Café Com Leite 43 - Aprender a ser cético

Data de publicação: 01/05/2023, 10:10

Café Com Leite 43 – Aprender a ser cético

Bárbara: Bom dia, boa tarde, boa noite! Babica, lembra que falamos da importância de não acreditar e tudo que falam pra gente?

Babica: Ah, Bárbara, como não, lembrar disso? Aliás, o primeiro episódio do Café Com Leite, o Chicken Little, fala disso, né?

Bárbara: Bem lembrado. Hoje vamos falar mais a respeito.

Babica: Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Bárbara: Ahahahahahaha Meu nome é Bárbara Stock e este é o Café Com Leite, um podcast para famílias com crianças inteligentes e para pais que se importam.

Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela! Também estarei aqui com você!

Bárbara: Babica, quem é o ouvinte de hoje?

Babica: Hoje é a Maria Antonia!

COMENTÁRIO DO OUVINTE

Bárbara: Oiiiiiiiiiiii Maria Antonia. Babica, e ela só tem seis aninhos! Não é uma graça?

Babica: Maria Antonia, que legaaaaaaal! Adorei saber que você gosta tanto da gente que nem consegue escolher uma história! Obrigado pela mensagem, viu?

Bárbara: Maria Antonia, entre em contato conosco para receber sua camiseta. E você aí, se gostou do nosso Café com Leite, mande uma mensagem de voz para nós no whatsapp 11915670602. Se sua mensagem for escolhida, vamos publicá-la no próximo episódio e você ganhará uma camiseta muito legal!

Sobe

 

Botar de trila pro BG https://www.youtube.com/watch?v=SbWytJHxoko

Bárbara: Babica, vou usar aqui os estudos de um cientista muito conhecido chamado Carl Sagan.

Babica: Ah, eu conheço ele! Carl Sagan foi um cientista, físico, biólogo, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e divulgador científico!

Bárbara: Isso. Carl Sagan conseguiu, como ninguém, explicar ciência a quem conhece pouco ou nada do assunto. E ele ensinou que é importante ser cético!

Babica: Cético? O que é isso, Bárbara?

Bárbara: Ser cético significa que você não acredita em algo sem antes investigá-lo e entender as provas que suportam esse algo. Um cético é alguém que faz perguntas e busca respostas antes de aceitar algo como verdade.

Babica: Mas por que é importante ser cético?

Bárbara: Ser cético é importante porque nos ajuda a evitar acreditar em coisas que não são verdadeiras. Em vez disso, nos encoraja a sermos curiosos, a fazer perguntas e a procurar respostas baseadas em evidências. Ser cético também nos ajuda a estar preparados para mudar de ideia se novas evidências surgirem.

Babica: Então ser cético é ser questionador, fazer perguntas e buscar evidências antes de aceitar algo como verdade.

Bárbara: isso mesmo. E Carl Sagan criou um conjunto de princípios para ajudar a gente a sermos céticos.

Babica: Conjunto de princípios? Ah, vou querer saber quais são!

Bárbara: Claro, Babica. Vamos a alguns deles!

Sempre que possível, deve haver confirmação independente dos “fatos”. Quando você estiver em conflito com alguém, tente ver as coisas a partir da perspectiva do outro.

Babica: Ah, ele quer dizer que devemos prestar atenção nos argumentos dos outros, não é? Assim não ficamos só com as nossas ideias.

Bárbara: isso mesmo! Quanto mais ideias, mais chance temos de avaliar melhor as coisas. Outro princípio de Carl Sagan diz para não acreditar em algo só porque quer acreditar. Pergunte-se se há evidências para apoiar essa crença.

Babica: Evidências, evidências... mas o que são evidências?

Tocar entre 0:18 e 1:02

https://www.youtube.com/watch?v=nAfGfH9dsH0

Bárbara: Ahahahahahah... tem a música que eu amo, né! Mas evidências são coisas que apontam que algo pode ter acontecido. Por exemplo, você olha pela janela e vê a grama molhada e poças d´água na rua. Isso é evidência de quê?

Babica: De que choveu!

Bárbara: Sim. Mas pode ser que a vizinha tenha regado o gramado, não é? Ou que tenha havido um vazamento de um cano...

Babica: Pode ser também.

Bárbara: Então: evidências não são provas. Evidências dão pistas de que algo pode ter acontecido. Você não deve dizer que choveu, só porque acha que choveu. Tem de buscar evidências. E quando encontrá-las, tem de investigar para ver se se transformam em provas. Só então você tira a sua conclusão.

Babica: Entendi. Se eu olhar a grama molhada e as poças d´água, posso concluir que choveu, mas não tenho certeza.

Bárbara: isso. Você criou uma hipótese. A grama está molhada porque choveu. Agora tem de investigar pra saber se foi isso mesmo. O que nos leva para mais um princípio de Carl Sagan: Sempre que possível, teste as suas ideias por meio de experimentos e observações.

Babica: Mas como é que a gente testa as ideias?

Bárbara: Por meio de experimentos. Por exemplo, se você quer saber se uma planta precisa de água para crescer, você pode plantar duas sementes, regar uma delas e deixar a outra sem água. Ao observar o que acontece com as plantas, você pode descobrir se a água é importante para o crescimento da planta. Testar as suas ideias dessa maneira é uma forma importante de aprender sobre o mundo ao seu redor e descobrir coisas novas!

Babica: Entendi. Tem mais princípios?

Bárbara: Tem. Não deixe as suas crenças pessoais interferirem na interpretação de dados objetivos. Por exemplo, se você acredita que a uva é doce, mas quando experimenta descobre que ela é azeda. Não pode deixar a sua crença de que a uva é doce interfira na sua interpretação do sabor real da fruta. É azeda e acabou, não tem “mas”.

Babica: É importante olhar para as coisas como elas realmente são, e não apenas como nós queremos que elas sejam. É isso?

Bárbara: isso mesmo. O que nos leva para mais um princípio: procure conversar sobre as evidências com gente bem informada de todos os pontos de vista. Seja disposto a mudar de opinião caso haja evidências contrárias àquilo quem você acredita. Você tinha opinião de que a uva era doce. Experimentou, viu que era azeda e mudou de opinião.

Babica: Ué, mas não é assim sempre?

Bárbara: Não, Babica. Tem gente que nunca muda de opinião, não interessa que você mostre as evidências e provas.

Babica: Gente teimosa, né?

Bárbara: Ou burra... Pergunte a si mesma por que você gosta tanto daquela opinião. Compare-a de maneira justa com as alternativas. Veja se consegue encontrar motivos para rejeitá-la. Se você não fizer isso, outros o farão. E isso nos leva para mais um princípio: Respeite a opinião dos outros, mas não aceite a autoridade cega. Pense por si mesmo.

Babica: Pensar por si mesmo!

Bárbara: Isso. Devemos ouvir e respeitar as opiniões dos outros, mesmo que não concordemos com elas. Cada pessoa tem o direito de ter sua própria opinião e é saudável e bom ter diferentes opiniões.

Babica: Por quê?

Bárbara: Porque quando ouvimos opiniões diferentes das nossas, podemos aprender coisas novas, descobrir diferentes pontos de vista e nos tornarmos mais abertos e tolerantes em relação aos outros.

Babica: Entendi. Mas não é pra acreditar em tudo.

Bárbara: Não. É importante não aceitar as coisas sem pensar criticamente nelas, só porque alguém que consideramos uma autoridade está dizendo. Por exemplo, se um professor ou um líder religioso está dizendo algo, é importante ouvir com respeito, mas também pensar sobre o que está sendo dito e se concordamos com isso ou não.

Babica: Duvidar para buscar a verdade?

Bárbara: Isso mesmo! Ser cético, duvidar para buscar a verdade.

Vem então mais um princípio:  Não confunda a verdade com a opinião da maioria. A verdade muitas vezes é minoria no início.

Babica: Puxa, é isso mesmo. Não é porque todo mundo está dizendo que uma coisa é certa ou errada, que essa coisa é certa ou errada.

Bárbara: Exatamente! Tem a história famosa do astrônomo, físico e matemático italiano Galileu Galilei, que quase 400 anos atrás criou a hipótese de que a terra giraria em torno do sol.

Babica: Ué? Mas não gira?

Bárbara: Gira, Babica. Mas naquela época, a maioria achava que era o sol que girava em torno da terra. Galileu foi chamado de louco. Afinal, como entender e usar um conhecimento sobre algo que não dava pra verificar? Ele foi julgado e só não foi para a fogueira, porque disse que estava errado.

Babica: Fogueira?

Bárbara: É. Naquela época, quem não concordava com a maioria era morto!

Babica: Que horror!  Mas ele reconheceu que estava errado?

Bárbara: Reconheceu, porque senão ia ser condenado pela maioria a morrer numa fogueira.

Babica: Nossa!

Bárbara: Mas a história conta que, depois de dizer aos juízes que reconhecia que estava errado, Galileu se retirou dizendo baixinho: mas que a terra se move em torno do sol, se move...

Babica: Ele sempre acreditou em sua hipótese! E estava certo.

Bárbara: Pois é. Só muito tempo depois, quando a ciência conseguiu comprovar que a terra é que gira em torno do sol, que que reconheceram que ele estava certo.

Babica: Durante centenas de anos a maioria estava errada...  

Bárbara: Isso mesmo. A maioria estava errada.

O que nos leva para mais um princípio: mais importante do que ganhar uma discussão é aprender algo novo. O tio Luciano sempre fala isso. Ele diz que sempre que a gente entrar numa discussão, devíamos torcer para perder.

Babica: Perder? Como assim? Eu quero ganhar!

Bárbara: Porque se você entrar numa discussão e ganhar, Babica, você sai com a mesma ideia com a qual entrou. Quando você perde você sai com uma ideia nova. Entendeu?

Babica: Entendi. Aprendi algo novo, que é mais importante do que ganhar a discussão.

Bárbara: Isso mesmo.

E tem mais um princípio. Trate as pessoas com gentileza e respeito, independentemente de suas crenças ou opiniões.

Babica: Ah, isso a gente falou na série sobre os valores e o caráter.

Bárbara: Falamos mesmo. Se não houver gentileza e respeito, vai haver grossura e discussão. E aí sai todo mundo tentando ter razão no grito. E a ciência perde seu lugar. Ganha quem gritar mais alto, quem contar mais mentiras convincentes, quem fingir melhor que é o dono da verdade.

Babica: Nossa, e isso tem acontecido muito. Especialmente nas redes sociais, não é?

Bárbara: Ah, é mesmo. Nas áreas de comentários das redes sociais tem muita gente que não é gentil e que não tem respeito pelos outros. Sai logo xingando, ofendendo e humilhando. Sabe onde isso leva, né?

Babica: Leva pra lugar nenhum. Fica chato, agressivo e desmotivador. Ninguém gosta de ficar perto de gente que não respeita os outros.

Bárbara: Isso mesmo. Respeito é fundamental se quisermos viver em paz uns com os outros.

Babica: Mas sempre desconfiados...

Bárbara: Ahahahahaha sempre desconfiados. Babica, você já ouviu a história do Dragão na Garagem?

Babica: Dragão na garagem??? Não! Conta, conta!!!

Bárbara: Ah, essa é para o próximo episódio.

Babica: Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

sobe

Bárbara: Muito bem! Eu sou a Bárbara Stock…

Babica: E eu sou a Babica! O avatar de Bárbara que mora no celular dela.

Bárbara: somos suas companheiras neste Café Com Leite, que é feito com muito carinho pela turma do Podcast Café Brasil. A edição é do Senhor A, com texto e direção do Luciano Pires.

E hoje vamos encerrar como o episódio?

Babica: Ah, fui buscar uma frase de Galileu Galilei

Nunca encontrei uma pessoa tão ignorante que não pudesse ter aprendido algo com a sua ignorância.

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