo grupo ali, mas era um movimento interessante porque alguma coisa ia mudar no Brasil naquela época lá. Vocês 2013 você estava com o Olavo ainda, já estava com ele, vocês conseguiram antenar que em 2013 alguma coisa ia acontecer no Brasil quando começou lá o não é por 20 centavos… deu para antenar que algo viria a partir dali, cara?

Silvio Grimaldo: Deu, deu, o Olavo tinha muito claro assim que as coisas tinham mudado de uma vez por todas.

Luciano Pires: Mesmo longe do Brasil?

Silvio Grimaldo: Ele percebia bem isso aí, e eu percebia por tabela, o Olavo está falando, eu estou dentro, essa era a minha… mas eu percebia também, porque até então assim, nós, a direita, os conservadores, como eu te falei, um grupo assim meio esquisito de pessoas que liam livros e conversavam a respeito. Mas ninguém estava na política, aí mais ou menos nessa época, o primeiro aluno do Olavo foi para a política com muito sucesso, que é um cara que faz sucesso até hoje, que é o Marcel Van Hattem, as pessoas não sabem, mas ele era aluno Olavo desde uns 16 anos de idade, ele foi o primeiro aluno do Olavo que entrou na política assim, foi vereador acho que com 17 anos de idade…

Luciano Pires: Marcel teve aí nessa cadeirinha…

Silvio Grimaldo: É? Eu gosto muito do Marcel, e aí bom, aquilo ali começou a fazer um barulho, o cara entrou, que coisa esquisita, furou o bloqueio. Mas isso ainda era a superfície, o que era mais profundo que a gente via era coisas que o Olavo tinha colocado em circulação, ideias, expressões por meio do True Outspeak, rolando nas manifestações, e o Olavo muito antenado com as manifestações, o Olavo falava o tempo todo, não pode deixar isso aí virar coisa de político, tem que arrancar os políticos, não pode ter partido, e de fato as manifestações se tornaram isso em 2013. Aí a minha ficha caiu o seguinte, em 2013 eu morava na França, quando começou tudo eu estava morando na França, e aí eu acompanhando as coisas pela internet, do Brasil, e aí eu estava vendo uma matéria de televisão, da Band, da Record, um canal assim, mostrando as manifestações, como elas estavam se espalhando ali pelo Brasil do dia 5 ao dia 30 de junho ali, que foi o período que mais pegou fogo, e aí eu vendo uma matéria sobre uma cidade, não sei se era Fortaleza, mas enfim, era uma cidade lá no nordeste, falando das manifestações e aí mostrando uma imagem assim de um camelódromo, aqui fala camelódromo também? Camelô assim, quando o lugar é cheio de…

Luciano Pires: É, pode ser.

Silvio Grimaldo: A gente chama de camelódromo, mostrou um camelódromo assim, e cheio de camiseta da seleção, mostrando como que estava vendendo camiseta da seleção, mas a câmera faz um giro assim, daquela que abre a lente para filmar aberto assim o camelódromo, e aí eu vi a primeira vez, cara, na vida que eu vi isso, que era uma camiseta com a cara do Olavo, escrito “Olavo tem razão”, eu não tinha visto e isso era junho de 2013, as manifestações não tinham pegado esse negócio do… e eu vi, porra, cara, o Olavo está sendo vendido no camelódromo, no camelô, onde o povão vai comprar, não é mais a galera que está preocupado em mandar dinheiro para Miami. Aí ali eu falei, o Olavo ganhou, o Olavo venceu a parada, mas se ele está no camelódromo, cara…

Luciano Pires: Passa a ser um fenômeno cultural, é cultural.

Silvio Grimaldo: E aí eu falei, bicho, agora não tem mais volta. E foi isso, aí ali eu percebi, as coisas mudaram, aquele papo, o gigante acordou e tal, por mais que o que tenha acontecido no último ano, toda a retração, a destruição da Operação Lava Jato, a volta do Lula, soltar o Lula, volta do cara ao poder, a perseguição aos conservadores etc, essa reação que acho que ninguém esperava de ser tão forte assim, a ascensão da direita no Brasil, apesar de tudo isso, eu acho que não tem mais como colocar o gênio dentro da garrafa, entendeu? O negócio foi e não tem mais volta, todo mundo vai ter que sentar e conversar com essa gente sempre, daqui para a frente.

Luciano Pires: É porque essa gente tem uma coisa perigosíssima chamada argumento, e cara, e contra-argumento, ou se dá uma porrada, ou você tem outro, ou você tem outro no mesmo nível ou você tem que partir para a porrada, e o que a gente assistiu foi exatamente isso, o pessoal partindo para a porrada.

Silvio Grimaldo: É aquele trocadilho, contra a força do argumento só o argumento da força.

Luciano Pires: É isso aí. Mas me fala uma coisa aqui, você morou na França também?

Silvio Grimaldo: Aham.

Luciano Pires: Você foi fazer o que lá?

Silvio Grimaldo: A minha esposa foi fazer um pós-doutorado lá, aí ela fez uma pesquisa no noroeste da França, na Bretanha, aí eu fui de…

Luciano Pires: Como é que pinta o Brasil Sem Medo na história? Porque vamos lembrar uma coisa aqui, o Olavo lá atrás, o Olavo tinha uma publicação, o Olavo tinha…

Silvio Grimaldo: O Mídia Sem Máscara…

Luciano Pires: O Mídia Sem Máscara que não era um jornal impresso, era um jornal só na internet, bem no comecinho lá. Eu me lembro que aquilo fez um certo barulho, tinha um time de colunistas, um negócio interessante. Também acabou. Eu me lembro que ele fez uma revista, não fez uma revista? América… não sei o que da América, alguma coisa assim, teve alguma coisa assim que o Olavo… ou ele participava, ou era o instituto…

Silvio Grimaldo: É, tinha o Inter America Institute.

Luciano Pires: Não fez uma publicação, então?

Silvio Grimaldo: Não, era só um site que tinha alguns colunistas americanos que participavam ali, era só uma espécie de think tank sobre a América Latina lá nos Estados Unidos, mas também ele não andou muito assim, tinha uma série de problemas ali. Mas tinha o Mídia Sem Máscara, que a ideia do Olavo era ser uma espécie de mídia watch assim, comentário sobre as notícias que saíam no Brasil, e não uma espécie de portal de jornalismo, não era essa a ideia, e com o tempo ele foi virando assim um repositório de colunistas conservadores, anti comunistas, anti petistas, e com o tempo também o Olavo foi deixando na mão de outras pessoas e ele tinha uma participação muito pequena assim, de decisões, ele só intervinha quando tinha alguma bobagem acontecendo, ele ia ali para falar, tem que parar com isso. Mas o Mídia Sem Máscara durou muito tempo, e aí por uma briga de pessoas lá dentro o site acabou sendo reformado, daí saiu do ar, aí tinha um cara lá que era uma espécie de técnico, que tinha tomado conta, sequestrou o domínio, aí virou um rolo. Enfim, aí o site desapareceu e aí o Olavo sempre insistia na ideia de um jornal conservador, cara, tem que ter, a hora que aparecer um jornal conservador no Brasil, ele vai ganhar a parada, mas ele insistia no negócio de ter um jornal impresso, e aí essa ideia de ser um jornal impresso dificultava e muito a operação toda, e a gente vendo a situação toda dos jornais impressos no Brasil, quer dizer, no mundo inteiro, mas no Brasil era mais crítico.

Luciano Pires: Esse seu dificultar era questão de grana, botar um impresso no ar é dinheiro que não acaba mais, e com um puta problema logístico de distribuição, tem muita encrenca ali.

Silvio Grimaldo: E jornal impresso vive de anúncio, cara, de anunciante, então você fica na mão das empresas. E eu assim, eu não queria saber de jornal, eu acho também que tem que ter, mas é a missão para outras pessoas. E fizeram várias tentativas de montar esse tal desse jornal, várias pessoas se juntaram, conversaram, vieram aqui em São Paulo, juntaram alguns jornalistas, empresários, mas o negócio nunca saía do papel. E aí em 2019, depois já… eu fui para o governo, no começo do governo, aí depois que eu saí do governo, aí eu tinha visto por dentro como é que funcionava aquela porcaria lá em Brasília.

Luciano Pires: Você foi para onde?

Silvio Grimaldo: Fui para o MEC, era assessor especial lá do Velles. E aí eu falei, cara, tem muita coisa boa para se falar sobre o governo, apesar das bobagens, e a mídia só vai contar mentira, não tem como, então acho que agora é hora de montar esse jornal, mas não tem como montar ele impresso, vai ter que ser online mesmo. E cara, mas não aparecia ninguém para fazer, aí juntei uns amigos meus lá e falei, vamos montar, meu, vamos fazer. Era uma época que estava assim, estava começando a ferver muita coisa diferente no Brasil, o Café Brasil tem quanto tempo, 12 anos já, 13 anos?

Luciano Pires: Mais, o podcast vai fazer 18, mas o meu negócio Café Brasil tem… 2003…

Silvio Grimaldo: É, mas o podcast tem 18 anos, mas ali em 2017, 18, 19, o negócio de podcast no Brasil começou a bombar, de repente todo mundo tinha podcast, e era engraçado para caramba porque surgia tudo que é tipo de coisa bizarra, mas assim, esse negócio de podcast está rolando, está legal, e quando a gente foi montar o jornal, cara, então tá, vamos montar o jornal e tal, mas como que a gente vai fazer, porque o jornalismo está acabando, e aí nós encontramos um relatório da Reuters falando sobre assim o que que vai ser do jornalismo. E ali eles tinham duas coisas que nos chamaram a atenção, primeiro, o jornalismo de anunciante e tal, acabou, ele vai precisar viver de assinantes, então vai ter que vender assinatura, embora os jornais vendessem assinatura, a assinatura nunca foi a receita principal dos grandes jornais, e a grande novidade do jornalismo é podcast, há uma dificuldade no podcast que é a monetização, ninguém sabia exatamente como monetizar, monetiza com anunciantes, se você for atrás de um paywall, hoje todo mundo sabe, se colocar o podcast atrás de um paywall ninguém vai ouvir. Então, tinha que fazer merchandising, enfim, tinha uma série de possibilidades. E não existiam ainda as grandes plataformas de podcast 2000 e… como é o Spotify hoje, a Apple, tinham vários sites que o bagulho ficava meio espalhado por aí, bom, sabe muito bem as dificuldades que você deve ter enfrentado aí.

Luciano Pires: Os agregadores aos milhares por aí.

Silvio Grimaldo: Cara, a gente falou, podcast, é isso aí que nós vamos fazer, quer dizer, vamos ter isso também, aí montamos, vamos fazer o jornal, aí montamos o Brasil Sem Medo, a gente queria fazer jornalismo mesmo, então chamou um pessoal que manjava de jornalismo, jornalistas, com uma série de dificuldades, a gente não tinha grana, e montamos os podcasts, que ficavam lá dentro do site, mas logo a gente percebeu isso, bom, podcast aqui dentro do paywall não vai funcionar e também ficar fazendo para deixar aberto, sem ter equipe para ir atrás de merchandising, anunciante, também não rola, aí os podcasts meio que morreram assim.

Luciano Pires: Vocês montaram um plano de negócio, alguma coisa assim? A pegada desse programa aqui é liderança e empreendedorismo, vocês montaram um plano de negócio quando você montou o… não, vamos botar no ar esse treco e ver o que acontece, é por aí?

Silvio Grimaldo: É, foi assim.

Luciano Pires: Quer dizer, nenhum dos caras que estava envolvido lá veio para fazer daquilo o seu ganha pão?

Silvio Grimaldo: Não, o negócio ficou viável porque todo mundo fazia outras coisas. A gente tinha… a nossa ideia era montar um business mesmo, poder viver disso, então a gente tinha um plano de negócios mínimo, mas com uma série de problemas, porque a gente não tinha muito também para se dedicar a isso. Porque é mais ou menos como você aqui, a gente tinha que fazer conteúdo, editar site, fazer TI, fazer jornalismo…

Luciano Pires: Vender patrocínio…

Silvio Grimaldo: Vender assinatura e tal com a equipe pequena, então essa parte a gente foi deixando… fomos meio na… como que fala? Na enxurrada assim. E agora assim, a gente lançou um novo BSM, reestruturamos tudo, então temos um business plan mais decente, sabemos aonde nós queremos ir, estamos indo atrás de patrocinador, de anunciante. Mas no começo era isso, cara, assinatura e conteúdo, assinatura e conteúdo, e começamos a crescer assim, foi bem, graças a Deus está indo bem, agora a gente está em uma ressaca, eu percebo que as pessoas estão em uma ressaca de política, porque o jornal, ele é focado em política, então eu vejo que deu uma esfriada assim um pouco desse assunto.

Luciano Pires: É porque a turma cansou de brigar e não ver resultado, cara, a eleição do Lula foi um balde de água fria, porque cara, me matei para cacete, arrumei briga com todo mundo, não falo mais com o meu cunhado, almoço de domingo acabou, minha vida virou um inferno, e não adiantou nada.

Silvio Grimaldo: E voltamos para 2012.

Luciano Pires: Voltamos para trás, aí dá essa brochada geral.

Silvio Grimaldo: Aí o jornal surgiu assim, nós fomos para a casa do Olavo, conversamos com ele, falamos, Olavo, não vai dar para fazer impresso, aí ele muito contrariado falou assim, então foda-se, façam aí como puder. Aí nós montamos, porque cara, ninguém aparecia para montar, aí montamos o jornal, colocamos lá o Paulo Briguet para tomar conta, que é um jornalista experiente assim, tomar conta assim, instruir a galera sobre o que que é um jornal, o pessoal que trabalhava. E aí deu certo, mas no começo a gente estava muito focado em ser uma espécie também de mídia watch, de tentar trazer coisas que a gente sabia que seriam ignoradas pela imprensa a respeito do governo. Mas depois quando a gente começou a ver que bom, o troço vai entornar, o governo vai acabar, o Bolsonaro não vai ser reeleito, a gente falou, a gente precisa mudar, porque… uma coisa que a gente sempre também teve o cuidado foi assim, não se identificar como um jornal bolsonarista, a gente não queria isso, um jornal militante, sim, nós somos conservadores, o BSM é um jornal de direita, declaradamente de direita, uma série de princípios e tal, mas o nosso foco são as pautas, não são os políticos, tanto que vive arrumando confusão com a galera aí, porque de vez em quando a gente exagera na crítica. E foi, agora a gente precisa mudar, e aí essa mudança mais recente que teve no site, que nós reformamos tudo, a nossa ideia foi transformar então o site em uma plataforma de streaming conservador, vamos dizer assim, de análise política, porque o que eu percebi, essa galera que eu consegui reunir, que são alunos do Olavo, eles têm um diferencial para explicar as coisas, para ver o que está acontecendo no país, eu realmente acho assim que os alunos do Olavo têm um treino diferente, têm um olhar diferente para poder ver e explicar o que está acontecendo, não só quem está no BSM, alunos do Olavo em geral. E eu falei, cara, é uma cagada colocar essa galera para ficar produzindo notícia, que a notícia está aí…

Luciano Pires: Sim, é a interpretação que é o… o valor está na…

Silvio Grimaldo: É o que essa notícia significa. Eu falei, cara, é isso que a gente tem que fazer. Então, a gente tem uma equipe lá que continua produzindo notícias, olhando para outras coisas que a mídia não está dando e tal, mas mudamos a maneira de fazer notícia, aquele jornalismo tipicamente americano, a pirâmide invertida, lead, não sei o que, implodiu isso, a gente falou, não, nós vamos fazer notícia aqui como se fosse para crianças de cinco anos, quase didáticas. E fizemos esses programas, hoje tem 11 programas lá no ar.

Luciano Pires: A pegada do Café Brasil é exatamente essa, como é que eu falo para uma criança de 5 anos, e isso não é depor contra quem está me ouvindo não, é que quanto mais acessível você é na tua exposição, na tua argumentação, mais gente você abrange, então cara, e aí vamos subir, vamos subir, moçada, eu chamo de isca intelectual, estou te transmitindo uma isca intelectual que é abrir a tua fome, se der fome, você tem que ir atrás da comida, mas eu não vou te matar fome aqui com uma isca, mas a isca está aqui, e eu não vou conseguir te fisgar com uma isca que não seja atraente, e para ser atraente tem que ser inteligível, por isso eu uso música, uso essa truncagem toda, isso aqui é para deixar atraente um tema que teoricamente é um tema inacessível, e acho que isso… a gente vê muita falta disso, não tem um trabalho… a esquerda fez muito isso, a esquerda é boa, os caras são bons para cacete, bicho, eles conseguem fazer música que emocionam, peças que emocionam, filmes que emocionam, até perder a mão e virar essas loucuras todas, acabaram de destruir o Indiana Jones, cara, detonaram o Indiana Jones.

Silvio Grimaldo: Sério? Saiu um outro Indiana Jones?

Luciano Pires: Saiu um novo agora aqui…

Silvio Grimaldo: Que é uma mulher?

Luciano Pires: Acabei de ler uma crítica aqui, disse que é… como é? Indiana Jones e o desafio da mulher, alguma coisa assim, o filme é feito para entregar para uma mulher o futuro, ele é um bundão, um velho bundão, babão, com uma mulher salvando a vida dele o tempo todo lá e no fim a mulher é que é a protagonista, bom, isso é um processo estranho.

Luciano Pires: Você está ouvindo o LíderCast, que faz parte do ecossistema Café Brasil, que você conhece acessando mundocafebrasil.com, são conteúdos originais distribuídos sob forma de podcasts, vídeos, palestras, e-books e com direito a grupos de discussão no Telegram. Torne-se um assinante do Café Brasil Premium, através do site ou pelos aplicativos para IOS e Android, você pratica uma espécie de MLA, master life administration, recebendo conteúdo pertinente de aplicação prática e imediata, que agrega valor ao seu tempo de vida, repetindo, mundocafebrasil.com.

Luciano Pires: Deixa eu focar um pouquinho mais nessa coisa do Brasil Sem Medo, trabalhar com uma mídia nesse momento aqui é um negócio complicado, porque as mídias estão se esfacelando, bicho, ninguém mais sabe direito onde é que eu vou buscar a informação, porque nos jornais… desmontou, a gente… eu diria o seguinte, ainda tem uma penetração gigante, a televisão penetra em 100% dos lares brasileiros, não quer dizer que a pessoa está ligando, ela está lá dentro, o jornalismo tradicional continua fazendo um barulho gigantesco, ainda tem uma força muito grande, mas a internet implodiu esse negócio aí está criando outras alternativas. Só que é tanta concorrência, é tanta gente fazendo, que fica muito complicado você tornar viável um business de notícias como vocês estão fazendo aqui agora. Como é que vocês estão… como é que você lida com isso aí, tem uma perspectiva para você de, cara, a gente vai crescer, a gente vai abranger, a gente vai atingir, vai disputar… eu tinha um termo que eu usava antigamente que era o share of wallet, você tem 100 reais no bolso, eu vou disputar 10 reais desses 100 aí para poder bancar o meu negócio, e hoje não é mais isso, hoje é share of time, ninguém tem mais tempo de ver merda nenhuma, e eu estou lidando agora com esse problema aqui, a audiência de podcast caiu, porque tem tanta gente fazendo, que meu pedaço da pizza é cada vez menorzinho, a pizza pode até crescer, mas o pedaço é cada vez menorzinho. Como é que vocês estão fazendo lá?

Silvio Grimaldo: Isso aí exige… nas plataformas exige uma série de adequações, então, você já fez, você teve agora o podcast… os episódios que são pequenininhos, curtinhos, para disputar esse tempo.

Luciano Pires: Já fui atrás de alternativas.

Silvio Grimaldo: É, então você tem que ter lá o seu conteúdo de 5 minutos, mas você também tem que ter… é que você não está nas redes sociais, mas você também tem que ter o seu reels de 30 segundos, entendeu? Então assim, é tentar enfiar o máximo de comunicação possível em menos tempo. É óbvio que isso aí gera um problema, quer dizer, isso já é sintoma de um outro problema. Então assim, o que eu vejo assim, o desafio para a mídia é, na verdade, você atacar em todas essas frentes, a gente faz um programa de duas horas de conversa assim, de entrevistas com profundidade, e também tem que fazer o conteúdo de explicar, sei lá, o que que é o foro de São Paulo em 45 segundos, cheio de animaçãozinha, tem que entregar tudo para todas as plataformas que estão abertas, que estão disponíveis, então também você tem que adequar o seu conteúdo para Twitter, Instagram, Youtube, o nosso próprio site, ter vídeo, o mesmo conteúdo está em texto, áudio, então assim, é um esforço muito grande.

Luciano Pires: É um pesadelo de produção isso aí, porque uma coisa é você sentar e fazer um puta texto maravilhoso de 10 páginas, outra coisa é você puxar o âmago daquilo e não se perder em uma… sabe? Vou transformar 45 segundos, vir um negócio raso, torto, torcido, é complicado.

Silvio Grimaldo: É muito difícil, então assim, são camadas, você vai tentando trazer o leitor, o espectador cada vez mais para dentro, como um funil de vendas, você põe o cara lá, você entrega uma coisinha e vem puxando. Mas como você falou, o mercado informacional está gigante assim, eu acho que as pessoas têm até já uma síndrome de excesso de informação. Agora, qual que era a nossa proposta, na verdade, no Brasil Sem Medo, é justamente isso, como existe um excesso de informação, eu acho que a coisa mais valiosa agora, o serviço não é a informação, mas é a depuração dela, é como estava falando, é a explicação das coisas, então assim, o que que tudo isso que estão falando significa de verdade.

Luciano Pires: Nós estamos em um exemplo, esse momento em que nós estamos sentados conversando aqui, está em votação para aprovação a reforma tributária, eu estou há uma semana pesquisando a reforma tributária e é uma loucura, bicho, porque tem a opinião do especialista A, que vem aqui te convence que a reforma é uma merda, e aí aparece o B que te convence que ela é boa, e no fim das contas ninguém sabe direito o que é, você está completamente perdido, não tem… e é um negócio importantíssimo, porque o futuro do país está colocado ali, isso a gente assistiu com a Covid, a mesma coisa, e aí cara, toma ou não toma a vacina, tem tratamento precoce ou não tem, virou uma briga de especialistas, cada um de um lado e a gente no meio ali perdido, para que lado eu vou, não é?

Silvio Grimaldo: Exatamente, então o BSM novo tenta fazer isso, a nossa ideia é orientar o que está acontecendo, mostrar o cenário com clareza, e a gente também deixa claro de onde a gente está saindo, quais são nossos princípios, quais são nossos valores, o que nós pensamos politicamente, a gente não esconde isso de ninguém, então eu nunca chego… cara, eu não acredito em jornalismo isento, neutralidade, isso é tudo balela, o que você tem que fazer é assim, é deixar muito claro quais são as posições de todo mundo, então a gente chega, nós somos isso, nós pensamos assim, e aqui está a nossa análise dos fatos. Então, eu acho que essa explicação, essa orientação nessa selva escura de informações desconexas e contraditórias é o grande valor mesmo, assim é o que realmente importa hoje em dia. Então, é nisso que a gente está focando, essa é a nossa perspectiva de crescer aí.

Luciano Pires: Mas você tem consciência que o teu público é uma minoria, cara?

Silvio Grimaldo: Sim.

Luciano Pires: É uma minoria.

Silvio Grimaldo: A gente sabe que a gente tem um teto para alcançar. Eventualmente a gente tem ideias de lançar novos produtos que amplie o leque, conteúdos mais curtos, mais editados, assim como alguns gatilhos que traz mais gente.

Luciano Pires: Você consegue perceber que… não, o inimigo é o mesmo, mas que a tática da guerra cultural mudou comparado ao que era aquilo com o Olavo lá em 1990 e alguma coisa, começo dos anos 2000, hoje nós estamos lutando, quando eu falo nós aqui, é quem tem o pensamento mais voltado para o conservadorismo e tudo mais, que o cenário de guerra mudou, é que nem a guerra lá fora, não tem mais um tanque de guerra dando um tiro em alguém, agora o cara aperta um botão e entra com um vírus no teu sistema e detona o teu negócio porque ele fechou teus bancos, é em outro nível a guerra. Está claro para vocês que essa guerra mudou e que agora quando você pega um influencer de cabelo pintado aí, mesmo que ele não seja o… como é que é… o inimigo intelectual com grande alcance, mas ele é um perigo porque ele é um canal de… vocês conseguem ver essa…

Silvio Grimaldo: Sim, sim, o que a gente vê assim? É uma guerra… primeiro, ela é uma guerra em rede, então você não tem um quartel general que você possa bombardear e acabar com as posições inimigas, é uma guerra de rede, mas o nosso lado também está organizado em rede. Surgem essas narrativas assim, gabinete do ódio, milícias… isso é tudo bobagem, qualquer pessoa que entende um pouco de como funciona a rede social, sabe que isso aí é tudo balela, mas o que acontece? Eu acho o seguinte, é próprio do pensamento revolucionário, eles fazem uma guerra que é corrosiva, quer dizer assim, só tem a destruir, não tem nada para pôr no lugar, então não tem nada para colocar no lugar, o que que eles vão entregar de fato, não tem nada. Tanto assim que chega… as experiências históricas, que chega um momento em que a revolução começa a matar os próprios revolucionários. Então assim, eles não têm nada para entregar. Por outro lado, eu acho que a ideia de reconstruir uma civilização, uma nação a partir de valores também não vai dar em nada, projetos de reconstrução nunca deram em nada, você não tem como voltar ao passado, até porque muito do que os conservadores acreditam sobre o passado é uma ficção, é uma ilusão, pegar o pessoal monarquista, porque no império era uma maravilha, 40 anos de estabilidade política… bom, é verdade, isso aí teve mesmo, por outro lado, você não é conservador, você não é cristão, católico, a Igreja Católica quase acabou na época do império, porque o império você tinha dois imperadores maçons, você tinha todo o gabinete maçom, anti clerical que praticamente destruiu a igreja. Então assim, então era uma merda sob certo ponto de vista. Mas eles ficam criando passados fictícios assim. Tem duas maneiras de você interpretar a história, Luciano, do ponto de vista revolucionário, nós caminhamos para o progresso, para a era das luzes, onde o futuro será maravilhoso, lindo, a utopia. E tem a maneira conservadora, reacionária que é a queda do Éden, lá atrás que era bonito, era o Éden, a gente vivia lá, era tudo maravilhoso, aí fomos caindo, caindo, caindo e chegamos nessa porcaria que é hoje. São duas maneiras ideológicas de ler a realidade, quer dizer, o mal e o bem convivem ao longo da história desde a queda, e eu por exemplo, como eu sou cristão, eu acredito no que está lá na Bíblia, então acredito assim, bom, tudo ficou ruim, mas no final vai tudo ficar bom de novo, vai ter a redenção, Jesus vai voltar. Então assim, história é um emaranhado, é uma mistura dessas coisas, é difícil você dizer estamos progredindo ou decaindo. Então, eu não acredito nessa ideia de reconstruir o passado. Agora o que eu acredito, que eu acho que é o grande ponto desse negócio de guerra cultural, é que é possível você restabelecer relações pessoais significativas. Então assim, é possível você ter pequenas comunidades, ainda que não sejam comunidades locais, que o pessoal hippie aí tentou, tem uns conservadores que andaram tentando criar, comprar um lugar, vai lá e se muda e constrói uma…

Luciano Pires: Sim, se isola.

Silvio Grimaldo: É, eu não acredito no isolamento, o isolamento não me parece que seja de fato uma alternativa, pelo menos não por enquanto, talvez no futuro um novo tipo de de feudalismo apareça aí, como são as favelas controladas pela milícia, eu acho que é uma espécie de feudo que estão voltando. Mas eu falo de comunidades pessoais mesmo, que elas estão enfiadas no meio da sociedade, mas as pessoas se reconhecem. Eu acredito muito naquela ideia que tem no livro de Isaías, no antigo testamento, que ele fala do resto de Israel, Israel toda vai cair, isso é tudo uma porcaria, são um bando de traidor, mas tem um resto, os remanescentes, tem as pessoas que se mantiveram fiéis, e essas pessoas, elas estão espalhadas pela sociedade, e elas vão acabar se encontrando, elas vão acabar se encontrando e se identificando umas com as outras. Então, eu acho que é assim, essa guerra em certa medida, eu acho que ela é perdida para nós, eu não acho assim que é possível fazer o mesmo movimento que a esquerda fez na direita, um grande movimento de massa, uma guerra cultural e convencer as pessoas a se tornarem direitistas, sanar as instituições, eu realmente não acho, mas eu acho que é possível você ter uma espécie de grande comunidade de pessoas que se identificam, que tem os mesmos valores e tentam viver a sua vida fora da mentira generalizada que o movimento revolucionário oferece.

Luciano Pires: Quando você traz esse conceito para esses tempos aqui de internet, isso é fascinante, eu chamo de hubs, tem o hub, então o Silvio Grimaldo tem um hub que são as pessoas que estão… se interessam pelo trabalho dele, que estão em torno dele ali e formam o hub do Silvio, tem o hub do Luciano, tem o hub do Zé, do Oswaldo, assim como o Olavo tinha o hub gigante do Olavo lá, e esses hubs vão está convivendo e quem for capaz de conectar um hub com o outro, vai ter um bom business na mão aí, tem uma turma do Silvio que não conhece a turma do Luciano, quando você encontra os dois e fala, olha quanta coisa em comum tem aqui, aqui pode gerar… um gerando…

Silvio Grimaldo: A experiência que eu tenho desses encontros, essa ideia é muito boa, esse encontro dos hubs, essa conexão, é que assim, ela gera muito valor, valor humano, valor afetivo, valor econômico mesmo, business, esses encontros assim geram muitas possibilidades de novos negócios, de novas tecnologias, soluções, eu realmente acredito nisso. Então, esse contato de pessoas que tem… quer dizer, não são pessoas que pensam a mesma coisa, mas são pessoas que, sei lá, fundamentalmente querem viver com o pé na realidade.

Luciano Pires: Quer construir.

Silvio Grimaldo: Exatamente, esses encontros que eu acho que é onde a gente tem que resistir, entendeu? Eu acho que a guerra é isso assim, a política, as instituições, é tudo deles, cara, porque olha só, Luciano, qual que é o problema fundamental do conservadorismo? Que é difícil para a nossa galera entender, é o seguinte, o movimento revolucionário, a esquerda, eles têm o que Santo Agostinho chamava da libido dominante, eles têm um tesão pelo poder.

Luciano Pires: E eu diria que eles têm o encanto, o canto da sereia é irresistível.

Silvio Grimaldo: Exatamente, é a rubris que Santo Agostinho falava. Então, eles têm o tesão pelo poder, eles gostam de mandar, eles gostam de criar sociedades impossíveis e dar um jeito de fazer todo mundo entrar naquilo, nem que tenha que matar a metade da população, eles gostam disso, isso é a essência da mentalidade revolucionária, esse utopismo, você criar sociedades perfeitas por meio da violência, está na raiz dos caras. E o que que é o conservadorismo, qual que é assim a linha de base, o pensamento de fundo do conservadorismo? É assim, cara, não me enche o saco e eu não encho o seu saco, o conservadorismo é isso, eu só quero viver sem ninguém encher o meu saco, como é que você vai disputar poder com…

Luciano Pires: Bicho, eu não quero estar certo, eu só quero que você não me encha o saco. Ah, porque eu não gosto do seu programa, bicho, foda-se, ah porque… bicho, não me enche o saco, deixa eu continuar tocando a minha vida aqui, você toca a sua, acho que basicamente é isso mesmo.

Silvio Grimaldo: Então, o conservadorismo é o cara que prefere ter paz do que ter razão. Então, como que você vai disputar politicamente com os caras que querem mandar em tudo? O seu projeto assim, não me encha o saco e o projeto dos caras assim, eu vou transformar uma sociedade que vai encher o saco de todo mundo. Cara, não tem, a gente vai perder necessariamente, o estado moderno é uma invenção assim, ela é feita para controlar a vida das pessoas, eu não vejo…

Luciano Pires: O que de certa forma explica quando você pega e vê uma sociedade altamente evoluída, você pega o Canadá, por exemplo, que porra está acontecendo lá? Você pega Nova Zelândia, Austrália, que porra, eram os repositórios da liberdade humana estava lá, liberdade é lá, de repente polícia batendo em todo mundo, trancando os caras em casa, o discurso dos caras é assustador, é porque tem uma coisa maior aí.

Silvio Grimaldo: Depois da pandemia esse processo se acelerou muito assim, eu fico espantando é a velocidade que a população aceitou a autoridade do estado, assim foi um clique, foi um passe de mágica, de repente todo mundo aceitou, é aquela história, é a servidão voluntária. Então, o que eu acho, cara, é que bom, dentro desse cenário, o que os conservadores podem fazer, e que eu acho que é um pouco assim a missão que me impus ao BSM, é tentar encontrar esses remanescentes, e a gente construir não bolhas, mas redes de interação, de amizade, de enfim, até de trocas comerciais mesmo, projetos de relacionamento, casamento, filhos, eu quero que meus filhos se casem com os filhos dos meus amigos, é isso que eu quero.

Luciano Pires: Está claro para você como isso é perigoso, cara, que perigo isso representa para essa outra ala que quer… esses caras estão falando de que, de ter uma independência, de ter um pensamento que seja fora do nosso controle, isso é muito perigoso, então vai vir um grupo de extermínio em cima.

Silvio Grimaldo: Cara, é só você pegar assim a experiência do cristianismo, Jesus começou com 12 pobretões analfabetos, aí os caras derrubaram um império, certo? E o que que eles tinham? Eles tinham assim, o grande trunfo do cristianismo era um grande foda-se, eu vou te matar, te crucificar, te pendurar de ponta a cabeça, foda-se, eu vou sair ganhando, então você vai me matar, nesse mesmo dia eu vou estar com nosso senhor Jesus Cristo no céu. Então, para o cristão o jogo é sempre de ganha ganha, certo? Bom, como que se compete com esses caras, como que você acaba com eles?

Luciano Pires: É a ideia, cara, esse é poder da ideia, esse é poder da ideia. Quando o Olavo morreu, eu me lembro que eu estava fazendo uma live, alguma coisa assim quando ele morreu, e os caras, porra, e agora? Eu falei, bicho, agora ele ficou muito mais perigoso, bicho, ele é muito mais perigoso porque não há mais um alvo onde tacar uma pedra, o visível, agora é uma ideia, é uma ideia e você não briga com uma ideia, ela vai, e ela vai morar na imaginação da gente, ela não é mais… você não vai poder falar, este velho que tossindo, não tem mais, tem uma ideia. E a ideia é aquela história do futebol que o pessoal fala, cara, é injusto você comparar o Neymar com o Rivelino, com o Pelé, porque o Pelé e o Rivelino moram em um lugar único…

Silvio Grimaldo: São mitos, porra.

Luciano Pires: Virou um mito, então toda a lembrança que você tiver dali é maravilhosa, e o Neymar não, você está vendo menino aí com os defeitos dele, aconteceu a mesma coisa, é por isso que os caras querem… essa história de chamar o cara de mito e tudo mais…

Silvio Grimaldo: Agora de onde vem a força assim de tudo o que o Olavo fez, quer dizer, não só daí, mas por que que foi grande? E eu acho que esses quatro anos da nossa experiência da direita no poder e todas as brigas que teve, disputa de cargo, eu acho que foi prejudicial para acontecer essa grande comunidade de certa maneira, por que, cara? A grande força do Olavo é porque ele não tinha nenhuma perspectiva, nenhum interesse em cargo político, ou seja, ele não esperava nada do mundo, então ele tinha uma liberdade para fazer o que ele queria, como ele fez, tanto que chegou no final do governo, ele estava batendo no Bolsonaro lá, derrubo o governo a hora que eu quiser, aquelas coisas que ele falou, e porque ele não tinha nenhum compromisso no sentido de trocas de favores, benefícios. E a gente sempre teve assim, como eu estava te falando, essa direita cresceu e a gente… como a gente achava que a gente nunca ia chegar no poder, a gente podia fazer o que a gente quisesse, falava o que a gente queria e acabou, a conversa sempre foi franca, a partir do momento que entrou no poder e assim, estar no governo virou uma perspectiva real para a direita e para os conservadores, isso contamina, de certa maneira, a galera, a ideia do Lorde Acton, o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente.

Luciano Pires: Ego para cacete que é um problema da direita, a direita é um…

Silvio Grimaldo: E a gente estava acostumado a falar a verdade, a falar as coisas como a gente via e agora a gente não pode mais falar, porque se não o PT volta, esse era o grande medo, você não pode apontar os erros porque se não o PT… então, houve uma retração, vamos dizer assim, dessa cultura que é assim, você se negar a viver na mentira, então houve uma retração por quê? Porque agora você tem interesses em jogo, você tem que disputar cargos e não sei o que. Então, sob certo aspecto eu acho assim, que estar fora do poder novamente traz à direita uma nova possibilidade assim de se reorganizar, de voltar aos interesses que são realmente importantes. É por isso até que eu acho que está tendo essa ressaca de política, acho que as pessoas estão percebendo isso, porra, bicho, os rumos do país são importantes, mas cara, mas eu almoçar no domingo aqui tranquilamente com o meu irmão é muito mais importante, o governo vai cair, vai vir outro governo bosta, não sei o que, mas quem que vai carregar, segurar na alça do meu caixão é esse puto aqui que está votando no Lula.

Luciano Pires: É verdade.

Silvio Grimaldo: Entendeu? Então, essas relações que são fortes, eu acho que a gente sair de lá agora pode, no final das contas, ser um bem a longo prazo.

Luciano Pires: É uma forma de ver, é uma forma de ver, e a gente quando pensa nisso, por isso que é tão… eles se desesperam tanto cada vez que aparece uma voz dissonante e tudo mais, fecha a boca, cala a boca, tapa, não deixa entrar, porque cada coisa que aparecer é uma pequena ameaça a esse projeto de hegemonia.

Silvio Grimaldo: Sobretudo gente que não tem como você comprar, não tem como você chantagear, esse é o problema. Então, acho assim, os conservadores têm muito disso, esse é o meu medo assim, da gente perder isso aí por causa de política, porque o nosso grande trunfo, cara, a gente pode falar, a gente já está fudido mesmo, então a gente pode falar o que a gente quiser. É claro que hoje a gente precisa ter certos cuidados, porque a gente não sabe exatamente o que é ou não é crime, a gente…

Luciano Pires: A gente vai trombar em um esquema totalitarista, aí é complicado. É meu caro, a coisa está complexa aí, vamos andar para a nossa reta final aqui, esgotar um assunto aqui que eu comecei e não terminei ele lá, vamos voltar um pouquinho lá para a questão do Olavo. Você que estava perto dele lá, a persona do Olavo em rede social, ele chegou naquilo por acaso, aquilo foi uma coisa pensada, porque o Olavo da rede social não é o Olavo do livro, o Olavo do livro dele é outra história, mas o da rede social é o que aparecia e tudo mais, aquela persona folclórica e tudo mais…

Silvio Grimaldo: Vou te contar uma história que você vai entender exatamente como surgiu isso aí. 2006, quando ele começou o True Outspeak, ele gravou, se você pegar os três primeiros episódios do True Outspeak, eles são mais sérios, vamos dizer assim, são mais comedidos, um Olavo mais comedido mesmo, essa é a palavra, não falando tanto palavrão, falando tudo certinho, comentando com seriedade. Em dezembro, eu acho, de 2006, estava eu e um aluno do Olavo, o Lucas Mafaldo na casa do Olavo, e a gente estava vendo vídeo na internet assim, comentando, dando risada…

Luciano Pires: Já sei.

Silvio Grimaldo: E aí a gente mostrou para o Olavo um vídeo do Alborghetti, Alborghetti você obviamente sabe quem é, não sei se o público sabe, mas o Alborghetti é um jornalista do Paraná, das antigas assim, que tinha esses programas policiais e ele foi um pioneiro nisso no Brasil, tanto que o Ratinho começou como funcionário, repórter do Alborghetti.

Luciano Pires: O Alborghetti apresentava com uma espécie de toalha no ombro e um cassetete na mão, e falava, e batia o cassetete, que é como o Ratinho começou, a mesma coisa…

Silvio Grimaldo: Quebrava o telefone, quebrava o fax.

Luciano Pires: Ficava puto da vida, falava um palavrão no ar…

Silvio Grimaldo: Ele tinha várias expressões fantásticas o Alborghetti, e o negócio dele, bandido tem que ser ferrar mesmo, está no colo do capeta, várias expressões assim que ficaram icônicas, e o Olavo não conhecia, aí ele viu aquele monte de clipe assim do Alborghetti puto da vida, gritando, daí o Olavo ria, ria, ria, falei, cara, sensacional isso. E ele ficou vendo, aí passou tipo uns 20 minutos o Olavo vendo vídeo do Alborghetti e rindo, ele falou assim, é isso aí, apontava para a tela do computador, é desse jeito aí que tem que falar, é isso aí, é assim que tem que fazer, é assim que o pessoal vai entender, e a gente saiu, foi jantar, foi comer, quando nós voltamos para o escritório, tipo uma hora depois, o Olavo ainda estava vendo vídeo do Alborghetti, só que já não estava mais rindo, ele estava assim vendo com a maior atenção do mundo assim, ele via os vídeos voltava, via, voltava, olhando sério, compenetrado assim para a tela, mas sem rir, o Alborghetti falando aquele monte de coisa engraçada, ele olhando assim, cara, na semana seguinte o True Outspeak já foi aquela loucura, baixou o Alborghetti no Olavo, e aí que o Olavo fala, cheguei na fórmula perfeita, que é misturar Aristóteles com Alborghetti. E cara, ali ele descobriu um jeito, ele inventou um jeito de se comunicar que, bom, na minha visão transformou o país, porque, cara, ele conseguia falar as coisas mais impressionantes assim, mais complexas, traduzir em uma linguagem…

Luciano Pires: Popular.

Silvio Grimaldo: Popular, quase circense mesmo, não no sentido pejorativo assim, técnico da coisa, e que eu acho muito brasileira, o Olavo tem uma cara assim de auto medieval, saca?

Luciano Pires: Como que é? Explica isso.

Silvio Grimaldo: Sei lá, aqueles autos medievais assim do Ju Vicente, que você está tratando de questões transcendentais assim em uma linguagem super popular, da feira, os autos eram apresentados na feira.

Luciano Pires: Que é um talento, isso é um puta de um talento, isso é um puta de um talento, aliás isso aí é o maior talento.

Silvio Grimaldo: Eu acho que é objetivo de todo grande comunicador, cara, por que que o Silvio Santos é foda? Por conta disso, ele fala com o povão sem banalizar, esse que é o grande lance, ele não fala de assuntos, não são os assuntos que são banais ou que, sei lá, falam aos nossos apetites mais baixos, não é uma funkeira rebolando a bunda, mas assim, são assuntos super complexos em uma linguagem popular e que tem uma força muito grande, e a grande coisa é que o Olavo não falsificava, então assim, tinha coisa, bom, não tem jeito de tratar isso aqui se não com um palavrão, para falar sério desse assunto aqui, para falar a verdade é só xingando, e todo mundo tinha medo disso até então, porque palavrão não cabe na comunicação, não era uma coisa assim, mesmo que a situação exigisse, então o que você tinha que fazer? Você tinha que falsear a situação, na verdade…

Luciano Pires: O que eu diria, eu faço muita palestra, eu sou palestrante há 30 anos, e eventualmente eu tenho palavrão na minha palestra, nenhum deles é gratuito, mas eu até comento com os caras, eu falo, cara, eu trabalhei para utilizar o palavrão de uma forma que é o seguinte, antes de eu dizê-lo, ele já está na sua cabeça, blá blá blá, na tua cabeça assim, puta que pariu, aí eu solto no palco um puta que pariu, que você já falou antes, e aí entrou na conversa, não é uma coisa gratuita que entrou lá para chocar.

Silvio Grimaldo: É igual no título do seu livro, Merdades, eu acho sensacional essa palavra, cara, como que tu vai falar a verdade, como você vai ser assim realmente genuíno se você não usar essa expressão? Porque daí você está falseando a coisa toda. Então, esse que era o ponto, e ali daí o Olavo adotou aquela persona, mas veja, não era só um personagem, porque o Olavo era daquele jeito, ele era um cara engraçado, dá a impressão que, porra, ele se sentiu liberado, porque ele era… bom, quando você leu o Imbecil Coletivo, por mais que não tenha palavrões ali assim, tem uma zueira sem fim, o livro do começo ao fim é uma grande… lógico que ele está tratando de assuntos muito sérios com uma dialética finíssima assim, derrubando vários mitos, debatendo várias minúcias e argumentos…

Luciano Pires: Eu lembro de ter ouvido ele dar a explicação, ele dizendo, se você não for na zueira, você não vai, você não consegue brigar com esses caras no pau a pau, tem que ser na zueira, e ao zuar os caras é que você está… então ele dava uma importância ao negócio do humor, usa o humor, usa a zueira, use o… por isso que é tão importante, e nós estamos perdendo isso, essa história do politicamente correto e tudo mais entra aí justamente para liquidar com a zueira, você não vai zoar ninguém porque a pessoa vai ficar constrangida, e o Olavo falava, mas é para constranger mesmo, como é que você faz, bicho, zuar o cara, tem que zoar, não adianta tentar argumentar ali.

Silvio Grimaldo: É, porque ele falava assim, se você não faz isso, você começa a dar ao sujeito uma reverência que ele não merece, reconhecer no sujeito talvez uma dignidade que ele não tem, no seu oponente, ele falou, e aí a gente vai perder, porque você está… no final das contas, você está faltando com a verdade.

Luciano Pires: Você veja que interessante, ao adotar isso aí, ele meio que abdica daquela história de assumir uma posição na sociedade como o scholar, o professor, não, cara, não estou preocupado com isso não, estou preocupado na outra ponta, então ele abdicou disso, por que como é que você vai botar ele em um panteão onde estão os… FHC sentadão lá com o seu… Olavo… você não tem como botar…

Silvio Grimaldo: O Olavo não cabe em nenhuma instituição porque todas têm regras muito… mesmo que sejam regras implícitas de comportamento, de linguagem que o Olavo tocou o foda-se a respeito disso. O Olavo tem uma coisa muito engraçada que ele fala sobre 2014, durante a copa, que ele fala, foi ali que a coisa virou, o Olavo fala assim, ali o negócio virou mesmo, ali o brasileiro está pronto, foi aquele episódio da abertura da copa, em que o estádio inteiro começou a mandar a Dilma tomar no tralala, lembra? Ei Dilma… ele falou, o Olavo falava, ali foi a virada, porque o povo aprendeu a não ter nenhum respeito pelas autoridades, aquele constrangimento da Dilma, e aconteceu duas vezes, na copa das confederações em 2013 também já tinha acontecido, mas ela só tinha sido vaiada, em 2014, o estádio xingando mesmo…

Luciano Pires: E a Globo transmitindo e o som… você vê como é interessante isso, é a pedrinha no lago, quer dizer, você começa com uma coisa pequenininha, uma hora a Globo põe no ar e sem querer o Brasil, milhões de pessoas estão ouvindo aquilo, então aquilo passa a contaminar a cultura do país.

Silvio Grimaldo: É, vê e toma como exemplo e, de certa maneira, se liberta, ah não, é possível fazer isso. Não era exatamente uma coisa contra a Dilma, era a expressão da insatisfação geral.

Luciano Pires: E olha o que está acontecendo agora, os caras estão tentando reverter isso, eles estão… se você humilhar ou ofender uma autoridade você vai para a cadeia, agora eles estão desesperadamente tentando cortar essa arma que a gente ganhou de poder apontar o dedo de botar o cara, sabe, na real, você não pode fazer mais, você falou isso você vai para a cadeia.

Silvio Grimaldo: É, isso aí é querer acabar com o sacrossanto direito de xingar político, isso aí é um absurdo, a única coisa legal da democracia é poder xingar político, não é a única coisa legal, mas é o que sobra para nós.

Luciano Pires: E dá para a gente entender o porquê essa dificuldade tão grande dos caras de aceitar o diferente, quer dizer, os tolerantes se tornaram… alguém fala isso lá atrás, no futuro os antifascistas serão os fascistas, tem uma frase interessante, eu não lembro se é do Churchill, é de alguém assim que falou lá atrás, que vocês vão assistir o antifascista sendo o verdadeiro fascista, que é o que nós estamos vendo agora.

Silvio Grimaldo: Tem cara de ser do Chesterton isso aí.

Luciano Pires: Pode ser, pode ser também, pode ser também. Meu caro, quem quiser entrar em contato, então, vamos lá, quem quiser conhecer o trabalho que vocês estão fazendo aí, vamos ver como é que chega lá no BSM, Brasil Sem Medo.

Silvio Grimaldo: É brasilsemmedo.com, entra lá, tem o portal novo, tem um monte de notícia, tem muita coisa aberta e tem muito conteúdo exclusivo para assinantes.

Luciano Pires: É um… não é que é um jornal diário, aquilo é um site o tempo todo sendo atualizado, é isso?

Silvio Grimaldo: É uma plataforma… cara, a gente não é mais um jornal, eu não entendo mais nós como um jornal, porque o foco hoje são vídeos, são programas sobre política, programa assim de 40 minutos em que a gente vai lá e fala um monte de coisas interessantes. Mas tem muita notícia, muita matéria que ninguém está falando, por exemplo, a gente soltou uma matéria essa semana aí sobre uma guerra silenciosa que estão fazendo contra o arroz, os produtores de arroz entraram na mira dos ambientalistas, o ano passado era o peido da vaca, agora é a plantação de arroz que gera metano e destrói o meio ambiente, causa aquecimento global, só que o arroz é o carboidrato mais comido no mundo, mais consumido no mundo, alimenta 6 bilhões de pessoas ao redor do mundo.

Luciano Pires: Vai lá para o Vietnã, vai lá para o Laos, pergunta para eles como é que esses caras estão vivos até hoje.

Silvio Grimaldo: Agora você acha que a China vai se preocupar com ESG para plantar o arroz dela? Vai nada, só para… bom enfim, a gente traz esses assuntos que as pessoas não estão tratando em geral na mídia, mas entra lá, brasilsemmedo.com, tem lá, a gente está em todas as redes sociais aí também, no Twitter, Instagram, Youtube, nós temos um programa, três programas abertos no Youtube, um que vai ao ar diariamente agora às 11 da manhã, chama Diário BSM, é um comentário das notícias do dia, sempre apresentado pela Letícia e por mais alguém, às vezes estou eu, o Bernardo Kirsten, o Paulo Breguet ou o Brás, Oscar. Tem o Nome aos Bois, que é um programa sobre… que também é aberto no Youtube, sobre agro e política, então a gente tenta explicar para o pessoal do agro, que na minha opinião é a classe mais importante do país hoje, o que está acontecendo além da porteira, que o pessoal do agro está muito preocupado com o preço das commodities, como que vai ser, se vai chover, não vai, e às vezes não vê a big picture da política que está acontecendo.

Luciano Pires: Eu tenho uma palestra, há dez anos pelo menos eu trabalho com o pessoal do agro, desde que… 2014 eu fui fazer o circuito Aprosoja no Mato Grosso inteirinho, fiz aquilo tudo lá, e eu pegava os caras e falava, vocês estão perdendo tempo, bicho, a briga é cultural, não é técnica, para de bancar anuncio em rede Globo, vocês têm que se reunir, tem que pegar a cadeia inteira, e aí dois anos atrás eu fiz uma palestra chamada Comunica Agro, era o nome dela, onde eu falava exatamente isso, mostrar para os caras e de uma forma muito clara, eu vou mostrar para vocês o que está acontecendo, quando vocês viram enredo de escola de samba na Marquês de Sapucaí descendo o pau no agro e mostrando a ala do agronegócio com motosserra na mão, o problema não é mais técnico, não adianta vir contar tecnicamente, esquece, o problema é cultural, vocês estão em uma batalha cultural que vocês não vão vencer conversando de papo de agro, é um outro mundo, é outra história, tem que investir em comunicação com um grupo que sabe fazer isso, mostrei aquele negócio do Got Milk, dos Estados Unidos, dos americanos, que fizeram… a cadeia do leite se reuniu inteirinha e criou uma ação cultural que mudou a história do consumo do leite nos Estados Unidos, mas todo mundo se envolveu naquilo e foi brigar culturalmente, mas não consegue, aqui no Brasil a gente não consegue, então tem um monte de ações independentes acontecendo e os caras têm grana na mão, tem… cara, era a motoniveladora deles andar na direção…

Silvio Grimaldo: Por que que a gente decidiu deixar esse programa do agro aberto? É um produtor rural que faz, o Pirajá, porque, cara, os caras, de fato, carregam o país nas costas e são a classe mais demonizada no país, quando o Lula chamou o pessoal do agro de fascistas, cara, os caras estão produzindo comida para o mundo inteiro, então é óbvio assim que o pessoal do agro está em uma posição que eles não estão entendendo porra nenhuma do que está acontecendo, eles estão tomando porrada de tudo quanto é lado e não sabem porque, eu falei, então, cara, então a gente tem esse foco ali no agro. E tem o Conexão KGB que vai ao ar toda terça-feira, às 20 horas, que é o programa, vamos dizer assim, é o nosso carro chefe, que sou eu, o Bernardo Kirsten e o Paulo Breguet, por isso que chama KGB, é Krister, Grimaldo e Breguet, a gente comenta as barbaridades da semana, aí é um programa mais engraçado, a gente dá muita risada, fala muita bobagem, tem uns momentos meio escatológicos.

Luciano Pires: Vocês estão em rede social também? Estão em rede social? @bsm…

Silvio Grimaldo: @jornalbsm no Instagram e no Twitter, e no Youtube é Novo BSM o canal, que a gente tinha um canal grande no Youtube, aí o Youtube nos derrubou sem mais nem menos, entramos em uma ação na justiça, ganhamos a ação, e até hoje o Youtube não devolveu o canal, então três anos de conteúdo que estava lá foi para o pau. E espero reaver um dia, então montamos esse outro canal que agora está pequeno, tem, sei lá, uns 15 mil assinantes, está crescendo ainda.

Luciano Pires: É, isso dá uma outra conversa grande que é sobre a importância dessas redes todas, essas big techs todas nesse processo todo de dominação que o mundo está enfrentando, mas vamos lá.

Silvio Grimaldo: É, cara, você tem que ter alternativas, uma que a gente teve foi essa, tentar sair um pouco, não ficar dependente das plataformas, hoje a gente usa as plataformas mais como vitrine para venda, marketing, e como você fez, quer dizer, você nunca entrou nelas, você nunca caiu…

Luciano Pires: O que eu faço lá realmente é marketing só, eu não dependo delas lá.

Silvio Grimaldo: Para entregar conteúdo. E acho que é isso assim, a geração de conteúdo nas redes, eu ainda gero muito conteúdo no Twitter, eu escrevo muito no Twitter, cara, não leva a nada, na verdade, leva a só… beneficia o dono do negócio.

Luciano Pires: Como ferramenta de marketing foi boa no começo lá quando você fazia um post que tinha um milhão de pessoas assistindo, 20 mil comentários, 100 mil encaminhamentos.

Silvio Grimaldo: Aquela época boa do Facebook.

Luciano Pires: Era… hoje em dia caiu muito lá, e eu estou reavaliando isso muito, até pelo tempo que eu gasto hoje com produção de conteúdo para rede social é questionável, não sei se vale a pena mais, é porque tem, então tem que fazer, e ainda aparecendo rede nova aí a cada momento, então não tem mais braço para conduzir isso tudo. Você falou uma coisa lá atrás que era interessante, que é a produção de conteúdo para atender todas essas camadas, que já é um problema, além de atender todas essas camadas, você também tem que atender todas as redes, então o conteúdo do Linkedin é diferente do Twitter, que é diferente do Facebook, e aí eu vou para o Instagram, mas é reels, é story, é post, é uma loucura, final do dia você trabalhou para esses caras, bicho.

Silvio Grimaldo: É uma doideira, cara.

Luciano Pires: Então, sobreviver nesse mundo aí está meio complicado, mas tendo um hub arrumadinho a gente chega lá.

Silvio Grimaldo: O que você faz aqui é sensacional, estou impressionado, essa estrutura de um homem só aqui é fabuloso. Cara, parece com o Olavo, que o Olavo era praticamente sozinho, eu dava uma mão ali para ele, mas as ideias eram todas dele e a gente naquele esquema de guerrilha.

Luciano Pires: Mas acho que é isso aí, logo no começo você estava falando, eu lembrei, o termo é guerrilha, o que a gente faz é guerra de guerrilha, que é exatamente a arma que a esquerda usa, ou até chegar o poder, depois ela quer acabar com a guerrilha, que é o que está acontecendo agora.

Silvio Grimaldo: É, daí vira um tanque de guerra.

Luciano Pires: Cara, bem-vindo, obrigado pelo papo aí, tamo junto, vamos ver se a gente faz barulho aí, conecta nossos hubs aí para fazer o Brasil mudar.

Silvio Grimaldo: Vamos, eu vou te levar lá no do BSM também, para você participar de um programa com a gente.

Luciano Pires: Vamos nessa, estamos lá. Abração.

Silvio Grimaldo: Valeu.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa você encontra no LiderCast.com.br.

Voz masculina: Você ouviu LíderCast com Luciano Pires, mais uma isca intelectual do Café Brasil, acompanhe os programas pelo portalcafebrasil.com.br.

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