Café Com Leite 40 - Defensivos são venenos?

Data de publicação: 09/04/2023, 11:06

Café Com Leite 40 – Defensivos são venenos?

Bárbara: Bom dia, boa tarde, boa noite! Babica, vamos continuar falando um pouco mais do agro, naquele tema beeeeem polêmico, dos defensivos?

Babica: Vamos, Bárbara. Mas por que tantos programas sobre o Agro?

Bárbara: Porque existe muita desinformação sobre esse assunto, Babica.

Babica: Mas quem não trabalha no agro não tem nada a ver com isso.

Bárbara: Claro que tem, Babica! O Agro é o setor mais importante da economia do Brasil, e é quem produz as comidas que a gente come! Como não seria importante?

Babica: É mesmo...

Bárbara: Meu nome é Bárbara Stock e este é o Café Com Leite, um podcast para famílias com crianças inteligentes e para pais que se importam.

Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela! Também estarei aqui com você!

Bárbara: Babica, quem é o ouvinte de hoje?

Babica: Hoje é o Rafaela

COMENTÁRIO DO OUVINTE

Bárbara: Oiiiiiiiiiiii Rafaela de Porto Alegre! Que bom saber que você está gostando do nosso podcast!

Babica: Rafaela, que legal! E que bom saber que é sua mãe que está te mostrando o Café Com Leite! Uma mãe inteligente! E você ganhou uma linda camiseta do Café Com Leite!

Bárbara: E se você gostou do nosso Café com Leite, mande uma mensagem de voz para nós no whatsapp 11915670602. Se sua mensagem for escolhida, vamos publicá-la no próximo episódio e você ganhará uma camiseta muito legal!

SOBE A MÚSICA

Babica: Bárbara, eu quero retomar uma coisa que me deixou muito impressionada no último episódio.

Bárbara: O que foi, Babica?

Babica: Quando você falou de um veneno que o pessoal usava lá nos anos 70, 80, sem cuidados... que as pessoas aspiravam o pó do veneno. Mas como assim?

Bárbara: Ah, Babica, há 40 anos tínhamos menos conhecimento do perigo dos produtos e como eles agiam nos seres humanos. Isso prejudicava muito porque queria se vender uma quantidade grande de produtos, muitas vezes sem necessidade…

Babica: Então as pessoas não se preocupavam com o envenenamento dos alimentos e das águas?

Bárbara: Não é que não se preocupavam, Babica. É que não se conheciam ainda os problemas. E não havia uma consciência social.

Babica: Consciência social?

Bárbara: Sim. Uma pessoa com consciência social tem empatia e compaixão pelos outros e está comprometida em ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas em sua comunidade. E isso inclui a preocupação sobre como os agrotóxicos estão sendo manipulados e usados, para que ninguém seja prejudicado.

Babica: E isso não existia há 40 anos?

Bárbara: Não da forma como temos hoje. A sociedade melhorou muito e hoje se preocupa muito mais com a segurança das pessoas. Isso foi mudando na medida que o próprio setor do Agronegócio percebeu que era necessário um trabalho socialmente mais responsável.

Babica: Como assim?

Bárbara: Há 40 anos você encontrava agricultores com intoxicação, e até com mortes causadas pela manipulação dos agrotóxicos sem cuidados. As pessoas não se protegiam na hora de aplicar e acabavam envenenadas.

Babica: Nossa!

Bárbara: É sim. Hoje temos um número muito baixo de problemas. Além das pessoas conhecerem os riscos, ninguém quer gastar dinheiro à toa, não existe ‘despejar’ agrotóxico por todo lado. É um produto muito caro, então hoje existe a tecnologia da precisão, onde a aplicação é muito mais reduzida.

Babica: Ah, Bárbara, não foi isso que eu vi aqui. Tem lugares que mostram que o Brasil é o maior aplicador de agrotóxicos do mundo!

Bárbara: Então, Babica, tem de tomar cuidado com essas informações. Compare o Brasil com a Bélgica, por exemplo. O Brasil é o quinto maior país do mundo, sua área total é de aproximadamente 8,5 milhões de km². A Bélgica tem 30 mil km quadrados.

Babica: Nossa! O Brasil é mais de 283 vezes maior que a Bélgica?

Bárbara: Sim, Babica. Então, se a gente medir o total de agrotóxicos que o Brasil usa, comparado com a Bélgica, dá muito mais, não é?

Babica: Claro! O Brasil é quase trezentas vezes maior!

Bárbara: Então... não é assim que se mede. A comparação fica errada. É como se eu comparasse quem come mais. O Rafaela que mandou a mensagem no programa de hoje ou Batman?

Babica: Ué, claro que é o Batman! Ele é muito maior!

Bárbara: A comparação é justa?

Babica: Não, né? Se um é  maior que o outro, é claro que vai comer mais...

Bárbara: Então, para ser justa a comparação, tem de ser proporcional.

Babica: Como assim?

Bárbara: Em vez de medir o total de defensivos que o Brasil que é grandão usa, e comparar com a Bélgica que é pequenininha, tem de comparar quanto cada um aplica por hectare. Vamos comparar um hectare do Brasil com um hectare da Bélgica. Entendeu?

Babica: Entendi. Um hectare é um pouco maior que um campo de futebol. Um hectare no Brasil é igual a um hectare da Bélgica. Aí a comparação fica justa.

Bárbara: Isso mesmo. O consumo do Brasil em 2016 foi de 4,31 quilos de defensivos por hectare cultivado. Sabe quanto foi na Bélgica?

Babica: Quanto?

Bárbara: 6,89 quilos. Quatro quilos no Brasil contra quase sete quilos na Bélgica. Quem consome mais?

Babica: A Bélgica!

Bárbara: Então a Bélgica, proporcionalmente, consome mais defensivos que o Brasil. Essa é que é uma comparação justa. Mas tem mais uma informação. Você sabe o que é uma safra?

Babica: Eu sei. Uma safra agrícola é um ciclo, que vai da plantação à colheita.

Bárbara: E você sabe quantas safras o Brasil tem por ano?

Babica: Ué? Não é uma?

Bárbara: Não, Babica! O Brasil é um país privilegiado. Temos sol o ano inteiro, não temos inverno com neve... por isso temos duas ou três safras ao ano. Por causa disso, aqui é preciso usar defensivos para o controle de pragas mesmo em safras de inverno e na safrinha. Nas regiões como a Bélgica, Estados Unidos, Russia, Espanha, França, que têm invernos muito rigorosos, não é possível ter mais de uma ou no máximo duas safras. E as pragas e plantas daninhas não aparecem nos períodos de frio.

Babica: Entendi. Então o Brasil além de ser muito maior, ainda planta e colhe muito mais vezes os outros países?

Bárbara: Sim, Babica. Entendeu porque temos de usar muitos defensivos aqui?

Babica: Entendi. Mas quando comparamos o uso de defensivos por hectare, estamos longe de sermos os maiores do mundo.

Bárbara: Isso mesmo. Na FAO que é a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, o Brasil aparece em 44º lugar no uso de defensivos agrícolas.

Babica: Puxa vida.

Bárbara: Pois é, Babica. Tem de tomar muito cuidado com as informações que você recebe, pois é muito fácil ser enganado pelos números. E quer saber mais? Faz mais de 10 anos que o Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp não registra nenhum caso de intoxicação de pessoas que aplicam os defensivos.

Babica: Mais de dez anos? Mas pelo que eu leio aqui e ali, parece que tem um monte de gente intoxicada!

Bárbara: Não tem, Babica. O Brasil é um país que está realmente em desenvolvimento. Ainda existe hoje a ideia dos defensivos como venenos que intoxicam as pessoas, muito estimulada por algumas organizações e pela imprensa. Mas a maioria das situações não tem base cientifica. Eu vejo profissionais, professores e jornalistas falando coisas bem absurdas sobre defensivos. É preciso ir ver de perto como funciona.

Babica: Mas Bárbara, eu vi diversos comentários sobre a morte de milhões de abelhas no sul do Brasil, por causa dos agrotóxicos usados na cultura da soja.

Bárbara: Ah, Babica, sabe o que aconteceu lá? Uma pessoa aplicou uma substância de forma irregular. Jogou a partir de um avião, o que é pro-i-bi-do, para aquela substância. Por isso as abelhas morreram. Mas você reparou qual foi o problema?

Babica: Alguém aplicou de forma errada. Não seguiu as regras.

Bárbara: Isso mesmo. Teve outro caso, que apareceu até na TV, mostrando um agricultor doente por ter trabalhado a vida toda com agrotóxicos. Hoje é a esposa dele quem espalha defensivos diariamente, SEM QUALQUER PROTEÇÃO. O agricultor disse que foi assim que ele trabalhou a vida toda. Sem qualquer proteção. Aí não tem como, né?

Babica: Bem, se a pessoa não se ajuda, fica difícil, né? Também li que existe contrabando de produtos e falsificação e muita gente usa PRODUTOS ILEGAIS. E as regras para venda não são cumpridas.

Bárbara: Você está entendendo? Olha, Babica, eu não estou dizendo que agrotóxicos são inofensivos, viu? Não. Nem que problemas não existem. Não. Agrotóxicos são venenos, perigosos e até mortais se usados sem cuidados. O que eu estou dizendo, com bases científicas, é que a maioria das intoxicações ocorrem pelo contato indevido com as substâncias. Contato indevido. Gente que não obedece as regras de segurança.

Babica: É como se não obedecesse a receita do médico?

Bárbara: Isso. É como se o médico receitasse um comprimido e a pessoa tomasse dois ou três. E não tivesse cuidados ao manipular o remédio. Não obedecem as regras e acabam tendo problemas.

Babica: Entendi. Cabe a nós combater a ignorância indo atrás das notícias verdadeiras e conversando com as pessoas do agronegócio, não para ignorar os problemas, mas para separar verdade da mentira.

Bárbara: Os defensivos agrícolas são essenciais e cada vez mais modernos e seguros. As regras para compra, venda e uso são muito duras.

Babica: Problemas existem pela aplicação de FORMA IRREGULAR, SEM PROTEÇÃO, PRODUTOS ILEGAIS e gente quebrando leis e regras.

Bárbara: Isso mesmo. Gente que faz as coisas de forma errada, por ignorância ou por mau caráter.

Babica: Bárbara, esses assuntos são fascinantes!

Bárbara: Fascinam porque fazem parte do nosso dia a dia, Babica. E tem muito mais ainda...

Babica: Ebaaaaaaaaaaaaaaaa!

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Babica: Venha pro Clube Café Com Leite!

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Bárbara: Muito bem! Eu sou a Bárbara Stock…

Babica: E eu sou a Babica! O avatar de Bárbara que mora no super celular dela.

Bárbara: somos suas companheiras neste Café Com Leite, que é feito com muito carinho pela turma de super heróis do Podcast Café Brasil. A edição é do Senhor A e a direção é do Luciano Pires.

E hoje vamos encerrar como o episódio?

Babica: Ah, fui buscar uma frase de um filósofo alemão Nietzsche

Eu também quero a volta à natureza. Mas essa volta não significa ir para trás, e sim para a frente.

 

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